Fanfics Brasil - Capítulo 6 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 6

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 Fui para o banheiro limpar os dentes e depois disso Any me levou para um tour pelo apartamento. Eram quatro quartos e mais o de empregada, sendo que um destes virou biblioteca e outro quarto de hóspedes; três eram suítes. A cozinha era imensa, as salas eu já conhecia, bem como o corredor e o banheiro social. Havia ainda uma área, que era uma lavanderia, e na sala havia uma sacada decorada com plantas estranhas. "Coisas de rico". O último cômodo que conheci foi o quarto de Any e parecia até o quarto da Barbie: tudo rosa e cheio de frescura, mas era bonito, embora não fosse o meu estilo. Papel de parede rosa, cortinas e roupas de cama rosa, telefone rosa e todos os acessórios eram dessa cor. Um monte de bicho de pelúcia pela cama, que era de casal, bicho de pelúcia pela penteadeira, bicho de pelúcia sobre o armário... Os ácaros tinham muitas opções ali e a diarista devia adorar... Seus móveis eram todos de madeira, e a cama era protegida por uma cortina de filó, como se vê nestes filmes, e de que cor?


Rosa! Até o banheiro da suíte tinha louças cor de rosa, e havia até uma banheira rosa, é claro.

- Mas você é uma mulher que gosta de rosa!

- Costume. Papai e mamãe sempre me deram tudo rosa!

"Que criação deve ter tido essa menina?"


 


- Nunca te vi vestida de rosa na faculdade, embora seus adereços sejam dessa cor, como o fichário.

- Já me vesti de rosa várias vezes. Você não presta atenção em mim, por isso nunca viu. – Any estava de costas para mim e decidiu remover uns livros que estavam na penteadeira.

- Vou começar a prestar mais atenção a partir de agora então. – eu estava de pé logo atrás dela.

Any virou-se sem que eu esperasse bateu com os livros em mim. Não os deixei cair no chão e nossas mãos se tocaram. Ficamos nos olhando por uns segundos em silêncio e aquilo me incomodava. Sentia uma ansiedade que me incomodava. Ela baixou a cabeça e se afastou um pouco.

- Quer que leve isso para a biblioteca?

- I don’t know why I brought them early morning before you arrive here. Sometimes I... Oh my God... I can’t speak Portuguese when I get nervous....

Coloquei os livros sobre a cama e a segurei pelas mãos. Estavam geladas: - E por que está nervosa?

Ela respirou fundo e respondeu: - Eu... Sometimes... Nervosa... porque... It happens... – sacudiu a cabeça

- Não há porque ter vergonha. Eu levo isso para biblioteca.

Saí do quarto mais para ficar longe do que por qualquer outra coisa. Aquela mania de ficar presa ao olhar dela me incomodava profundamente. Mas ela também ficou muito nervosa, então também deveria se sentir incomodada. Continuamos a estudar e não dei abertura para conversarmos sobre qualquer coisa diferente de cálculo. Às cinco horas me aprontei para ir.


 


- Você não deve ter medo. E aprende muito rápido. Sábado que vem a gente insiste mais.

- Se você diz isso eu fico mais segura.

Any me acompanhou até a porta e abriu-a para mim.

- Vai ficar agora aí sozinha fazendo o quê?

- Lendo. Conhece o livro Dom Quixote? Leio agora em português.

- Seus pais vão demorar a chegar?

- Não os verei mais hoje. Só amanhã.

Tive pena dela, por sua solidão e cheguei a não ter vontade de ir.

- Bem, fique bem com seu livro então. – pensei e perguntei nem sei porquê: - Ah, estas três portas são todas do seu apartamento?

- Sim.

- Só pra saber porque eu não sabia em qual bater hoje de manhã. – sorrimos e me perdi em seus olhos de novo. – É...Tchau.

- Dulce  espere. – entregou-me um cheque – Seu pagamento por hoje.

- Ah!

- Tchau.

- Valeu.

Apertei o botão do elevador e não olhei para ela até a hora de entrar nele. Seu olhar escondia uma tristeza que me tocou fundo. Dei um último sorriso antes que a porta fechasse. Interrompi o caminho do elevador e subi novamente. Parei diante da mesma porta por onde havia entrado e toquei a campanhia. Any não demorou a atender.

- Oi, esqueceu algo?

- Quer fazer uma caminhada pelo calçadão? Você veste alguma coisa mais aeróbica pra andar por aí e a gente conversa, toma uma água de côco... Tá a fim?


"Eu não acredito que estou dizendo isso a ela!"

Any abriu um enorme sorriso.


- Sim!! Espere-me só por alguns segundos e nós iremos. Sente-se aí no sofá enquanto me troco.

Dito isso saiu pulando casa adentro como um coelho; coelha melhor dizendo. Seus poucos segundos duraram quase meia hora e eu já estava me arrependendo do convite. Quando, porém, ela apareceu novamente esqueci a chateação da espera. Estava de calça de lycra rosa, tênis branco e rosa e uma blusa leve rosa por cima de um top branco.


- Estou bem para caminhar?


Levantei-me da poltrona e me aproximei.


- Linda! Acho que vou ter trabalho com a rapaziada.

Ficou corada novamente, mas respondeu.


- Então seremos duas a ter trabalho.

Descemos e caminhamos bastante. Conversamos sobre várias coisas. Sobre a vida, sobre nossos gostos... Falamos sobre a beleza daquele fim de tarde, e eu a convenci de tirar os sapatos e molhar os pés no mar. Corremos um pouco brincando e nos molhamos mais do que esperávamos. Naquele momento me senti criança, me senti leve, como se ainda não tivesse descoberto as durezas da vida.

- Vamos beber agora nossa água de côco? A gente aproveita e seca a roupa, além de espanar a areia que cola nos pés.

- Vamos; estou morta de sede.

Bebemos nossa água e ficamos caladas. Olhei no relógio e achei que já era hora de levá-la para casa. Fomos retornando e viemos em silêncio, mas estávamos bem, acho que nos sentíamos felizes. Chegando na porta do prédio ela me perguntou:

- Que fará agora?

- Vou sair. Vou numa danceteria lá no baixo Gávea.

- Com quem? As Feiticeiras?


- Não. Com um cara que eu saio vira e mexe. É um caso antigo. – sorri

Ela pareceu decepcionada.

- Ah, sei. Seu namorado?

- Namorado não. É só um cara que... É só um cara.

- Não entendo isso, mas tudo bem. – bateu nos pés para retirar o resto da areia – Acho que eu vou ter de subir pelo elevador de serviço. Bem, adorei a caminhada e tudo mais. Obrigada!

- De nada. Tchau.

- Tchau.

Voltei para o morro, mas aquela alegria que sentia minutos atrás acabou como por encanto. "E por que Dul?"

Cheguei em casa e minha avó estava sintonizada na novela.

- Oi vó. Vou me arrumar e descer. Daqui a pouco o... vou sair e daí só volto amanhã.

- Está bem. – falou sem olhar para mim

Olhei para ela e imaginei como deveria se sentir. Ela que já foi rica vivendo em um barraco mal acabado no morro. Pensei no luxo do apartamento de Any e como deveria ser a casa de minha avó na Bahia antes de perderem tudo. Ela deveria sentir muito. Eu nasci no morro e não tinha referências, mas para quem já viveu na riqueza... Nosso barraco tinha quatro pequenos cômodos e eram todos praticamente colados entre si: sala, quarto, cozinha e banheiro. A separação entre eles era feita por cortinas de plástico amarelo translúcido.


Nossa sala tinha uma poltrona de dois lugares, o móvel da TV, onde guardava meus livros e uma mesinha entre eles, com um arranjo de flores de plástico. Na parede da janela, que era a mesma da porta, duas cadeiras de madeira. Entrei no quarto e pensei em como era pequeno. As paredes, que eu mesma ajudei a levantar, eram bastante irregulares. Havia pendurado um quadro feito pelo meu primeiro namorado. Presente de aniversário. Minha avó dormia numa cama velha de madeira, debaixo da janela, e eu, em uma cama que fiz e que era guardada embaixo da cama dela. Tínhamos um armário, que dividíamos, e havia também a mesinha onde estavam a Virgem Maria, o terço e a Bíblia de vovó. Nos dias quentes, a santa dividia seu espaço com o ventilador.

Abri o armário e olhei minhas roupas: poucas. Se não fosse a filha de dona Maria, uma das patroas de minha avó, ter 1,85m de altura e me dar as roupas que enjoava de usar eu nem teria como sair.

Any tinha uma diarista. Era como minha avó, mas usava o tal uniforme azul de mangas compridas, coisa que vovó não tinha de usar. Será que Any percebia que seus empregados estavam do mesmo lado que eu na vida? E talvez ainda melhor, pois não sei quanto eles ganhavam, mas deveria ser mais que vovó.

Separei um vestido azul de comprimento médio e fui para o banheiro. Nosso banheiro se resumia a um vaso sanitário, pia e um micro box. Quando faltava água, o que era comum, tínhamos de passar no seu Neneco e trazer no balde. Este homem era dono de uma quitandinha no Cantagalo e tinha três imensas caixas d’água. Por gostar muito de nós aliviava nossa barra nessas situações de "seca", sem contar às vezes em que nos vendia fiado. Fiz um teste e vi que água estava lá. "Oba! Hoje balde não rola!"



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Autor(a): portinons2vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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