Fanfics Brasil - Capítulo 65 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 65

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Any abriu a janela e a vista dava de frente para um hotel, mas uma grande e frondosa árvore nos dava a privacidade de não sermos vistas. Achei tudo perfeito, mas tive medo do que Any iria achar. A decisão seria dela, com certeza.

- E então linda? Que achou? – perguntei receosa.

Ela virou-se de frente para mim e respondeu com um belo sorriso:

- Quando nos mudaremos?


*******************************


Comecei a trabalhar com Ramirez de novo e acertei todos os detalhes com dona Márcia. Faltava apenas assinar o contrato do aluguel. Por outro lado, restava ainda decidir sobre o que fazer com as coisas da casa no morro, e a respeito da própria casa. Any também tinha que pensar em como seria sua vida a partir do momento em que se casasse comigo, pois ainda não havíamos tido uma conversa séria, apenas sonhávamos com um futuro juntas. Dois dias depois fui para o morro e olhei a casa atentamente. Tudo parecia triste, solitário, abandonado. Passei a mão sobre o buraco de bala na parede, fruto do tiro assassino que levou minha avó tão bruscamente. Senti uma imensa tristeza. Vivemos juntas por tantos anos, mas aprendemos a nos conhecer apenas nos últimos tempos, e justo quando as coisas iam bem e que a vida ia mudar, ela vai embora. E não por ter adoecido, mas por conta de violência! Isso fazia doer ainda mais. Eu tinha tantos sonhos; queria levá-la a Bahia, queria dar-lhe o prazer em viver em uma casa com infra estrutura, queria dar-lhe boas roupas, queria que deixasse de trabalhar para os outros, queria tantas coisas... A sensação era a de ter corrido muito, superando todos os adversários, para tropeçar e cair a centímetros da linha de chegada, perdendo o título por conta de segundos.

Cheguei na janela e olhei para fora. Senti uma imensa dor por conta daquelas pessoas. As favelas têm muita gente boa, muita gente honesta, que sonha, que luta, que corre atrás de oportunidades e muitas vezes não as acha. As favelas também têm muitos "espertos", que vão para lá para não pagar impostos, e gozar de certas benesses que a contravenção proporciona. Têm muitos desorientados, que se deixam enganar pelas promessas fáceis dos traficantes, que doam cem e recolhem um milhão, e que não têm o menor pudor de matar com requintes de crueldade, de corromper jovens inexperientes e de viciar crianças na flor da idade. E as favelas têm muitos traficantes, que se acham o máximo por manipular os mais ingênuos, mas não passam de soldadinhos facilmente substituíveis pelo sistema podre que nos dirige, e que faz questão de que eles existam, pois se não existirem não haverá como sustentar a cúpula que abocanha a maior parte da riqueza do país. Pena que a mídia, quando pensa em favela, só enxerga o traficante, como se eles fossem A FAVELA em si.


Decidi que iria me desfazer daquela casa, com quase tudo o que tinha dentro dela. Havia boas lembranças ali, mas as últimas eram dolorosas demais e eu não queria nada que ficasse me trazendo flashes do pior dia da minha vida.

"Quando eu estiver firmada no trabalho, Cantagalo, eu volto, e vou lutar para fazer muitas melhorias aqui. E da mesma forma em todas as favelas que eu conseguir entrar. Isso é uma promessa!"


*******************************


- Oi Dul , eu já estava pensando que você havia desistido de se casar comigo. – Any falou colocando a bolsa sobre o banco do quiosque

- Que é isso meu amor? Eu tava só cuidando da vida. – levantei-me e beijei-lhe o rosto.

- Por que marcou comigo aqui? Poderia ter ido para minha casa. – sentou-se.

- Não, eu queria conversar com você em um lugar onde ficássemos a vontade, e hoje você disse que os tais eletricistas iriam lá.

- Ah, é verdade. Dolores os chamou por conta de uns problemas nos interruptores da cozinha. Mas diga meu amor, o que houve? – sorria apoiando o queixo nas mãos.

Olhei-a contemplativamente e ela estava linda usando uma blusa branca de renda e uma saia cor de rosa feita em crochê.

- Ontem eu estive no morro e passei a noite lá. Refleti muito sobre uma série de coisas e tomei algumas decisões que quero dividir com você e ouvir sua opinião. Também acho que temos coisas muito sérias para conversar. – olhei para a garçonete – Mas como está calor, vamos pedir uns cocos antes?

- Claro. – sorriu – Mas eu fiquei curiosa sobre o que se trata.

- Vamos aos cocos primeiro. – acenei para a garçonete.


Rapidamente ela nos atendeu e então continuei:

- Eu sofri muito com o que aconteceu com vovó; e ainda sofro, você sabe. Acho que será assim a vida inteira, apenas eu vou aprender a lidar com isso. – parei um pouco – Mas o fato é que a casa me traz lembranças muito trágicas e eu não quero mais isso. Sei que o filho de seu Neneco vai casar e pensei em dar a casa para ele.

- Que lindo Dul ! Eu apóio inteiramente. Ele não tem onde morar e tenho certeza de que ficará feliz em ter um lugar só para ele e a esposa, como nós queremos o nosso. – segurou na minha mão.

Entrelaçamos os dedos e sorrimos.

- Pensei em tirar a geladeira e o fogão que você nos deu, minhas coisas pessoais e mais as de vovó, que eu guardei. No mais, deixar tudo pro Mazinho e a futura esposa. Só que tenho medo que você fique zangada porque nos deu o armário e...

- Não, eu não fico. Posso trazer o meu armário que até combina mais com as cores do apartamento. Mazinho fará bom uso do móvel e de todas as outras coisas, como vocês fizeram.

- Então eu posso conversar com seu Neneco e ele que você não se incomoda?

- Claro que não Dul . Além do mais a casa é sua e eu nem devo interferir nisso. Você está no seu direito.

- Agora eu queria conversar com você sobre o NOSSO casamento.

- Hum, assunto bem mais interessante. – ajeitou-se no banquinho e sorriu ainda mais

Respirei fundo e continuei:


- Acho que você ainda não parou para pensar na grande mudança de vida que vai ter. Porque eu não perco nada, do contrário, vou pra uma vida melhor e mais "folgada", porque trabalhando já formada não vou viver na mesma dureza que vivia como estudante. Além do mais vou sair do morro, sem necessidade de tomar banho com balde, sem a rotina de ficar sem luz toda hora e sem chuva pra invadir minha casa. Vou ficar até livre de tiroteio! E sem a PM pra chegar rachando e atirando pra todo lado! Agora, você não. Você parte pra uma violenta queda de padrão, e não será temporária como foi naquela época em que ficou no morro com a gente. Agora você vai sentir pra valer, vai ter rotina, vai ter uma obrigatória mudança de hábitos, e eu tenho medo de que você se arrependa. Você sabe disso, mas ainda me parece que não caiu a ficha.

Ela mordeu os lábios e abaixou a cabeça.

- Você precisa pensar se quer mesmo se casar comigo, porque vai passar por muitas mudanças. Não tem espaço na quitinete pra trazer todas as suas coisas: móveis, livros... Além do mais você vai deixar o conforto de uma cobertura invejável pra viver com pouco espaço. Tudo bem que você ganha a pensão da sua avó, mas sabe que ela faz isso porque quer e é algo que não vai durar pra sempre. Não tô desejando mal a ela, mas você me entende, não é?

- Entendo. – disse suavemente.

- Precisa aprender a poupar. Não poderá mais comprar roupas como compra. Vai ter que regular o uso do celular, que é caro, vai ter regular o carro, porque gasolina não é mole... Vai ser uma mudança daquelas Any, e tudo o que não quero é que você se arrependa. Eu acho que seus pais não vão te ajudar com nada depois que sair de casa, e isso tem ficar bem claro na sua cabeça, pra poder se planejar em termos de grana. Até aquela malandragem que seu pai faz pra burlar o imposto de renda vai dançar e você vai ter que pagar por conta de receber uma boa pensão do exterior.


- Eu sei. Na verdade nunca achei isso correto.

- E precisa entender que agora não vai ter mais Dolores, André ou qualquer empregado. Fazer comida não será mais um prazer, será rotina. A gente vai ter que fazer limpeza na casa, lavar as próprias roupas, fazer compras de mês, todas essas coisas que não fazem parte do seu dia a dia.

Passei a mão nos cabelos, olhei para o mar, respirei fundo e continuei.

- Pense em tudo isso antes de me dizer se quer se casar comigo ou não, porque eu quero muito você, mas não quero que se arrependa de mudar de vida por conta de nós duas.

- Acha que nunca pensei nestas coisas? Penso desde em que estive no Cantagalo pela primeira vez. E me doeu aquela época em que passei dias com vocês no morro, mas lutei para não demonstrar e senti que vocês me poupavam muito. Já pensei em exatamente tudo isso que você me falou, e sei que é uma mudança substacial. – silenciou um instante - Mas não preciso de novas reflexões. – fitou-me intensamente nos olhos – Meu coração disse sim desde o dia em que nos conhecemos, e eu repito isso agora: sim, eu quero sim, e quero muito.

Suas palavras tinham uma firmeza que me admirou e emocionou. Meus olhos encheram-se de lágrimas e segurei suas mãos sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

- Pois assim será minha linda, nos casaremos, e amanhã mesmo eu assino o contrato com dona Márcia. Vou falar com um cara do morro que trabalha com frete, e tão logo a gente se muda.

- Sim, mas deixe que minhas coisas o primo de André levará. Ele também trabalha com mudanças e anda tendo problemas financeiros até onde pude perceber outro dia. Mas eu queria uma coisa de você, se não fosse pedir muito.

- Pode dizer linda.

- Queria que antes de nos mudarmos fizéssemos uma festinha com algumas pessoas só para...celebrar. Já que não podemos nos casar nem no civil e nem no religioso não queria que passasse de todo em branco...


 


- Como quiser. Vamos ver isso juntas.

- Não quero ostentações. Penso em algo simples mesmo.

- Acho que quando seus pais chegarem você já será uma mulher casada... – sorri.

- Tomara! – sorriu em resposta

Meu coração parecia prestes a explodir de tanta alegria. Eu não via a hora de mudarmos e começarmos nossa vida juntas, só nós duas, para valer, e para sempre. Sentia como se tudo tivesse valido a pena, tudo mesmo, pois nada sobrepujava o que eu sentia naquele momento.Era o amor, e ele me tocou, e ele me invadiu, e ele se chamava Anahí Giovanna .



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Autor(a): portinons2vondy

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 E tudo foi se resolvendo rapidamente. Assinei o contrato com dona Márcia e peguei as chaves. Any e eu fizemos uma baita limpeza no final de semana, para preparar o apartamento, e morri de rir com a falta de jeito dela. Falei com o rapaz do frete e ele levou as coisas que eu queria: geladeira, fogão, panelas, roupas, sapatos, livros e pequenos objetos. Any ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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