Fanfics Brasil - Capítulo 72 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 72

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 O carnaval no Peró era bem tranquilo. Parecia coisa do interior. Um pessoal montou um bloco do boi e nós fomos atrás brincando. Nada de Sandra. Lá pelas tantas paramos em uma sorveteria.

- Aqui é mesmo mais devagar. Só quatro caras chegaram na gente.

- E dois atrás da minha mulher! – enfatizei – Esse negócio de passar carnaval com loura não é fácil.

- Ah é? E os outros tantos que ficaram olhando para vocês, não conta? – Any perguntou apertando minha bochecha

- Vocês nunca passaram carnaval juntas? – perguntou curiosa.


- Bem, quando eu a conheci o carnaval já tinha passado. No de 94 ela tava na Europa e no de 95 eu tava na casa dela me recuperando de um tiro. – olhei para ela – E que carnaval maravilhoso...

Any corou até o pescoço.

- Levou um tiro e foi maravilhoso??- pensou um pouco - Hum, imagino o por quê. – sorriu e olhou ao redor – Nada daquela cafajeste!

- Você tem certeza de que ela aprontou? – Any perguntou delicadamente.

- Eu não vi nada, mas depois pensei: ela demorou demais pra comprar uma caipirinha. E...não seria a primeira vez que me corneia. – baixou os olhos. "Mas e não é uma corna sabida??"

- Estão juntas há quanto tempo? Uns dez anos? – perguntei.

- É. Dez anos e duas semanas... – brincava com a pá do sorvete – E nesse meio tempo, só até onde eu saiba, já devo ter mais de uns trinta pares de chifres. Chifres com mulheres, sapatonas típicas e garotinhas de quinze anos...

- Deuses criatura, e você atura isso? – Any questionou indignada.

- Aturo... – uma lágrima escorreu do canto dos olhos.

- E te faz sofrer. Já pensou que poderia ser melhor pra você dar um fim nisso? – perguntei.

- Já. Minha mãe diz isso, minha irmã, minhas amigas... Eu é que não tenho coragem...

- Mas por que? – Any perguntou intrigada.

- Porque eu a amo! – disse enfaticamente – Eu simplesmente não posso arrancar isso do meu peito.

- Bem! Ou você arranca a força, ou sofre assim sempre, ou faz a Sandra pelo menos
acreditar que se não mudar vai te perder. – respondi.

- Eu sei. – olhou para mim tristemente – Ai gente, - olhou o relógio – são meia noite. Vamos embora?

- Vamos. – Any respondeu.


Viemos embora e ao chegar na casa Sandra roncava no sofá. Seu aspecto estava péssimo! Parecia estas pobres prostitutas de beira de estrada, com uma saia curtíssima, a blusa desgrenhada e o cabelo todo revoltado. Da boca aberta escorria uma baba gosmenta.

- Que diabo! – Nara resmungou revoltada

Parou para olhar a outra com ar de crítica e se trancou no quarto.

- Any, pode ir tomar seu banho que eu vou conversar com essa criatura aqui. – beijei-a na boca

- Está bem. Eu espero na cama. – beijou-me de novo.

- Isso é uma proposta? – abracei-a pela cintura.

- Quem sabe amanhã! – mordeu meu lábio e se afastou indo para o quarto.

Aproximei-me de Sandra para acordá-la. Vi uma garrafa de cerveja largada no chão.

- Sandra. – pus a mão em seu ombro – Acorda criatura. – balancei-a – Acorda mulher!

Ela abriu os olhos com dificuldade e pôs a mão na cabeça.

- Puta que pariu, que dor de cabeça.

- E por que será? – levantei – Vou pegar um Engov pra você. Levanta, vai tomar um banho e tomar um aspecto de gente.

- Ah! – sentou-se com dificuldade – Eu não consigo levantar não. Tá tudo rodando! – pôs as duas mãos na testa

- Eu vou te ajudar. Espera aí.

Dei um Engov para ela e levei-a para o banho. Peguei aquela roupa suja e coloquei em um saco plástico no quintal. Entrei devagar no quarto delas e Nara já dormia. Peguei uma camisola de Sandra e levei para que vestisse. Ela vomitou três vezes dentro do vaso sanitário e xingou um monte de palavrões. Por volta de umas duas da manhã coloquei-a acomodada em uma cama que montei no sofá. Deitou e dormiu quase que imediatamente.

"É mole? Virei mãe de amiga pinguça!"


No dia seguinte Nara acordou quase que na mesma hora que Any e eu. Sandra dormia como um anjo.

- Ela está limpa e de camisola. Como foi que conseguiu se arrumar?

- Fui eu Nara. Dei uma força. Aí tomou remédio, vomitou, tomou banho, escovou os dentes e dormiu. Coloquei a roupa que vestia lá fora.

- Onde? – pôs as mãos na cintura.

- Em um saco plástico no quintal. Algum problema?

- Absolutamente!

Foi resoluta até a área e jogou o saco no lixo.

- Não quero mais vê-la com aquela roupa. Parecia uma puta fudida deitada naquele sofá.

Any e eu nos olhamos e nada dissemos.

- Meninas eu pensei, que tal irmos nós três na praia das Dunas? – propôs.

- Eu faço os sanduíches! – Any se apressou em pegar os pães

- E Sandra? – perguntei

- Que se dane ela. Agora só penso em mim e ela que se dane!

Levantei as mãos e disse:

- Não está mais aqui quem falou!


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Fomos para a praia das Dunas e novamente brincamos como crianças nas ondas que nos faziam de brinquedo. Levamos a bola e jogamos vôlei por um bom tempo. Foi bem divertido e Nara parecia ter esquecido completamente da outra. Chegamos em casa por volta de umas cinco e pouco, e entramos pelos fundos, como sempre. Ao abrir a porta da cozinha nos deparamos com um monte de flores espalhadas pela casa. Parecia até coisa de macumba. "Que diabo é isso?"

- Cuidado Any, você pode pisar em um prato de barro com uma galinha preta a qualquer momento! – cochichei no seu ouvido.

Ela riu e me deu um tapa no braço.


Mal chegamos no corredor avistamos a figura de Sandra, usando um vestido branco, sandálias baixas, cabelos lavados e perfumada, segurando um belo buquê de flores. Parecia alguém que tinha acabado de ver a Santinha.

- Amor, eu preciso falar com você. – sua voz era mansa.

- Não há o que dizer! – Nara respondeu rudemente.

Cheguei perto de Any e cochichei:

- Vamos tomar um banho e comer. Elas vão ficar se engalfinhando aí.

Saímos do banheiro e Nara falava um monte de desaforos para a outra. Sandra parecia um cordeirinho. Almoçamos e de repente, silêncio.

- O que será que houve Dul ?

- Sei lá. Que tal a gente sair e dar uma volta?

- Boa ideia.

Quando fomos escovar os dentes vimos roupas espalhadas pelo chão e flores por todo canto. A porta do quarto fechada e uma gemedeira inconfundível se fez ouvir. Any me olhou chocada.

- É. É melhor a gente se mandar mesmo! – comentei.


**************************************************


Como tudo ficou bem, saímos para o Forte de novo. Estava mais lotado que em todos os dias e o carro de som tocou de tudo. Nós nos acabamos de dançar e Sandra e Nara só tinham olhos uma para a outra. Coisa de doida!Novamente elas encheram a cara de caipivodka e eu voltei dirigindo. Chegamos em casa umas cinco da manhã. Sandra e Nara entraram se beijando e rasgando, desprezando a nossa presença ali. Trancaram-se no quarto e o couro comeu. Any e eu fomos tomar banho e consegui convencê-la a seguir o exemplo de nossas amigas. No dia seguinte fomos embora à tarde e chegamos em casa após o maior engarrafamento. Eram quase dez da noite!

Saímos sem ver a dupla dinâmica, que ainda estava trancada no quarto. Na quinta liguei para Arthur e ele já havia chegado. Disse para que eu fosse lá a tarde fazer uma entrevista com ele e o tal Júlio. Fiquei receosa porque me imaginava dentro da equipe e agora tinha esse papo de entrevista.

Any disse que iria para no Centro, passar no banco e dar uma olhada em suas finanças, uma vez que perdeu a noção de tudo desde que voltamos da Europa. Aproveitaria para comprar umas roupas íntimas.

Cheguei no escritório de Arthur em Botafogo às 13:30h. Ficava em um prédio enorme e bonito. Any me ajudou a escolher a roupa e me arrumar. Estava meio nervosa. Quando toquei o interfone uma voz melosa de mulher me permitiu a entrada, e ao abrir a porta dei de cara como uma autêntica secretária gostosona. Não era bonita, mas dona de um belo corpo. A mulher vestia uma saia relativamente curta, usava uma blusa decotadíssima e parecia ter saltado direto de uma capa de revista erótica.

- Oi, meu nome é Simone. O senhor Arthur e o Júlio a esperam na sala. Pode vir. – sorriu.

Fui seguindo ela e achei graça dos trejeitos que tinha. Andava rebolando tanto que chegava a ser caricata. "Mas a bunda é bonita! O corpo todo, aliás."

Entrei em uma sala e Arthur e Júlio me aguardavam lá dentro. Estavam sentados em uma mesa redonda de quatro lugares. Havia uns papéis em uma das cadeiras. Ambos se levantaram para apertar minha mão. Júlio era como o colega: meia idade, calvo e barrigudo, mas ao contrário do outro, tinha a maior pinta de galinha.

- Então essa é a Dulce ! Deus! Nunca vi uma engenheira linda assim! – Júlio me olhou de baixo a cima.

- Boa tarde. – respondi seriamente.

"Ai, não, coroa eu não aguento!"


- Já tirou o CREA? – Júlio perguntou.

- Ainda não. Recebi o diploma nas vésperas do carnaval. Aliás, trouxe meus documentos. – mostrei minha pasta – Hoje mesmo eu vejo isso.

- Vamos fazer o seguinte, Lula está indo no Centro por volta das três. Ele te leva lá e você se arruma com o CREA. Efetivamente seu dia começará amanhã. Vou te apresentar a equipe, amanhã você se reunirá com Alcides, Anderson e Bárbara e semana que vem começam as visitas na obra.

- Ótimo! – respondi.

- Então vamos, eu te apresento ao pessoal. – Arthur se levantou – Na volta, antes de sair com Lula te falo sobre seus vencimentos.

- Até mais, menina. Viajo hoje pra São Paulo. – Júlio estendeu a mão.

Retribui o cumprimento, desejei boa viagem e saí da sala com Arthur.


**************************************


Andamos pelo corredor e ele foi me explicando tudo. Aquilo era na verdade uma imensa sala onde haviam divisórias separando pessoas. Ao todo, quinze funcionários; comigo dezesseis.

Ele me apresentou Simone, a secretária que me recebeu, e os engenheiros civis Alcides, Anderson e Carlos. Em outra baia estavam dois engenheiros elétricos, Fernando e Sandro. Na ‘ala dos técnicos’, havia um projetista apelidado Cancan, dois técnicos em edificações, Bárbara e Rodrigo, um técnico em estradas, Ricardo, um mestre de obras, Raimundinho. Em uma sala separada, o engenheiro de segurança no trabalho, Lula, e ao lado os contadores Camille e Leon, o maior gay do mundo. "Bom saber disso! Sinal de que eles aceitam o homossexual."

Júlio era o sócio de Arthur, e o homem que saía em reuniões a fora fechando negócios. A empreiteira tinha sociedade com outra em São Paulo e a carteira de obras de ambas era imensa.


Com a Prefeitura do Rio havia três trabalhos, sendo que um deles envolvia obras em favelas. Disse para Arthur que tinha interesse nisso depois que encerrasse com o caso de Bonsucesso. Ele gostou de saber, pois me disse que o pessoal dele morria de medo de favela.

- Eu fui criada em uma. – disse.

- Bom. Então você sabe como agir e se aproximar das pessoas sem morrer de medo delas. Importante pra ter harmonia no trabalho de campo.

Ao final do tour, onde todos me pareceram simpáticos, Arthur me falou de grana. Eu receberia R$2500,00 líquidos, e teria direito a plano de saúde médico e odontológico. Disse que se tudo desse certo em Bonsucesso, ao final , eu poderia receber um aumento.

- Antes de sair com Lula preencha uma fichinha que Simone vai te dar, OK?

- Certo.

Preenchi a tal ficha e só lamentei de não poder marcar em estado civil a opção casada. Então marquei "outros".

Lula me deu carona até o Centro e ele era um homem de vinte e oito anos, moreno dos olhos verdes e muito bonito. Disse que era casado com a técnica Bárbara, que era mulata, cabelos estilo tranças afro, magra e bonitinha. Ela tinha vinte e cinco anos. Ele me pareceu ser rapaz sério.

Fui no CREA e não esperei muito para resolver as coisas. Mas o documento demoraria um mês e pouco para sair. Liguei para professor Ramirez contando as novidades e ele se animou. Corri para casa para falar com Any. Tudo havia dado certo e eu queria que ela soubesse. Antes de sair do Centro ainda liguei para seu celular, mas deu fora de área. Quando cheguei em casa ela não estava lá e estranhei. Eram seis e pouco da tarde. Fui tomar banho e saí pensando em preparar um jantar especial. Macarrão seria uma boa pedida. Mal comecei a ajeitar as coisas e ouço o barulho da porta se abrindo. Corri para saudá-la e parei estupefata.


Seu semblante estava abatido e ela nitidamente havia chorado.

- Meu amor, o que houve? – abri os braços e me aproximei.

Ela se jogou em meus braços já soluçando e me abraçou com força.

- Deus, o que foi?? – fiquei preocupada.

- Dul ... – me abraçava com força – estamos sem nada, estamos sem nada....



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Autor(a): portinons2vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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