Fanfics Brasil - Capítulo 76 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 76

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Dispensei os pedreiros e fomos indo embora o mais rápido possível. Raimundinho estava branco como cera e dividiu um táxi comigo para Botafogo de volta para o escritório. Chegando lá Simone nos olhou de cima a baixo perplexa:

- Meu Deus! Vocês estão um lixo! E que cheiro! – fez cara de repugnância.

- Bom dia pra você também! – Raimundinho respondeu de cara feia.

Meus sapatos estavam atolados de barro de esgoto. Tirei-os dos pés e fui entrando descalça.


- Mas o que é isso? – Bárbara perguntou chocada.

- Tivemos uma manhã de intensas emoções! – respondi sem muito saco.

Fui para o banheiro e lembrei que no sufoco de sair de lá esqueci minha blusa no container do canteiro. "Ah! E agora, o que eu vou vestir?" Abri meu armário e peguei sabonete, xampu e creme. Percebi que não havia toalha também. "Ai, que droga!" Tirei a blusa e abri a calça. Apoiei-me na pia e abaixei a cabeça me recuperando do acontecido. Por mais que eu estivesse acostumada com tiroteios eu me recusava a achar aquilo uma coisa natural e me revoltava muito.

Nesse momento Simone entra no banheiro e me olha de cima a baixo. Encarei com ela e voltei a abaixar a cabeça.

- Mas o que diabos aconteceu com vocês?

- Tiroteio na favela. – respirei fundo - Foi brabo!

- Por isso estão tão sujos assim?

- Que você acha? – encostei na pia a passei a mão nos cabelos – Eu me borrei de medo! – voltei a mexer no meu armário.

- Nossa, você se sujou até aqui! – veio por trás e deslizou o dedo nas minhas costas, na altura da cintura.

Levei um susto e virei de frente rapidamente.

- E o que é que você quer? – perguntei secamente.

- Calma! – me olhou de cima a baixo de novo – Nossa, você tem o maior preparo físico. Nem barriga tem!

Ri e perguntei olhando firme em seus olhos:

- Além de dormir com Júlio e Anderson quer me acrescentar na sua lista de conquistas aqui no escritório?

Ela pareceu se surpreender mas não perdeu a pose. Respondeu desafiadora:

- E seu eu quiser? Esses olhos azuis são tão perigosos...

Cheguei mais perto e respondi:

- Pra você não tem perigo nenhum! Vai ficar só na vontade! – entrei no box para tomar banho. Tirei o resto da roupa lá dentro mesmo e ela perguntou:


- Você não tem blusa pra usar! Quer uma emprestada?

De fato eu não tinha mas fiquei quieta.

- Também não tem toalha! Olha! – silenciou – Eu vou deixar uma toalha minha aqui pra você usar se quiser. E uma blusa também. É simples mas dá pra você usar. Eu uso pra fazer ginástica. Está tudo limpo.

Continuei calada e ouvi o barulho da porta se fechando.

"Só era essa que faltava! Simone me dando mole!"

Acabei usando a toalha dela e a blusa. Era uma blusinha de alças azul marinho e que ficou até legal em mim. Bem esporte. Coloquei minha calça, os sapatos e o casaco e saí do banheiro. Mal cheguei em minha mesa e Arthur veio me dizer para ir para casa por conta do ocorrido. Disse que o susto devia ter sido brabo e que tinha acabado de dispensar Raimundinho também. Agradeci e peguei minhas coisas para ir embora. Antes de sair falei com Simone:

- Olha, eu usei sua toalha e – abri os braços – tô com a sua blusa. Pode deixar que na segunda você recebe as duas e lavadas. Obrigada.

- Sem problemas. E se não lavar não tem importância! – me olhou com um jeito bem sensual.

Confesso que isso mexeu comigo, mas eu não jogaria meu casamento fora por conta de uma bobagem sem importância.

- Tchau! – disse.

Ela não respondeu e apenas sorriu.


****************************************


Cheguei em casa e mal abri a porta Any estava pulando como um bichinho feliz.

- Você veio cedo! – me abraçou sorridente – Por que ? - seu sorriso era lindo.

- Longa estória! – beijei-a nos lábios - Onde está nossa vovó?

Nesse momento vó Dorte aparece na porta do quarto.

- Olá querida! – abriu um belo sorriso.

Ela usava uma saia de pano até as canelas, uma blusa branca de rendas e um casaquinho de linha. Estava mais magra e um pouco abatida. Caminhei até ela e abracei-a com vontade. Ela retribuiu com carinho.


- Como foi a viagem? Teve medo?- coloquei minha mochila no chão.

- Medo? Eu? Que nada! Tive um pavor indescritível! – rimos – Mas a viagem foi boa.

- Vó Dorte disse que teve uma bela visão aérea do Rio passando bem próxima ao Pão de Açúcar.

- É mesmo? Que sorte! Dizem que isso não é muito comum quando se chega pelo Galeão. Mas, e então? O que as duas aprontaram até agora?

- Por enquanto Any e eu arrumamos minhas coisas no armário de vocês, eu a assisti fazendo o almoço e conversamos bastante. Any me contou que você está bem empregada e já ganhou até um aumento!

- Ah! – fiquei sem graça – É! Depois de um trabalho complicado que nós concluímos o chefe me deu um aumento mesmo.

- Ele adorou o modo dela trabalhar! – Any disse orgulhosa.

- Então... – tentei desconversar - que tal almoçarmos, você dorme um pouco para descansar e depois damos uma volta pelo calçadão? Faz um pouco de frio, mas não vai chover e o dia está até bonito.

- Mas veja ela me mandando dormir Any! – pôs as mãos na cintura e sorriu para a neta – Quem é a mais velha aqui?

- Ela está certa vovó! A viagem é cansativa e é bom recuperar as energias.

- Não se preocupe, vó Dorte. Nós vamos levá-la para conhecer tudo na cidade.

- Eu gostei dessa parte. – sorriu contente.

- Vou trocar de roupa e daí se quiserem, almoçamos.

- Sim! Eu concordo! Quero provar o gosto da comida brasileira que minha neta já sabe fazer! – passou a mão na barriga.

- E você ainda não nos disse porque chegou cedo! – Any segurou minha mão e olhou para minha blusa desconfiada – Eu não conheço essa blusa!

- Não é minha. Mas eu conto, espere eu trocar de roupa.

Fui para o banheiro me trocar e elas se acomodaram na cozinha. Any serviu os pratos e nos sentamos na mesinha.


- Este apartamento é simples, mas muito bonito. Tão agradável! É parecido com as duas! Tudo rosa e branco. Acredito que seja coisa de minha neta. – sorriu e passou a mão no rosto dela.

- Na verdade foi a dona que arrumou assim, e eu achei a cara dela mesmo. Quando vi me interessei de pronto!

- E quando ela me apresentou a ele eu já me senti morando aqui. – Any complementou.

- Mas e então amor? Por que veio mais cedo? – perguntou olhando para mim.

- Bem. Eu estava muito bem na obra quando de repente começou um... – disse em português – Any como é tiroteio em inglês?

- Oh, meu Deus Dul , e você diz isso assim??

- Mas o que? – vó Dorte perguntou desconsertada

- Ela disse que houve um tiroteio no lugar onde a obra está acontecendo.

- Meu Deus, e por que isso??? – perguntou chocada.

- É que o trabalho é em uma favela, em um lugar pobre, e infelizmente muitos traficantes vão para estes lugares para mandar nas pessoas e ganhar dinheiro. Daí quando surge briga entre eles, ou quando a polícia cisma de ir atrás deles acontece isso.

- E nesse caso por que aconteceu? – perguntou ainda apavorada.

- Não sei vó! Só sei que foi uma loucura. Eu corri e chamei os pedreiros para fugirem também. Levei comigo uma menina que estava sozinha e chorando e nós nos escondemos em uma vala cheia de barro e esgoto. Ficamos imundos!

- Ai Dul , e eu sem saber desse perigo! – pôs sua mão sobre a minha.

- Mas nada me aconteceu linda, e nem com nenhum de nós. Alguns arranhões e muito susto, só isso. Depois eu levei a menina até a mãe e ela era filha de um traficante que apareceu muito bem armado atrás de mim.

- Deus! E então?


 


- Ele me disse umas bobagens e depois agradeceu. Disse que não ia mais ter trabalho por hoje, aí eu dispensei o pessoal e fui para o escritório. Lá eu tomei banho e vi que esqueci a blusa na obra, aí a secretária me emprestou aquela que eu estava usando. O chefe então me dispensou por hoje.

- Blusa da secretária...? – Any perguntou com uma cara não muito boa.

- É! – olhei para vó Dorte querendo mudar de assunto – Mas não se impressione porque isso não acontece sempre e nem em todo lugar.

- Cada país com seu problema. Na Inglaterra tivemos guerras, os conflitos com os
irlandeses e hoje rumores de terrorismo. Vocês têm isso. Paciência!

Reparei que Any me olhava desconfiada, mas não retornou o assunto da blusa de Simone. Porém eu sabia que ela voltaria a falar sobre isso.


*************************************


Apesar de seus protestos vó Dorte deitou na cama dizendo que só iria descansar os olhos e acabou dormindo como pedra. Any disse que ainda não havia falado da safadeza de seu pai, mas no momento certo o faria. Eu estava colocando as roupas sujas de molho quando ela perguntou:

- Por que você estava usando uma blusa da Simone?

"Ai, eu sabia!"

- Eu disse. Eu não tinha outra e ela se ofereceu pra me emprestar aquela.

- Mas se você mal conversa com ela por que se ofereceu?

Respirei fundo e disse a verdade:

- Quando eu e Raimundinho chegamos no escritório naquele estado deplorável ela foi a primeira a nos ver e se espantou. Tirei os sapatos, fui pro banheiro e tirei a camiseta lá dentro. Só aí percebi que não tinha trazido a minha blusa comigo. Ao mesmo tempo eu estava chateada e me apoiei na pia pensando. Ela chegou, perguntou do ocorrido, eu falei e ela viu que eu não tinha roupa e ofereceu a dela. Só isso.


 


- Só isso? Ela viu você sem blusa e você diz só isso!– cruzou os braços e me olhou séria.

- Só. Eu tava de sutiã Any. Além do mais somos mulheres. Qual mulher nunca viu uma colega de sutiã? – não olhei para ela.

- Então ela é sua colega agora? – perguntou com deboche.

- E não é? Colega pra mim é quem trabalha no mesmo lugar, e é esse o caso, não é?

– É só isso mesmo Dulce ?? – perguntou mais firme.

Fechei os olhos, respirei fundo e disse:

- Tá bom Any. Ela veio com um papo de duplo sentido e insinuou que tava a fim. Aí eu disse que ela ia ficar na vontade e entrei no box. Então ela deixou a blusa e a toalha pra eu usar e saiu.

- Ah, então você ainda se enxugou com a toalha dela? – perguntou contrariada.

- Amor, eu tava sem toalha. Esqueci! – olhei para ela.

- E como ela percebeu tudo isso, todo esse seu esquecimento? – seu rosto transparecia muita contrariedade.

- Eu não sei! Sei lá! - passei a mão nos cabelos e coloquei as mãos na cintura.

- Talvez porque tenha mostrado muita coisa para ela não é Dulce ? – senti um tom de choro na sua voz, mas ela se prendeu.

- O que você pensa? Que eu transei com ela no banheiro do trabalho? – olhei para ela e perguntei sem pensar.

- E por que será que eu sinto que era exatamente isso que você queria fazer? – uma lágrima escorreu de seus olhos.

"Ai, meu Deus..."


- Amor, pára com isso! – me aproximei dela – Da onde você tirou isso? Vem cá, minha linda, não perde tempo com besteira. – tentei beijá-la.

Ela se esquivou e olhou firme nos meus olhos.

- Ela te atrai?

Fiquei sem graça e respondi.

- E por que isso agora? Pára com isso amor! Vem aqui! – tentei abraçá-la de novo, mas ela se esquivou novamente

- Pare com isso você! Por que não assume que ela te atrai? – controlava-se para não chorar.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ela me fixou de um jeito que eu não poderia me negar a responder. Não sabia mentir para ela e não tive outra escolha senão dizer a verdade:

- Eu... eu... eu acho ela... eu... – olhei para cima, respirei fundo e pus as mãos na cabeça – Eu acho ela gostosa e é só! – olhei para Any – Muitas mulheres e homens são bonitos e atraentes e eu os acho assim, mas não quer dizer que eu vá pular em cima deles e transar! Eu tenho certeza de que deve haver alguém que você ache atraente também e nem por isso você me trai.

- Infelizmente eu nunca me senti atraída por mais ninguém além de você. – seu tom era muito duro.

- Eu sou fiel a você Any, e isso não é difícil pra mim! – falei com confiança. Era a mais pura verdade.

- É mesmo? – ela começou a me apalpar por debaixo da roupa e levantou minha blusa para olhar as costas – Ela arranha? Hein? Ela é como eu que te arranha toda? Hum? – suas mãos percorriam minhas costas em desespero.

- Pára com isso, não vê que não tem cabimento o que você tá fazendo? – me afastei ajeitando a roupa.

Ela andou até a porta do quarto. Vó Dorte ainda dormia. Olhei para o relógio. Eram quatro da tarde.

- Quer dizer que você não confia em mim?

Ela ficou calada e secava as lágrimas com as mãos.


- Tudo bem Any. – voltei a mexer na roupa que estava de molho – Eu já acabei aqui mesmo. – fui até o sofá e me sentei – Vem aqui, vem? Eu quero conversar bem honestamente com você. Senta aqui do meu lado, vem minha linda? – falei com muita delicadeza.

Ela veio e sentou-se a meu lado de cabeça baixa e cara amarrada.

– Olha pra mim, lindinha! – ela olhou – Eu te amo! Entenda uma coisa amor, não é porque eu venha achar alguém atraente que significa que eu vá te trair. Eu não quero ela e nem ninguém mais. Eu tenho você! – sorri e passei os dedos secando suas lágrimas – Eu te amo! E não entendi porque você deu tanto valor ao que aconteceu! – beijei-a no rosto e depois na boca – Você não percebe que eu te amo? Não nota nas minhas atitudes? – segurei seu rosto com as mãos – Eu dou tudo de mim pra você, e você não me acredita? Hein? – falava com muita delicadeza.

Ela começou a falar como uma criança envergonhada:

- Eu tive medo de perder você por causa do tiroteio e depois veio essa mulher... – mexia nos meus cabelos.

- Que não representa nada e com quem eu não vou fazer nada além de trabalhar!

Ela abaixou os olhos e disse baixinho:

- Desculpa...

- Olha pra mim! – ela olhou – Não há o que desculpar. Agora me prometa que vai confiar mais em mim.

Ela me olhou nos olhos e disse:

- Prometo! – e me beijou me abraçando com força.

Sorri e acariciei seus cabelos.

- Agora vamos lavar esse rostinho porque eu não quero que sua avó a veja assim. Chorosa. Vem.

Fomos no banheiro e ela se recompôs. Sentamos abraçadas no sofá cama e permanecemos em silêncio por muito tempo. Vó Dorte acordou meia hora depois e nem desconfiou de nada...


Se Any soubesse o que sentia por ela não teria um milímetro sequer de preocupação. Eu era dela, como não saberia nem explicar. Ninguém poderia me fazer sequer pensar em traí-la.



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Autor(a): portinons2vondy

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Caminhamos com vó Dorte pelo calçadão e ela achava tudo bonito e cheio de vida. O céu estava limpo, mas soprava um vento frio, que ela tirava de letra. Any e eu caminhávamos de braços dados com ela, uma de cada lado. - Eu nem acredito que estou aqui. Vocês já se deram conta de que Copacabana é o bairro mais famos ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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