Fanfics Brasil - Capítulo 77 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 77

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Caminhamos com vó Dorte pelo calçadão e ela achava tudo bonito e cheio de vida. O céu estava limpo, mas soprava um vento frio, que ela tirava de letra. Any e eu caminhávamos de braços dados com ela, uma de cada lado.

- Eu nem acredito que estou aqui. Vocês já se deram conta de que Copacabana é o bairro mais famoso do mundo? E eu estou aqui passeando na orla e vendo essa beleza toda.

Neste momento, um rapaz bonito e atlético passa correndo sem camisa.

- E mais umas belezas dessas! Ah, seu fosse 50 anos mais nova.. .- virou-se para vê-lo passar – Em Londres não tem homem assim não. O que eles comem aqui? Deus seja louvado!

Rimos e respondi:

- A senhora pode levar um desses na bagagem vó Dorte. Alguns estão só esperando o convite.

- Ah não filha. Eu já não aguento mais certas coisas. O coração já está fraco e eu acho que acabaria morrendo de... felicidade.

Rimos novamente e Any comentou:

- Oh, vovó, você não tem jeito!

Caminhamos por mais alguns minutos e ofereci tomarmos uma água de côco. Elas
aceitaram e sentamos em um quiosque.

- Amanhã, se o céu estiver aberto como agora, vamos levá-la ao Pão de Açúcar e ao Corcovado.

- São pontos turísticos bem famosos. Quem nunca ouviu falar? Eu quero sim


- Que é isso vó Dorte? A gente procura um maiô legal em um loja e a senhora escolhe um que a deixe a vontade. – ri.

- Coisa a se pensar... – fez cara de dúvida mexendo conosco – Any, você aqui usa aqueles biquínis minúsculos que se vê na TV?

- E do tipo transparente! Um dia desses ela comprou um tão transparente que não
conseguiu achar quando procurou... – brinquei.

- Ah, é? Você está muito mudada menina! – fingiu estar brava.

- Vai acreditar nessa boba vovó? – me deu um tapinha no braço – Ela é quem tem um biquíni que deixa pouco para imaginar.

- Já vi que vão querer me comprar um maiô com a bunda de fora e vou ficar conhecida como a velha inglesa tarada da praia.

- Ah, mas quando você ver os outros biquínis e maiôs vai encontrar várias outras colegas taradas. – brinquei.

- A começar por Dul .. – me deu outro tapa e sorriu.

- Ai, ai meninas vocês me divertem! – olhou para a neta – Any, você ainda não me contou como estão as coisas com seus pais. Depois que saiu de casa o que eles fizeram? Como reagiram?

Any me olhou como se perguntasse o que fazer. Balancei a cabeça positivamente como se incentivando-a a dizer toda a verdade. Ela então mordeu o lábio inferior e começou a falar:

- Sabe vovó, há coisas que não contei ainda...

- Estou ouvindo.

- Eu não vejo meus pais desde a festa de natal. Eles com certeza romperam comigo. E papai.. Bem, ele me fez algo muito sério e que me magoou muito. Mas não fez sozinho. Mamãe colaborou com tudo.

- E o que foi? – senti que já estava se aborrecendo.

- Calma vó Dorte. Deixe ela falar e procure não ficar tensa. – segurei sua mão


- Papai encerrou a conta no banco e pegou todo o dinheiro que a senhora me deu. Mamãe, há uns meses atrás, me pediu para assinar um pretenso abaixo assinado do condomínio e com essa assinatura meu pai "provou" no banco que eu estava de acordo com a transação. Não sei direito como ele fez tudo, mas o fato é que eu fiquei sem nada. Se Dulce  não estivesse trabalhando estaríamos passando fome.

- Eu tinha ainda o que sobrou do dinheiro do prêmio que ganhei no ano passado, e mais um dinheiro de um trabalho prestado a meu ex professor orientador. Não sofremos financeiramente como chegamos a pensar que aconteceria, mas eu me aborreci muito com o fato. Achei uma... nem sei como dizer em inglês.

- Pois eu sei: uma grande desonestidade, falta de caráter e de decência. Onde Robert está com a cabeça? O que ele pensa que é? O nome disso é roubo e eu não criei meu único filho para ser um ladrão. E ladrão da própria filha. Que ele não concorde com suas escolhas meu anjo, eu respeito, mas que ele seja esse canalha sujo, é outra coisa! Ele não pode fazer isso e ficar assim impune. Ah, não! – revoltou-se a ponto de ficar vermelha.

- Calma vovó! Eu não quis falar por causa do seu coração e já me arrependi.

- Você não tem do que se arrepender! Eu queria ter sabido desde o começo. Quando ele fez isso?

- Em fevereiro.

- Fevereiro!? E estamos já no meio do ano!! Ah, não isso não. – levantou-se resoluta – Eu quero ir falar com ele agora.

- Mas vó... Eu nem sei se ele está viajando ou... – Any arregalou os olhos.

- Vó Dorte, olha, eu... – tentei argumentar

- Nada de vovó ou vó Dorte. Vocês me dirão onde o safado do meu filho mora ou eu vou ter descobrir sozinha? - pôs as mãos nas cadeiras.

Any e eu nos entreolhamos.

- Danou-se!! – exclamei


Nós já tínhamos andado bastante com vó Dorte, então voltamos para o prédio e pegamos o carro para levá-la até a cobertura em Ipanema. Chegando lá notei que ela se surpreendeu com a residência do filho, mas não disse nada. Entramos na portaria, e o porteiro, o reparador de sempre, nos olhou surpreso.

- Senhorita! Quanto tempo! – sorriu para Any.

- Meus pais estão em casa? – perguntou sem rodeios.

- Sim. O doutor Flatcher acabou de chegar de viagem e a senhora sua mãe chegou ontem à noite.

- Ótimo, vamos subir. – ela disse.

- Eu vou anunciar... – pegou o interfone.

- Não precisa anunciar uma vez que ela vai subir pra casa que é dela. – respondi apertando o gancho do aparelho.

Ele ficou sem graça e pôs o interfone no lugar novamente.

- Eu quero fazer uma surpresa, senhor Nilton. Essa é minha avó e eles não sabem que está aqui. – Any disse seriamente.

- Oh, sim, perdoe a gafe senhorita. Não estragarei a surpresa. – curvou-se e levantou-se correndo para chamar o elevador.

- O que esse pinguim tanto fala com vocês? – perguntou intrigada.

- Coisas de porteiro...cheirador de rabo de patrão. Desculpe vó Dorte, mas eu não sabia dizer isso de outro modo.

- Deixe. Você não poderia ter dito de forma melhor.

Pegamos o elevador e chegando na cobertura Any estremeceu frente a porta de casa.

- Saia daí filha, agora é comigo. – apertou a campanhia com força.

Ouvimos a voz de Jack lá dentro, mas não entendemos o que dizia.
Dolores abriu a porta desconfiada e sorriu de orelha a orelha ao ver Any.

- Senhorita! Que surpresa! – me saudou com a cabeça e olhou espantada para vó Dorte.

- Nós vamos entrar Dolores. – Any disse – Não se assuste, mas acho que vai haver uma confusão incrível nessa casa.


Dolores arregalou os olhos e deu passagem para nós entrarmos. Vó Dorte entrou olhando tudo e não vimos sinal do casal Flatcher.

- Robert! Venha aqui agora! - vó Dorte falou bem alto – Any, onde eles se escondem nesse apartamento?

- Calma vovó. Eles virão.

- Dolores, te aconselho a vazar agorinha mesmo! – falei baixinho perto dela.

- Vazar? – olhou-me surpresa – É! – engoliu em seco - Virgem Santa! É bom mesmo. – correu para a cozinha com medo.

Vó Dorte circulou pela sala e se deteve a uma nova e estranha escultura que enfeitava o ambiente.

- Mas que barulheira é essa aqui? Dolores quem está aí? – Jack veio caminhando para a sala com um vestido preto de golas brancas, sapato de salto e um turbante branco na cabeça. "Não faltava mais nada!"

Ao chegar e deparar conosco deu um sorriso vitorioso.

- Vocês... Vieram pedir dinheiro? A fonte secou não é mesmo? – disse sarcástica.

Nesse momento vó Dorte se apresentou encarando com ela.

- Chame aquele mau caráter do meu filho, pois eu quero conversar com os dois agora! – seu tom era ríspido

- Dorte?? – Jack ficou vermelha e sem saber o que dizer.

Robert chegou nesse momento reclamando:

- Mas que inferno é...? Mamãe?! – derrubou o cachimbo no chão.

- Agora sim. Vamos conversar em família.


Não conseguiria, por mais que tentasse, explicar o fuzuê que aconteceu naquela cobertura. Vó Dorte disse todos os desaforos possíveis e imagináveis para o casal e Robert tentava argumentar com explicações sem sentido e me acusando de ser uma aproveitadora.

- E mesmo se ela fosse aproveitadora você pensa que isso te dá o direito de roubar a própria filha? Robert eu não criei você para ser um ladrão e não temos isso na família!

- Também não temos isso – apontou desgostoso para Any e eu – na família!

- Ah não? Você sabia que seu tio Henry era gay? E não sabe que Kevin também é? Ora Robert eu preferia mil vezes que você fosse gay ao ladrão mau caráter que se mostra agora.

- Mamãe! – disse escandalizado.

- É isso mesmo seu canalha. Ela é sua filha e minha neta. O dinheiro era dela e você não tem o direito de roubar o que eu dei para minha neta. – vó Dorte gritava tomada de raiva.

- Eu não roubei. O dinheiro está guardado eu não gastei e nem preciso. Só estou impedindo que seja gasto com essa daí. – apontou para mim.

- Roubou sim! Qual o nome que acha que isso tem? Roubou e com o apoio dessa maluca com quem se casou!

- Ei. Respeito Dorte, respeito. – Jack pôs a mão no peito indignada.

- O que vocês acham seus bobos? Eu posso voltar a ajudá-la na hora que quiser. É só ela abrir outra conta bancária!

- Foi ela quem a trouxe aqui para nos envenenar uns contra os outros? – apontou para mim – Essa desgraçada é a razão da dor nesta família. Ela corrompeu e cegou o nosso bebê. Não duvido que tenha feito até esses rituais brasileiros de magia. - Robert fez todo um gestual ao falar isso.

Não aguentei e tive de rir. Any estava calada ouvindo sem esboçar sentimentos.

- Cale a boca Robert, e devolva o dinheiro. Isso é roubo e eu quero o dinheiro de minha neta de volta!


- Eu só devolvo no dia em que essa peste sair de nossas vidas.

Não posso negar que ouvir isso me fez mal. Eu me sentia a causa de uma desgraça familiar e sentia o peso de uma rejeição muito grande. E eu nunca soube trabalhar bem esse sentimento dentro de mim.

Em um dado momento perdi alguma coisa que Robert falou que deixou vó Dorte possessa. Ela partiu para cima dele e deu uma sucessão de tapas no filho e o chamou de ladrão, sem vergonha, mau caráter e tudo mais que se podia dizer. Disse que o falecido marido ficaria envergonhado. Jack deu um de seus pitis e no auge do fuzuê vó Dorte arrancou-lhe o turbante da cabeça com um puxão e disse:

- Deixe de ser ridícula! Tire esse pano da cabeça! Você deveria se envergonhar de ser a mãe cretina que é. E cale essa maldita boca!

Eu corri e separei a briga com medo que vó Dorte tivesse um treco ali mesmo, dado o fato de que estava vermelha como um pimentão. Abracei-a pela cintura e a afastei do casal.

- Calma vó Dorte, pare com isso, por favor.

- Chega com isso agora! – Any disse secamente e falando alto.

Robert estava todo desgrenhado e Jack com os cabelos curtos bastante bagunçados. Um sapato havia saído do pé. Vó Dorte estava com os cabelos revoltos e o casaco torto no corpo.

- Pois sou eu quem não quero mais esse dinheiro! – olhou para a avó – Desculpe vovó, mas se ele faz tanta questão que fique com ele e se dane! – olhou para o pai – Se Deus quiser eu não precisarei desse dinheiro para nada, assim com não hei de precisar de vocês para nada. Eu já havia sentido isso, mas agora está definitivo para mim: sou órfã de pai e mãe! - olhou para mim – Meu amor, vovó, vamos embora e deixemos estes miseráveis aqui sozinhos.

- Any!! – Robert parecia desapontado.

Jack estava muda.


Soltei vó Dorte e ela se aproximou do filho dizendo:

- Enquanto se comportar assim, eu não tenho mais filho. - deu as costas e foi até a porta – E não se atrevam a aparecer na minha casa ou na de Shelley no natal. Serão expulsos categoricamente!

Any já estava do lado de fora e sua avó seguiu o rastro. Eu olhei ainda em silêncio para os dois e fiz o mesmo caminho.

- Satisfeita? – Jack perguntou com ódio

- Vocês ainda vão se arrepender muito por isso.

- Nós!? Não vê que é você que estraga a vida dela?

Parei na porta e disse:

- Não fui eu quem a abandonei. E nunca vou fazer isso. – saí e as duas me esperavam já dentro do elevador



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Autor(a): portinons2vondy

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Estávamos de volta a nossa casa, vó Dorte sentada no sofá ao lado de Any, bebendo um chá de camomila, e eu de frente a elas em uma das cadeiras. Um silencio chato imperava. Eram onze e pouco da noite. - Parece que hoje foi um dia de grandes emoções: a chegada da vovó, tiros na favela, um passeio divertido na orla e agora... aquilo lá. – disse para quebrar o gelo. - O ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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