Fanfic: Fruto Proibido AyA (Adaptada) | Tema: Romance AyA

Anahi entrou no restaurante exclusivo e requintado. Vinha diretamente do escritório.

O pai e a mãe já estavam à mesa. A mãe, radiante, e o pai, com a expressão estóica que adotara há cerca de uma semana.

Ele estava sob enorme pressão, carregando não só o peso da recuperação da empresa como também a certeza de ter sido diretamente responsável pela situação atual.

O irmão estava ali também, e sorriu-lhe com o ar levemente cínico de um adolescente típico. Ela lhe retribuiu o sorriso.

Passou os olhos pelo resto da mesa, e o sorriso se apagou. Alfonso estava ali. Imagens da paixão relembrada turbilhonaram sua mente e seu corpo, e ela tentou reprimi-las. Como era possível desfazer-se tão facilmente a barreira erguida com tanto esforço?

Naquele instante, Alfonso levantou os olhos, que se prenderam aos dela. Ele tentava comunicar-lhe algo, mas ela se recusava a decifrar aquele olhar. Cumprimentou-o com a cabeça e depois foi beijar seus familiares.

Só para provocar o irmão, sentou-se ao seu lado, para obrigá-lo a participar da comemoração.

— Eu não mereço um alô de verdade? — Alfonso perguntou, sentado a duas cadeiras dela à mesa redonda.

— Boa noite, Alfonso.

Ele estreitou os olhos, mostrando perceber que ela sabia exatamente o que ele quis dizer com "alô", e não era uma palavra.

— Teve notícias de Christopher? — Alfonso perguntou. — Ele e o avô vinham juntos.

— Não falo com Christopher há quase um ano. Não esperaria que ele telefonasse para mim explicando o atraso em chegar ao seu próprio jantar de noivado.

Christopher parecia chocado.

— Não o vê desde... desde...?

— Desde a última vez que nossas visitas à Grécia coincidiram.

— Mas isso foi no ano passado!

— Foi. — E ela sabia que Christopher estava na Grécia já fazia alguns dias, mas não tinha feito o menor esforço para entrar em contato com ela.

Alfonso parecia furioso. Ela não imaginava por quê. Ele não tinha nada a ver com o relacionamento entre ela e o irmão dele.

A mãe deu uns tapinhas na mão de Anahi.

— Tenho certeza de que compensará essa falta de atenção agora que o noivado foi anunciado.

— Não tem importância — Anahi respondeu.

Alfonso resmungou algo que soava como "Diabos que não tem". Depois, franziu a testa para ela.

— Tem estado muito ocupada ultimamente. Ela deu de ombros.

— Estou trabalhando.

— Com seu pai? — ele perguntou.

— Sim. Tenho certeza de que lhe disse.

— Então, ele acabou lhe oferecendo um emprego.

— De certa forma — ela disse, com indiferença. Estava claro que, se fosse morar em Paris com Christopher, não poderia continuar trabalhando para a Portilla Enterprises, já que não tinham escritório na Cidade dos Amantes. Retorceu a boca ao pensar no nome que davam ao seu futuro lar. Nem sabia se ia compartilhar a cama com Christopher. Era algo a ser discutido com ele.

Talvez viesse a ser a única grega casada a morrer virgem, mas não tinha a menor intenção de franquear o corpo para Christopher se ele tivesse uma amante. Cada vez que pensava em fazer sexo com o homem de gelo, sentia náuseas.

Alfonso parecia perturbado por alguma coisa. Anahi lembrou a si mesma que isso não era de sua conta.

Pela primeira vez em duas semanas, sua alma entorpecida foi penetrada por uma agonia profunda. Quis puxar conversa com o irmão, mas não conseguia.

Não enquanto gritava no íntimo. Como poderia casar-se com Christopher  quando amava Alfonso? Como poderia suportar aquelas reuniões familiares?

Antes do beijo, isso teria sido possível, mas agora ela sentia que se despedaçaria só em pensar nisso.

Simplesmente teria de evitar encontros familiares no futuro. Não ia passar por esse inferno regularmente. E talvez, com o tempo, tudo melhorasse.

Amor não correspondido não poderia durar eternamente.

Forçou-se a perguntar ao irmão adolescente como estava indo na escola.

Ele revirou os olhos.

— Não estamos em aula agora, mana.

— Oh. Acho que estou por fora, não é?

— Só um pouco. Não esquente. Mamãe diz que você está trabalhando como uma escrava na empresa.

— Não como uma escrava... mas bastante, sim.

— Será que o papai espera que eu faça o mesmo assim que me formar? — Carlos parecia perturbado. — Sou o filho, e vai ser pior, não é?

— Há algumas coisas acontecendo agora... se Deus quiser, nada disso estará acontecendo quando você se formar.

— Acha? Eu realmente gostaria de viajar um pouco antes de assumir o meu destino, sabe?

Ela sorriu.

— Compreendo. Você poderia estudar no exterior, como eu. — Ele ia para a universidade no próximo ano.

— Não acha que papai ficará decepcionado se eu não estudar na universidade onde ele estudou?

— Acho que algumas coisas você tem de fazer por si mesmo. Nunca se sabe quando uma oportunidade não será mais possível.

— Como agora com você, quer dizer? — ele disse astutamente.

— O que quer dizer com isso? — ela perguntou, nervosa.

— Você pensa que não sei o que está acontecendo, mas sou um adolescente, não um idiota. — Olhou-a com seriedade. — Se está agindo assim por mim, não faça.

Ela se virou e beijou-o no rosto.

— Não se preocupe comigo, irmãozinho. Sou adulta e sei cuidar de mim.

— Contanto que não esteja se sacrificando pelo bem de todos.

A preocupação do irmão, quando os pais pareciam indiferentes, quase destruiu sua fachada calma, mas respirou fundo e ficou firme.

— Obrigada, mas vou ficar bem.

Os dois conversavam em voz baixa, e, quando ela levantou a vista, viu as expressões de curiosidade de Alfonso, a estóica do pai e a preocupada da mãe.

Anahi forçou um sorriso.

— Alguém telefonou para o tio Ricardo  para saber a razão do atraso?

— Vou ligar para Christopher  — disse Alfonso , afastando-se da mesa para fazer a ligação.