Fanfic: Fruto Proibido AyA (Adaptada) | Tema: Romance AyA

Alfonso alternava entre civilidade e hostilidade com o irmão. Não tinha perdoado o desprezo ao orgulho da família.

Anahi, porém, não sentia nenhum rancor. Christopher amava. E, se Alfonso tivesse estado disposto a tomar o lugar dele, ela teria rompido sua promessa sem a menor hesitação. Tinha se sentido quase destruída pelo fato de que o beijo deles não significara nada para Alfonso, mas tinha a sinceridade de admitir para si mesma que teria feito amor com Alfonso mesmo estando comprometida com Christopher.

Mas Alfonso não via as coisas por esse lado. Só via que o irmão o decepcionara, da mesma forma que os pais no passado. Anahi sofria por ambos.

Tanto sofrimento... e sem sinal de terminar. Dulce desaparecida. Ricardo sendo operado. Alfonso tão focado no orgulho da família que estava cego ao amor. Agradecia por ele não saber do amor dela, mas lamentava que ele estivesse tão cego ao amor fraternal e aos sentimentos profundos de Christopher pela amante, que o dilaceravam agora.

Christopher levantou-se para pedir notícias do avô no posto de enfermagem, e Henrique foi esticar as pernas no pátio do hospital. Anahi virou-se para Alfonso.

— Você precisa dar uma folga a ele.

— A quem? — ele perguntou, como se não soubesse. Ela o olhou, furiosa.

— Christopher precisa de você. A situação já está difícil bastante para ele, sem a sua censura. Não precisa ser rejeitado pela família, também.

— Devia ter pensado nisso antes de... antes de...

— Antes de quê? Antes de amar e manchar o nome dos Herrera? — ela perguntou, sarcástica.

— Acho que é por isso que estou zangado?

— Acho. — Por que outra razão sentiria raiva do irmão?

— Se Christopher tivesse dito a verdade no começo, tanto para si mesmo quanto para a namorada, poderíamos ter evitado essa confusão toda. Você não precisaria ter sofrido tanto.

— Eu?

— Sim, você, Anahi. Sei que agi mal quando você foi ao meu escritório, mas, droga, Anahi, como ousa pensar que eu não me importo com os seus sentimentos?

— Você queria que eu me casasse com Christopher.

— Tem certeza disso?

— Você me disse que queria. Não minta para mim agora.

— Talvez eu tenha mudado de idéia.

E talvez a lua tivesse despencado do céu. Ela lhe lançou um olhar.

— Podemos discutir isso em outra ocasião. No momento, precisamos discutir seu problema com seu irmão, antes que haja uma separação irreparável entre vocês.

— Ele desonrou o nome da família, Anahi.

— Está dizendo que o nome da família significa mais para você do que o seu irmão?

— Não, mas o nome da família deveria significar alguma coisa para ele, também.

— Significa. E ele quer dá-lo ao filho. Como isso pode ser errado?

— Isso não é errado. Mas o modo como ele chegou a isso foi muito errado.

— Como se você pudesse criticá-lo.

— O que quer dizer?

— Você não ficou celibatário esses quatro anos.

— Não é a mesma coisa. Não tinha uma noiva prometida.

— Só porque você era mais moço que ele. Se fosse o mais velho, você é que estaria naquele acordo ridículo.

— Se fosse comigo, eu o teria honrado.

— Isso é fácil de dizer, sr. Casanova, quando não teve de viver como um monge durante quatro anos.

— Nem Christopher.

— Não, e você, de todos os homens, deveria entender por quê.

— Por que eu?

— Como me disse, Alfonso, você já beijou muitas mulheres, e fez muito mais com elas, mas ainda não se casou. Então, não é apto para julgar os outros.

Ele a observou, chocado.

— As mulheres que levei para a cama entendiam que não havia nenhum compromisso.

— Que tristeza, Alfonso... e aposto que Christopher achava que Dulce entendia isso, também.

— Ela engravidou. Quem diria? — Seu tom era mais de tristeza que de censura.

— Não sei, mas certamente considero isso um presente de Deus, e o fato de você não pensar o mesmo me aborrece muito, meu amigo.

— Nunca disse que não considerava. E você não me trata como amigo há umas duas semanas. — Seu olhar era de mágoa.

— Idem.

— Tenho telefonado seguidamente para você. Você só atende às vezes.

— Você sabia que Christopher estava sendo chantageado para casar comigo, mas não me disse nada. Um amigo não faria isso.

— Achei que, se contasse, só a magoaria mais.

— Acha que eu e ele poderíamos ter um casamento com esse tipo de base?

Alfonso sacudiu a cabeça, desanimado.

— Interessa o que eu acho? Recusa-se a discutir qualquer assunto pessoal comigo desde que fugiu do meu escritório.

— Foi você que se distanciou de mim.

— Errei.

— Não. Se eu tivesse me casado com Christopher, essa distância teria sido necessária — ela se viu forçada a admitir.

— Mas intolerável.

Ela queria acreditar. Queria mesmo. Porém, naquele momento, era difícil acreditar em qualquer coisa.

Levantou-se. Sufocava de emoção, e queria que isso cessasse.

— Aonde vai?

— Vou para casa — ela disse. — Meu pai me dará notícias.

— Não vá, Anahi. Ela apertou as mãos.

— Por quê?

— Preciso de você agora. — Seus ombros estavam curvados. — Você é minha melhor amiga.

Ela não podia negar aquela necessidade.

— Preciso de cafeína. Quer alguma coisa? Ele ficou de pé.

— Vou com você. Podemos trazer bebidas para Christopher e seu pai.

Ela colocou a mão na dele novamente e a apertou.

— Está bem.