Fanfic: Nas Nuvens (AyA) | Tema: Anahí e Alfonso

Perdón, não pude entrar ontem a noite.

            E a porta se fecha, olho pra Dulce e ela dá de ombros deixando claro que não faz ideia de onde ele foi. Passaram no máximo cinco minutos até Alfonso voltar acompanhado de Cíntia. Por que ela está aqui?

            Cíntia tem 42 anos, os cabelos curtos são loiros, é baixa e gordinha e sempre leva uma expressão amigável no rosto. Por conta de um problema na perna não pode mais fazer viagens como trabalho, mas continua atuando na área em que gosta. Além de supervisionar os comissários de bordo, ela é encarregada da parte administrativa do setor e tem uma boa influência na empresa. E como já deixei claro antes, eu tinha esperanças de que ela pudesse salvar meu emprego, mas isso não aconteceu.

_Anahí, me desculpe. -eu a olho totalmente confusa- Ontem a noite Renato me perguntou se eu tinha mudado a escala dessa semana, e eu neguei. Não fazia ideia do que estava acontecendo até que ele me chamou hoje cedo e depois de ouvir um pouco do que vocês dois conversavam na sala foi que eu entendi.

_Não precisa se desculpar por nada, isso não é culpa sua.

_Diga a ela o que nos contou Anahí. -a voz de Alfonso se faz presente-

_Ela já sabe que fui demitida, estava na sala... -ele me interrompe-

_Não isso, a parte da armação.

_Que armação? -é a vez de Cíntia me olhar confusa-

_Flávia fez tudo isso. -digo sem rodeios- Ligou pra substituta, ao que parece em meu nome, trocou a escala, contou tudo para Renato depois...

_Oh meu Deus! -ela leva uma mão ao peito- Flávia de novo?

_De novo? Como assim de novo? -Dulce se antecipa e pergunta a mesma coisa que eu iria- Ela já fez isso antes?

            Cíntia senta suspirando.

_Uns três anos atrás ela se implicou com uma colega de trabalho. Uma aeronave teve problemas sérios antes da decolagem e de alguma forma essa mulher recebeu a culpa e foi demitida. Umas semanas depois, quando fiquei sabendo que Flávia foi quem causou todo o problema já era tarde de mais, não tínhamos mais nenhuma prova de que ela fez, então o caso foi abafado.

_Como vocês podem deixar alguém assim continuar trabalhando aqui? -agora eu perguntou, indignada com o que acabei de ouvir-

_É mais complicado do que você pensa. -ela diz me encarando com expressão de culpa-

_Tem algo que possa ser feito pra reverter a situação dela? -Alfonso pergunta enquanto aponta pra mim-

_Não sei, me deixem pensar um pouco. - Cíntia responde um pouco baixo-

            Ficamos nós três a encarando enquanto ela está pensando. A chama da esperança parece reacender dentro de mim. Quem sabe no que essa cabecinha está pensando? Espero que seja algo bom!

_Venha Anahí, vamos conversar com Renato.

            De súbito ela se levanta e sai da sala. Troco um rápido olhar com Dulce e Alfonso antes de em passos rápidos sair da sala e alcançar Cíntia no corredor.

_Conversar com ele vai adiantar em algo? -pergunto assim que me aproximo-

_Vamos descobrir.

            E novamente estou no terceiro andar do prédio onde fica a sala dos Recursos Humanos. Antes de batermos na porta, Cíntia me para.

_De um jeito nessa carinha, ele não pode te ver frágil. -ela passa os dedos abaixo de meus olhos e eles ficam pretos. Nota mental: preciso de rímel a prova d’água.-

_Eu nem tinha percebido que tava assim. -devo ter passado vergonha, argh!- Tem algum lenço? -ela tira um pequeno pedaço de lenço do bolso e me ajuda a tirar o excesso de maquiagem-

_Bem melhor. -ela sorri- Agora confiante, porque isso tem que dar certo.

            Com duas batidas da porta e uma permissão pra entrar, estamos de novo frente a frente com Renato. Ele nos olha, sem entender nada do que está acontecendo.

_O que ainda faz por aqui, Portilla?

_Eu não fui informada de que demitiria uma de minhas melhores funcionárias. -ela toma a frente-

_Achei que isso já tivesse ficado claro, ela passou dos limites, só teve o que mereceu.

_O senhor não está sendo justo, se me dissesse ontem porque estava interessado em saber sobre a escala eu poderia ter ajudado de outra forma.

_Ajudado como, mentido?

_Não, mas conversaria antes, pra tomarmos uma decisão juntos. -se acalma- Olha, ela fez bem o trabalho dela em apenas um dia.

_Eu não vou mudar de opinião. -ele cruza os braços enquanto encara Cíntia-

_Nós precisamos de nossos funcionários, -ela continua o ignorando- estamos praticamente no final do ano, agora em novembro o número de voos vai aumentar muito, não temos tempo de treinar novas pessoas. Por isso, inclusive, foram abertas vagas no outro setor, que é o que mais precisa. Anahí daria conta de trabalhar nele.

_O que a senhora propõe? -ele continua de braços cruzados, mas a olha com interesse-

_Deixe Anahí em teste por um mês. Não. -ela pausa antes de seguir falando- Uma semana que seja, em uma dessas vagas que estão em aberto. Você estava aqui a três anos atrás quando aquela “confusão” aconteceu.  Só não quero que aquilo se repita, vai que seja o mesmo caso de Anahí?

            Eu continuo estática os observado, estou assim desde que entrei na sala, não quero falar nada que possa comprometer a decisão dele. Cíntia está segura e o olhar sério que Renato lançava sobre nós parece diminuir após o que ela disse. Ele franze a testa, demonstrando que está pensando.

_Ok, uma semana. E se eu receber uma reclamação que seja, estará demitida outra vez, entendido? -ele me olha e eu fico sem reação, só confirmo com a cabeça freneticamente-

_Entendido. -digo algo pela primeira vez-

_Cíntia, se ocupe em selecionar os voos dela nessa semana. -ele olha pra mim- Nos vemos quando seu teste acabar.

            Seu olhar escorrega de nós para a tela do computador e então saímos da sala.

_Cíntia, -a miro sorrindo- muito obrigada. Nem sei como te agradecer-

_Me agradeça provando que eu não estava errada, que você é capaz de se adaptar em uma semana.

_Vou fazer meu melhor, não se preocupe.

_Eu ainda vou ter que analisar os voos que estão disponíveis para você fazer, então volte pra casa e amanhã cedo apareça aqui que já terei feito sua escala. -meu sorriso se intensifica-

_Certo, estarei aqui o mais cedo possível.

_Se cuide Anahí, preciso resolver outras coisas agora.

_Obrigada, obrigada. -repito enquanto ela se afasta de mim, indo em direção ao elevador-

            Simplesmente não sei o que pensar. Estou feliz. Estou muito feliz. Nem acredito que Renato voltou atrás e me deu uma chance. E ainda vou continuar no setor de voos internacional! Preciso refazer meus planos pra hoje, pensar em coisas animadas, não mais em coisas triste. Afinal...

            Eu tenho meu emprego de volta!

franmarmentini: Sim!! Foi super útil ele tomar a iniciativa de fazer algo a favor dela :D

Bia: Agora Anahí está feliz outra vez!