Fanfic: Nas Nuvens (AyA) | Tema: Anahí e Alfonso

_Anahí? -o porteiro diz meu nome assim que atendo o interfone- Um rapaz de nome Alfonso está aqui te esperando.

_Ok. Já estou indo, obrigada. -o ouço responder e coloco o aparelho no seu lugar-

            No elevador fico me encarando no espelho, mexendo freneticamente nos fios, que demorei um bom tempo pra alisar, para que fiquem como eu quero. Se existisse um domador de cabelos eu contrataria. Dou alguns passos para trás com a intenção de me ver de corpo inteiro, mas o pequeno espaço me impede disso. Enxergo até minhas coxas, o vestido azul turquesa que estou usando vai um pouco a baixo delas. O escolhi porque, como não sei aonde vamos (apesar de eu ter alguns bons palpites), ele combina com vários locais e não é exagerado, o decote e o comprimento estão nos locais certos. Soa um breve apito, giro ficando de frente para as portas metálicas que se abrem em seguida.

           Assim que entro na recepção, vejo Alfonso sentado no sofá da recepção, numa postura relaxada, ele se põe de pé quando me aproximo mais de onde está. A primeira vista é um pouco estranho, ele não leva o uniforme ou uma roupa formal, como usou em Paris, está com calças jeans escuras, camisa polo branca e sapatenis preto. Um look descontraído, já posso riscar outros lugares da minha lista.

_Desculpe o atraso. -ele diz ao se levantar-

_Sem problemas. -o respondo sorrindo, dez minutos nem é atraso-

_Dulce e Christopher já estão lá. Vamos?

            Eu concordo e ele me conduz até seu carro, um sedan preto que está estacionado bem em frente ao meu prédio. Ele abriu a porta do carro pra mim (o que achei fofo já que não estou acostumada com isso). Ele deu a partida no carro e minutos depois me perguntou:

_Alguma ideia de aonde vamos?

_Hm... -murmuro antes de continuar- Dulce escolheu o lugar, então posso tirar da lista todos os locais calmos ou tranquilos da cidade. -ele ri- Você está todo informal e disse que se eu moro aqui com certeza já fui. Só consigo pensar no The night club.

_Você é boa nisso.

_O quê? Acertei?

_Em cheio. -ele me olha rapidamente e diz sorrindo- Tem certeza que Dulce não te contou?

_Não. -eu repito seu gesto- Ela nunca diria.

            Minutos depois já estamos dentro do lugar, sentados junto a Christopher e Dulce que hoje estão super animados. Esta é a melhor casa da cidade, por esse motivo está movimentada e ficará ainda mais com o passar das horas. Ficamos sentados conversando e bebendo (não pedi nada alcoólico porque trabalho amanhã).

            Um tempo depois Dul queria dançar, mas nenhum dos garotos estava com vontade de ir junto. Eu então fui com ela pra pista e ficamos dançando no meio das outras pessoas. Ela não tem vergonha e se solta pra dançar, curte as músicas, isso me motiva a fazer o mesmo. Nós tentamos conversar também, mas o barulho estava muito alto e nossas tentativas de comunicação falharam. Resolvemos então só dançar.

            Christopher de repente chega e diz algo a ela que a faz rir muito. Os dois se abraçam e ao que parece continuam conversando. Ok, não vou ficar aqui de vela. Volto pro bar afim de beber algo. Alfonso está sentado em uma das banquetas e eu sento em outra ao seu lado.

_E você, não vai dançar? -o pergunto assim que me aproximo. Ele gira na cadeira ficando de frente pra mim-

_Não ainda. -ele dá um gole na bebida- Chris acabou de ir pra lá.

_Eu sei, por isso voltei. -ele presta mais atenção em mim- Não vou ficar dançando com um casal. Deixe os dois lá sozinhos.

            Ele faz sinal pro barman, pedindo mais uma cerveja que lhe é entregue quase imediatamente. Fico mexendo a banqueta de um lado pro outro enquanto tamborilo os dedos na mesa. Uns quinze minutos se passam, não consigo ficar parada e decido voltar pra pista.

_Desculpe, mas vou te deixar sozinho. -digo a Alfonso que passou todo esse tempo quieto do meu lado-

_Sem problemas. -levanto e ele me lança um breve sorriso-

            Fui pro lado contrário onde Christopher e Dulce estão, ao andar entre as pessoas percebo que está mais cheio. Fico num canto, dançando sozinha e aproveitando as músicas.

“What`s go-ing on-on the floor?
I love this record baby but I can`t see straight anymore
Keep it cool, what`s the name of this club?
I can`t remember but it`s alright, a-alright”

            Esta é uma das músicas preferidas de Maite, impossível esquecer! Canto me animando mais e lembrando das nossas saídas a noite, que hoje quase não acontecem.

_Olha quem eu encontro por aqui.

            No momento que eu ouço essa voz atrás de mim meu corpo gela e eu giro automaticamente até ficar de frente pra pessoa e confirmar quem pensava que era. O idiota do meu ex-namorado, Derrick James.

_Você fez toda aquela cena depois de uma noite perfeita juntos e depois sumiu. Estava com saudades. -ele só pode ta me zoando-

            Certo, o que aconteceu foi o seguinte. Nos conhecemos ano passado através de Miriam, já que os dois eram amigos. Costumávamos conversar e sair com frequência, e em uma dessas saídas começamos a namorar.  Foi tudo um pouco rápido e divertido... no começo. Terminamos há dois meses, por conta dessa noite que ele diz ter sido “perfeita”. Fomos a uma festa, bebemos e pra não contar os detalhes sórdidos (que me dá raiva ao lembrar), em meio a uma confusa (e terrível) noite de sexo ele me chamou de Miriam. A princípio pensei ter escutado errado, mas então o nome dela foi repetido mais vezes. Não estava louca, ele realmente me chamou de Miriam. Na manhã seguinte simplesmente terminei com ele, inventei um motivo qualquer e nunca mais o voltei a ver. Alguns meses atrás descobri que ele era apaixonado por minha irmã, mas ela já estava namorando com Richard. Me senti usada e defini esse relacionamento como o mais desastroso que já tive (e que poderei ter). O fato é que ninguém sabe exatamente porque terminamos e prefiro que continue assim.

            Derrick se aproxima mais, passando um braço pela minha cintura. Tento me afastar em vão, ele é alto e muito mais forte que eu.

_Derrick, me solte. -digo firme o encarando-

_Não precisa falar assim, bebê. -como odeio que ele me chame assim-

_Só se afaste. -ele dá um passo pra trás, mas mantêm a mão em minha cintura-

_Você parece que não gosta.

_Parece? -falo indignada- Eu não gosto.

_Anahí, por que tão brava? Sua irmã não é assim. -ótimo, Miriam outra vez-

_E o que ela tem a ver com isso?

_Sabe né, -ele volta a se aproximar- eu me encontrei com ela um tempo atrás e ela não reclamou do meu toque.

_Do que você tá falando? -eu franzo a testa confusa. Ele abaixa a cabeça ficando com o rosto mais próximo do meu-

_Vocês são tão diferentes na cama.

_Você dormiu com a minha irmã? -grito, mas ninguém ao redor consegue ouvir com clareza o que digo por conta da música alta- Isso é mentira, ela está com Richard. Ela está bem com ele.

_Tão ingênua, bebê. -ele passa a mão na minha bochecha e a seguro com força afastando-

_Como você pôde fazer isso? E ainda vem contar pra mim? -não sei o que pensar, quero matar ele-

_Você terminou comigo de uma hora pra outra, eu precisava conversar com alguém e é claro que Miriam se propôs a isso. -ele sorri-

_Oh Deus. -dou uma pausa o encarando assustada- Derrick, você é maluco. E eu não acredito que ela... que vocês tenham feito... isso.

_Por que não conversam mais? Agora têm um assunto em comum.

            Eu quero vomitar. Nada disso pode ser verdade. Levando em conta o cheiro de álcool vindo dele, posso pensar que inventou tudo isso. Mas e se tiver falando a verdade? Será que eles ficavam juntos quando estávamos namorando? Será que ele me traia? Caminho pra trás em passos lentos tentando me afastar dele. Acabo por dar de costas com alguém que tava dançando, o copo que essa pessoa segurava virou e todo o líquido dele caiu no meu vestido. PERFEITO.

_Bebê, não precisa fugir. -ele me puxa pela cintura de novo- Vem, vamos dançar algumas músicas.

_Derrick, eu não quero dançar com você. Eu não quero ficar perto de você. -digo com raiva- Vá procurar outra garota pra isso.

            Ele me segura firme e fica me olhando com um sorriso no rosto e eu empurro seu braço.

            Muitas coisas acontecem ao mesmo tempo. Sinto me puxarem pelo braço, já não sinto a mão de Derrick na minha cintura e o vejo embaçado enquanto giro até parar por ter batido no corpo de alguém. Pisco várias vezes tentando focalizar a imagem a minha frente e antes que isso seja possível sinto os lábios deste alguém sobre os meus. Por conta do choque e de toda essa ação inesperada eu fico estática, sem saber o que fazer. Abro apenas um olho, com a intenção de saber quem é e percebo que é... Alfonso? Ele se afasta, olhando para baixo, pra mim, e só quero ter certeza de que Derrick não vai mais me dar problemas.

_Ele já foi? -pergunto. Ele olha rapidamente por cima de mim antes de responder-

_Já.

            Alfonso continua me olhando e eu só consigo pensar no quão idiota fui ao virar uma estátua quando ele me beijou. Esse beijo podia ter sido diferente. Aproveito que ele ainda não disse nada e apoio minha mão em seu ombro, sem desviar meus olhos do dele. Ele está um pouco curvado, a mão que segurava firme meu braço suaviza o aperto até se soltar dele. Para romper nossa distância, me inclino pra cima até nossos lábios se tocarem outra vez. Dessa vez não fico parada e correspondo ao beijo. Alfonso leva uma mão a minha cintura e a outra ao meu rosto. Ele pressiona meu lábio inferior entre os seus antes de nos beijarmos de forma intensa e rápida. Isso é bom. Nossos lábios continuam grudados por mais uns segundos. A mão dele continua no meu rosto e quando nos afastamos abro meus olhos lentamente me fixando nos olhos verdes de Alfonso. Me dou conta que nunca parei pra reparar de verdade nele. Seus olhos têm uma cor única e estão com um brilho diferente. Desço meu olhar para sua boca que está entreaberta e avermelhada, noto um pouco do meu batom ao redor dela e mordo meu lábio pra não dar um sorrisinho.

_Anahí, eu... eu... me... -diz querendo quebrar o silêncio entre nós-

_Se você se desculpar eu vou te bater. -digo em tom de brincadeira, ele desfaz o semblante preocupado e dá um sorriso, mostrando seus dentes brancos, que de perto me encanta ainda mais- Vamos voltar pro bar, sim?

            Ele coloca a mão nas minhas costas e caminhamos juntos até o local. Acho que abrirei uma exceção pra alguma bebida. Peço uma smirnoff e fico encarando a garrafa.

_Você o conhece? -Alfonso me pergunta e eu sei que está se referindo a Derrick-

_Sim.

_O que ele queria?

_Podemos não falar disso? -falo calma, com um sorriso forçado no rosto-

_Quando quiser, pode me contar, ok? -eu faço que sim com a cabeça mas não tiro os olhos da garrafa em minha mãos-

_Obrigada.

_Pare de agradecer. -o olho pra ver sua expressão que está tranquila- Pretende ficar aqui por muito mais tempo?

_Não. Daqui a pouco eu já ligo pra um táxi vir me... -ele me interrompe-

_Hey! Eu te trouxe e eu vou te levar pra casa.

_Você não precisa ir embora tão cedo por minha causa.

_Bebemos mais alguma coisa e vamos, o que acha? -ele diz de uma forma que não posso discordar- E não se preocupe comigo.

_Não adianta eu negar né.

_Não. -ele ri-

            Fazemos o combinado. Não encontramos Dulce e Christopher na hora de ir embora, então vamos mesmo assim. No caminho de volta, um silêncio constrangedor paira dentro do carro. Depois de sairmos do club nenhum assunto interessante me vem a mente. Ao chegarmos, antes de sair do carro ele diz:

_Está tudo certo entre nós, né?

_Claro. -o sorrio e dou um beijo em sua bochecha antes de sair do carro- Boa noite.

_Boa noite, Anahí.

            Já em casa, deitada na minha cama, relembro tudo o que me passou hoje. Fico repassando o que Derrick me disse, mas esqueço rapidamente assim que recordo meu nem tão breve momento com Alfonso. Continuo inquieta na cama contendo alguns sorrisos e tentando me focar em dormir. Em algum momento da madrugada, adormeço.

Leitoras! Perdão, mas minha vida ficou confusa de uma hora pra outra!
Tentei fazer um capítulo um pouquinho maior. Espero que a história ainda continue agradando vocês!
Muito Obrigada pelos comentários <3 Volto a responder individualmente no próximo capítulo.