Fanfic: Nas Nuvens (AyA) | Tema: Anahí e Alfonso

            Dia mais cansativo dos últimos tempos!

            Simplesmente todo o possível pra nos deixar estressadas aconteceu. Um bebê estava no voo e chorava sem parar, a mãe não conseguia acalmar o filho e um passageiro estressado fez um teatro dentro do avião reclamando do choro, além de ter sido grosso com todas nós que tentávamos resolver a situação. Depois ficamos num hotel (isso foi algo bom) e ao voltarmos pro aeroporto tivemos que esperar cerca de dez horas no alojamento, já que o clima estava ruim e impedia o avião de decolar.

            Eis que é hoje o dia que marquei de me encontrar com Maite e Alfonso. Disse que estaria no local as oito, acontece que são sete e quinze e estou presa no trânsito. Não faço ideia do porque, essas ruas sempre foram calmas. Os vinte minutos que eu levo pra voltar pra casa se estenderam em quarenta e cinco. Quando finalmente chego ao meu apartamento, nem me preocupo em me arrumar com rapidez, afinal chegarei atrasada do mesmo jeito.

           O táxi estaciona em frente ao bar por volta das nove. O peguei, pois não quero ser pega pela Lei Seca.

            Me surpreendo com o lugar assim que entro, a fachada não teve mudanças significativas, mas o interior sim. Aqui antes era mais familiar e quem cuidava não se preocupava com a estética. O ambiente se transformou de rústico em moderno, onde a cor preta predomina nos móveis. Há poucos lustres espalhados, tendo uma iluminação dirigida as mesas. Foi instalada uma comprida pista de dança que está sob diversas luzes coloridas.

            Avisto Maite numa mesa próxima, comendo uma porção de fritas e totalmente alheia ao que lhe acontece ao redor.

_Congestionamento. -me explico logo que sento ao seu lado-

_Ok, te desculpo.

_Mas assim tão fácil? -a olho com desconfiança-

_Essas coisas a gente entende. Só não se acostume a usar essa desculpa toda vez que se atrasar. -ela ia rir no mesmo momento que eu pego uma batata do prato- Chega depois e ainda rouba minha comida, mereço. -ela gira os olhos-

_Não reclame que to colaborando pra você não ficar mais gorda.

_Seu nível de carinho por mim é impressionante. -dou um sorrisinho e mudo de assunto-

_Está aqui a muito tempo?

_Algum.

_Viu Alfonso? -agora que paro pra pensar nisso. Eu me atrasei, vai que ele veio aqui não me encontrou e foi embora? Oh, espero que não-

_Se sim eu não sei, afinal você não me disse nada além de que ele viria hoje. Como ele é? Talvez já o tenha visto por aqui.

_Ele é alto, tem cabelo curto e preto, os olhos são verdes, tem um corpo forte... -Mai me interrompe-

_Uau! Que amigo é esse que você arranjou? Se tivesse passado por aqui com certeza notaria.

_Ah, -continuo sem dar muita importância pro que ela disse- ele tem uma manchinha perto da bochecha. -congelo. Como é que eu sei disso?-

_Mas já sabe de tantos detalhes assim? -ela solta um murmúrio- Vocês estão juntos?

_Não. -respondo rápido-

_E aquela história de “sem homens na minha vida” depois que terminou com Derrick?

_Não estamos juntos. Ainda levo a sério isso que disse.

_Quero só ver quanto tempo vai durar. -ela volta a dar atenção as batatas-

_O quê? Não acredita que eu vou conseguir cumprir isso?

_Digamos... -ela pausa e me olha- Que não é a primeira vez que você tenta e não da certo.

_Desta vez -friso- Eu vou conseguir.

_Boa noite, me desculpem pela demora. -logo que termino de responder Maite olho pra cima, em direção a voz-

            É Alfonso. Ele me encara sorrindo e senta na cadeira em frente a nossa. Tira a jaqueta que usa, mostrando os braços fortes que tanto venho reparando, e a coloca sobre a cadeira ao lado. Maite me cutuca, mas não dou importância.

_Fiquei preso perto do aeroporto. -ele continua falando assim que se ajeita- Há tempos não vejo ruas tão movimentadas.

_Você também? Vê? -me dirijo a Mai- Eu disse a verdade quanto ao congestionamento. -volto a olhar pra ele- E a propósito, Alfonso, está é Maite, minha melhor amiga.

            Os dois se cumprimentam sem sair de seus lugares. Como que para ter certeza observo o rosto dele e lá está a machinha que tinha mencionado. Quando será que eu pude notar isso? Talvez foi no dia que nos beijamos... Por impulso levo minha mão aos meus lábios e pisco várias vezes.

_Está bem? -ele pergunta pra mim-

_S-sim. -sorrio para convencê-lo- Está tudo bem.

            Faço um sinal chamando o garçom, é melhor eu começar a beber logo. Pedimos algumas coisas e aproveitando que Alfonso está distraído, Maite se inclina até mim e diz cochichando:

_Você não exagerou quando o descreveu. -sem tempo de responder ela já emenda- Eu conheço alguém que não vai conseguir manter o que propôs...

_Me erra, Mai. -ela ri e volta pro lugar-

_Bom, -ela se levanta falando mais alto- estou aqui a mais tempo que vocês e não aguento mais ficar parada. Vou me divertir um pouco. Alfonso, -diz num tom mais alto- se a Anahí passar da conta e você precisar de ajuda pode me chamar.

_Maite! -digo a repreendendo-

_Beijos. -ela sai sorrindo e nem liga pro que eu disse-

_Não vou fica bêbada. -digo me defendendo e ele apenas ri da situação-

            Depois de muitos chopps, tequilas, drinks e qualquer outra bebida alcoólica (misturei muita coisa, vou me arrepender depois), Alfonso já tem conhecimento dos meus relacionamentos fracassados. Lhe contei desde meu primeiro namorado no colegial, que me usou pra fazer ciúmes na ex-namorada, até Derrick, óbvio que deste último ocultei muito mais detalhes. Ele também me contou sobre sua vida e devo assumir que ainda estou chocada em saber que só teve dois namoros que duraram cerca de quatro anos cada. Quatro anos com só uma pessoa! Isso seria um super record na vida de Anahí Portilla.

_Não deram certo por conta do meu trabalho, você agora sabe o tanto de tempo que passamos longe de nossas casas.  

            Foi o que ele disse pra justificar os términos. Ao que parece não terminou por ter sido traído, ou ter sido humilhado (motivos que eu conheço muito bem), mas pela relação se desgastar com o tempo ou infelicidade de uma das partes.

            Será que ele também está me ocultando coisas? Pode um homem ser capaz de ficar tanto tempo com alguém? Só uma pessoa? Pra mim isso só ocorre em filmes.

            Acontece que agora estou tonta. Creio que gastei toda minha concentração nas horas de conversa que tivemos, mas agora que ela se dispersou, consigo pensar apenas na dor forte em minha cabeça, nas imagens distorcidas e no som alto que passa a me incomodar muito mais.

_Eu vou pra casa. -digo puxando minha bolsa e ficando de pé-

_Assim? Sozinha? -ele diz sentado-

_Eu to bem. -me apoio na mesa antes de caminhar em direção a saída- Vou pegar um táxi e tudo vai dar certo.

_Me espere. Te levo pra casa. -não faço questão em olhar pra trás e continuo andando-

_Não precisa, vou pegar um táxi. -me sinto ser puxada pra ele e percebo que com um apoio consigo caminhar mais facilmente-

_Diferente de você eu não bebi muito, estou em condições de dirigir.

           Saímos do local e ainda continuo vendo as coisas duplicadas ou coloridas de mais. Isso tá engraçado. Acabo por tropeçar em alguma coisa mas não caio, em seguida me ponho a rir. Só paro quando escuto Alfonso também rindo.

_Por que está rindo? -o pergunto-

_De você.

_Eu não sou engraçada.

_Neste momento você está. -ele deixa de rir e nós paramos- Vou te por no banco de trás pra ter mais espaço, ok?

_Como quiser.

            Entro no carro e sentada, estico minhas pernas no restante do banco vago. O veículo começa a andar e eu volto a rir. Anahí por que você tá rindo? Ok, acho que não estou bem.

            Fecho os olhos. Os abro novamente só quando escuto meu nome. Eu dormi?

_Anahí? Está bem? -quem pergunta é uma voz masculina vinda da parte da frente do carro-

            Tento entender onde estou. Num táxi. Sim. O peguei pra voltar pra casa. Me acomodo sentando direito no banco, passo a mão esfregando meus olhos antes de encarar o motorista. Ué, como sabe meu nome? Resolvo perguntar:

_Taxista, como sabe meu nome?

_Taxista? -ele ri intensamente-

            Só o observo querendo entender o motivo do riso. Há algo que me é familiar no homem que ri.

_Você parece com um amigo meu. -acabo constatando-

_Sim? -ele leva um sorriso nos lábios e olha rapidamente pra mim- Que amigo?

_Ele trabalha comigo. É bonito igual você.

_Hm. Você acha esse amigo bonito? -pergunta demonstrando interesse-

_Sim, tem o cabelo igual o seu, os olhos... -falando em olhos fecho os meus novamente. Minha cabeça não para de latejar.-

            O carro para e a porta do meu lado se abre. Um vento frio entra e agora percebo que não estou bem.

_Você vai ter que me ajudar um pouco, por que não sei em que andar você mora. -a mão dele está estendida, a seguro e saio do carro-

            Olho ao meu redor e vejo o prédio alto na nossa frente.

            Hey, eu reconheço esse lugar. Eu moro aqui.

            Rá, Anahí! Não está tão mal assim.

            Entramos no lugar. O rapaz me segurou pela cintura o trajeto todo. Por incrível que pareça isso não me incomodou.

_Ela está bem, só vou deixá-la lá em cima e já desço. -ele diz do nada-

_Com quem ta falando?

_Com seu porteiro.

            As portas do elevador se abrem e entramos, o mesmo está vazio.

_Então, em que andar mora?

_Eu moro no nono. -ele aperta o botão e começo a rir- Nôno. Nonô. Nóno -continuo rindo. Moro no andar mais engraçado que existe.-

            Tento me concentrar e parar de rir. Logo que as portas se abrem outra vez eu saio na frente. Me desequilibro e sou amparada por ele.

_Você é muito forte pra uma taxista. -digo baixo-

_Está me cortejando, Anahí? -ele sorri-

_Oh não. -trato de responder rápido- Nada de homens na minha vida, nada. Foi o que eu disse a Maite.

            Pego minha bolsa, encontro a chave e abro a porta sem dificuldades.

_A partir daqui consigo me cuidar sozinha. -falo o encarando-

_Ok. Te ligo amanhã.

_Certo. -quando foi que eu dei meu número pra ele? Enfim, concordo só pra não contrariar- Tchau.

            Essa foi a corrida mais louca que já fiz. Diversos flashes passam por minha mente e não consigo defini-los ou compreende-los. Vou até meu quarto e encaro minha cama. Sem fazer nada a mais, deito nela com os olhos fechados esperando a dor de cabeça passar.

A tod@s que sempre estão aqui presente, Sorry e Obrigada!!!