Fanfic: Nas Nuvens (AyA) | Tema: Anahí e Alfonso

            Fico parada algum tempo no corredor pra ver se ela vai sair do escritório, mas isso não acontece. Então desço as escadas, ainda atônita com o que ouvi. Estou com raiva e chateada. Não sinto nada por Derri... aquele desgraçado, estou é mais brava comigo mesma que tinha a verdade ali, na minha cara, o tempo todo e nunca se preocupou com ela. Óbvio que ele sempre gostou de Miriam, sempre preferiu ela, mas só a Anahí aqui estava disponível pra servir de passatempo. Ainda não consigo acreditar!

            Escuto uma risada infantil baixinha, logo sorrio e sigo o som, provavelmente é Lily. Uma prima de não-sei-qual-grau super fofinha e que não vejo a muito tempo. Sigo a voz dela que vem de outro cômodo do primeiro andar que ainda não entrei. Chego na porta e me surpreendo com o que vejo, Alfonso está sentado no chão rodeado de brinquedos e Lily está de pé segurando uma boneca e lhe dando algumas instruções. Eu acabo rindo e ganhando a atenção dos dois.

_Annie!  -ela corre até mim e eu a pego no colo-

_Lily, quanto tempo! -vou caminhando com ela até onde estava- Quando foi que você cresceu tanto? Nem parece que só tem 4 anos. -acaricio seus cabelos lisos e claros e ela ri-

_Eu não tenho 4 anos, tenho 6. Papai diz que sou uma mocinha. -ela diz sorrindo-

_O quê? -pergunto surpresa- Quando foi que você fez 6 anos?

_No meu aniversário. -ela volta a rir e escuto Alfonso rindo também- Nem você nem a Mi foram. Tinha um monte de princesas e um monte de balões lá.

            Eu abraço ela e penso nesses dois últimos anos. Não me esforcei em nada pra ter minha família por perto. Por um desentendimento com a minha tia acabei por me afastar de todos. Olha essa garotinha, está enorme, continua doce e não tem nada a ver com isso. Anahí, sempre tomando más decisões.

_No seu próximo aniversário eu prometo estar lá, sim?

_Tudo bem. Ai, Annie você tá me apertando. -me dou conta que ainda a tenho presa em meus braços e a coloco no chão-

_Agora me diga, - eu sento no chão e pego uma boneca- o que vocês estão fazendo?

_Aqui é chato, não tem nenhuma criança, ai ele aceitou brincar comigo. -ela sorri pra Alfonso e eu o olho-

_Ela me chamou pra brincar e disse que eu sou bonitinho. Não tinha como recusar, né. -ele sorri e Lily larga um ursinho que segurava-

_Ele não é bonitinho, Annie? -ela aperta as bochechas dele com as duas mãos e ri-

_Sem elogios hoje. -digo rindo da cena-

_Alfonso. -a voz de Mônica se faz presente no corredor, ela repete o nome dele mais uma vez até aparecer na porta da sala- Já vão servir o jantar.

            Eu olho de minha tia a ele chocada com o tom de voz carinhoso que ela usou. Quanto tempo fiquei lá em cima? Lily sai correndo, seguida de minha tia e eu me levanto.

_O que foi que eu perdi? -pergunto pra ele que também se levanta-

_Acredita que ela me perguntou quanto você tinha me pago pra estar aqui hoje?

_O quê? -digo brava- Aquela velha...

_Depois de um pouco de conversa acho que fiz ela perceber que você não é tudo o que ela parecia te acusar.

_Falaram de mim?

_Sim. E só bem.

_Ótimo! Você conquistou minha tia em alguns minutos e eu venho levando uma vida inteira pra isso.

_Não, se preocupe com isso agora, Annie. Vamos jantar. -Alfonso me oferece sua mão e eu fico feliz ao escutá-lo me chamando assim-

_Annie?

_Sim, eu gostei. -ele sorri e eu pego sua mão-

            Na sala de jantar vejo meu pai pela primeira vez hoje, ele já está sentado em uma das pontas da mesa, então só aceno pra ele. Eu me preparava pra sentar no lugar que me foi reservado quando vejo Miriam entrar na sala acompanha de Richard, pobre Richard não faz ideia do que está acontecendo. Ela coloca a mão da boca e sai em disparada, provavelmente para o banheiro. A sigo e é lá mesmo que a encontro, na correria se quer fechou a porta e a vejo ajoelhada vomitando no vaso. Seus cabelos já estão presos em um coque, não há necessidade de segurá-los, apenas afago suas costas.

_Isso acontece muito? -pergunto baixinho. Ela tosse antes de me responder-

_Pelo menos até o próximo mês. -eu alcanço uma toalha pra ela que limpa superficialmente os lábios enquanto tosse-

_Quando você vai contar pra todo mundo que ta grávida? -ela diz um shiu me censurando-

_Eu não sei, vou pensar nisso depois.

_Logo sua barriga vai crescer e não vai mais ter como esconder.

_Eu sei.

_Porque não encara isso logo? Conte hoje, estamos em bastante pessoas, ninguém vai fazer nada contra você, pelo menos fisicamente. -tento descontrair e parece que resolve-

_E virar o centro das atenções na festa da mamãe? Não, Anahí, eu ainda tenho amor a minha vida. -ela tenta rir e se volta pro vaso- Porque você tá aqui? Deveria ter se afastado de mim.

_Isso o que adiantaria? Não sou insensível e apesar de estar com raiva da situação, sei que isso vai passar um dia, porque não sinto mais nada por ele e querendo ou não esse bebê vai ser meu sobrinho e já o quero muito. Eu que deveria perguntar, por que contou pra mim, mesmo sabendo que seu filho pode ser do meu ex-namorado.

_Acho que você é a única pessoa que posso confiar, mesmo eu tendo te machucado de alguma forma.

_Sabe que agora eu tenho uma arma poderosa em minhas mãos... posso te chantagear... -digo relembro o que ela falava quando éramos crianças-

_Esse discurso sempre foi meu. -ela limpa a boca outra vez-

_Invertemos os papéis. -levanto e estico minha mão para ajudá-la- Mas vamos, sentadas no chão do banheiro não é o melhor lugar para ter uma conversa. Escove os dentes, tente se portar bem durante o jantar e se ficar mal de novo me avise que dou um jeito de encobertar essas suas fugas repentinas ao banheiro.

_Obrigada, por isso e por tudo.

_Vamos logo antes que eu mude de ideia.

            O jantar transcorreu normalmente, Miriam não enjoou e estava exageradamente feliz, o jeito dela em esconder o que realmente está sentindo. Ao fim, antes de todos levantarem e se dispersarem pela casa, minha mãe levanta pedindo a atenção de todos.

_Estou muito feliz em ter todos reunidos aqui mais um ano. Desta vez, finalmente Anahí está conosco o que torna essa noite mais especial. -ela só pode estar bêbada- Não gosto de dividir meus momentos de triunfo, -algumas pessoas riem- mas Maite tem algo a contar e gostaria que ela falasse agora. -ela se levanta com um sorriso enorme no rosto-

_Vou ser rápida. Vocês sempre foram minha família aqui, por isso quero compartilhar com vocês. -os pais de Mai vivem viajando o mundo todo explorando novos lugares, então ela os vê muito pouco- Depois de muito tempo lutando pra realizar um sonho finalmente eu consegui. A partir do ano que vem eu terei meu próprio restaurante! E quem gostou da salada de macarrão pode frequentar ele, pois fui eu que fiz.

_Mai! -eu saio do meu lugar para abraçá-la. Ela é uma excelente chefe de cozinha. Odeia receber ordens e finalmente vai poder fazer o que sempre quis, mandar- Eu não acredito, era isso que você queria me falar por telefone?

_Sim, naquele dia eu terminei de assinar toda a papelada e tive que me segurar muito pra não te contar.

_Eu estou tão feliz. -a abraço de novo-

_Parabéns, Maite. -minha mãe volta a dizer- Eu tenho certeza que fará sucesso. Aproveitando essa ótima noticia e que eu estou um pouco alterada. -eu disse que ela não tava sóbria- Alguém mais quer contar algo? -a sala fica em silêncio e volto pro meu lugar-

_Eu tenho algo a dizer. -Alfonso fala, mas não se levanta-

_O que ta fazendo? -sussurro pra ele que me ignora-

_Anahí foi promovida, agora ela faz voos internacionais.

_Você foi promovida? -Mônica pergunta perplexa. Sim, essa sua sobrinha também evolui- E a comunicação entre nós?

_Do que adianta, vocês iam esquecer mesmo. -respondo sem dar muita importância-

_Estou muito orgulhoso por você, queria ter sabido antes.

_Obrigada papai. -sorrio para a outra ponta da mesa onde ele está-

_Mais alguém? -o silêncio se faz presente e aproveito a oportunidade pra ajudar Miriam, mesmo ela não querendo-

_Miriam. -digo e ela arregala os olhos- Você não tem nada a dizer?

_Não. -responde rápido-

_Está tudo bem? -Richard pergunta pra ela-

_Sim, está.

_Bom, então encerro o momento. Parabéns meninas por suas conquistas. Agora podem continuar se divertindo.

_Presentes!!! -Lily grita enquanto sai da sala-

_Ela não vai esperar o Papai Noel? -pergunto estranhando a atitude dela-

_Lily sabe que Papai Noel não existe. -sua mãe diz- Só não se incomodou com isso por que descobriu que vai continuar ganhando presentes do mesmo jeito. -quem continua na sala ri e voltam a se dispersar-

_Alfonso... -o seguro antes que saia da mesa-

_Seus pais tinham o direito de saber, toda sua família, aliás. Viu, eles ficaram contentes. Ser promovido não é pra qualquer um, Portilla. -e lá está o sorrisinho no rosto dele de novo. Por que mesmo que eu tinha me incomodado por ele ter contado?-

_Certo, obrigada por isso. Agora vou correr até o carro pegar os presentes antes que comecem a abrir e vejam que os meus não estão lá.

            Comprei presentes só pros meus pais, pra Miriam e pra Lily, quando descobri que ela estaria aqui. Ah, também comprei algo para Alfonso, mas não vou colocar debaixo da árvore junto com os outros. Após ajeitá-los e deixar a etiqueta com o nome de cada um aparecendo, todos se reúnem na sala para descobrirem o que ganharam. Lily foi a primeira e ficou muito animada ao ver a quantidade de brinquedos que ganhou. Minha mãe deu a mim e a Miriam um cartão-presente numa loja chique de sapatos. Yay, pra mim! Quando achei que essa parte do natal tinha acabado, Mônica aparece na sala com duas caixas retangulares e idênticas.

_Eu não queria comprar algo diferente para vocês, -ela diz pra mim e pra minha irmã- pra evitar que vocês briguem. -ok, quantos anos ela acha que nós temos?- Anahí, não sabia que você estaria solteira, de novo, era de se esperar, mas não levei em conta. -eu reviro os olhos, não dava pra pular essa parte?- Então desculpe caso ele não tenha utilidade pra você agora, se bem que não vai demorar muito até você achar outro namorado, não é? -Anahí, feche os olhos e se controle. Você não tá com vontade de pular no pescoço dela...- Bom, aqui está. -ela entrega um pacote pra cada uma- Espero que gostem.

            Abro o embrulho e me deparo com um porta-retrato grande de vidro. Do lado inferior direito tem uma porção de corações vermelhos que vão se espalhando em menor quantidade para o resto do vidro. Em branco, sobre o lado vermelho, está escrito numa fonte cursiva “You changed my life.”  Ok, pelo que ela comentou achei que ia ser algo pior. Muito bonito, ele vai adorar ficar perdido em alguma gaveta lá de casa. Eu agradeço por educação e vejo Miriam com um olhar triste vendo o presente. Bom, pelo menos ela vai poder colocar uma foto do filho quando ele nascer. Coloco a caixa na estante onde eu posso pegar depois e volto pra perto deles.

_Pode vir comigo? -Alfonso pergunta só pra eu ouvir e o sigo. Entramos na sala onde estávamos com Lily antes- Estes são seus. Feliz Natal!

            Ele me estende um pacote que tinha pegado de cima de uma mesa. Sento numa poltrona para abrir e me deparo com os dois últimos livros da saga Harry Potter. Como ele sabia? Comecei a ler e adorar esses livros no começo do ano.

_Alfonso! Eu to terminando o a Ordem da Fênix.

_Eu sei, verifiquei se você já tinha os próximos e como não...

_Vou me apressar na leitura pra chegar no último logo. -acaba saindo como uma criança afobada- Obrigada, obrigada! -digo me pondo em pé e já acrescento- Espere aqui, antes que eu me esqueça.

            Busco o presente que lhe comprei que está no cômodo do lado, quando volto ele continua de pé observando um quadro na parede.

_Eu também me informei um pouco mais sobre você. -ele se aproxima- Conversei com Christopher.

_Falou com ele?

_É, ele tava sociável alguns dias atrás. -Alfonso ri e eu lhe entrego o embrulho- Me disse que você queria muito isso, então acho que vai gostar. Feliz Natal!

_Algo que eu queria muito?

_Sim, abra logo.

            Eu comprei uma miniatura de um personagem de O Senhor dos Anéis, nunca assisti a esse filme, tampouco li os livros, mas segundo Christopher, Alfonso é fissurado neles e coleciona coisas relacionadas. A miniatura é do personagem Gandalf, um senhor com barba e cabelos longos e brancos ele está com uma capa cinza e um chapéu de mago e vem com vários acessórios. Quando Alfonso abre o pacote o encara e depois me olha. Posso ver seus olhinhos brilhando, pois é, não pareço ser a única criança feliz hoje.

_Como você encontrou isso? É muito, muito difícil.

_Falei com alguns contatos... -ele continua me olhando esperando uma explicação- Ah, o que importa é que eu consegui. -ele volta a olhar pro boneco- Não sabia que colecionava miniaturas.

_Desde garoto, foi algo que meu pai me influenciou.

_Christopher foi útil. -sorrio e antes que possa me dar conta ele me abraça, eu retribuo aceitando ser estreitada em seus braços-

_Anahí, eu te... -ele se interrompe e suspira no meu pescoço- Eu te agradeço... pelo presente, por ter conversado com Chris. É mais do que eu podia imaginar.

_De nada. Eu que tenho que agradecer por hoje, por você ter insistido pra eu vir. Apesar de ter acontecido umas coisas, percebi o quanto perdi em me afastar da minha família. Obrigada por me ajudar a ver isso.

_Não foi incomodo algum.

            Eu me aconchego mais no abraço que se prolonga além do normal. Esse momento poderia se tornar constrangedor pela demora, mas se tornou agradável, por ser algo que nós dois estávamos precisando.