Fanfic: Desejo Lavrado (adaptada AyA) | Tema: Anahi e Alfonos , Ponny, AyA

— Não preciso de você esta noite — disse Alfonso sexta-feira à tarde da porta do escritório de Christopher, antes de virar-se e sair. Ele não queria discutir seus planos abortados.
— Uau!— Christopher o seguiu no corredor. — Você não pode soltar uma bomba como esta e ir embora. Ia se casar numa questão de horas. O que aconteceu? Criou juízo? — Ele im­pulsionou Alfonso para dentro da sala dele, entrou e fechou a porta. — Vamos, irmãozinho, fale.
— Eu pedi ao investigador particular do papai para checar o passado de Anahi e a morte de Marlene.
— O que ele descobriu? Ela já é casada? Uma viúva ne­gra? Travesti?
Alfonso fez uma carranca. Não estava a fim das brincadei­ras de Christopher.
— Não há nada no passado de Anahi que me faça mudar de idéia.
— Então qual é o problema?
— Ela achou o relatório de Frank Lewis. Christopher assobiou.
— E?
— Também pedi a Frank que investigasse a morte de Marlene Portilla. Temi que papai pudesse ter algo a ver com o atropelamento seguido pela fuga.
Christopher praguejou.
— Você acha que ele fez isso?
— Ou pagou alguém para fazer. Não tenho provas. Mas nunca o vi tão enfurecido por Marlene ter tido Rhett contra sua vontade. Nem mesmo o casamento de Maite... — ele parou abruptamente. Não havia necessidade de trazer isso à tona. Não falar sobre o casamento trágico de sua irmã tinha se tornado um hábito. — Você sabe melhor que ninguém que não podemos confiar no nosso pai.
— Eu sei. — Christopher e o pai tinham uma série de problemas. A parte do requerimento do testamento de seu irmão era um deles. Christopher fora forçado a voltar de seu exílio auto imposto, assumir um cargo na LMH e trabalhar lado a lado com a mu­lher que o pai deles tinha roubado de Christopher. A única mulher que seu irmão já amara, na opinião de Alfonso.
— Se papai estava envolvido — disse Alfonso —, quero saber antes que algum repórter nos ataque de surpresa com evidências, e use isso para derrubar a LMH.
— E compreensível. O que Frank descobriu?
— Nada que incriminasse papai. Mas o fato de eu sus­peitar dele e ter investigado a vida pregressa de Anahi foi o suficiente para colocá-la fora de órbita.
— Novamente compreensível. Você não teria ficado fu­rioso?
— Por quê? Eu estava lidando com fatos, não difamação.
Christopher o fitou com o cenho franzido.
— O quê?
— O fim justifica os meios. Você se tornou igual ao papai.
Alfonso ficou desgostoso.
— Nunca.
Christopher cruzou os braços e permaneceu silencioso.
— Não violei nenhuma lei — defendeu-se Alfonso.
— E a violação da privacidade dela? Impedindo a evidên­cia dos policiais?
— Não há evidência alguma. É o que lhe digo. De que lado você está? Apenas quero proteger nossa herança e esta empresa.
— Nós todos estamos, Alfonso. Mas a que custo? Papai está fazendo com que cheguemos ao nível dele para mantermos o que é nosso por direito?
Anahi o chamara de patife conivente, que intencionalmen­te feria outros. A percepção daquilo o alarmou. Ela estava certa e Christopher também.
Ele se tornara igual ao pai.
A idéia o horrorizou. Ele foi até a janela e olhou para a baía a trinta andares abaixo. Everett Herrera tinha sido mes­quinho e amargo. Não abertamente. Era muito esperto para isso. Para os outros, fora o charmoso e benevolente diretor geral de uma empresa por cinco anos consecutivos.
Alfonso não queria ser igual ao pai.
— Ela e o garoto mudaram-se?
— Mudaram-se para o berçário da mansão.
Na tarde anterior, ela ordenara aos empregados dele a mu­darem seus pertences e os de Rhett, e depois ambos saíram para jantar com os pais de Anahi. Na noite passada, sua ala da casa ecoara com silêncio. Um silêncio que ele uma vez gosta­ra. Silêncio que o mantivera acordado a maior parte da noite.
— Então ainda estamos nesta briga para cumprir os ter­mos do testamento — disse Christopher. — Espero que Maite não tenha tanta dificuldade quanto nós.
— Sim. — A exigência do pai deles podia ter trazido Christopher para casa, mas também expulsara Maite do único lar que ela conhecera.
— O que você vai fazer?
— Não sei.