Fanfics Brasil - Prólogo Loucamente Sua

Fanfic: Loucamente Sua | Tema: Vondy (Adaptada)


Capítulo: Prólogo

20 visualizações Denunciar


O brilho vermelho de um aquecedor iluminou as rugas e marcas do rosto de Henry Saviñon, enquanto o relinchar de seu Appaloosa o chamava na brisa quente de inverno. Ele colocou uma fita cassete de oito faixas para tocar e a voz profunda e ébria de uísque de Johnny Cash preencheu o pequeno estabulo. Antes de Johnny ter uma religião, ele foi um beberrão e tanto. Um homem de verdade, e Henry apreciava isso. Depois Johnny encontrou Jesus e June e sua carreira foi para o inferno num piscar de olhos.

A vida nem sempre e como planejamos. Deus, mulheres e doenças achavam uma forma de interferir. Henry odiava tudo que pudesse atrapalhar seus planos, odiava não estar no comando. Ele serviu um bourbon e olhou através da pequena janela sobre sua bancada de trabalho. O sol estava se pondo exatamente sobre a Montanha Saviñon, assim chamada em homenagem aos ancestrais de Henry que se estabeleceram no vale rico daquela região. Sombras cinza cortavam o vale em direção ao Lago Mary, cujo nome foi dado em honra à tataravó de Henry, Mary Saviñon.

Havia algo que Henry detestava mais do que Deus e doenças e não estar no comando de tudo: os malditos médicos. Eles apalpam e furam o paciente ate que encontram algo errado, e Henry nunca ouviu nada do que gostaria de nenhum deles. Toda vez ele tentava provar que os médicos estavam errados, porem ele nunca conseguiu. Henry passou óleo de semente de linho em velhos trapos de algodão e os colocou numa caixa de papelão. Ele sempre planejou ter netos, mas não os teve. Ele era o ultimo Saviñon. O último em uma longa linha de uma extensa e respeitável família. 
Os Saviñons estavam praticamente extintos, e isso era, para ele, como uma punhalada no peito. Não havia ninguém para continuar sua linhagem depois que ele se fosse... Ninguém, exceto Christopher

Ele se sentou numa velha cadeira de escritório e levou o bourbon a boca. Seria o primeiro a admitir que errou com aquele garoto. Por muitos anos, tentou compensar o que fez de errado a seu filho. Mas Christopher era um homem teimoso, incapaz de perdoar, da mesma forma que foi um garoto rebelde, difícil de ser amado. Se Henry tivesse mais tempo, ele tinha certeza de que poderia chegar a algum acordo com seu filho. Mas ele não tinha, e Christopher não facilitava. Na verdade, Christopher fazia com que ficasse cada vez mais difícil gostar dele. 
Henry se lembrava do dia em que a mãe de Christopher, Benita Uckermann, o encurralou na entrada, dizendo que Henry era o pai do bebê de cabelos castanhos em seus braços. Henry voltou sua atenção do olhar nervoso de Benita, para os olhos grandes e azuis de sua esposa, Ruth, que estava ao seu lado. Ele negou ate não poder mais. Claro, havia uma grande chance de que o que Benita estava dizendo fosse verdade, mas ele negou ate mesmo a possibilidade. Ainda que Henry não fosse casado, ele jamais escolheria ter um filho com uma mulher basca. Os bascos eram morenos, voláteis e religiosos demais para o seu gosto. Ele queria filhos brancos, de cabelos loiros.
Não queria que seus filhos fossem confundidos com wet‑backs*.
E ele sabia que os bascos não eram mexicanos, contudo eram todos iguais para ele. Se não fosse pelo irmão de Benita, Josu, ninguém saberia de seu caso com a jovem viúva. Mas aquele desgraçado tentou chantagea‑lo para reconhecer Christopher como seu filho. Ele pensou que Josu estivesse mentindo quando jurou contar a todos na cidade que Henry havia se aproveitado de sua irmã de luto e a engravidado. Ele ignorou a ameaça, porem Josu não estava blefando. Novamente Henry negou a paternidade.

Mas, quando Christopher tinha cinco anos, ele se parecia o suficiente com um Saviñon, de modo que ninguém mais acreditava em Henry. Nem mesmo Ruth. Ela se divorciou dele e tirou metade do seu dinheiro. Entretanto, naquela época, ele ainda tinha tempo. Tinha trinta e poucos anos, ainda era jovem. 

Henry pegou uma .357 e colocou seis balas no cilindro.

Depois de Ruth, ele encontrou sua segunda esposa, Gwen. Embora fosse uma pobre mãe solteira de filiação questionável, ele se casou com ela por diversas razoes. Ela obviamente não era estéril, ao contrario do que ele pensava de Ruth, e era bonita de dar inveja. Ela e sua filha foram tão gratas a ele que se moldaram aos seus desejos. Mas, no final das contas, sua enteada o desapontou muito e a coisa que ele mais queria de Gwen, ela não conseguiu dar. Após anos de casamento, ela não lhe deu um herdeiro legitimo. 

Henry girou o cilindro, depois encarou o revolver em sua mão com desprezo. Com o cano da pistola, ele empurrou a caixa de trapos embebidos em óleo de semente de linho para perto do aquecedor. Ele não queria que ninguém limpasse a bagunça depois que se fosse. A música que esperava ouvir crepitou pelas caixas de som, era a faixa oito, Johnny cantava sobre cair em um circulo de fogo em chamas. Seus olhos ficaram um pouco sombrios quando ele pensou em sua vida e nas pessoas que deixaria para trás. Era uma pena que ele não ficaria para ver as caras de todos quando descobrissem o que havia feito.


 


*Termo usado para se referir a imigrantes ilegais, especialmente mexicanos que estão nos Estados Unidos.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): onlyforuckermann

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

One O reverendo Tippet falou, de forma monótona, em tom solene: — A morte vem como se deve a todos os homens e com isso ocorre a inevitável aeparação de seus entes queridos. Sentiremos falta de Henry Saviñon, marido e pai  amoroso, e notável membro de nossa comunidade.O reverendo fez uma pausa e olhou o grande grupo reu ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • anapaulamaito2gmail.com Postado em 05/02/2014 - 03:33:37

    continua


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais