Fanfic: Uma vizinha especial AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Anahi cerrou os dentes. Por que não podia ser qualquer outra pessoa? As garotas Scouts vendendo biscoitos, Lance, Phil, qualquer um?!

Deu uma olhada em si mesma. Pelo menos a espuma de banho, agora dissolvida, lhe oferecia alguma proteção. Apenas para certificar-se, tentou puxar o dedo. Mais uma vez, nada. Engolindo o orgulho, fez o que sabia que tinha de ser feito.

- Poncho, a porta está aberta! - Prendeu a respiração. - Preciso que você entre para me ajudar! Estou presa!

- Presa? Como, presa? - A voz dele soou mais alta.

- Por favor, entre e me ajude. Você vai ver quando chegar aqui. - E cerrou as pálpebras.

Quando ouviu o rangido da porta de tela, Anahi disse a si mesma que deveria estar grata, mas de alguma maneira não conseguia lidar com a emoção. Os passos de Poncho soaram no corredor lá embaixo.

- Onde você está? - perguntou ele, com cautela.

- Aqui em cima. Primeira porta à esquerda.

Anahi agarrou-se nas bordas da banheira para observar a entrada. Aquela era a situação mais humilhante pela qual já passara. Alfonso Herrera estava prestes a vê-la nua, salva estrategicamente por uma camada de espuma, com o dedo do pé preso numa torneira. Suspirou perante a dura realidade.

Quando ele parou à soleira, ficou boquiaberto de surpresa. Pestanejando, olhou mais uma vez, como que para se certificar. E virou-se, dando as costas para Anahi.

- Desculpe-me. Eu não sabia... O que houve?

- Estou presa - balbuciou Any, a humilhação completa agora. Poncho colocou as mãos nos quadris, numa postura que assumia com freqüência.

- Você terá de ser um pouco mais específica. Qual parte sua está presa e onde?

- Meu dedo do pé.

Poncho se virou devagar e a encarou.

- Seu dedo do pé?!

Ela fez que sim.

Ele sorriu, então esfregou o maxilar para esconder a vontade de gargalhar.

- Seu dedo...

- Foi o que eu disse. Você é surdo?!

Poncho meneou a cabeça, tentando não fazer nem dizer nada que a humilhasse ainda mais. Mas não foi capaz. Deu uma gargalhada, gostosa e aberta.

Anahi estreitou os olhos e o encarou, envergonhada demais para falar alguma coisa. Sentia-se uma completa idiota. Poncho respirou fundo.

- Tudo bem - sussurrou, dando alguns passos até a banheira. Seu olhar viajou do rosto dela até a outra única parte visível acima da água.

- Não pergunte nada, Poncho . Apenas me solte daqui.

Uma seriedade forçada se estampou na expressão dele, enquanto estudava a melhor saída.

- Darei o melhor de mim, prometo.

Embora ele não parecesse otimista, Anahi suspirou, aliviada. A água estava ficando mais fria a cada instante, a espuma, desaparecendo muito rápido, e sua pele, cada vez mais enrugada.

Tirando o paletó, Poncho pendurou-o na maçaneta. Em seguida, abriu as abotoaduras e enrolou as mangas, sempre mantendo o olhar focado na torneira.

Anahi o viu colocar a roupa de lado e ajoelhar-se ao lado da banheira. Hesitante, ele alcançou-lhe o pé.

Arrepiou-se quando uma mão grande segurou-lhe o tornozelo e a outra se fechou em volta da curva do pé. Ele torceu de leve, mas o dedo continuou preso no antigo bocal. Quando Poncho puxou mais forte, Anahi não conseguiu conter-se e gemeu.

Poncho a fitou, preocupado.

- Tudo bem?

Ela meneou a cabeça e lutou contra as lágrimas.

- Claro que não está tudo bem. Meu dedo está grudado na torneira, estou congelando, e minha pele parece um maracujá esquecido na gaveta.

- Bem, remover a torneira está fora de questão. O que vamos precisar é de um lubrificante e talvez alguns cotonetes.

Anahi pensou por um instante. Um lubrificante. Tinha aquilo em casa? Ah, sim!

- Há algo na gaveta de remédios. Está velho, mas deve servir.

Levantando-se, ele abriu a gaveta do gabinete da pia.

- O que estou procurando? Um vidro? Uma embalagem plástica?

- Um tubo, acho. - Inclinou a cabeça para ver cada item que ele examinava. - É isso aí! - exclamou, quando Poncho pegou o velho tubo.

- Lubrificante sexual?!

Ela enrubesceu. Aquilo não podia ser qualquer outra coisa?

- Não é... bem, vamos deixar isso de lado - murmurou. Para que explicar que aquele produto, fora de validade, não lhe pertencia? - Os cotonetes também estão aí.

Com um sorriso cínico, Poncho voltou ao gabinete e localizou o outro item. Anahi fechou os olhos e respirou fundo, desgostosa. Por que coisas estranhas sempre lhe aconteciam quando aquele homem estava por perto? Era como se o destino tivesse decidido atirar os dois em situações bizarras.

- Vou precisar tirar um pouco dessa água. - Poncho colocou-se de joelhos ao lado da banheira de novo.

- O quê?

- A água, Anahi. Tenho de tirar um pouco da água da banheira.

- De jeito nenhum! - Ela o encarou. A água e a espuma eram sua única proteção de decência.

- A banheira está cheia demais e vamos fazer uma molhadeira aqui se não for esvaziada um pouco.

- Não me importo. A água fica.

Poncho deu de ombros.

- Como queira, o banheiro é seu.

Poncho deu início à tarefa, usando o cotonete para espalhar o gel lubrificante ao redor do dedo dela. Anahi fez uma careta.

- E se isso não funcionar?

- Fique calma.

Depois de besuntar o dedão com o gel, ele pegou-lhe o pé outra vez e movimentou o dedo para frente e para trás. Água espirrou pela borda. A frente da camisa dele e as mangas ficaram ensopadas, no entanto, Poncho não parecia notar. Após adicionar mais lubrificante, tornou a movimentar o pé, então repetiu o processo.

- Sabe, Anahi, se você escolhe ter uma torneira pré-histórica como esta, não deveria se aborrecer com esse tipo de coisa.

- É uma torneira boa e em perfeito estado.

- Aposto como fica pingando.

- Lance resolve esse problema de tempos em tempos.

Poncho deu-lhe um olhar irritado.

- E ele faz os pingos pararem?

- Muito bem, por sinal.

- Foi o que imaginei.

Por fim, o dedão deslizou do bocal da torneira. Anahi gritou de alívio. Pegou o pé e inspecionou o dedo vermelho. Muito agradecida, olhou para Poncho, só então notando o quanto ele estava próximo. Próximo o bastante para que ela pudesse sentir o aroma delicioso de sua colônia. E para beijar aquela boca maravilhosa. Como era possível um homem ser tão lindo?

- Obrigada - balbuciou, sem fôlego.

- Não tem por quê.

- Poderia alcançar o roupão para mim, por favor?

- Claro. - Poncho levantou-se rápido e olhou ao redor. Achou-o atrás da porta e estendeu-o.

Anahi sorriu-lhe, em seguida arregalou os olhos.

- Céus, Poncho! Você precisa de uma toalha! - Ela pegou a toalha de rosto ao lado da pia e a ofereceu, mas Poncho não fez um único movimento para apanhá-la.

O olhar dele estava fixo em seu ombro esquerdo, o que estava exposto pelo robe mal fechado.

Anahi puxou-o para o lugar e abriu um sorriso largo.

- Você está todo molhado... - insistiu, pondo a toalha contra o peito dele.

- Tudo bem. Olhe, eu vou indo. Tenho de trabalhar. - E devolveu-lhe a toalha.

- Obrigada mais uma vez por me salvar. - Anahi seguiu-o pelo corredor.

- Não foi nada tão difícil assim.

Uma vez na varanda, ele parou e virou-se para ela.

- Quase esqueci. Você tem de fazer uma alteração de data. A demolição da casa da rua Chenille foi antecipada para a próxima segunda-feira.

Atônita, ela arregalou os olhos. Ele não podia fazer aquilo! Sim, claro que podia, corrigiu-se em seguida. Poncho  era o chefe.

Sarge! Tinha de avisá-lo.

- Algum problema, Any?

- Não - mentiu. - Lance e eu ajustaremos nossa programação.

Ele concordou.

- Ótimo. - Sem olhar para ela outra vez, Poncho se foi. Ótimo. Ele dissera ótimo. Any podia pensar em uma infinidade de maneiras de descrever aquele aviso, mas ótimo não era uma delas.

 portillas2: obrigada amore apesar da correria dessa semana e da outra que é a formatura vou continuar postando espero que goste!!

franmarmentini: parece que a Any tem o dom de passar por situações embaraçosas perto do Poncho kkkkkkkkkkkkkkkk