Fanfic: Uma vizinha especial AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Poncho não podia acreditar no que via. As três mulheres da casa vizinha formaram uma corrente humana ao redor da árvore, para cuja remoção ele contratara o Serviço Woody`s Tree.

- Não há meios de aparar os galhos do topo com aquelas mulheres ali embaixo - Woody informou o óbvio e ainda acrescentou: - E não consigo derrubar essa árvore se não começar cortando por cima.

Poncho fitou as três com uma boa dose de irritação. Podia ter esperado aquele tipo de comportamento de alguém chamada Anahi, mas as outras duas não pareciam do tipo que causava problemas.

A Ruiva alta, Dulce, dava a impressão de ser muito tranqüila educada para ser mártir de alguma causa. E a pequenina Morena rechonchuda, Maite, personificava a bela sulista inofensiva. Ainda assim, lá estavam elas. Ao redor do tronco como decoração de natal, só que não era Natal, a menos que no Alabama a data acontecesse em julho.

- Olhe aqui. - Poncho enviou seu olhar mais intimidador para Anahi. - Esta árvore é minha e pretendo cortá-la. Agora, se vocês não saírem por bem de minha propriedade...

Ela empinou o queixo e despediu chamas de seus brilhantes olhos azuis.

- Não. - A única palavra abrangeu mais emoção do que um discurso de protestos.

- Posso? - Sem desvirar-se dela, Poncho estendeu a mão na direção do celular que o cortador de árvores tinha na cintura.

Assentindo, Woody entregou-lhe o aparelho.

- Obrigado. - E Poncho digitou um número.

Tomou a encarar Anahi, enquanto solicitava à polícia que tirasse três invasores de sua propriedade.

Desligando o aparelho, devolveu-o ao dono. Arqueando uma sobrancelha, fitou Anahi, triunfante.

- Você pode sair antes que a polícia chegue, evitando assim um problema para si mesma.

- Não saio até que eles cheguem - retrucou, decidida.

- Idem - afirmou Dulce, quando Poncho a encarou.

Poncho deu alguns passos ao redor da árvore e parou diante de Maite.

- E você, Maite? Também vai querer uma carona até a delegacia?

- Você não irá derrubar esta árvore - insistiu a Morena, com surpreendente convicção.

Poncho voltou a rodear a árvore e deteve-se perante a líder.

- Sempre coloca suas amigas em problemas como este, srta. Portilla?

- Você é do signo de escorpião. Acertei, sr. Herrera? Eu deveria ter reconhecido essa aura arrogante e irada.

Após despejar as palavras, ela desviou o olhar. Sua gloriosa cabeleira de um belíssimo castanho-claro caiu sobre a pele delicada dos ombros quase nus, exceto por duas alças muito finas. Mechas douradas iluminavam-lhe a cabeleira, deixando-a meio loira, porém, os ricos tons de castanho tentavam corajosamente se mostrar através delas. Poncho não podia se lembrar de já ter visto cabelos como aqueles, espessos, pesados, com cachos sedutores e contraste tentador.

- Não sei nada sobre auras, senhorita. Mas sei tudo sobre uma árvore que derrama folhas quando me deparo com uma. E não tenho nem tempo, nem inclinação para cuidar de tamanho aborrecimento.

Aqueles tempestuosos olhos azuis colidiram com os dela mais uma vez.

- Você quer destruir esta linda árvore porque ela perde algumas folhas?!

Poncho a mediu de cima a baixo pela primeira vez. Anahi Portilla vestia uma saia longa de um verde vibrante que cobria quase toda a extensão das pernas longas. Tornozelos delicados, um deles ornamentado com uma tornozeleira fina de prata e pés descalços com unhas rosa-claro eram tudo o que o tecido deixava aparecer. A blusa de lycra colada ao corpo revelava que não havia nada segurando os seios por baixo do tecido elástico. Uma estranha sensação contorceu o estômago de Poncho, e ele franziu o cenho. Ela parecia uma cigana. Uma cigana muito, muito sexy.

Voltando à realidade, adotou a atitude impiedosa pela qual era famoso.

- Essa é minha intenção - declarou e virou-se para Woody. - Deixe tudo preparado. Quero que esse trabalho comece no momento em que a polícia tirar estas damas daqui.

Woody deu de ombros.

- Como quiser, sr. Herrera.

Poncho recostou-se na parede lateral de sua casa e ficou vendo Woody pôr seu imenso caminhão mais próximo da magnólia.

As três mulheres continuaram imóveis como estátuas. Poncho consultou o relógio e então olhou para o final da rua. Sem dúvida a polícia colocaria um fim naquela coisa sem sentido. Diversos outros moradores haviam saído em seus jardins para assistir ao show.

Ótimo, pensou Poncho. Má publicidade era a última coisa de que precisava em seu primeiro dia em Huntsville.

Frustrado, debruçou-se na grade da varanda. Antes, tivera a impressão de que todos os moradores daquela rua eram muito mais velhos e, portanto, nada inclinados a perturbar a paz. Talvez aquilo fosse a idéia de seu amigo e advogado, Christian . Comprar aquela casa velha não era a idéia de Poncho de um investimento inteligente. Detestava casas velhas. Christian acharia hilariante aquela situação toda.