Fanfic: Uma vizinha especial AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Quando a polícia chegou, Poncho se dirigiu à viatura, que estacionara na entrada de sua varanda. Um homem baixo, de meia-idade, ajeitou o quepe sobre a cabeça grisalha.

- Sr. Herrera ? - perguntou, observando Poncho, que se aproximava.

Poncho estendeu-lhe a mão.

- Alfonso Herrera. Obrigado por vir, oficial Gerard.

- Qual é o problema? - Gerard deu uma olhada para a pequena multidão, agora aglomerada na rua, e depois para o caminhão estacionado mais ao longe, na entrada da propriedade.

- Contratei aquele senhor... - Poncho apontou para o caminhão. -...para remover uma árvore de meu jardim, e alguns vizinhos montaram um show de protestos.

O oficial Gerard empurrou o quepe para trás e esfregou a testa.

- Bem, sr. Herrera, se a árvore está em sua propriedade, ela lhe pertence. Por que não me leva até os reclamantes para que eu resolva tudo?

Poncho sorriu, aliviado.

- Por aqui, oficial.

Pela visão periférica, Poncho observou o semblante de Gerard, ao caminharem ao redor do caminhão e da árvore. Ele contraiu o maxilar para evitar uma risada diante da expressão de dúvida do homem quando viu as mulheres, de costas para o tronco, circundando a magnólia.

- Boa tarde, senhoritas...

- Phil? - Anahi Portilla sorriu, aliviada, e correu para o lado do policial.

- Any? O que você está fazendo aqui?

- Oh, Phil, você tem de fazer alguma coisa! - suplicou, segurando-lhe o braço.

Poncho meneou a cabeça e pousou as mãos nos quadris.

- Não acredito - murmurou, irritado.

- Esse... esse... - Ela olhou para Poncho. - Essa aberração do zodíaco pretende derrubar nossa linda magnólia!

- Nossa? Tenho todo o direito...

Mas o oficial Gerard deteve Poncho, erguendo o braço.

- Phil, esta é a rua Flor de Magnólia! Ele não pode cortar essa árvore antiga. Isso seria um sacrilégio!

Os vizinhos agrupados tinham se movido da rua para o jardim de entrada de Poncho, e ele podia ouvir o burburinho a suas costas.

- Isso é um ultraje! - devolveu ele. - Esta propriedade é minha, e posso me desfazer daquela árvore quando bem entender!

Phil o encarou, sério.

- Prossiga, Any.

- Tem de haver algo que possamos fazer para impedi-lo. - Os grandes olhos azuis de Anahi se encheram de lágrimas.

Ah, não, como se as coisas já não estivessem ruins o bastante, essa maluca agora ia chorar! Poncho meneou a cabeça e engoliu o protesto que apertava seu peito.

Gerard deu uma batidinha amistosa no braço de Anahi.

- Querida, se o sr. Herrera deseja derrubar a árvore, não há nada que eu possa fazer, a menos que as ações dele, de alguma forma, fossem algum tipo de ameaça a você ou a sua propriedade.

- E se a árvore estivesse na linha de divisão das duas propriedades? - perguntou Dulce.

O tailleur bem cortado caía-lhe muito bem. Tudo nela cheirava dinheiro e influência, e a postura era confiante.

- A árvore está em meu quintal - disse Poncho, em tom mais alto.

Como aquela mulher ousava sugerir que ele não conhecia as divisas de suas próprias terras? Ele era arquiteto, afinal! Linhas e ângulos eram seu negócio.

- Talvez precisemos de uma segunda opinião na avaliação - sugeriu Dulce.

- Não posso crer que você não colocará um ponto final nisso. - Poncho fitava Gerard de mau humor.

Os comentários entre a multidão aumentaram quando se aproximou da cena ridícula.

- Phil, não permita que esse egoísta matador de árvores fale com você dessa maneira.

- Entendi seu jogo, moça. - Poncho estreitou os olhos e aproximou-se de Anahi, apontando-lhe um dedo acusador. - Está tentando desviar o foco do assunto. Esta árvore é minha, e pretendo derrubá-la. - Pontuou as palavras finais balançando o dedo bem na frente do bonito rosto da mulher.

Grande erro. Anahi agarrou seu indicador e o mordeu. Poncho praguejou.

- O que, por Deus, está errado com você?! - Ele abriu e fechou a mão, tentando aliviar a dor.

Ela o fitava como se fosse mordê-lo de novo. Poncho voltou-se para o oficial Gerard.

- Você viu isso? Ela me mordeu!

- Anahi, você não pode sair mordendo as pessoas quando...

- Quando agem como tolas - ela finalizou, irada.

- Moça, você é perigosa!

Outro grande erro.

Anahi o chutou na canela, com força. Poncho tomou a praguejar, esfregando o local atingido e sentindo-se humilhado. Se aquele policial não estivesse a seu lado, ele torceria aquele adorável pescoço.

Ela havia se esquecido de que estava descalça quando chutara. Não o machucara, porém, mas revelara uma bela parte da coxa bem-feita. E mais alguma coisa que parecia sinal de nascença ou... uma tatuagem! Anahi tatuara uma rosa na coxa esquerda.

Poncho teve a súbita vontade de tocar naquele ponto, mas não tinha a mínima intenção de sofrer mais alguma violência.

- Se vocês dois vão continuar se agredindo, não conseguiremos progredir com isso - afirmou Gerard, impaciente.

Os dois responderam ao mesmo tempo, com a mesma hostilidade feroz:

- É culpa dela!

- É culpa dele!

Anahi cutucou o oficial Gerard no peito.

- Por que não está tomando uma atitude, Phil?

- Sim - acrescentou Poncho. - Por que não tira essa louca de minha casa?

- Quem você está chamando de louca? - Ela bateu a palma no tórax de Poncho. - É você quem quer derrubar esta árvore magnífica!

Antes que ela pudesse bater nele uma segunda vez, Gerard segurou-lhe o pulso e passou um bracelete de metal em tomo dele. Anahi arregalou os olhos, surpresa.

Poncho riu, mas sua vitória morreu um segundo depois, quando o oficial trancou seu pulso no outro elo da algema.

- O que você está fazendo?!

- Levando vocês dois para a cidade, sr. Herrera.

Poncho e Any se encararam e, por um momento, alguma coisa eletrizante passou entre eles. Mas então desapareceu em seguida, deixando Poncho lutando para recobrar o equilíbrio.

E o oficial Gerard os colocou no assento traseiro da viatura.