Fanfic: Uma vizinha especial AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Mac consultou o relógio outra vez, e então se levantou.

- Olhe, Ucker, são cinco e meia. Acho que devemos nos dar um descanso.

Ucker levantou-se.

- Para mim, parece bom. Afinal, hoje é sexta-feira. - Seguiu Poncho até a porta do escritório. - E foi um dia tumultuado. O que me diz de parar para uma cerveja gelada?

- Agradeço, mas preciso ficar um pouco sozinho.

A única coisa que Poncho queria fazer era entrar em seu Explorer e voltar para Atlanta. Não queria nem mesmo pensar sobre nada ligado ao Alabama até segunda-feira.

Antes que alcançasse a maçaneta, a porta de seu escritório abriu-se violentamente, e Dulce surgiu. Ela parecia enlouquecida e pronta para agir.

Poncho se preparou para o ataque verbal da moça. Dulce caminhou em sua direção, e, antes que ele percebesse a intenção dela, deu-lhe um forte tapa no rosto. A inesperada atitude o chocou.

- Dulce, o que você pensa que está fazendo?!

- Cale-se, Ucker. Isso não é de sua conta. - Ela encarou Poncho: - Você é o maior cafajeste que já conheci na vida. E, acredite-me, conheci muitos.

Poncho ia responder, mas ela não permitiu:

- Apenas escute. Não sei de onde você tirou as informações, mas Anahi Portilla é uma das melhores pessoas desse planeta. - Dulce cerrou os punhos. - Sim, ela foi presa duas vezes por libertinagem, seis anos atrás, mas sua única culpa foi estar no lugar errado, na hora errada, tentando ajudar uma amiga. A última vez que tentou ajudar essa mesma amiga, o gigolô da moça deu uma surra em Any. A amiga revidou no homem com um taco de beisebol, mas, como estava grávida, Any assumiu a responsabilidade por agredir o cretino.

Poncho tremeu ao imaginar alguém machucando Anahi. Imóvel, escutava as palavras de Dulce, na dúvida entre acreditar nela, e temendo permitir-se ser enganado.

- Thomas Styles tomou conta de Any. Ele sabia que ela nunca tivera um descanso na vida e quis lhe proporcionar isso. Então, levou-a para morar com ele. - Estreitou os olhos. - Ele a amava, Poncho. Amava-a como filha. E ela o amava como pai. Entendeu? Como pai!

O arrependimento atingiu Poncho no âmago. As insinuações que atirara sobre Anahi ecoavam em seus ouvidos agora. Ao lado dele, Ucker se mexia, desconfortável.

- Ela usou cada centavo que Thomas lhe deixou para apoiar uma causa ou outra, a maioria delas de pessoas sem-teto. E quando o dinheiro acabou, transformou os dois andares superiores do casarão em apartamentos, a fim de sustentar-se. - Sorriu com amargor. - Anahi deu muito de si, Poncho. Foi até mesmo parar na cadeia por causa de sua árvore de magnólia. Tem noção do quanto foi difícil para ela fazer isso, depois das vezes em que foi presa por algo que não cometeu? Tem idéia de como são tratadas as mulheres presas por libertinagem?

Poncho meneou a cabeça.

- Eu não sei. Os fatos...

- ...estavam errados! E por Deus, onde você conseguiu tantas informações equivocadas?

Ucker  suspirou.

- Fiz uma pesquisa rotineira, solicitando um atestado de antecedentes.

- Você?! - Dulce  fitou o colega de trabalho, a raiva renovando-se.

- Eu.

Antes que os dois tivessem uma pista do que ela ia fazer, Dulce desferiu um soco no maxilar de Ucker. Ele gemeu de dor.

- Mudei de idéia - Dulce murmurou. - É você o maior cafajeste que já conheci na vida.

E, quando virou-se para Poncho, ele contraiu o abdome em antecipação ao tratamento que poderia receber.

- Espero que tenha apreciado bastante o quanto custou para Any permitir que você se aproximasse dela. Thomas foi a única pessoa que minha amiga permitiu que chegasse tão perto de seu coração. Ele foi a primeira coisa sólida na vida dela, e morreu. Anahi se abriu para você, Poncho, e o que você fez? - Dulce meneou a cabeça, desgostosa. - Pegou o que Anahi tinha para oferecer e então dispensou-a.

Um músculo se contraiu no maxilar de Poncho.

- Ela me ludibriou. Tirou-me de minha reunião e me fez parecer um tolo. - Engoliu em seco. Apesar das revelações de Dulce, a traição de Anahi ainda existia.

- Bem, pense sobre tudo isso. Ela agiu daquela maneira por uma causa na qual acreditava. Você a teria convidado, ou a um dos membros do comitê de preservação da rua Chenille, para expor nosso lado da história?

- Talvez.

Dulce sorriu com doçura.

- Acho que não, Poncho. E tem mais uma coisa que eu gostaria de lhe dizer: Você será um grande tolo se a perder.