Fanfic: Uma vizinha especial AyA (Adaptada) | Tema: AyA

Anahi tirou as luvas de trabalho e passou a mão sobre a superfície, tirando o pó da lixa. A estrutura estava pronta para receber o verniz que finalizaria o restauro.

Alegrava-a o fato de aquele projeto estar dando tão certo.

Sorriu com tristeza. Aquela seria a chave para manter sua sanidade por um tempo. Estar ocupada manteria sua mente longe de Poncho e da sensação de coração partido que a dominava.

Dulce lhe contara que Poncho planejava ir embora no dia seguinte. Anahi consultou o relógio. Nove da noite. Lógico que ele não queria ser incomodado com despedidas.

Suspirou. Fazia agora três dias que Poncho decidira manter o casarão da rua Chenille em pé. Ela não o vira desde então.

O peito doía, mas não havia nada a ser feito. Mac não se desculpara pelas calúnias em que acreditara sobre o passado dela, mas enviara um recado por Ucker. Se Anahi pudesse olhá-lo nos olhos quando ele dissesse as palavras, saberia se estavam vindo do coração.

Uma leve batida soou na porta da garagem que ela usava como oficina. Assustada, ergueu a cabeça e deparou com Poncho parado sob o batente, uma caixa branca com laço dourado em mãos.

- Espero não estar perturbando você.

Ela sorriu, feliz.                 

- Não, de jeito nenhum. Entre, por favor.

Ele veio caminhando em sua direção.

- Vim apenas me despedir. - Quando Poncho parou, estendeu a caixa branca. - E lhe dar isto.

Anahi aceitou a caixa. Mas não precisava de um presente, queria Poncho!

Controlou a vontade de abraçá-lo e implorar que não partisse.

- Obrigada - conseguiu dizer.

Poncho viu, atento, Anahi colocar a caixa sobre a mesa e desamarrar o laço. Pondo a mão dentro da caixa, tocou uma superfície macia e fria. Por baixo do papel de seda, estava o globo de vidro da sra. Lassiter.

- Oh, Poncho, obrigada! - Virando o globo, ela assistiu, com lágrimas nos olhos, a neve cair sobre o cenário parisiense. - Sempre adorei esta peça.

- Anahi, eu sinto muito... - Ele parou quando os dois se encararam.

O aroma dele a deixou fraca de desejo, e a incerteza em seus lindos olhos a fizeram querer chorar. Como amava aquele homem! Se apenas pudesse alcançá-lo, acordar-lhe o coração de alguma maneira... Mas não podia. Ele estava partindo e não a queria.

- Sou eu quem pede desculpas. Porque é você quem está indo embora. Sentirei saudade de tê-lo como vizinho.

Poncho deu de ombros.

- Não sou mais necessário por aqui.

Você está enganado! Ela necessitava dele, mas jamais poderia lhe contar isso. Assim, pôs o globo sobre a mesa.

- Dulce me contou que levará Oliver com você. Tem certeza de que quer ficar com ele?

Apenas um canto da boca de Poncho se curvou, como se um sorriso inteiro fosse uma tarefa muito difícil naquele momento.

- Aprendi a gostar da criaturinha.

Anahi mordiscou o lábio.

- Você... sente alguma diferença sobre o passado e o que ele tem a oferecer ao futuro?

Poncho refletiu por um instante.

- Tenho uma mistura de sentimentos. Acho que isso significa que não sou uma causa completamente perdida.

Ela achou graça.

- Isso você não é mesmo, Poncho.

Um longo e estranho silêncio se instalou enquanto eles se entreolhavam. Poncho engoliu com dificuldade.

- Há uma outra coisa nessa caixa para você, Anahi.

Ela franziu o cenho, vasculhou entre as numerosas folhas de seda e enfim puxou um envelope. Abrindo-o, observou o conteúdo.

A respiração parou nos pulmões e ela leu de novo, para ter certeza.

Lágrimas brotaram em seus olhos e ameaçaram rolar. Uma passagem para Paris!

- Não posso aceitar um presente desses. - Ela tremia de cima a baixo.

- Quero que você aceite. Vá e conheça Paris. - Ele passou a mão nos cabelos, parecendo nervoso.

Anahi voltou a olhar a passagem.

- Sempre sonhei em ir a Paris. Tem sido meu sonho há tanto tempo...

Poncho assentiu e enfiou as mãos nos bolsos.

- É melhor eu ir agora.

- Há apenas um problema.

Ele esperou que ela falasse, mas não se virou.

- Em meus sonhos, eu sempre estava acompanhada pelo homem que amava.

Aí, sim, Poncho se voltou, devagar.

- Posso lhe dar mais uma passagem, se você quiser.