Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD

Tive a nítida sensação de sentir o chão sumir embaixo dos meus pés. Se não estivesse sentada com toda a certeza cairia. Aquele homem sentado a minha frente não podia estar falando a verdade. Tenho absoluta convicção que ele comprou seu diploma em algum lugar em liquidação na praça da Sé. Eu estava saudável. Me sentia saudável. Tive três convulsões bobas, mas nada demais. Nem de longe poderia ser aquilo que ele cogitava.

- Tem certeza? – perguntei ao sentir que minha voz havia retornado para minha garganta.

- Somente alguns exames bem detalhados podem confirmar, mas lhe dou noventa por cento de chances de ser um tumor. Essa tomografia está bem clara...

- Mas mesmo assim pode ser que não seja – perguntei esperançosa – Quero dizer... ainda tenho dez por cento de chances...

- Anahi eu prefiro que fique preparada para enfrentar o que está por vir. Comemore muito se der um resultado negativo, mas para te dar tanta certeza repeti os exames como você bem sabe.

- Eu não posso ter um tumor na minha cabeça... eu... eu... ele... – eu não conseguia juntar as palavras. Dar sentido a elas – ele pode ser maligno? Sei lá... me fala o português claro.

- Ele pode ser um tumor maligno ou benigno. A região que ele se encontra é operável. Temos que fazer uma cirurgia exploratória para confirmar...

- Desculpa doutor, mas você não vai abrir minha cabeça para confirmar o que você nem sabe o que é.

- Anahi o ideal é descobrirmos o quanto antes para que não seja fatal. Ele está localizado em uma região muito perigosa. A têmpora...

- Doutor olha só: Eu vou falar com a minha mãe – Cortei me levantando para fugir dali o quanto antes – Ela vai te procurar...

- Eu vou ficar aqui até as seis da manhã. Segunda ela me encontra na parte da manhã. Meu numero de celular está no carimbo. Peça pra ela me ligar.

- Obrigada. - Respondi pegando o papel que me era oferecido. Alias porque eu respondi obrigada? Aquele louco tinha acabado de ruir com minha animação.

Sai apressada atrás de Leandro que esperava do lado de fora. O carro estava parado a meio fio a alguns metros e antes de me aproximar encostei em um muro respirando fundo. Guardei os exames na bolsa, precisava esquecer tudo o que tinha escutado.

- Como foi? – perguntou Leandro assim que me viu – você está bem?

- Estou – menti – eu sou uma pessoa extremamente saudável. Bora pro buteco?

- Any! Você acabou de sair do médico. Você tomou algum remédio?

- Só uma anestesia local para o corte da testa. O resto tá tudo bem.

- Não parece. Você ficou ai dentro mais de três horas.

- Cara relaxa. Agora é meia noite. Sabe o que acontece meia noite?

- Acaba o dia?

- Começa um novo dia! E eu quero começar esse novo dia bêbada!

- Você é louca... – me respondeu com um sorriso na orelha – onde você quer ir? Que tal o Zangão na Goiás?

- Não. Quero um samba. Intercontinental?

- Demorou! Vou buscar os moleques e vamos pra lá.

- Fechado. – respondi com um sorriso.

Estampei uma cara de falsa felicidade o resto da noite. Tá. Depois de umas três latas de cerveja e uma tequila, o sorriso era verdadeiro por causa do álcool. Passei a maior parte do tempo pensando no que tinha na minha cabeça. Não queria ter algo tão grave com apenas vinte e dois anos. Esse tipo de coisa só dá em velho... Sei lá... Nos outros. Não em mim. Não no meu corpo. Na segunda ia procurar outro medico mais capacitado.

Cheguei em casa as cinco da manhã. Entrei direto para o quarto e me joguei na cama com roupa e tudo. Passei o domingo inteiro na frente do pc no offline. Não queria conversar com ninguém e Amanda não estava on. Estava na casa de uma tia onde passaria a tarde. A Dul estava enchendo minha caixa de recados com mensagens dizendo que queria me ver, que estava ansiosa por falar comigo... bobagens desse tipo, mas não estava afim de conversar com ela. Nem com ela e nem com ninguém.

Abri o conto Maldito Platão e comecei a ler de onde tinha parado. A vida nunca é fácil. Nem a real e nem a fictícia. Estava me sentindo mal. Esperando por respostas que com toda a certeza não gostaria de ouvir. Instintivamente passei a mão na cabeça acariciando meu lado esquerdo. Uma lágrima escapou dos meus olhos e tratei logo de enxugá-la. Não ia surtar antes de saber a real do que eu tinha.

Terminei de ler e abri a pagina de recados para deixar parabéns para a Carol e a Jana, mas uma mensagem da Amanda... Amanda para Amor possível... Era só o que me faltava. “Sou a namorada de Amor impossível, e gostaria muito que você parasse de mandar essas mensagens românticas para ela.”. Peguei o celular de imediato.

- Oi amor... – ouvi a voz de Amanda do outro lado da linha.

- Por que você fez isso? – perguntei com uma raiva contida.

- Isso o que? – me perguntou com uma voz que denunciava sua falsa inocência.

- Mandar um recado pra Dul.

- Quer dizer então que o nome da piranha do site é Dul... Não li em nenhum dos recados o nome dela. Como você sabe?

- Não sei se você se lembra, eu mandei um e-mail pra ela justamente pedindo pra ela parar com isso.

- Você ficou brava? Por que você está defendendo ela?

- Por que não havia a necessidade de você fazer isso. Eu te disse que a colocaria em seu lugar...

- Mas não parece que você fez isso! Ela fica te mandando mensagens no conto e você fica dando corda pra ela, parece até que está gostando.

- Dando corda Amanda! Onde você leu ali que eu estou dando corda pra ela?

- Se você não estivesse tenho certeza que ela não tinha te mandado mais mensagens! Você tá gostando não está Dul? Já adicionou ela no MSN pra vocês fazerem um sexo virtual?

- Meu! Você tá maluca? Amanda olha o absurdo que você está falando!

- Não é absurdo e você sabe disso! Não foi assim que nos conhecemos? Você toda saidinha...

- Para... Eu não vou ficar escutando esses absurdos! Quando acabar seu momento de ciúmes me liga!

- Vai trepar com ela pela net vai! Tira toda a sua roupa e fica se exibindo pra ela pela cam! Tomara que ela seja um homem!

- Amanda me erra falou? Vai dormir que seu mal é sono! – desliguei trêmula de raiva. Detesto quando duvidam da minha palavra e a Amanda estava fazendo isso com uma frequencia que eu desconhecia. Mas porque eu estava tão nervosa? Não era pra eu estar me sentindo assim. A Dul não era ninguém importante. Ou estava se tornando?

Saí para a cozinha pegar um copo com água e voltei para a frente do pc. A Dul não estava mais on. Mudei meu status para online e esperei. Ela teria que voltar em algum momento. Tomei um banho demorado e coloquei uma camisolinha curta vermelha e voltei para o meu plantão internetico. Esperei por alguns minutos até ver a caixinha de mensagens dela subindo. Se a Amanda estava brava comigo, agora lhe daria um motivo para ficar brava. Se eu vou levar a culpa, pelo menos vou levar a culpa por algo que fiz.

Amor impossível diz:

Oieeee Tava te esperando.

Dul diz:

Oi linda! Eu te esperei o dia inteiro rs.

Amor impossível diz:

Quero te pedir desculpas pelo recado da Amanda, minha namorada. Ela é muito ciumenta.

Dul diz:

Ela tem motivos para ser ciumenta.

Amor impossível diz:

Sabe o que estava pensando? Você está na vantagem...

Dul diz:

Como assim?

Amor impossível diz:

Você me conhece e eu não. Não é justo... quero te ver.

Sorri para o computador enquanto Dul tentava me dissuadir de não ligar a cam. Resolvi ser mais incisiva.

Amor impossível diz:

Vamos fazer o seguinte: nós duas ligamos. A não ser que você não tenha gostado do que viu...

Dul diz:

Eu adorei o que vi. Tudo bem... Eu ligo.

Liguei a cam e fiquei esperando até que ela fosse focalizada em seu rosto. Que mulher linda! Como uma pessoa como ela fica procurando pessoas na net? Com toda a certeza devia ter uma fila querendo ficar com ela. Ela me mostrava um sorriso safado... Meio estranho isso, mas era safado. O rosto bem moldurado, um olhar forte, quase hipnotizador... enfim... Respirei fundo e claro tinha que dizer que ela era linda.

Amor impossível diz:

Nossa... Você é bem diferente do que imaginei...

Dul diz:

Como você me imaginou?

Amor impossível diz:

Uma garota sem graça... Sei lá, mas você é muito bonita...

Dul diz:

Você também é... Sabe no que estou pensando?

Amor impossível diz:

O que?

Dul diz:

No que você está vestindo. Na outra vez você estava apenas de camiseta e calcinha...

Sorri com aquele comentário. Achei que ela não tinha notado.

Amor impossível diz:

O que você acha que estou vestindo?

Esperei a resposta por alguns segundos.

Dul diz:

Talvez nada...

Amor impossível diz:

Errou! Hehehehe E feio... Não sou uma mulher despudorada.

Dul diz:

Não custa tentar não é?

Amor impossível diz:

É não custa. Quer saber?

Dul diz:

Claro!!!!!

Amor impossível diz:

Uma calcinha igual a da minha vó...

Dul diz:

Para de sacanagem... você está de brincadeira...

Amor impossível diz:

Tá bom então... Vou pegar um vinho na cozinha e você tira suas próprias conclusões...

Sai de frente do pc e andei devagar para a saída do quarto olhando para a tela do computador. Dul estava com uma feição que não soube definir muito bem por causa da distancia da tela. Voltei em minutos com uma taça na mão.

Amor impossível diz:

Quer um gole?

Dul diz:

As calcinhas da sua vó são assim? Onde ela mora?

Ri com aquele comentário. Ela realmente não dormia no ponto.

Amor impossível diz:

Rsrsrsrsrrs. Gostou?

Dul diz:

Acho que ficaria melhor sem a camisola por cima...

Amor impossível diz:

Não sei se seria uma boa idéia... – escrevi passando a língua no lábio – você pode ficar com más intenções...

Dul diz:

Minhas intenções são as melhores...

Mexi na cam afastando um pouco tirando o foco do meu rosto mostrando parte da cintura pra cima. A renda era transparente nos seios e por pura provocação comecei a acariciá-los. Se o sorriso que ela exibia antes era safado o que ela me mostrava agora era pecaminoso. Estranhamente estava adorando me exibir pra ela daquele modo. Passei a imaginar o que ela estava pensando do outro lado da tela. Com meu movimento uma alça deslizou para os braços e não me dei o trabalho de voltar ao lugar. Queria provocá-la ao máximo. Dul me escrevia coisas que foram me excitando aos poucos. Não era apenas mais um jogo. Queria realmente o que estava acontecendo.

Amor impossível diz:

O que você quer de mim?

Dul diz:

Daria qualquer coisa para estar pessoalmente ai... Quero você inteira...

Amor impossível diz:

Enquanto você não está, vou te mostrar umas coisinhas...

Afastei a cadeira e mostrei o resto da peça que cobria meu corpo deixei a frente cair desnudando meus seios. Tomada por um tesão que nunca havia sentido antes sentada na frente de um computador, deixei minhas mãos passearem pelo meu corpo. Subi a sainha da camisola já enrolada nos quadris e lentamente comecei a me acariciar por cima da calcinha. Me virei de costas e fiquei em pé tirando-a toda por baixo, me abaixando, exibindo todo meu bumbum que engolia o fio dental entre as nádegas. Voltei a sentar na cadeira e Dul continuava com o rosto grudado na tela me dizendo coisas adoravelmente obscenas. Afastei a lateral da calcinha deixando meus dedos se insinuarem para meu sexo. Fechei os olhos ao tocar o clitóris inchado de tesão. Que loucura aquilo tudo! Nunca havia me exibido de tal forma para alguém, mas era absurdamente sensual se exibir daquele modo para a mulher que me instigava a continuar. Voltei a abri-los e tirei a minúscula peça que atrapalhava a visão de Dul. O que se seguiu foi uma profusão de desejo e luxúria.