Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD

Abri os olhos tentando enxergar alguma cosa, mas logo os fechei novamente por causa da forte claridade que invadia o ambiente. Passei a mão na cabeça e meu movimento fez Amanda se movimentar despertando do sono profundo em que se encontrava.

- Bom dia linda... – falei com um sorriso bobo beijando seus cabelos negros bagunçados.

Ela apenas assentiu com a cabeça abrindo os olhos lentamente.

- Parece mentira que você está acordando do meu lado...

- Não é mentira... – me respondeu baixinho tirando uma mecha de cabelo dos meus olhos.

- Eu preciso tirar uma foto sua desse jeito para colocar no nosso álbum...

- Não Any! Não faz isso... – protestou Amanda tentando pegar o celular com uma mão enquanto escondia o rosto com a outra – Eu estou um lixo! Olha meu estado!

- Está linda como nunca a vi antes...

- Pensei que fosse xavequeira só quando teclamos...

- Eu não sou xavequeira sou realista. – respondi deixando o peso do meu corpo repousar sobre o seu.- Adorei conhecer Cerquilho...

- Só Cerquilho? – me perguntou fazendo biquinho.

Não tive palavras para respondeu aquele gesto de menina mulher que me encanta nela. Deixei nossas bocas se encontrarem provando o sabor delicioso do sexo ainda vívido em nossos lábios pela noite maravilhosa que tivemos. A língua e o corpo de Amanda logo responderam aos meus toques e, ouvindo seus gemidos baixinhos desci pelo seu pescoço desnudando a pele ainda coberta pelos lençóis amassados. Senti suas unhas sendo cravadas em minhas costas enquanto meus dedos tocavam o sexo já encharcado de tesão e desejo por um ato tão simples.

- Você me quer? – perguntei baixinho em seu ouvido.

- Hum, hum...

- Não ouvi você pedir...

- Me fode mais uma vez Any... Bem gostoso...

Não precisei de nenhuma outra palavra, afinal quem precisa de palavras com uma mulher como aquela pedindo para eu fazer o “sacrifício do ano” empurrando minha cabeça para o meio de suas pernas. Me ajoelhei na beirada da cama encaixando suas pernas em torno do meu pescoço chupando-a com uma fome voraz que me consumiu durante um mês inteiro. Amanda se retorcia gemendo alto se apoiando com os cotovelos jogando a cabeleira negros para trás sentindo meus dedos invadi-la num ritmo frenético enquanto sugava o clitóris inchado de desejo e luxuria. Senti seu corpo dando sinais do gozo que se aproximava e aumentei a intensidade do ato sentindo seu corpo temer pelo prazer absoluto do momento.

- Por que você demorou tanto tempo para me conhecer? – perguntou Amanda me abraçando ainda de joelhos recuperando o fôlego.

- Por que eu fui uma tonta...

- Eu vou ter que me mudar pra São Paulo...

- Eu quero te ter assim todos os dias da minha vida! – respondi dando ênfase ao final da frase – Vem... Não quero que seus pais nos vejam desse jeito.

- Eles não vão chegar agora...

- Vem tomar um banho comigo... – chamei esticando a mão puxando seu corpo para me acompanhar em uma ducha quente. Mais uma vez nos amamos na água que acariciava nossos corpos revigorando os ânimos testemunhando toda a felicidade que vivíamos naquele momento.

Amanda saiu do quarto para preparar o café da manha e eu tentava lembrar aonde havia enfiado minhas roupas. Sai ao seu encontro acendendo um cigarro. Encostei no batente da porta vendo a morena me olhava com um sorriso nos lábios e os cabelos molhados do banho andando de um lado para o outro aparentemente perdida naquilo que estava fazendo. Havia a conhecido há um mês em uma sala de bate papo na Internet. Mantínhamos um contato continuo desde então, sempre por celular ou MSN. Adoro o senso de humor que ela possui rindo de si mesma e me fazendo piadinhas rasgadas sem muito sentido para quem não entende o que falamos.

- O que foi? – me perguntou desconfiada.

- Nada. Estou vendo como você fica perdida fazendo essas coisas...

- Não sou uma boa dona de casa...

- Ai... Socorro! Será que eu vou ter que fazer tudo por aqui? – Perguntei rindo jogando a bituca de cigarro no lixo – Vem cá... Te adoro... – Finalizei beijando sua boca.

O café da manha saiu depois de quarenta minutos junto com os pais de Amanda que chegavam de uma pequena viagem a Campinas. Confesso que fiquei sem reação. Nunca soube muito bem o que fazer nessas situações. Parece que as palavras somem e todos os sogros do mundo têm o dom de te deixar encabulada com apenas um olhar. Tentei ser gentil e simpática, mas confesso que me sai uma grande tola. Puxei Amanda para fora de casa assim que eles nos deram uma brecha, pois cada minuto sendo avaliada severamente não é fácil de agüentar.

- Você sabe que eu tenho que ir embora daqui a pouco não sabe? – perguntei acariciando suas mãos.

- Eu não quero que você vá hoje. Você pode ir amanha.

- Não posso... Minha mãe nem sonha onde eu to.

- Liga pra ela e fala que você está na casa da sua namorada em Cerquilho.

- Ai você me arruma uma cama porque eu venho morar aqui. Minha mãe me expulsa de casa gata. Você não ta entendendo...

- Sua mãe é uma chata...

- Eu também acho isso... Mas não posso trocar de mãe... Vamos esquecer ela e curtir esse momento agora!

Minha passagem de volta estava marcada para as cinco da tarde, mas só consegui sair de perto de Amanda as sete da noite. Se eu já a adorava somente conversando com ela sem conhecê-la, agora tinha certeza que estava apaixonada. Não queria deixá-la, pois não sabia quando eu podia voltar, mas de uma coisa eu tinha certeza: Era mais rápido do que eu imaginava.

Acordei com o ônibus parando na estação Tiête as dez e meia da noite. O corpo todo dolorido era uma lembrança deliciosa da noite que eu tinha tido e que guardaria sempre na minha memória. Desci do trem em São Caetano quase meia noite. Com toda a certeza minha mãe já tinha botado um ovo pelo meu sumiço de quase dois dias. Parei no portão e fumei um cigarro preparando meus ouvidos pelo que viria a seguir.

- Onde você estava Anahi? – perguntou minha mãe assim que coloquei os pés na sala.

- Estava em Mauá mãe. Na casa de umas amigas do trabalho.

- E porque você não atende o telefone?

- Ai mãe... Eu não vi tocar...

- Você não te jeito mesmo hein menina! Quando você vai tomar juízo e crescer? A vida não é só feita de diversão! Você tem que ter responsabilidades e se ajustar. Abandonou a faculdade e só vem pra casa quando tem fome! Não sou obrigada a ficar agüentando...

- Ai mãe ta bom chega! – falei nervosa pelo discurso que já conhecia de cor e salteado – Eu vou pro meu quarto dormir. Não quero saber da sua loucura agora não... To cansada...

- Cansada de farra né Anahi! Volta aqui que eu não terminei de falar com você!

Sai pelo corredor em direção ao meu quarto sem dar muita atenção ao que minha mãe dizia. Não queria amolações com ela naquele momento. Estava feliz demais pra isso. Sentei na cama jogando a mochila de lado esfregando os olhos com as duas mãos. Tirei o tênis e a calça jeans sentando na frente do computador para ver as atualizações dos contos que adoro ler. Sei lá é meio que uma forma de me tirar da realidade, ver que o amor é possível e que não é preciso mentir sobre ele como eu havia acabado de fazer. Não podia simplesmente ter virado pra minha mãe e dito que estava na casa da minha namorada? Bom, naquele momento eu não podia e as historias que lia de certa forma me ajudava a esquecer os problemas. Abri o conto Maldito Platão e li: “Era tão bom dormir abraçada a ela...”. Aquela frase se encaixava perfeitamente no meu momento. Não tinha como ler aquilo sem deixar um recado para as autoras.

De: Amor impossível

Para: Carol e Jana

Mensagem: Carol e Jana não tem como ler cada capitulo sem deixar um recado. É incrível como vocês conseguem capturar cada sensação maravilhosa a de ter alguém ao seu lado apenas para acariciar...

Terminei de escrever enxergando... Um recado pra mim? Como assim? “Amor impossível, sei que o tópico é para as autoras, mas eu adorei a sua frase: “o amor é algo que nos faz sufocar em alguns momentos, mas sem ele nada teria sentido ou valeria a pena”, e quero acrescentar uma coisa: o amor não tem explicação para existir, e hoje, o meu dia só começou a valer a pena depois de ler o seu recado, não me pergunte o porquê, mas entre em contato comigo seuoamorpossível@com.br”. Terminei de ler com um sorriso na face: As pessoas de fato se encantam com palavras bem colocadas. Não iria mandar um e-mail pra ela é claro, mas resolvi ser gentil respondendo no tópico mesmo.

De: Amor impossível

Para: Seu amor possível

Mensagem: Não foi a mensagem que fez o seu dia ficar melhor e sim o amor que se manifesta em todas as formas e que nos contagia a cada minuto seja por um gesto ou por um simples olhar. Espero que todos os seus dias sejam melhores.

Bjos do seu amor impossível...

Deixei a frase soar como uma ironia na despedida. Se ela fosse uma boa entendedora apenas aquilo bastaria. Desliguei o computador e tomei um banho demorado antes de cair na cama com o celular na mão mandando uma mensagem de boa noite para a mulher perfeita que tive a sorte grande de encontrar. A morena que me enche de desejo é meu amor possível, real e consumado.