Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD
Cheguei em casa e me tranquei no quarto com as lagrimas secas em meu rosto e uma dor infernal, mas não era na cabeça e sim no meu peito. Fui uma tola achando que não me envolveria. Não era possível ficar com uma mulher com a Dul e não se envolver. Seu cheiro ainda estava na minha pele e a nítida sensação dos seus lábios sobre os meus me torturavam ainda mais. Maldita hora que me deixei envolver com seu charme e sua lábia. Não. Não era maldita. Se não tivesse me deixado envolver não tinha vivido uma das noites mais fantásticas da minha breve existência. Deitei na cama e deixei a mente resvalar para a s poucas lembranças que possuía dela. Os olhos intensos que me despiram sem me tocar. O corpo fogoso e a voz doce de um anjo... Um anjo da perdição. Um anjo do pecado, mas era um anjo. Um anjo que fora meu por vinte e quatro horas.
Vivi os dias seguintes mecanicamente. Nada tinha sentido e a menor graça. Muitos me perguntaram o que tinha acontecido e eu respondia sempre com a cabeça d e forma negativa. As palavras não tinham forças de serem formuladas. Não podia dizer que estava apaixonada por uma mulher que eu não conhecia. Não podia dizer a mim mesma que estava apaixonada. Amanda me ligou três vezes, mas não atendi. Não tinha o que falar com ela.
O sábado chegou com a promessa de mais um dia vegetando, pensando na carioca que tinha tirado minha direção, mas Leandro me ligou informando de um encontro de amigos.
- Meu não vou... – respondi com uma voz apática que soou estranha até pra mim – não estou me sentindo bem.
- Qual é Any? Você nunca dispensou um samba com a molecada.
- Pra tudo tem uma primeira vez...
- Não tem não. Passo ai pra te pegar as dez da noite.
- Cara eu não...
- Não quero saber... Beijos não me liga. Me espere pronta.
Olhei para o telefone mudo na minha mão e sorri. Pelo menos podia terá certeza que tinha um amigo de verdade. As dez em ponto ouvi a buzina do seu carro tocando. Sai correndo para minha mãe não me ver e saímos em direção a um barzinho. Tentei desligar a mente do presente, doente e dispensando uma mulher linda, e me concentrei nas lembranças do passado, não muito distante, mas feliz. Entrei na cerveja e depois de um tempo senti que minha voz já não saia com muita firmeza. As palavras que dizia não parecia muito coerente.
- Vamos dar uma volta Leandro... – levantei meio cambaleante.
- Você está bem Any?
- Claro que não... Quero dizer... Claro que sim. Vamos lá fora? Quero fumar.
- Vamos.
Me encostei na parede do comercio ao lado do barzinho e acendi um cigarro jogando a fumaça para o alto de olhos fechados.
- Any o que você tem? Já tem dias que te vejo estranha...
- Eu tenho câncer. - Soltei ainda de olhos fechados. Por mais que estivesse bêbada não queria ver a sua reação.
- Você tá doidona né? Melhor parar de beber. Vou te levar pra casa e...
- To falando serio Lê. – respondi baixo fitando seus olhos – por mais que eu não esteja totalmente sóbria, não estou totalmente bêbada.
- Você não pode ter câncer. Você está saudável e...
- É na cabeça. Do lado direito. Eu fiz alguns exames, mas não tive coragem de prosseguir. Não quero morrer tão jovem...
- Há quanto... Quanto tempo?
- Vai fazer um mês que descobri. Lembra das convulsões? Naquele dia que você me levou para o hospital em Santo André é que eu fiquei sabendo.
- Any! Você não podia ter me escondido isso!
- Eu sei. Não queria q eu ninguém sentisse pena d e mim – falei puxando um trago – não quero ninguém me olhando com cara de coitadinha.
- Se você tem isso mesmo porque está com essa porcaria na boca? – me perguntou tirando o cigarro da minha mão.
- Não viaja. Se vou morrer pelo menos vou morrer fazendo o que eu quero. Devolve.
- Você não vai morrer. De onde você tirou essa Idéia?
- Gato não se você entendeu, mas eu vou repetir. Eu tenho um tumor na cabeça que já está num tamanho muito avançado...
- Ele é benigno ou maligno?
- Não sei. Não fiz nenhum outro exame.
- O medico não pediu uma biopsia? Que medico é esse que você está indo...
- Eu não to indo em nenhum. Fui a três médicos diferentes e o diagnostico bateu. Não tive coragem de saber mais...
- Anahi larga de ser estúpida! Você tem que tratar isso o quanto antes! Ter câncer nos dias de hoje não significa que é a morte. Você é jovem. Com o tratamento ele pode sumir. Pode tirar com uma cirurgia e sessões de quimioterapia...
- Não quero passar por isso Lê... – falei deixando as lagrimas rolarem pelo meu rosto – Não quero!
- Olha só. Eu tenho uma tia que ela tinha tumor e não era câncer. Ela tirou e não tem mais nada.
- Como eu posso ter um tumor que não é câncer?
- Eu não sei. Não sou medico oras. Isso você devia ter perguntado a um dos médicos que te atendeu. Vem comigo.
- Aonde vamos?
- Entra no carro Any. No caminho você vai saber.
E soube. Assim que paramos na frente do hospital em Santo André. Desci fuzilando seus olhos com raiva. Querendo voar no pescoço dele. Perguntei pelo medico que me atendeu da primeira vez e por minha sorte ele estava de plantão naquela noite. Ficamos esperando na recepção até ser chamada. Leandro desta vez não saiu do meu lado.
- Conheci uma garota – falei. Já que tinha que tinha desabafado com ele sobre a doença iria falar sobre a Dul também – ela é do Rio.
- Bonita?
- Gata! O final de semana passado passamos juntas. Ela veio pra cá.
- Qual o nome dela?
- Dulce.
- Quando vocês vão se encontrar de novo?
- Nunca mais. Ela me ligou varias vezes essa semana, mas não atendi.
- Por causa da Amanda? Nem vejo você mais preocupada com ela...
- Não quero que ela saiba da minha doença. Dei um fora nela. Acho que ela me achou uma sacana de mão cheia.
- Você fez isso sem nem saber o que tem?
- Meu, sei o que eu tenho.
- Você não sabe bosta nenhuma. Não devia ter feito isso. Pode ter dispensado a menina e vai viver até os setenta anos com esse arrependimento.
- Não vou viver até os setenta.
- Vamos descobrir agora. Sua senha.
- Eu não quero ter esperanças... – falei ainda sentada.
- Vem! Larga de ser medrosa! – me disse me puxando da cadeira.
Entrei na sala do medico com o coração disparado. Não queria saber mais, mas ao mesmo tempo queria descobrir se eu poderia ter um futuro. Se eu poderia ter Dul em meus braços mais uma vez.
- Anahi! Você sumiu. Está fazendo o tratamento em outro lugar? – me perguntou o medico me cumprimentando.
- Não Doutor. – quem respondeu foi Leandro – essa maluca não contou pra ninguém e tá contando os dias de vida.
- Não entendi.
- Eu não tive coragem. Fui em outro medico e ele me confirmou o diagnostico, mas eu fiquei com medo de tratar. Eu estou com medo. Não quero morrer.
- Anahi como eu te disse da primeira vez, não é um procedimento fácil. O tumor está localizado em uma parte muito sensível e uma cirurgia exploratória colocaria sua vida em risco, mas é a única maneira de descobrirmos exatamente com o que estamos lhe dando.
- O que ela tem é câncer?- perguntou Leandro.
- Não. Ela tem um tumor.
- E qual a diferença? – perguntei desconfortável – um tumor é câncer não é?
- Um tumor é uma má formação de tecido. Ele pode ser benigno o que não o torna um câncer; Vai ser apenas um tumor a ser retirado. Ele só vai ser uma neoplasia se for maligno.
- Quer dizer que eu só posso morrer se for maligno?
- Suas chances não são vastas. Digo isso porque não quero que você tenha ilusões sobre sua doença. Torno a repetir que a área em que ele está é perigosa, mas não é sua sentença de morte. Pra isso temos que fazer mais exames para ter uma dimensão exata e uma cirurgia exploratória.
- Eu posso morrer nessa cirurgia?
- Não fale em morte Anahi. Você é jovem e seu corpo pode reagir muito bem. Como disse, se ele for benigno suas chances de viver são enormes. Faça o seguinte: Venha no meu consultório na segunda à tarde e eu te explico detalhadamente e damos entrada no tratamento. Quanto mais você demorar menores são a s suas chances.
- ok. Me passa o endereço.
- As convulsões pararam?
- Eu to tomando Carbamazepina.
- Não pare. – me disse estendendo um papel – Vá dessa vez. Vou te esperar.
- Se ela não for, eu levo ela amarrada doutor. Obrigado.
- Obrigada doutor – falei apertando sua mão.
Sai do consultório indo em direção ao carro com uma estranha sensação no coração. Não. Não era estranha. Era uma sensação de vida, de esperança, de sonhos... de talvez, quem sabe, ter a Dul.
Leandro me deixou em casa depois de me dar um sermão da montanha. Me joguei na cama, mas não dormi. Estava ansiosa, temerosa... Não sabia o que eu tinha, mas precisava falar com a Dul.
Liguei o computador, mas ela não estava on. Tentei o celular e estava desligado. Olhei para o relógio. Quatro da manhã. Claro. Que horário idiota que eu fui ligar. O dia amanheceu e eu dormi. Acordei as três da tarde e depois de tomar café da manha, ou melhor da tarde, liguei para Dul. Precisava falar com ela. O telefone chamou duas vezes antes de ouvir sua voz.
- Dul não desliga antes de me ouvir – falei apressada - Eu fui uma estúpida e eu preciso te falar algo muito serio que tem a ver com o meu comportamento.
- Eu sei qual foi seu comportamento... Não precisa se explicar. Sua... Sua...
- Dul, eu agi errado. Muito errado, confesso, mas eu tenho uma boa explicação pra isso.
- Sou toda ouvidos.
- Não dessa maneira. Quer ser meu guia pelo Rio no próximo final de semana? – perguntei ansiosa. Eu só enfrentaria qualquer coisa se ela me perdoasse.
Autor(a): MahSmith
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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tryciarg89 Postado em 07/09/2023 - 19:47:25
Fofa demais,ameiii esse final
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angelr Postado em 19/08/2015 - 15:02:05
Que web linda 😍😍
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lunaticas Postado em 16/05/2015 - 22:16:20
Linda web <333
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justin_rbd Postado em 20/01/2015 - 13:13:01
MAIS UMA VEZ EU AQ KK,RELI SUA FIC E ME AMOCIONEI MAIS UMA VEZ ,
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justin_rbd Postado em 27/11/2014 - 13:55:10
sua fic foi perfeita !! parabéns
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vverg Postado em 22/02/2014 - 10:56:21
Linda história do começo ao fim =)
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vverg Postado em 17/02/2014 - 21:35:38
Nossa!!!! A historia é muito triste, mas não deixa de ser bonita pela entrega das duas... =)
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laryssales Postado em 16/02/2014 - 14:05:57
omg a fic ta cada vez mais envolvente *-*
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juhdul7 Postado em 16/02/2014 - 10:22:29
Amei a fic!! Posta mais!!
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isabela_araujo Postado em 10/02/2014 - 17:24:37
adorei a fanfic, posta maais (: