Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD

Esperei a sexta chegar com ansiedade. Principalmente depois do que minha mãe tinha me feito. Ela pouco falava comigo e na maior parte da semana ignorou minha presença. Fiz uma serie de exames na sexta de manhã e foi o único momento em que ela se mostrou um pouco mais mãe me acompanhando no laboratório. Quando disse que ia sair à noite a briga foi feia. Ficou brava e quis me proibir, mas eu não sou uma pessoa que aceita proibições. Principalmente no meu atual estado. Não tinha como ficar longe de Dul. Liguei para Amanda e marquei de nos encontrarmos na semana seguinte. Eu tinha que colocar um ponto final naquele capitulo para começar outro em minha vida.
O avião pousou no horário marcado e minutos depois já estava sentindo seus lábios  macios sobre os meus e suas mãos me apertando contra seu corpo. Como era bom senti-la perto, seu cheiro e sua pele delicada. Saímos em direção ao hotel. Não era um Intercontinental, como da outra vez, mas pouco importava. O importante era sentir suas mãos com uma necessidade avassaladora arrancando minhas roupas, me prensando contra a cama, descendo pelo meu pescoço, tirando literalmente o ar. A gentileza com que ela me amava me surpreendeu; ela parecia muito mais delicada e cuidadosa com o que fazia.

- Dul não precisa ir com tanta delicadeza... – falei entre um gemido e outro – você não vai me machucar...

- Tem... Tem certeza?

- Tenho – respondi me jogando em cima do seu corpo, me posicionando sobre a sua boca – me faz gozar...

E ela fez. Intensa e completa. Entre dedos e língua senti todo o meu corpo tremer desfalecendo sob o prazer que Dul me proporcionava. Mais um final de semana era pouco, mas por hora era com o que eu tinha que me contentar. Nos amamos a noite inteira. Não precisamos de palavras. Nossos gestos e nossos olhares falavam por nós. Transmitiam de uma para a outra o momento mágico que acontecia. Cada novo gemido era uma nova descoberta para um caminho chamado paraíso. É como me sinto quando estou com ela. No paraíso.

- Bom dia... – falei baixinho em seu ouvido a despertando.

- Vamos dormir... Vamos – Falou Dul puxando minha mão me fazendo deitar ao seu lado.

- Dul não... Quero aproveitar o final de semana com você...

- Eu vou ficar com você pra sempre, agora deixa eu dormir só mais um pouquinho...

- Você quer dormir é? – perguntei puxando o lençol beijando cada parte da pele que ele ia revelando.

- Hum... Isso é golpe baixo...

- Não é não. Pode continuar dormindo... – Continuei provocando beijando o bumbum arrebitado. Com um sorriso e um xingo de cachorra, Dul despertou conduzindo minha cabeça para o meio de suas pernas.

Passamos o sábado em romance total. Não saímos do quarto, apenas nos amamos, conversamos, nos amamos.

- Como foi seus exames? – perguntou Dul me ajeitando em seus braços.

- Não sei resultado de nenhum. Vou pegar na quinta feira.

- Eu vou com você. Quero saber mais sobre... Sobre esse problema.

- Você vai vir pra cá no meio da semana ou vai ficar até lá? – perguntei entusiasmada com a possibilidade de vê-la mais uma vez.

- Vou ficar. Pedi demissão para vir pra cá.

- Você o que? – Acho que não escutei direito.

- Eu pedi demissão. Não quero ficar longe Any. Eu quero tá do seu lado para tudo. Vamos enfrentar isso juntas.

- Dul você é doida... Você mal me conhece, quero dizer, nos encontramos poucas vezes...

- E já foi o suficiente para sabe que eu passo por qualquer coisa para ter você do meu lado.

- Que linda... Mas mesmo assim não deixa de ser maluca! – falei mas me lembrei de imediato da minha mãe – Tenho uma Coisa pára te contar...

- O que foi?

- Me assumi para minha mãe... Ela está me ignorando. Não me aceitou homossexual.

- Porque você se assumiu?

- Não quero morrer com mentiras.

- Para de falar isso! – disse Dul em tom nervoso – não vai acontecer nada. Está  me ouvindo? Nada.

- Eu sei, mas

- Sem mais Any!

- Tá. Enfim, não posso te chamar pra ficar lá em casa senão mamãe expulsa você e eu embaixo de vassouradas.

- Tudo bem. Eu entendo. E além do mais porque você acha que estamos nesse hotel?

- Você maquina tudo né? Isso assusta...

- Mas você gostou do fato de eu ficar?

- Com certeza! Adorei! – falei me virando em seus braços buscando seus lábios.

Sabe aquele ditado que diz tudo o que é bom dura pouco? Pois é. O meu bom não durou nada. Nunca tinha visto um final de semana passar tão rápido como quando Dul estava junto a mim.

Fomos no medico na segunda de onde sai com o braço enfaixado por causa de uma falsa tendinite e um atestado de uma semana inteira. Passamos os dias como duas enamoradas em um passeio romântico por São Paulo. A noite o passeio era em nossos corpos, nas curvas deliciosamente tortuosas do corpo da ruiva que me fazia perder a direção dos meus sentidos. A quinta chegou e com ela uma apreensão incomum. Eu estava nervosa. Dali a poucos minutos eu teria uma resposta que mudaria minha vida pra sempre. Como que percebendo minha apreensão Dul segurou minha mão com força e ficou fazendo carinhos em meus cabelos. Nem a cara que a recepcionista fez me incomodou. O que eu queria logo era acabar com aquela tortura.

- Bom Anahi. – falou o medico apertando minha mão – Bom dia.

- Bom dia Doutor. Essa é a Dulce, minha namorada.

- Ahhh como vai tudo bem? Sentem-se.

- Os resultados chegaram?

- Chegaram sim. Como você se sentiu essa semana?

No paraíso. Pensei. Em voz alta disse

- Ansiosa por saber o resultado.

- Vai com calma Anahi... Não tenho noticias muito animadoras...

- O que... O que foi? – naquele momento já senti minha voz falhar.

- Seus exames estão comigo. Analisei cada um deles com calma. A ressonância deu uma visão melhor do que a tomografia e posso dizer que...

- Que...

- Não tem como saber de antemão se ele é maligno ou benigno. Marquei uma cirurgia de emergência para você. Vamos ter que tirá-lo.

- Mas é uma cirurgia grave? – perguntou Dul apertando minha mão. Ela também parecia assustada.

- As chances da Anahi não são boas. A área que ele se encontra é delicada. Uma remoção significa tirar uma pequena parte do cérebro. Como já fui sincero com a Anahi na primeira vez, vou ser com você. Ela pode morrer durante a cirurgia.

O mundo novamente havia se fechado ao meu redor. Ouvia a voz de Dul e a do medico, mas como na primeira vez a única coisa que vi era o relógio na mesa do medico. Tic Tac. Menos um segundo de vida. Tic tac, tic tac... O movimento do relógio estava me deixando louca. O som que não sabia definir se era a voz do medico ou da Dul estava me deixando louca. Eu estava louca. E só percebi isso quando Dul me abraçou apertado secando as lagrimas do meu rosto. Em poucas semanas eu havia desistido da vida. Havia encontrado forças para continuar em uma estranha, que havia me aberto os braços e mesmo sem saber me impulsionara para frente e agora eu via O sentido da vida escoar pelos meus dedos. Não era justo. Não era justo.