Fanfics Brasil - Dulce – Dias difíceis Estranhas Conhecidas (Portiñon)

Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD


Capítulo: Dulce – Dias difíceis

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“Eu tinha que ser forte”, essa era a frase que rondava os meus pensamentos durante todo o tempo em que via, com lágrimas presas nos meus olhos, os cabelos de Any caindo no chão daquele salão. Sentada a frente dela, com as mãos segurando as da menina, que ora apertava os dedos nos meus, ora levava-os aos olhos para enxugar o seu pranto.


  Aquele momento parecia ser o pior de toda a minha vida. O barulho da máquina deslizando pela cabeça da mulher que amo fazia tremer o meu peito. As minhas pernas estavam bambas, tão bambas que eu pensei que não teria condição de me levantar daquela cadeira quando tudo terminasse. Terminar! Era tudo o que eu mais almejava. Nós duas estávamos presas em um pesadelo, era sufocante, eu me sentia asfixiada, como se fosse morrer a qualquer momento, e eu morria mesmo. Morria um pouco a cada expressão de dor e desespero que refletia da face de Any


  As pessoas a nossa volta cochichavam, uma senhora balançou a cabeça negativamente, outra, mais nova, colocou a mão na boca em sinal de desaprovação. O que elas pensavam? Que  Any estava fazendo aquilo porque queria? Percebi que aquelas pessoas não estavam preocupadas com o pranto e a dor da menina, e sim com os cabelos que caiam pelo chão, um desperdício aos olhos delas, era o diferente que chamava a atenção, os padrões estipulados pela sociedade pareciam feridos com aquele ataque aos belos cabelos. Eu tive vontade de gritar com aquelas pessoas. “Ela tinha câncer, oras!” Pensei enquanto franzia a testa para uma terceira que olhou as nossas mãos envoltas com desprezo.


  Quando tudo terminou, eu me levantei, não perdi as forças como havia imaginado, e enxuguei as lágrimas de Any... Ela ergueu os olhos sobre mim, lentamente passou as mãos pelo couro cabeludo visível, logo tapou a face, em sinal de vergonha. Respirei fundo, coloquei minhas mãos sobre as dela e desnudei o seu rosto bem devagar. Seus olhos expressivos clamavam por uma palavra, e eu não pensei em nenhuma outra senão...


  -  Eu te amo, Any! – sussurrei – E você é linda.


  -  Não brinca, eu tô careca.


  -  Você está maravilhosa. No chão... – apontei os cabelos que já estavam sendo varridos por uma mulher de uniforme azul - ... só tem cabelo, o melhor de você ainda está aqui, na minha frente... – deslizei minha mão até alcançar o seu coração - ... o seu amor.


  Ela deu um salto e me abraço tão forte que eu pensei que ficaríamos assim, para sempre. E, eu queria ter ficado abraçada a ela daquele jeito pelo resto da minha vida.


  -  Não quero ver você fraquejar agora, mocinha! – sussurrei em seu ouvido.


  -  Eu tô com medo, Dul – falou.


  -  Eu também estou – pensei – Estarei com você pra sempre – disse.


  -  Vamos sair daqui? Por favor!


  -  Claro! – falei notando o quanto estava sendo constrangedor ser o alvo de todos os olhares daquele lugar.


  Pagamos à conta, e antes de alcançarmos à rua, um garoto - devia ter uns dez anos -, que estava ao lado de uma moça que devia ser sua mãe, tirou o boné que estava na sua cabeça e ergueu na direção de Any. Olhamos para a mãe do menino, ela assentiu e sorriu.


  -  Meu pai também teve que tirar os cabelos – disse o menino – Mas já cresceu, esse boné era dele.


  Any aproximou-se do garoto, pegou nas mãos o boné que tinha uma bandeira do Brasil bordada.


  -  Obrigada – disse com a voz entrecortada e cobriu a cabeça.


  -  Você vai ficar boa. Meu pai ficou bom.


  -  Obrigada, de verdade – disse Any antes de sairmos.


  Voltamos para o apê que eu havia alugado no Belém. Fui todo o caminho pensando no gesto daquele moleque. Só uma criança para entender a gravidade do que estava acontecendo no coração de Any.


  Entramos em casa em silêncio, e enquanto eu preparava algo para nós comermos na cozinha, Any fora tomar um banho quente para tentar relaxar. Na verdade, a menina queria ficar um pouco sozinha, ainda não tinha se olhado no espelho. Eu sabia que seria chocante para ela, no entanto, para mim, nada havia mudado, quer dizer, mudara sim, pois vendo toda aquela coragem, eu a admirei e a amei ainda mais.


  Aproveitei a ausência dela e liguei para Lygia. Fazia tempo que eu não falava com minha família.


  -  Alô!


  -  Oi, Ly! – reconheci a voz do outro lado da linha.


  -  Dul, sua louca! Por que não ligou?


  -  As coisas não estão muito boas, desculpa. Não tive cabeça.


  -  Como está a Any?


  -  A cirurgia foi marcada e... hoje fomos a uma salão de cabeleireiros, ela pediu pra passar a zero, sabe?


 -  Nossa, Dul! Que barra!


  -  A garota tá arrasada, e eu também, por ela, sabe?


  -  Entendo...


  -   Tô tentando ser forte na frente dela, mas... – desisti de segurar o choro, e finalmente desabafei com alguém. Eu estava me sentindo sozinha, naquele momento eu tinha necessidade de amparo, de alguém que passasse as mãos na minha cabeça e dissesse o que eu preciso fazer.


  -  Calma, Dul... – ouvi a voz suave do outro lado da linha – Você ainda está no hotel? Tá sem dinheiro? Como estão as coisas?


-  Eu aluguei um apartamentinho. Já tá mobiliado, é perto do metrô... Acho que o dinheiro dará para ficar aqui uns quatro meses sem precisar trabalhar. Quero me dedicar a ela, só a ela.


-  Dul, pelo amor de Deus, se você precisar de alguma coisa, liga pra nós, entendeu?


  -  Tá certo. Olha... – enxuguei as lágrimas – Eu vou desligar, a Any deve estar terminando o banho.


  -  Tudo bem. Fique bem, viu?


  -  Tentarei.


  -  Me liga do hospital, tá?


  -  Ligarei sim. Beijos, tchau. Desliguei o telefone e terminei o sanduíche.


  Quando me sentei ao lado de Any no sofá da sala, ela mal olhava para mim. Quase não tocou na comida. Estava sem fome, eu também, mas me sentia responsável por dar o exemplo e acabei comendo, mesmo sentindo um gosto amargo na boca.


  Cansadas, dormimos abraçadas. Any não quis fazer amor e se recusou a retirar um lenço florido que pusera na cabeça desde que saíra do banho. 



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Autor(a): MahSmith

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Enfim o dia chegara. Não era o dia mais feliz da minha vida, aguardado com ansiedade... Era o dia em que o destino decidiria sobre mim, sobre minha vida. Viver ou morrer? Sei lá. Não era algo que eu estivesse pensando sempre. A questão que perturbava minha mente era: ter ou não ter Dul para sempre em minha vida? Meus desejos e minhas vontad ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • tryciarg89 Postado em 07/09/2023 - 19:47:25

    Fofa demais,ameiii esse final

  • angelr Postado em 19/08/2015 - 15:02:05

    Que web linda 😍😍

  • lunaticas Postado em 16/05/2015 - 22:16:20

    Linda web <333

  • justin_rbd Postado em 20/01/2015 - 13:13:01

    MAIS UMA VEZ EU AQ KK,RELI SUA FIC E ME AMOCIONEI MAIS UMA VEZ ,

  • justin_rbd Postado em 27/11/2014 - 13:55:10

    sua fic foi perfeita !! parabéns

  • vverg Postado em 22/02/2014 - 10:56:21

    Linda história do começo ao fim =)

  • vverg Postado em 17/02/2014 - 21:35:38

    Nossa!!!! A historia é muito triste, mas não deixa de ser bonita pela entrega das duas... =)

  • laryssales Postado em 16/02/2014 - 14:05:57

    omg a fic ta cada vez mais envolvente *-*

  • juhdul7 Postado em 16/02/2014 - 10:22:29

    Amei a fic!! Posta mais!!

  • isabela_araujo Postado em 10/02/2014 - 17:24:37

    adorei a fanfic, posta maais (:


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