Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD
Deixei de ir na festinha na casa da Fernanda no domingo passado por conta daquela absurda espera por uma resposta – que nunca veio -, da ingrata Amor impossível; Deby não me ligou a semana inteira; na segunda-feira, cheguei atrasada no trabalho; Lygia me enviou vários torpedos com textos debochados pois ela me surpreendeu lendo aquela história maldita, digo, “Maldito Platão”. Por que será que a gente se envolve com esse tipo de ficção? Eu nunca tinha lido nada daquele jeito, e agora só conseguia pensar em duas coisas: a primeira era na resposta da ingrata, e a segunda, o calvário da personagem Isa. “Isa”, repeti o nome dela. Acho que se eu esbarrasse com uma garota como ela pelas ruas do Rio, eu casava. Abri a pasta preta, coloquei alguns documentos de um cliente dentro, fechei-a. O escritório tava tão silencioso e sombrio. O Sr Durval havia me dado uma intimação, e agora era eu quem apagava as luzes daquela espelunca. Pensei em Deby enquanto fechava a porta. Olhei o relógio e percebi que já passava das sete da noite. O dia havia sido trabalhoso, mas de certa forma produtivo, eu tinha um novo projeto e receberia uma grana boa por ele.
O telefone tocou enquanto eu me dirigia até a garagem. Olhei o visor e quase não acreditei.
- Oi, Deby! – disse sorridente ao atender a ligação. Ela só dá o braço a torcer quando está com muita saudade ou quando precisa de ajuda.
- Oi, ingrata! – ela disse, e eu sorri em pensamento lembrando-me que “ingrata” fora o apelidinho que coloquei na mocinha do site, é! Aquela que fez o favor de não responder o meu recado e dar a glória a Lygia.
- Senti sua falta. – respondi de imediato.
- O que fez a semana inteira?
Silêncio enquanto eu pensava. Minha semana havia sido corrida, me dividi entre o trabalho e as visitas nas madrugadas à casa de Fernanda, prima de Deby.
- Trabalho, muito trabalho. – falei.
- Quer tomar um chope?
- Quero.
- Pode me encontrar em uma hora no de sempre?
- Em quarenta minutos eu chego... aconteceu alguma coisa?
- Preciso conversar.
- Tudo bem. – disse, nos despedimos e eu desliguei.
Rumei imediatamente para a Adega do Pimenta, na Rua Almirante Alexandrino em Santa Teresa, lá a gente tomava uma cerveja alemã até cair.
Quando eu cheguei, Deby já estava sentada bebendo. Percebi que ela não estava nada bem por conta da postura encurvada, as mãos soltas na mesa, o olhar perdido em um ponto fixo... Deby era o oposto de tudo isso, percebi naquele momento que a coisa devia ser séria. Puxei uma cadeira, ela então desviou o olhar até que ele alcançasse a mim, beijei-a no rosto e me sentei na cadeira que eu havia puxado. Neste instante pude ver a transformação dos olhos de minha amiga, eles estavam vagando pelo nada, mas assim que encontraram os meus ficaram expressivos e lacrimejantes.
- O que tá acontecendo, Deby?
- Acho que a Jess tá com câncer. – falou a queima roupa. Tentei me nortear por alguns segundos, como se não tivesse ouvido o que ela tinha dito, e tentei ordenar as palavras dentro da minha cabeça.
- O que?
- Eu... terminei com ela.
- O quê? – não sei se a minha pergunta era pela doença ou pela estúpida notícia de término de namoro.
Ela deslizou as mãos pela face, acendeu um cigarro... olhei o cinzeiro na mesa, estava repleto de pontinhas, algumas ainda em brasas.
- Eu não tenho estrutura para segurar a barra, entende?
- Não, eu não entendo. – falei quase dando um murro na cara dela – Você acha que tá melhor do que ela? Cara! Tem ideia do quanto a Jess vai precisar de você agora?
- Pelo amor de Deus, Dul! Eu já ouvi sermão de todos os nossos amigos, a última pessoa deste mundo que eu pensei ouvir esse discurso era de você! – apontou o dedo na minha cara – Somos iguais, e eu tenho certeza que se você tivesse na minha pele, também não seguraria a onda.
- Não inverta os papéis, tá? – chamei o garçom, pedi uma cerveja – Como isso aconteceu?
- Não sei direito, mas ela... ela me mostrou um exame e disse que teria que repetir, caso desse positivo, teria que retirar a mama, sabe? – estava nervosa, abatida como eu nunca tinha visto antes – Não... consegui aguentar. Ela vai perder o seio, Dul! Vai... vai ficar sem cabelos, saca?
Fiquei em silêncio, eu não conseguia materializar o que ela tava sentindo. Ao primeiro momento até achei injusta a atitude dela, mas eu realmente não sabia se teria forças suficiente para encarar uma namorada doente. Deby falou por horas e horas, chorou, arrancou os cabelos, tomou várias cervejas e por fim, eu a levei para casa.
Não sabia como lidar com essa coisa de doença, por isso não consegui sequer ligar para Jess, e não ligaria tão cedo, na verdade, eu tinha medo dela dizer que não estava bem, e eu preferia pensar nela como uma pessoa saudável.
Eu tive insônia naquela noite, ainda bem que eu não teria de trabalhar no domingo. Abri o computador e vasculhei algumas histórias no site bobo que Lygia costumava entrar para passar o tempo, mas desta vez eu me certifiquei de que a porta estava fechada. Abri a página dos recados de Maldito Platão, e para a minha surpresa... Sorri ao ler o recado... “Nossa! Melhor impossível!”, me peguei dizendo enquanto eu lia – depois de uma semana de espera -, a resposta de Amor impossível. No mesmo instante eu a adicionei no MSN. Fiquei intrigada com o seu endereço de e-mail... “Any!” Resolvi respondê-la no site também:
De: Amor possível
Para: Amor impossível.
Mensagem: Então, temos um encontro marcado. Te esperarei dia e noite, nem que seja para você me dizer apenas um “oi”.
E, esperei... esperei... três dias e três noites, apenas interrompi o meu plantão quando eu tinha que me deslocar até o trabalho e de volta para casa. Não cheguei atrasada no escritório um dia sequer. Não falei mais com Deby, nem tive coragem de ligar para Jess... Lygia eu não vi durante esses dias, mas não deixei de perturbá-la com torpedos desaforados. Eu sabia que ela tinha lido a resposta de Amor impossível no site.
Eram cinco e quarenta da manhã de quinta-feira quando eu vi a tela do computador tremer. Sai da cama tropeçando no lençol.
Amor impossível diz:
Oi
Dul diz:
Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Estava esperando por você
Amor impossível diz:
Você é um menino? Está escrito Dul. Rsrsrsrs
Dul diz:
Meu nome é Dulce, mas pode me chamar de Seu amor Possível
Amor impossível diz:
Prazer Dul
Dul diz:
Não vai me dizer seu nome?
Perguntei, mas de repente meu computador ficou com a tela negra... eu me desesperei e quase quebrei-o de tanto bater, mas de nada adiantou, a energia havia acabado. Olhei pela janela, todos estávamos na escuridão. Quase gritei de raiva. “Falta de sorte!”
Autor(a): MahSmith
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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tryciarg89 Postado em 07/09/2023 - 19:47:25
Fofa demais,ameiii esse final
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angelr Postado em 19/08/2015 - 15:02:05
Que web linda 😍😍
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lunaticas Postado em 16/05/2015 - 22:16:20
Linda web <333
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justin_rbd Postado em 20/01/2015 - 13:13:01
MAIS UMA VEZ EU AQ KK,RELI SUA FIC E ME AMOCIONEI MAIS UMA VEZ ,
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justin_rbd Postado em 27/11/2014 - 13:55:10
sua fic foi perfeita !! parabéns
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vverg Postado em 22/02/2014 - 10:56:21
Linda história do começo ao fim =)
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vverg Postado em 17/02/2014 - 21:35:38
Nossa!!!! A historia é muito triste, mas não deixa de ser bonita pela entrega das duas... =)
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laryssales Postado em 16/02/2014 - 14:05:57
omg a fic ta cada vez mais envolvente *-*
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juhdul7 Postado em 16/02/2014 - 10:22:29
Amei a fic!! Posta mais!!
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isabela_araujo Postado em 10/02/2014 - 17:24:37
adorei a fanfic, posta maais (: