Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD

Sentei na cama colocando o tênis para depois arrumar o cabelo. Meus cachinhos loiros estavam todos bagunçados. Também cabelo comprido só dá nisso. Saí em direção a sala e encontro minha mãe entrando desesperada junto com Leandro e meu pai.

- O que aconteceu? – perguntei ao ver como estavam afoitos.

- Como o que aconteceu? – perguntou minha mãe chorando – Você... você teve uma convulsão.

- Como assim convulsão? Eu to bem. Não tem nada de errado comigo. Você tá bem mãe?

- Você não tá sentindo nada? – perguntou me guiando até o sofá segurando minha mão.

- Claro que não. Senti uma leve tontura minutos atrás, mas já passou.

- É melhor levá-la no medico. Ainda pode estar desnorteada – falou Leandro se sentando ao meu lado – O carro tá ai na frente. Daqui até o hospital Brasil é perto.

- Você também vai entrar na loucura da minha mãe? Vocês dois parem com isso! – falei me levantando - Vamos pro buteco logo antes que eu fique maluca.

- Anahi isso não é brincadeira! Você tem que ir ao medico saber o que está acontecendo.

- Não está acontecendo nada mãe. Chega! Vamos logo Leandro.

- Você não vai a lugar nenhum, muito menos beber – falou minha mãe se postando na minha frente – Você vai no médico! vou pegar minha bolsa. Onde está sua identidade e o cartão do convenio?

- Mãe! Mais...

- Sem mais nada Anahi! Você vai e pronto.

Resmunguei. Bati o pé e depois de meia hora estávamos parados na frente do pronto socorro do hospital. Desci pisando nos calcanhares com minha mãe em meu encalço e Leandro que estava com os dias de vida contados por ter acatado aquela loucura. Estava bem. Apenas tive uma tontura básica. Sabe daquelas de quando você abaixa rápido e parece que o mundo roda um pouquinho? Nada que precise ir a um medico, mas lá estava eu sentada na frente do doutor que me olhava com sua melhor cara de sono se perguntando o que uma pessoa saudável como eu estava fazendo ali.

- Você está ótima menina. – falou ajeitando o estetoscópio no pescoço – Sua saúde vai melhor que a minha. – Piadinha sem graça...

- Fala isso pra minha mãe. Escutou dona Marilia? Eu estou bem.

- Sem gracinhas Any – me respondeu lançando um olhar duro – O que pode ter levado a convulsão doutor?

- Alguma reação ou intoxicação a medicamentos, desidratação profunda, alguma queda ou lesão na cabeça... Há vários fatores que pode desencadear uma convulsão. Vou receitar um remédio e se mantenha em repouso absoluto por três dias. Se acontecer novamente retorne para o hospital.

- Não seria melhor ela fazer algum exame detalhado?

- Não se preocupe dona Marilia, sua filha está ótima e vai viver muito mais que nós dois.

Sai do consultório com mais aquela piadinha sem sentido que os médicos gostam de dizer e rumei para o carro do Leandro. Sentei no banco da frente enquando minha mãe se acomodava no banco detrás. Eu tinha que zuar!

- Satisfeita mãe? Eu estou ótima!

- É bom cuidar Anahi. Podia ser algo grave.

- Mas não é. E como tudo tem seu lado positivo não preciso ir trabalhar amanhã, nem depois e nem depois... – falei debochada rindo – Três dias de folga.

- Você não tem jeito mesmo...

- Relaxa mãe... Vai ser ótimo passar três dias longe daquela loja. Não suporto mais aquele lugar...

- Se você não tivesse abandonado a faculdade podia ter um emprego melhor...

- Não começa mãe. Tô pagando minhas contas não tô?

- Que contas Anahi? Você não paga nada em casa e eu ainda compro um monte de coisas...

E o sermão se seguiu até São Caetano.

Acordei com minha mãe batendo na porta do quarto me perguntando se eu estava bem. Olhei para o relógio que marcava oito horas da manhã. Estaria ótima se estivesse dormindo e gritei isso em alto e bom tom. Depois de muito rolar para um lado e outro sem conseguir pegar no sono. Sentei na frente do computador por cinco segundos até ver a porta do quarto abrindo.

- Volta pra cama Anahi – falou minha mãe com uma bandeja de café – Três dias de repouso absoluto.

- Qual é mãe! Eu estou de repouso. Vou ficar sentadinha nessa cadeira confortável e repousar.

- Engraçadinha. Você só vai poder mexer nisso ai quando passar os três dias. Não está se divertindo?

- Mãe... Para de neuroses! Me deixa sossegada!

- Não. E pra que você não tenha uma súbita vontade de fazer coisa errada quando eu não tiver perto vou levar o modem da Internet comigo. Quarta feira eu te devolvo.

- Tá de palhaçada né?

- Não. Aproveita seus três dias de folga!

Juro que eu só não a xinguei por que ia levar um tapão na cara! Que ódio!  Assisti tv fazer o que? Tudo o que me restou foi dar audiência no programa da Ana Maria Braga. Liguei para Amanda na parte da tarde, mas ela estava em alguma outra cidade por causa do trabalho. Me joguei na cama olhando para o teto e vi a quarta chegar na mesma monotonia.

- Oi amor! Que saudades! – falei ao ouvir a voz de Amanda do outro lado da linha – já chegou da viagem?

- Cheguei tem umas duas horas... Também tava morrendo de saudades... Você vem me ver esse final de semana?

- Vou ver se consigo sair de casa. Tive um problema no domingo e to de molho até hoje.

- O que aconteceu?

- Tive uma convulsão, mas não foi nada demais.

- Como não foi nada demais? O que o médico disse?

- Que vou viver mais que minha mãe. Só estresse.

- Você procurou outro?

- Claro que não. Não precisa. Eu to bem. Não me deu nada de diferente e além do mais eu nem lembro de ter tido isso.

- Você tem que se cuidar Any. Não gosto nem de pensar na idéia de algo acontecer a você.

- Não vai me acontecer nada. Eu já disse que te amo?

- Não. Ainda não me disse.

- Eu te amo...

Adoro ficar horas com Amanda no telefone, mas naquela tarde só pude ficar quarenta minutos. Desliguei o aparelho e virei de lado adormecendo.

Acordei de madrugada com o estômago reclamando de fome. Sai sorrateira para fazer um assalto na geladeira e depois de comer um lanche caprichado voltei para o quarto, mas parei na sala enxergando meu modem na estande. Finalmente alguém havia pensado no meu bem estar! Liguei o computador voltando para a vida on-line e add um garoto no MSN. Onde será que ele havia pegado meu e-mail? Ele estava on. Que ser humano sem nada pra fazer fica on as cinco da manhã a não ser eu?

            Amor impossível diz:

            Oi

            Dul diz:

            Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Estava esperando por você

            Amor impossível diz:

            Você é um menino? Está escrito Dul. Rsrsrsrs

            Dul diz:

            Meu nome é Dulce, mas pode me chamar de Seu amor Possível

Ah! Então era ela!

            Amor impossível diz:

            Prazer Dul

            Dul diz:

            Não vai me dizer seu nome?

            Amor impossível diz:

            Any. Anahi, mas pode me chamar de Seu amor impossível.

Um minuto sem resposta... Dois minutos até acusar que ela havia saído e que minha mensagem não tinha sido entregue. Ok. Esperei ela entrar novamente por mais dez minutos e mudei meu status para off-line. Que a senhorita Amor possível fosse à merda. Aquele papo já tava me enjoando. Li as atualizações dos contos e me arrumei para o trabalho. Na noite daquele dia arrumei minha mochila para viajar. Iria direto do trabalho na sexta encontrar minha amada em Cerquilho.

Cheguei na estação Tiete as sete da noite moída de tanto ser espremida no metrô lotado. Maldito horário de pico! Fui para o banheiro arrumar minhas roupas e prender o cabelo para poder viajar com mais conforto. Sorri internamente me lembrando que disse a minha mãe que estaria na casa de uma prima que acobertava minhas escapadas. Estava terminando de fazer um coque displicente quando senti uma dor incomoda do lado esquerdo da cabeça. Apoiei as mãos na pia e me virei para a senhora ao meu lado que me perguntava se estava tudo bem. Fechei os olhos em resposta.

Olhei ao redor para as pessoas que me encaravam e fiz uma careta. Parecia um bichinho no zoológico. Me levantei da cadeira onde estava e fiz menção de ir até o espelho acabar de arrumar o cabelo para não perder o ônibus, mas fui detida pela senhora eu me olhava intrigada.

- Você está bem? – me perguntou segurando meu braço me mantendo sentada.

- To. Porquê?

- Você teve uma convulsão. Não se lembra?

De novo aquele papo, mas me preocupei dessa vez.

- Quanto... Quanto tempo faz?

- Foi rápido... Poucos minutos.

- Eu estou bem obrigada. Tenho que ir senão vou perder o ônibus – respondi me levantando pegando a mochila.

- É melhor você ir para um hospital...

- Meu médico é em Cerquilho. Tenho que voltar pra lá e vejo o que está acontecendo. Não se preocupe.

- Vamos chamar uma ambulância que é melhor...

- Não vai ser necessário. Tenho o remédio pra isso, mas tá em Cerquilho. Eu tenho que ir – terminei aflita olhando para o relógio. Só me faltava perder o ônibus.

E perdi. Esperei por mais uma hora a próxima viagem sem conseguir falar com Amanda. Ela me esperaria horrores na estação.

- Any! Meu que droga! Porque você se atrasou tanto? – perguntou Amanda ao me ver.

- Oi linda! Também estava com saudades... – falei sarcástica – desculpe. Não foi por querer...

- O que aconteceu? – perguntou me abraçando.

- Tive outra convulsão.

- De novo? Você não tá querendo que eu acredite nisso só para aliviar seu atraso não é mesmo?

- Você acha que eu brincaria com um negócio desses? – perguntei surpresa pela indiferença dela – Esquece isso. Não quero discutir.

- E nem vamos. Vem. Te preparei uma surpresa.

Amanda seguiu o caminho todo falando sobre o trabalho dela enquanto minha cabeça doia levemente. Aquilo realmente estava me preocupando. Quando voltasse para são Paulo iria procurar um medico de confiança para ver o que era aquilo. Chegamos na frente da sua casa e tudo estava apagado.

- Onde seus pais estão? – perguntei descendo.

- Na casa da minha tia. É festa de bodas do casamento dela. E adivinha? Não vão voltar hoje...

- Que boa noticia... – falei enlaçando sua cintura beijando seu pescoço – Ótima noticia!

- Ótimo ainda vai ser... Vem ver...

Amanda tinha preparado o seu quarto com velas e rosas. Confesso que não estava afim de me esforçar naquela noite devido o ocorrido, mas quando ela saiu do banheiro com uma lingerie vermelha destacando suas curvas a ultima coisa que me lembrei foi da cabeça que doía. Subi minhas mãos pelas suas pernas beijando sua barriguinha por cima da renda, encontrando o projeto de uma calcinha com laços nas laterais. Puxei-a pra cama desamarrando a peça e afundei minha cabeça em seu sexo. Como aquela mulher era maravilhosa! Adorava seu gosto e seus gemidos me pedindo mais. Não me fiz de rogada. Tirei minhas roupas com urgência e me uni a ela saciando a saudade daquela pele com cheiro de morango.

Sai nua da cama a procura de um cigarro. Amanda dormia tranqüilamente enquanto minha cabeça latejava de dor. O sábado já estava amanhecendo quando sai à procura de um remédio. Encontrei o notebook da minha morena encima da mesa de jantar e liguei procurando alguma coisa para fazer até o comprimido começar a fazer efeito. Dul estava on-line. “Acho que essa menina não dorme” pensei.

Amor impossível diz:

            Oi...

            Dul diz:

            Oi moça que some...

            Amor impossível diz:

Tive uns problemas... Fiquei te devendo meu nome né? Também você me deixou falando sozinha

            Dul diz:

            Acabou a maldita energia aqui.Vai me falar seu nome agora?

            Amor impossível diz:

            Any. Anahi.

            Dul diz:

            Prazer Anahi. O que aconteceu que você que não ficou mais no MSN

            Amor impossível diz:

            Tive uma convulsão...