Fanfic: Estranhas Conhecidas (Portiñon) | Tema: Portiñon, AyD

Eu definitivamente estava sem resposta. Não sabia o que dizer para a Dul. Ela parecia uma pessoa simpática e não é justo magoar pessoas simpáticas, mesmo que seja com palavras que na minha opinião é a pior forma de se machucar alguém. Vi a caixinha ficando no off-line e pensei em presenteá-la com um gerador. Sai em direção ao quarto e sentei na beirada da cama velando o sono de Amanda. Ela sempre fica extremamente linda quando dorme com um semblante calmo, quase de anjo. Por mais que eu tivesse relevado na hora, uma frase que ela me disse no dia anterior ficou matutando na minha mente: Será que ela realmente achava que eu tinha inventado a convulsão só por causa do meu atraso. Detesto palavras mal ditas e fora exatamente isso que acontecera no dia anterior. A Dul podia me zuar com a taquicardia sem acreditar nas minhas palavras afinal ela nem me conhece e nem vai me conhecer, mas não a minha morena. Vi o sol despontando olhando para a rua tranquila pela janela do quarto. Decidi sair para dar uma volta pelas ruas vazias e o clima ameno do lugar.

Voltei para a casa de Amanda depois de uma hora. Sentia o corpo revigorado, mas a cabeça ainda doía. Sentei na beirada da cama acariciando seus cabelos fazendo-a despertar.

- Bom dia meu amor...

- Bom dia... - respondi acariciando seu rosto. Os olhos estavam inchados pelo sono – dormiu bem?

- Muito bem... Que horas são?

- Sete e alguma coisa da manhã. Ainda tá cedo.

- Bem cedo. Caiu da cama?

- Perdi o sono.

- Eu vou dormir mais um pouco... – falou se espreguiçando virando para o lado – Me abraça?

- Claro... – respondi me encaixando em seu corpo em conchinha, mas a ultima coisa que consegui foi pegar no sono.

Levantei depois de uma hora para preparar o café da manhã. Arrumei uma bandeja e coloquei uma rosa encima dela que roubei em um jardim vizinho no trajeto de volta da padaria. Acordei-a novamente com seu ar preguiçoso e ficamos trocando caricias por um longo tempo. Não queria ir embora, mas o horário da tarde chegou e com ele meu horário de partida, mas não iria sem tirar a limpo o mal entendido do dia anterior.

- Linda eu quero te perguntar uma coisa... – comecei escolhendo as palavras – Ontem você me disse que eu tinha inventado que passei mal para amenizar o meu atraso. Você estava falando serio?

- E não é verdade Any? – me respondeu com uma pergunta que me soou como uma afirmação – Você sempre arruma alguma desculpa quando quer fugir de alguma coisa.

- Você acha que eu teria coragem de brincar com algo serio como minha saúde?

- Any! Você vive matando alguém no trabalho para faltar... Eu conheço suas desculpinhas...

- Se você acha isso... – falei com a voz carregada de decepção – Bom saber que é essa idéia que você tem de mim – finalizei pegando minha mochila saindo para a rua.  

- Any para de frescura... – falou Amanda vindo atrás de mim – eu vou te levar na estação.

- Não precisa. Eu vou pegar o ônibus que está vindo – falei dando sinal para o motorista.

Não escutei o que Amanda tinha para me dizer. Ok. Sou impulsiva, mas qualquer um podia duvidar da minha palavra, não ela. Assim que cheguei na estação liguei para minha morena, mas ela não me atendeu. E assim se seguiu pelos três dias consecutivos.

Não encontrei mais a senhorita Amor Possível on-line. Bom, pra uma pessoa viciada em Internet como ela devia ser era estranho que passasse o final de semana off-line. Mas com o que seu estava me preocupando? Com uma doida sem eira e nem beira. Aff! Às vezes saio com esses trocadilhos medonhos da minha mãe. Falando nela não parou de me aporrinhar com preocupações em relação a minha saúde, isso por que nem falei pra ela da segunda convulsão que tive. Amanda resolveu me atender na hora do meu almoço na segunda. Ela parecia distante e não era imaginação minha. Eu fui rude e estúpida com a minha morena e me desculpei por isso. Não devia ter sido tão infantil.

A semana passou na mesma rotina que eu já estava habituada. Nada mudava na minha nada mole vida, encontrei Dul on na sexta, falei um oi, mas ela me deixou no vácuo. Quem vai entender as cariocas? Fiquei o sábado inteiro na frente do computador e no começo da noite marquei um encontro virtual com Amanda. Ela já parecia mais tranquila comigo e me surpreendeu dizendo que viria a São Paulo no outro final de semana. Comemorei como uma criança a noticia, mas fui interrompida pela caixinha do mensseger.

Dul diz:

Oieeeeeeeee

Amor impossível diz:

Vai me deixar falando sozinha de novo?

Dul: diz:

Estava resolvendo um problema de extrema urgência...

Amor impossível diz:

Hum... Salvando o mundo da fome?

Dul diz:

Hehehehehehehehe

Amor impossível diz:

Não vou nem perguntar o que significou esse seu risinho...

Dul diz:

Não estava dando de comer se é o que quer saber... Rs!

Amor impossível diz:

Socorro! Você e suas piadinhas... Se estivesse também...

Dul diz:

Não estava. Pode ficar tranquila... Você acredita em destino?

Amor impossível diz:

Por que?

Duldiz:

Eu não ia entrar na net agora, mas algo me disse que você estaria on.

Amor impossível diz:

Não vai começar com aquele papo de novo...

Dul diz:

Any eu já te falei. Não é coincidência... Alguma coisa faz você gostar de tc comigo... Algum tipo de sentimento...

Amor impossível diz:

É um tipo de sentimento mesmo. Saudade da minha namorada que mora em uma cidade do interior... E completa ausência do que fazer...

Dul diz:

Quero te conhecer... Mesmo que seja pela net. Liga sua cam.

Amor impossível diz:

Não quero te assustar. Acabei de acordar.

Dul diz:

Mentirosa! Só um pouco... Quero ver como você é...

Amor impossível diz:

Um segundo e depois desligo.

Dul diz:

Tudo bem... Já vou ganhar meu sábado...

Me afastei do comutador apenas para me certificar que os meus cachinhos estavam em ordem e voltei para a frente do pc ligando a câmera. Detesto a sensação de ser vista por alguém dessa forma. Só ligava ela para Amanda... Falando nela voltei para sua caixa de msg. Ela tinha saído e eu nem tinha visto. Também fiquei entretida com a senhorita Amor possível e me esqueci completamente da minha morena. Voltei para a caixinha da Dul e ela não havia acrescentado nada. Resolvi quebrar o gelo.

Amor impossível diz:

Muito prazer... Eu sou a Anahi.

Dul diz:

E que prazer... Digo... Muito bom te conhecer...

Amor impossível diz:

Vou desligar agora.

Dul diz:

Não... Deixa mais um pouco...

Amor impossível diz:

Me dá só um minuto...

Dul diz:

Até dois... 

Sai da frente do pc rindo do comentário da Dul para buscar um comprimido para dor de cabeça. A tela do computador ficava de frente para a cômoda e só assim vi que estava me exibindo a ela apenas de baby-look e calcinha. Sai rápida para a cozinha pegar água e voltei. Assim que pisei o pé no quarto senti a dor aumentando e a cabeça começando a rodar. Apoiei a mão no móvel e olhei para a cam. Apenas fechei os olhos.

Voltei a sentar na frente do pc, mas a Dul havia saído sem nem ao menos me dar tchau. Dane-se não ia mais falar com ela. Passei a mão no cabelo para prender para trás e depois bloqueá-la, mas quando coloquei a mão no mouse vi que estava com uma mancha de sangue. Andei até um espelho e vi que tinha um corte no supercílio. Foi então que a ficha caiu devagar... Eu tive outra convulsão. Que merda estava acontecendo comigo? Peguei o celular e liguei para o Leandro.

- Gato preciso de você. Quero que me leve até um hospital