Fanfic: Procura-se um Marido - Finalizada | Tema: Vondy [Adaptada]

- Muito bem, pessoal. Vocês vão ouvir o que tenho a dizer, ou vão continuar fazendo suposições? – falou
ficando em pé, tentando acompanhar o vai e vem do pai. Todos o ignoraram.

Levantei também, sem saber o que fazer.

- O que foi que eu disse, Alexandra? Eu falei que ele ia acabar colocando a Dulce numa posição ruim. O que a família dela vai pensar? Que foi essa educação e os princípios que ensinamos a esse moleque?

- Querido, acalme-se um pouco – pediu ela. – Toda essa agitação vai fazer mal para Dulce, ela não deve se exaltar. Não faz bem para o bebê – e espalmou a mão em minha barriga, de forma protetora.

- Dona Alexandra, eu não estou... – e me afastei dela, constrangida.

- Pois ela não vai ter motivos para se exaltar, porque o seu filho vai agir como homem! – Victor parou e
encarou Chris. – Eu vou dizer o que você vai fazer agora, meu rapaz – ele apontou um dedo autoritário
para o filho. – Você vai procurar a família dela, pedi-la em casamento, se desculpar por ter colocado o
carro na frente dos bois e dar seu nome a essa menina e à criança que ela carrega no ventre.

- Oh, Meu Deus! Um netinho! – Alexandra saltitou.

- Isso pode ser legal – conjeturou Rafael. – Principalmente se for um menino. Posso ensinar a ele tudo
que sei. Videogame, bolinha de gude, carrinho de rolimã... Uh, ele vai adorar a minha coleção de carrinhos de ferro...

- A Dulce não tem família, pai – explicou Chris, abrindo os braços, suspirando exasperado. – Os pais dela morreram quando ela era pequena, e o avô morreu há pouco mais de dois meses. Mas ela não está Gr...

Isso fez com que Victor realmente se enfurecesse.

- E você se aproveitou dela sabendo de tudo isso?!

- Se bem que se for uma menina também pode ser legal – continuou Rafael, com ar sonhador. – Quer
dizer, nem toda menina gosta só de boneca. Talvez ela se amarre em carrinhos também. Eu podia
construir uma casinha pras bonecas dela, com garagem e tal. Posso pintar de rosa se ela gostar, mas
preferia pintar de azul, pros carrinhos não se sentirem muito afeminados. E depois, quando ela crescer,
vou poder ameaçar tudo que é moleque que chegar perto dela... Hum... acho que eu prefiro que seja
menina.

Respirei fundo.

- Não estou grávida.

Ninguém me deu ouvidos.

- Você se aproveitou de uma menina desamparada, Christopher Alexander? – esbravejou Victor. – Que tipo de homem você se tornou?

- Não estou grávida! – eu disse mais alto.

- Seu pai tem razão, Chris. Você não devia ter feito isso. A Dulce é uma moça adorável. Ela não merecia ser tratada assim.

- EU NÃO ESTOU GRAVIDA! - gritei.

Um silêncio fúnebre se instalou na sala. Todas as cabeças se voltaram em minha direção. Rafael me
olhava duvidoso, Victor não parecia acreditar, Chris estava aliviado por finalmente terem me ouvido, e
Alexandra...

Alexandra estava à beira das lágrimas.

- Você não está grávida? – sussurrou ela. 

- Não.

- E por que vocês fizeram a gente acreditar que estava? – Quis saber Rafael irritado.

Christopher se colocou ao meu lado, me abraçando pela cintura.

- Nunca dissemos que a Dulce estava grávida. Vocês é que deduziram isso. Erroneamente – ele frisou.

- Mas... vocês não vão ter um bebê? – insistiu a mãe.

- Não, mãe. Não vamos.

- Mas... Mas... – ela piscou algumas vezes, atônita. Senti uma fisgada no coração por desapontá-la, ainda que um bebê estivesse longe de minha lista de desejos. Na verdade, nem estava na lista.

- Então o que você queria nos dizer, filho? - Quis saber Victor, com a testa franzida.

Chris inspirou profundamente antes de soltar:

- A Dulce e eu nos casamos.

Victor prendeu a respiração.

- Vocês vão se casar?

- Não, pai – disse Chris, lentamente. Ergueu a mão esquerda e exibiu a larga aliança. – Nós já nos
casamos. Foi cerca de um mês atrás.

E, se eu achei que nada poderia ser pior que a confusão de poucos minutos antes, quando eles pensavam que eu estava grávida e Chris era um irresponsável, era porque não conhecia muito bem aquela família.

O rosto de Victor se tornou duro como o de um cadáver. Alexandra soltou um horrorizado “Oh!”, e Rafael... era Rafael.

- Vocês já O QUÊ?! – gritou o garoto.

- Já nos casamos – confirmou Christopher.

Alexandra, atordoada, precisou da ajuda de Victor para se sentar. Rafael proferia uma infinidade de palavrões, todos eles direcionados a Christopher.