Fanfic: Procura-se um Marido - Finalizada | Tema: Vondy [Adaptada]
Meus olhos quase saltaram das órbitas.
- Sim, Dulce, eu sei que o irmão caçula depende do Christopher.
- Não permita que façam nada contra o Chris – me ouvi dizendo. – Por favor!
Juan se levantou lentamente e me rodeou, até pousar uma mão gorducha em meu ombro. Senti um
calafrio quando ele me tocou.
- É por isso que estou aqui. Se afaste do Christopher, para o bem dele. Peça o divórcio e acabe de vez com esse casamento de fachada. Assim você ainda terá a chance de recuperar sua herança algum dia, Dulce. Garanto que o Hector não vai fazer nada contra o Christopher enquanto eu for o curador da sua herança.
- Por que o Hector me odeia tanto? – cobri o rosto com as mãos. – Qual é o problema dele? Eu não ia
destituir ele do cargo de presidente, Juan. Quando eu assumisse a herança, ia deixar tudo como está!
- Você acha que é por isso? Que o Hector está tão empenhado em te desmascarar apenas para não perder a presidência?
- E o que mais pode ser? É a única explicação lógica que vejo. Ele não pode estar preocupado com o meu bem-estar, não é?
Juan franziu a testa.
- Isso é muito grave, Dulce. Se o Hector está fazendo tudo isso apenas para continuar à frente do
conglomerado, é porque esconde algo.
Um sinal de alerta se acendeu em minha cabeça.
- O que você disse? – me virei na cadeira.
As sobrancelhas de Juan se tornaram uma só.
- Foi só uma suspeita que me ocorreu agora. Acho que... Não posso acusar ninguém sem ter provas.
Preciso investigar melhor antes de levantar falso testemunho. O Hector é meu amigo, afinal. Mas, se ele
está agindo de forma ilícita, é meu dever detê-lo. Para isso, vou precisar de tempo. Se for esse o caso, se o Hector tem algo a esconder, talvez eu possa encontrar uma forma de afastá-lo por um tempo, mas você vai ter que me ajudar.
- Como?
Ele suspirou.
- Fazendo o que o Hector quer que você faça. Você tem muito a perder. O Christopher tem tudo a perder. Posso contar com você? Vamos finalmente trabalhar juntos?
Afundei na cadeira. Não pude conter as lágrimas, que caíram numa torrente desenfreada. Analisei as
possibilidades à minha frente. Eu não conseguia pensar em nada, raciocinar direito. Não queria
compactuar com Hector, mas não podia permitir que Chris perdesse o emprego que ajudava toda sua
família. Amaldiçoei-me por não ter notado as verdadeiras intenções de Hector logo de cara.
- S-sim – chorei. – Vou me afastar do Chris.
- Boa menina – ele murmurou, juntando suas coisas – Vou falar com o Hector agora mesmo. Não se
preocupe mais com ele. Vou cuidar de tudo pra você.
Eu não conseguia mais ficar ali. Precisava respirar, precisava... de Chris. Recompondo-me da melhor
maneira que pude, decidi procurar por ele aos tropeções. Vovô insistira para que eu contasse a ele sobre a confusão do jantar do Comex, e isso realmente ajudara. Talvez essa situação fosse parecida. Talvez Chris soubesse o que fazer, me ajudasse a pensar em algo. Entretanto, não o encontrei no setor nove.
- O Ucker foi até a sala da copiadora – Paulo me disse. – Aqueles australianos estão acabando com nossos nervos! Não param de pedir cópias de tudo. Ei, você está bem?
- Estou. Obrigada, Paulo. Só preciso falar com ele.
Segui pelo corredor com os olhos inchados, sem realmente me dar conta dos olhares curiosos ao meu redor. A porta da sala claustrofóbica estava fechada. Entrei sem bater, esperando que Chris estivesse ali e eu pudesse despejar tudo. Agradeci quando abri a porta e o vi, mas, um segundo depois, me senti como se estivesse ruindo. Ele estava acompanhado. Na verdade, estava muito ocupado, segurando Belinda pelos ombros. As mãos dela lutavam com os botões de sua camisa, a boca lambuzada de batom estava afundada em seu pescoço. Chris a segurava com força, não consegui entender se para afastá-la ou trazê-la para perto. Quando finalmente me viu, seus olhos assumiram um tom mais escuro.
- Dulce, não! Não é nada disso que você está pensando – disse ele, dando um empurrão nada gentil em
Belinda.
Ela cambaleou, sorriu e se endireitou, fechando os botões da blusa com deliberada lentidão.
- Ah, Chris, que desculpa horrível – zombou. – Ela viu a gente!
- Cala a boca, Belinda! Só... – ele bufou, olhando para ela com algo parecido com desprezo e fúria. Depois voltou os olhos para mim e se aproximou, apenas um passo.
Sábio de sua parte. Eu estava um pouco fora de controle e não sabia do que seria capaz se alguém me
tocasse naquele instante.
- Não é o que parece – ele tentou.
Apenas observei a cena: Belinda alisando a saia, o rosto e o pescoço de Christopher sujos de batom vermelho, o desespero em seus olhos. Por um momento, cogitei a hipótese de esmagar a cabeça volumosa de Belinda com a tampa da copiadora. Mas de alguma forma me contive. Eu tinha sérios problemas naquele momento, e ela não passava de um pequeno incômodo.
Deixei a sala da copiadora da mesma forma que entrei: muda e com os olhos inchados. Corri para pegar
minha bolsa e desci as escadas o mais rápido que pude. Christopher me seguia a passos largos. Quando alcancei a calçada, ele me agarrou pela cintura, me detendo. Eu o empurrei, sem obter muito sucesso. Soquei seu peito descarregando minha raiva, chorando e rugindo ao mesmo tempo, tentando me acalmar.
- Foi um truque! Eu jamais faria qualquer coisa para te magoar. Jamais! Você precisa acreditar em mim! – ele implorou com os olhos loucos, segurando meus pulsos e tentando me fazer parar de socá-lo – Acabei de te conquistar, você acha mesmo que eu colocaria tudo a perder?
Eu queria dizer muitas coisas, mas não pude. Eu sufocava com palavras, com sentimentos, com imagens horríveis – ele agarrado a Belinda, Rafael em sua cadeira de rodas, Hector e sua maldade, meu avô num caixão, Juan anunciando o fim do meu casamento. Era muita informação. Hector era um golpista, um chantagista, um demônio. Belinda era o que sempre fora, uma vaca. E Christopher era o homem que eu amava, fedendo a perfume barato e com o rosto manchado por um batom que não era meu.
Puxei os braços, me livrando de seus dedos.
- Não toca em mim!
Nesse momento, um ônibus encostando no meio-fio começava a arrancar. Alcancei a porta antes que Christopher pudesse me impedir e subi.
- Dulce! – gritou ele, parado como uma estátua, parecendo tão desnorteado que mais lágrimas brotaram
em meus olhos.
Acomodei-me em um dos bancos, grata por ter um lugar para sentar, e chorei copiosamente. O cobrador me olhava confuso, os passageiros fingiam não notar meus soluços. Circulei pela cidade por muito tempo, zonza e confusa, sem saber o que fazer ou para onde ir.
Meu celular tocou diversas vezes, mas o ignorei. Sabia que devia ser Christopher querendo se explicar. Fechei os olhos muitas vezes, na esperança de que pudesse dormir e vovô aparecesse para me dizer o que fazer, mas aparentemente não era assim que a coisa funcionava.
O sol já começava a baixar e eu não fazia ideia de em que parte da cidade me encontrava. Lembrei-me da tarde de domingo, em como Chris se abrira, me mostrando sua alma e me fazendo amá-lo ainda mais. Lembrei-me do jantar com sua família, de como ele fora corajoso enfrentando a mágoa dos pais e a ira do irmão com a cabeça erguida. Lembrei-me da noite de sábado, do beijo apaixonado, da dança, da entrega. De seu rosto assustado quando abri a porta da sala treze, do sorriso cínico de Belinda, dos olhos pesarosos de Juan. Tudo se misturava num vórtice confuso, e eu não conseguia manter uma linha de raciocínio.
Rezei em silêncio, pedindo que alguém lá em cima me enviasse um sinal e me tirasse daquela agonia, mas nada aconteceu. O veículo reduziu para alguém descer. Olhando pela janela, vi, aninhada na estaca do ponto de ônibus, uma borboleta. Azul.
Desci às pressas, sem ter ideia de onde estava.
Autor(a): Gabi
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Perambulei pelo bairro desconhecido por algum tempo. A noite já caíra e eu sabia que devia voltar para casa, mas não queria enfrentar Chris naquele momento. Não tinha forças para isso. Encontrei uma pracinha, dessas com bancos pichados e a grama tão alta que mais parecia a beira de um riacho. Sentei no encosto do banco e apoiei os p& ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 283
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wisley_da_silva_pereira Postado em 22/01/2021 - 13:10:53
depois de muito tempo olha eu aqui de novo relendo a fic eu gostei muito e amei demais mais só que falto mesmo foi só o epilogo para termina a historia de amor dos dois
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lukinhasmathers Postado em 15/07/2020 - 09:58:05
E eu aqui novamente... Acabei debler de novo e como eu amo esse casal mano
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lukinhasmathers Postado em 16/06/2019 - 12:20:47
Que bom que a Dulce amadureceu nesta história... Só queria que tivessem um filho com o Christopher, porque eles ficaram sem camisinha né rsrsrs
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lukinhasmathers Postado em 15/06/2019 - 15:14:26
Gostei demais da história... espero volta a lê ela algum dia..
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marimari17 Postado em 04/01/2016 - 12:00:03
Se chorei? Ah como chorei, essa fanfic é tão linda. Gostei dela muito, mas especialmente por um motivo, tudo o que eu temia, tudo o que eu achava que ia acontecer, na hora do aperto, não aconteceu. Quer dizer, aconteceu sim mas não fazendo umbestrago tão grande como o esperado. E eu tava jun momento tão difícil que essa fanfic me mostrou um lado bom da vida. Desde sempre eu sabia que borboletas são pessoas que já se foram e sente nossa saudade. Mas eu sei que a fanfic é adaptada, porem mesmo assim eu quero agradecer tanto a quem criou, como a você. Essa fanfic me ensinou muito. Obrigada, por me fazer chorar as quatro da manhã! Beijo grande!
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stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 20:36:18
Muito linda! Amei
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Livia Postado em 07/05/2015 - 19:51:25
dê uma passadinha la http://fanfics.com.br/fanfic/44140/the-bad-boy-vondy-hot
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gabysavinon Postado em 27/01/2015 - 00:29:33
amei essa adaptação!!!
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sher_vondy Postado em 31/03/2014 - 15:49:49
AMORES, AQUI É A AUTORA DESSA WEB, SÓ TÔ PASSANDO PRA AVISAR QUE A NOVA WEB ''Soul Love'' foi cancelada!!! Mas entrem no meu perfil que encontrarão outras. Bsos. <33
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anapvondy Postado em 22/03/2014 - 14:22:23
Oi Gabi, passando aqui so para avisar que sua web foi divulgada na página do facebook Estórias de Gente Vondy!! Se a divulgação for indesejada nos avise e retiraremos o post.