Fanfics Brasil - Capítulo 55 [Parte 1] Procura-se um Marido - Finalizada

Fanfic: Procura-se um Marido - Finalizada | Tema: Vondy [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 55 [Parte 1]

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- Any, acho que vou vomitar – reclamei, sentindo a pele úmida de suor.


- Não vai, não. Vai ficar tudo bem. Respira. Só respira! Quer um chocolate pra acalmar?


- Não.


- Que bom. Preciso deles só pra mim.


Minha amiga inseparável e companheira de todas as horas estava de mudança e em pânico. Depois do
susto de pensar que Any havia se ferido gravemente naquela noite na mansão, Poncho finalmente colocara a cabeça no lugar e decidira manter o mergulho apenas como hobby, continuar na galeria e se tornar um homem casado. Do que Any não gostou nada – a parte do homem casado, quero dizer. Mas a rejeição ao pedido de casamento dele não foi total, de modo que, quando ela sugeriu que eles apenas morassem juntos, Poncho topou na mesma hora. Bruna, a irmã dele, não gostou da notícia, mas ele estava pouco ligando. E, mesmo sem oficializar o relacionamento, Any estava assustada, apesar de mentir categoricamente, alegando estar calma e muito segura.


Marichelo ficou um pouco abatida por ter que se separar de sua única filha, mas uma pontinha de felicidade se espreitava em seus olhos mesmo que ela tentasse esconder. Imaginei que isso tinha a ver com um instrutor muito gato da academia que ela e Any frequentavam e que agora fazia hora extra no sofá da sala de estar.


- Conseguimos um apartamento perto da sua casa. É uma gracinha – me contou Any.


- Isso é fantástico! – eu disse, enlaçando seu pescoço.


- Precisa de pouca reforma. Ah, Dul - ela sacudiu a cabeça. – Tudo parece conspirar para eu ir morar com o Poncho. Ele está eufórico. Sem contar que estaremos a quilômetros da irmã dele, aquela abelhuda sem noção, o que é mais uma vantagem – ela suspirou. – o melhor de tudo é que da pra ir a pé até a sua casa.


- Isso sim é vantagem. Eu nunca poderia ficar longe de você.


- Não sei por que não paro de comer. Devo estar com verme ou algo assim. Já engordei dois quilos essa
semana. Dois quilos! Tem um rinoceronte morando no meu estômago.


- Ou pode ser medo de começar uma vida nova com Alfonso... – sugeri. 


- Não, imagina! Medo do quê? Da gente se matar em poucos meses, como aconteceu com o meu pai e a minha mãe? – Ela mordeu outro bombom avidamente. Nem terminou de mastigar e continuou: - Ou que ele se ressinta por ter desistido da profissão de guia subaquático e comece a me odiar? Talvez ele me abandone depois de alguns meses e decida ir morar em algum lugar paradisíaco, lotado de mulheres lindas e seminuas, com a pele bronzeada e sem um grama de gordura na b/unda – ela comentou com um ar sonhador.


- Não acho que isso seria possível – objetei. – O Poncho sempre preferiu mulheres cheias de curvas e
inteligentes.


- É o que ele diz.


- É o que ele quer! – corrigi. – Você não percebe abriu mão de um sonho, na boa, sem pestanejar, pra ficar com você? O Alfonso te ama caramba! Aceita logo isso.


Ela sorriu enormemente.


- Posso aceitar... Posso muito bem aceitar isso. E apertou minha mão, animada, então examinou minhas unhas. – Ficou bem em você. Azul é definitivamente sua cor.


- Você acha mesmo? – examinei minha mão. Até que não ficou tão mal. – Decidi deixar o preto por uns
tempos. Eu usei por tantos anos, né? – expliquei, um pouco sem jeito.


Any me abraçou carinhosamente antes de dizer:


- Tempo demais. Tá na hora de deixar as cores entrarem na sua vida.


Uma batida na porta se seguiu, e logo a cabeça de Christopher surgiu entre o batente e a porta.


- Christopher! Você não podia esperar lá embaixo, como eu pedi? – reclamou Any, se colocando de pé e afofando meu vestido com vigor.


- Desculpa, mas não dá. Estou longe dela há mais tempo do que posso suportar – ele sorriu, descarado. – Está todo mundo esperando. Pronta? – ele me perguntou, se aproximando.


- Não, mas acho que preciso fazer isso de uma vez por todas.


Ele esticou o braço para que eu o pegasse, e foi assim, de braços dados com meu quase futuro e ex marido e minha melhor amiga do outro lado, que desci as escadas da mansão pra enfrentar o grupo de convidados que nos aguardavam.


Hector havia preparado uma grande festa com o intuito de me apresentar formalmente, a todos os
diretores, acionistas, funcionários e jornalistas, como herdeira do Conglomerado Lima.


Num vestido azul de mangas curtas com o comprimento até o meio da coxa e calçando malditos saltos
altos, me senti nua quando todos os rostos se voltaram para me analisar. Fiquei gelada. Juro que quase
vomitei quando subi dois degraus que levavam ao pequeno palco num canto da sala – com Chris ao meu
lado – e me deparei com o microfone à minha frente. Eu não podia fazer aquilo.


Não consigo.


- Chuta a b/unda desses malas – Chris cochichou em meu ouvida, antes de beijar minha testa e descer do palco improvisado.


E, de repente, consegui. Pensei em vô Narciso – que desaparecera dos meus sonhos – e em quanto eu o amava, quanto queria ter me despedido direito dele. Eis que a chance estava diante de mim.


Clareei a garganta e comecei:


- Boa noite. Eu sou Dulce María Espinosa Saviñon, neta de Narciso Espinosa Saviñon e Lima.
Muitos de vocês devem me conhecer desde que eu tinha cinco anos. Eu era aquela pirralha de quem o vô Narciso corria atrás, pedindo que não jogasse bolo na cara de ninguém. Eu não sei se todos vocês estão achando essa festa tão estranha quanto eu. Talvez estejam. Uma festa que reúne tanta gente do
Conglomerado Lima sem o vô Narciso é como... como se faltasse o aniversariante, ou o noivo não
aparecesse no casamento... – sorri, nervosa.


Recebi muitos sorrisos complacentes. Encontrei Any exibindo uma careta divertida, me encorajando,
Poncho a seu lado assentiu. Hector, Suzana, Janine – Espanador, Inês com seus óculos de tartaruga, até Maite, aquele doce de pessoa, sorriam me incentivando. Amaya, num canto do salão, levantou o polegar e piscou um olho. Paulo me observava com uma expressão debochada e para minha surpresa, os pais de Chris estavam ali e, a julgar pelo buraco entre eles, Rafael também.


Isso tudo ajudou, mas foi o dono de um certo par de olhos castanhos, parado ao lado da janela francesa, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, usando apenas paletó e camisa, sem gravata, os cabelos ligeiramente desgrenhados, que me encheu de certezas. Chris me lançou um pequeno sorriso, meio torto, cúmplice, que me inundou de coragem e determinação. Sorri de volta.


- O vovô adorava festas – continuei, encarando-o. Era mais fácil fingir que eu falava apenas com ele que
com toda aquela gente. – Dizia que eram as noites mais especiais do ano, em que podia reencontrar velhos amigos e fingir que tinha trinta anos outra vez. Se estivesse aqui hoje, ele estaria rindo, falando com todos, saindo sorrateiramente para fumar seu charuto as escondidas. “Eu não fumo, Dulce!”, ele diria com o rosto corado quando eu o flagrasse. E mais tarde, no fim da festa, depois que todos os convidados tivessem partido, ficaríamos os dois aqui, ele pediria um pouco de bolo e comeríamos sentados no chão, e ele me perguntaria o que achei do seu discurso. – Então eu vi a cena toda. Uma lembrança tão vívida que mais parecia um filme. Vi a mim mesma, pequena em um vestido cheio de laços e rendas, sentada no chão com a cara suja de glacê. Vovô, ao meu lado, sorria satisfeito, com a cara tão suja quanto a minha. – Às vezes ele me tirava pra dançar – e lá estávamos nós dois, eu sobre seus pés, me sentindo importante e muito adulta aos oito anos. Depois, aos quinze, desengonçada e descoordenada, rodopiando nos braços gentis de vovô. – E outras vezes ficávamos apenas ouvindo a orquestra tocar, um apoiado no outro, exaustos – e me veio a imagem da última festa, em que vovô, já sentindo o peso da idade, se manteve sentado numa cadeira, um braço em meus ombros, minha cabeça em seu peito, como se estivéssemos assistindo a um concerto. Minha garganta se fechou com as lembranças felizes. – Foi isso que fizemos todos esses anos. Estou contando essas coisas porque queria que todo mundo aqui conhecesse o vô Narciso como eu conheci. O homem simples, decente e honrado, que jamais usou ninguém para alcançar o sucesso, que adorava se deitar ao meu lado pra ver desenho animado nos momentos de folga, que fazia questão de me levar para escola todas as manhãs, mesmo se tivesse que adiar alguma reunião importante. Um homem correto, que me dava bronca por falar palavrão, mas que às vezes deixava escapar alguns quando dava uma topada... e o vovô dava muitas topadas. Um avô que me fez entender que é preciso respeitar as regras e dizer a verdade sempre... – suspirei, ainda presa aos olhos iridescentes de Chris – mesmo que doa. Um avô que foi pai, mãe, amigo, que enfrentou a perda do filho e da nora sem jamais desmoronar, para que eu pudesse ter um porto seguro. Imagino quanto isso deve ter custado a ele, mas esse era o meu avô, sempre se colocando em segundo plano para que eu pudesse ser feliz. E eu fui muito feliz – sorri, piscando, tentando desobstruir a visão embaçada pelas lágrimas.


- Prometo fazer tudo que estiver ao meu alcance para me tornar a mulher que ele sonhou – continuei. –
Vou dar o melhor de mim para que vocês, acionistas e funcionários, se sintam felizes por trabalharem
comigo. Vou me esforçar para um dia ocupar o lugar de vô Narciso honradamente. Até lá, Hector
Simione, que todos já conhecem de longa data, permanecerá nesse posto. Então, como essa é a primeira vez que o vô Narciso não está aqui... de corpo presente... – porque eu sabia que, de alguma forma, ele podia me ouvir – eu gostaria de concluir dizendo o que ele não se cansou de repetir no final de seus discursos. Bebam, comam, se divirtam esta noite, porque amanhã, meus amigos, a batalha continua e todos voltamos para o mundo real.


Fui aplaudida enquanto engolia as lágrimas. Ouvi Poncho assobiar alto ao lado de Any, abafando seu
“Uhuuuu!”, e não pude evitar o sorriso. Chris assentiu, sério, parecendo a ponto de explodir de orgulho.



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Autor(a): Gabi

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 283



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  • wisley_da_silva_pereira Postado em 22/01/2021 - 13:10:53

    depois de muito tempo olha eu aqui de novo relendo a fic eu gostei muito e amei demais mais só que falto mesmo foi só o epilogo para termina a historia de amor dos dois

  • lukinhasmathers Postado em 15/07/2020 - 09:58:05

    E eu aqui novamente... Acabei debler de novo e como eu amo esse casal mano

  • lukinhasmathers Postado em 16/06/2019 - 12:20:47

    Que bom que a Dulce amadureceu nesta história... Só queria que tivessem um filho com o Christopher, porque eles ficaram sem camisinha né rsrsrs

  • lukinhasmathers Postado em 15/06/2019 - 15:14:26

    Gostei demais da história... espero volta a lê ela algum dia..

  • marimari17 Postado em 04/01/2016 - 12:00:03

    Se chorei? Ah como chorei, essa fanfic é tão linda. Gostei dela muito, mas especialmente por um motivo, tudo o que eu temia, tudo o que eu achava que ia acontecer, na hora do aperto, não aconteceu. Quer dizer, aconteceu sim mas não fazendo umbestrago tão grande como o esperado. E eu tava jun momento tão difícil que essa fanfic me mostrou um lado bom da vida. Desde sempre eu sabia que borboletas são pessoas que já se foram e sente nossa saudade. Mas eu sei que a fanfic é adaptada, porem mesmo assim eu quero agradecer tanto a quem criou, como a você. Essa fanfic me ensinou muito. Obrigada, por me fazer chorar as quatro da manhã! Beijo grande!

  • stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 20:36:18

    Muito linda! Amei

  • Livia Postado em 07/05/2015 - 19:51:25

    dê uma passadinha la http://fanfics.com.br/fanfic/44140/the-bad-boy-vondy-hot

  • gabysavinon Postado em 27/01/2015 - 00:29:33

    amei essa adaptação!!!

  • sher_vondy Postado em 31/03/2014 - 15:49:49

    AMORES, AQUI É A AUTORA DESSA WEB, SÓ TÔ PASSANDO PRA AVISAR QUE A NOVA WEB ''Soul Love'' foi cancelada!!! Mas entrem no meu perfil que encontrarão outras. Bsos. <33

  • anapvondy Postado em 22/03/2014 - 14:22:23

    Oi Gabi, passando aqui so para avisar que sua web foi divulgada na página do facebook Estórias de Gente Vondy!! Se a divulgação for indesejada nos avise e retiraremos o post.


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