Fanfics Brasil - Capítulo 1 [Parte 1] Procura-se um Marido - Finalizada

Fanfic: Procura-se um Marido - Finalizada | Tema: Vondy [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 1 [Parte 1]

1697 visualizações Denunciar


A balada não foi das melhores naquela noite. Não compensou todo o trabalho que tive para sair às escondidas de Vô Narciso, que me proibiu mais uma vez de sair durante a semana. Cheguei em casa mais cedo que de costume, por volta das quatro da manhã, louca para cair na cama. Nuvens pesadas cobriam a lua, deixando a casa muito sombria. Sempre achei a mansão meio assustadora ao cair da noite, mais vovô adorava – tinha boas recordações incrustadas nas paredes cor de creme.


Para não atrair atenção, subi sorrateiramente os degraus da escada dos fundos que ligava a cozinha ao
andar de cima, mas que obrigatoriamente me fazia passar pelo corredor do quarto de meu avô. Prendi a
respiração, tentando fazer o mínimo de ruído possível ao passar pela porta branca com entalhes delicados. Meu esforço foi inútil, claro.


- Dulce! – chamou vovô, numa voz baixa, porém firme.


Suspirei pesadamente, soltando os ombros antes de abrir a porta e enfiar a cabeça por uma fresta no
quarto iluminado apenas pela luz do abajur.


Vovô estava sentado na enorme cama, um livro nas mãos, o rosto desapontado.


- Você achou mesmo que eu não notaria sua escapadinha? Não acha que é um pouco tarde para estar indo para a cama? – quis saber vô Narciso, me observando por sobre os óculos.


- Tecnicamente é cedo, já que tá quase amanhecendo...


- Entre, Dulce – ele ordenou.


Grunhi, tudo que eu queria era ir para minha cama, de preferência sem levar bronca. Contudo, eu sabia
que vovô correria trás de mim até soltar todos os cachorros. Era inútil tentar escapar.


Arrastando-me bravamente, como um condenado à cadeira elétrica, me sentei no pé da cama.


- Onde você estava? – ele indagou, a testa enrugada, os cabelos grisalhos ligeiramente desarrumados.


- Com a Any. Era aniversário dela. – Any era minha melhor amiga desde... bom, desde que eu me lembrava. Nós nos conhecemos no maternal e, depois que ela me salvou de um monstro horrível no parquinho do colégio, nunca mais nos afastamos. Éramos inseparáveis.


- Claro. Ela está com quantos anos agora? Cento e três? Porque nos últimos dois meses você foi a pelo
menos oito festas de aniversário da sua melhor amiga.


Droga!


- Eu disse aniversário? Eu quis dizer despedida de solteira.


Vovô suspirou.


- Dulce, eu já sou velho o bastante para saber quando estão querendo me enganar – ele fechou o livro com um movimento brusco e tirou os óculos de leitura. – Eu não entendo. Sempre dei tudo a você, nunca lhe faltou nada. Acho que o problema foi exatamente esse, não é? Acabei mimando você demais. Você é uma mulher adulta há algum tempo. Tem vinte e quatro anos, mas ainda age como uma adolescente irresponsável. Quando vai criar juízo, querida?


-Vovô, eu...


- Isso não é hora de voltar pra casa, ainda mais numa terça-feira. Já se deu conta de que você passa todas as noites e madrugadas na rua, só Deus sabe fazendo o quê?


- Eu não estava fazendo nada errado. Eu nunca faço nada errado – me defendi. 


Seus olhos castanhos, exatamente da cor dos meus, se estreitaram, as rugas ao redor tornaram tudo mais ameaçador.


- Precisei enviar três advogados a Amsterdã para livrar você da cadeia. Amsterdã, Dulce! – ele frisou, o rosto duro. – Onde tudo é permitido! Evidentemente, você teve que encontrar uma forma de mudar isso...


- Foi um mal entendido, eu já expliquei! – Ninguém nunca me deixaria esquecer aquela história?
Caramba! Uma garota não podia cometer um errinho de nada?


- Tunísia. Bulgária – ele continuou a apontar meus erros. – Aquela noite em que você foi parar no
hospital por causa de um coma alcoólico... Tudo não passou de um mal entendido?


- A prisão na Tunísia eu já expliquei, foi abuso de autoridade. A da Bulgária... – suspirei, tentando
lembrar o que havia me levado a participar daquela passeata. Na época, protestar nua com outras
oitocentas pessoas pareceu tão bacana... – Ok, não tenho desculpa pra essa. E eu me excedi um pouco na formatura da Any, o que é normal pra alguém da minha idade - baixei os olhos para o lençol branco.


- Nada disso aconteceu comigo nem com o seu pai ou qualquer amigo dele. Não creio que seja normal – ele suspirou pesadamente. – Dulce, nem sempre estarei por perto para salvar você das encrencas em que se mete. Estou velho e não agüento mais ver você brincando com a sua vida. Às vezes, me arrependo de não ter ouvido o Juan. Devia ter mandado você para um colégio na Suíça. Seu pai e sua mãe, que Deus os tenha, devem estar se remoendo de preocupação. Eu temo que, quando eu me for e deixar tudo por sua conta, você vai acabar sem nada, passando fome e ...


– blá, blá, blá. Eu já conhecia bem aquele sermão. Fiquei esperando que ele chegasse à parte em que seria enterrada como indigente e nem teria direito a um enterro cristão, o que me impediria de ir para o céu encontrar meus pais e viver feliz para sempre na chatice do Paraíso. – ... você vai passar a eternidade vagando por aí. Uma alma condenada. É isso que você quer?


- Ok. Eu juro que amanhã vou ficar em casa e fazer algo bem entediante – prometi, desejando escapar o
mais rápido possível para minha cama, a duas portas de distância.


- Não quero que fique em casa – ele apontou. – Quero que crie juízo e entenda que a vida é muito mais que festas e rapazes.


Eu duvidava muito.


- Você precisa é de um bom homem ao seu lado. Alguém que lhe mostre o verdadeiro sentido da vida,
precisa de um marido. – Lá vamos nós outra vez, pensei desanimada. – Se você se apaixonasse de verdade por um homem bom, um homem digno, de caráter, e conseguisse manter esse relacionamento a ponto de leve-lo ao altar, isso significaria que finalmente amadureceu.


- Tá bom, vovô. Vou tomar jeito, prometo, mas sem marido nessa história, ok? Agora descanse um pouco. Já está tarde, você acorda muito cedo. Teve aquela dor de cabeça de novo? – perguntei, tentando mudar o foco da conversa.


Ele sacudiu a cabeça.


- Não tive. Mas você me tira o sono, Dulce.


- Desculpa – eu disse sinceramente. Não gostava de causar aborrecimentos a vovô. Ele era tudo que eu
tinha; minha família inteira se resumia àquele homem de setenta e dois anos, dono de um bom humor
ímpar e do sorriso mais carismático que eu conhecia. – Não precisava ter me esperado acordado.


- Não consegui dormir. Aproveitei para ler um pouco. – Ele voltou a abrir o livro e colocou os óculos sobre o nariz reto.


Respirei aliviada. O pior já tinha passado. 


 




 


 


millyalmeida: Postado. =)



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Gabi

Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

- Ainda não decorou esse livro? - brinquei. – Você o lê três vezes por ano! - Há muito que aprender com Sun Tzu, querida. Você devia ler. Esse livro contém estratégias que podem ser aplicadas em todos os aspectos da vida. Pode ajudar num momento de dificuldade. - Certo. Quando estiver em guerra com alguém, eu ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 283



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • wisley_da_silva_pereira Postado em 22/01/2021 - 13:10:53

    depois de muito tempo olha eu aqui de novo relendo a fic eu gostei muito e amei demais mais só que falto mesmo foi só o epilogo para termina a historia de amor dos dois

  • lukinhasmathers Postado em 15/07/2020 - 09:58:05

    E eu aqui novamente... Acabei debler de novo e como eu amo esse casal mano

  • lukinhasmathers Postado em 16/06/2019 - 12:20:47

    Que bom que a Dulce amadureceu nesta história... Só queria que tivessem um filho com o Christopher, porque eles ficaram sem camisinha né rsrsrs

  • lukinhasmathers Postado em 15/06/2019 - 15:14:26

    Gostei demais da história... espero volta a lê ela algum dia..

  • marimari17 Postado em 04/01/2016 - 12:00:03

    Se chorei? Ah como chorei, essa fanfic é tão linda. Gostei dela muito, mas especialmente por um motivo, tudo o que eu temia, tudo o que eu achava que ia acontecer, na hora do aperto, não aconteceu. Quer dizer, aconteceu sim mas não fazendo umbestrago tão grande como o esperado. E eu tava jun momento tão difícil que essa fanfic me mostrou um lado bom da vida. Desde sempre eu sabia que borboletas são pessoas que já se foram e sente nossa saudade. Mas eu sei que a fanfic é adaptada, porem mesmo assim eu quero agradecer tanto a quem criou, como a você. Essa fanfic me ensinou muito. Obrigada, por me fazer chorar as quatro da manhã! Beijo grande!

  • stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 20:36:18

    Muito linda! Amei

  • Livia Postado em 07/05/2015 - 19:51:25

    dê uma passadinha la http://fanfics.com.br/fanfic/44140/the-bad-boy-vondy-hot

  • gabysavinon Postado em 27/01/2015 - 00:29:33

    amei essa adaptação!!!

  • sher_vondy Postado em 31/03/2014 - 15:49:49

    AMORES, AQUI É A AUTORA DESSA WEB, SÓ TÔ PASSANDO PRA AVISAR QUE A NOVA WEB ''Soul Love'' foi cancelada!!! Mas entrem no meu perfil que encontrarão outras. Bsos. <33

  • anapvondy Postado em 22/03/2014 - 14:22:23

    Oi Gabi, passando aqui so para avisar que sua web foi divulgada na página do facebook Estórias de Gente Vondy!! Se a divulgação for indesejada nos avise e retiraremos o post.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais