Fanfic: Procura-se um Marido - Finalizada | Tema: Vondy [Adaptada]
Peguei o buquê rapidamente. Ele não queria me beijar, estava apenas pegando as malditas flores. Claro
que ele não queria me beijar. Assim como eu não queria beijá-lo. Na verdade, não podia imaginar nada
mais repugnante do que ter aqueles lábios rosados e fartos sobre os meus.
Seguimos calados para o cartório, no centro da cidade. Uma borboleta voava descontrolada e subitamente se decidiu por uma única direção – a que levava ao meu encontro. Congelei na calçada, respirando com dificuldade. Ela circulou Christopher – que não deu a menor importância ao inseto nojento – e depois partiu pra cima de mim.
– O que foi? Christopher perguntou quando notou que eu não o acompanhava.
– B-b-b-b-b-b... – foi o que saiu.
– O quê? – ele se aproximou, me observando atentamente.
– B-borboleta – gemi, tremendo.
– Você tem medo? – ele inclinou a cabeça enquanto espantava o bicho com uma das mãos.
Respirei aliviada quando a vi se afastar.
– Medo? Que nada. Só... não gosto muito de insetos.
Christopher conseguira uma cerimônia privada para aquela manhã de domingo. Ele havia convidado alguns colegas de escritório. “Para dar credibilidade”, dissera. Convidei pouca gente. Any, Marichelo, Alfonso e Alice. Convidei também Juan e Telma, para que assistissem ao espetáculo e me deixassem em paz de uma vez por todas. Eu tremia que , se ele descobrisse minha farsa o sacrifico fosse em vão.
Estavam quase todos lá quando chegamos. Any e Marichelo apareceram minutos depois. Não deixei de notar o olhar – e os sorrisos – de cumplicidade trocados entre Any e Alfonso, mas ficou cada um em seu canto. Como se não quisessem que ninguém soubesse que estavam saindo – quase todas as noites – havia três semanas.
Eu estava nervosa. Era um casamento de mentira, mas ainda assim um casamento. Eu nunca sonhara
com uma festa espetaculosa nem nada. Na verdade, gostava de imaginar que, se um dia me casasse, seria nu lugar exótico, como no topo de uma montanha da Mesa, na Cidade do Cabo, e não em um cartório monocromático no centro da cidade sem nenhuma família por perto.
Tive um pequeno sobressalto quando uma mão quente e grande envolveu a minha. Olhei no rosto de Christopher, assustada, mas tentei me recompor. Ele apertou gentilmente minha mão e não a soltou.
– Fica calma. E tenta parecer feliz – disse num sussurro.
– No nosso acordo não permite esse tipo de contato físico a não ser extremamente necessário – um calor súbito inundou minha face.
− Pode apostar que também não me agrada muito essa encenação, mas é o nosso casamento, não se esqueça. E, já estamos aqui, vou cumprir o meu papel. Se alguém não acreditar que esse casamento não é real, não vai ser por falta de esforço da minha parte.
Ele tinha razão. Eu sabia que tinha. Entretanto, fiquei ainda mais apavorada. Acontecia sempre que ele
ficava assim tão perto. Christopher despertava sensações novas em mim, e eu não podia lidar com mais nada naquele momento. Tentei sorrir com uma noiva radiante. Acho que falhei.
O juiz de paz deu inicio a cerimônia, lendo uma infinidade de coisas que eu não ouvi. Christopher estava tenso, olhando pra frente, minha mão ainda na sua. Às vezes ele apertava gentilmente. Eu o fitei, mais ele encarava a parede clara atrás do escrivão. Então tudo aconteceu muito rápido: assinamos os papéis, depois foi a vez das testemunhas e BAM!, eu estava casada.
Em meio ao zumbido que a tensão do momento me causou, vi Christopher retirar do bolso do paletó uma caixinha e entregá-la ao juiz de paz.
Isso me despertou do torpor imediatamente.
– Christopher, o que é...
– É a parte do espetáculo – ele sibilou de volta.
Eu ainda estava atônita no momento em que Christopher enfiou a argola dourada e reluzente em meu dedo. Ele sorriu quando o juiz teve que pigarrear para que eu pegasse a aliança e colocasse em seu dedo, no dedo do meu marido. Engoli seco. Comecei a suar. Minha mão tremia tanto que tive dificuldade para encaixar a aliança no anelar largo de Christopher.
– Eu vos declaro agora marido e mulher – disse o juiz cheio de pompa, oficializando nossa sentença... quer dizer, nossa união.
Tudo ia relativamente bem – Any tirava centenas de fotos, Alice chorava copiosamente e ninguém além
de Christopher, parecia notar meu pânico. Contudo Marichelo estragou tudo dizendo:
– Cadê o beijo do casalzinho?
Apavorada, olhei para Any, que furtivamente apontou para Juan, atento a cada movimento meu.
Voltei-me para Christopher que estava sério. Ele se virou devagar, me encarando, até ficar de frente para mim. Encaixou as mãos grandes em meu queixo, inclinou minha cabeça para trás e começou a fazer o percurso que traria seus lábios aos meus.
Ah não. De jeito nenhum esse camarada vai me beijar. Não mesmo!
Christopher não podia me beijar. Eu já havia fantasiado sobre os pelos em seu peito. Já havia imaginado como seria estar na cama com ele. E meio que desejara beijá-lo meia hora atrás, quando estávamos no carro. Isso sem termos tido nenhum contato físico. Ele simplesmente não podia me beijar.
Não vou retribuir!
Aflita, tentei enviar mensagens telepáticas sobre o que aconteceria com o seu nariz caso ele ousasse colar aqueles lábios suculentos e macios nos meus, mas ele não entendeu. Ou fingiu não entender. Talvez minha mensagem tenha sido um pouco confusa, já que aqueles olhos caleidoscópicos me desconcertaram.
Ok, talvez eu retribua. Só um pouquinho...
E inexoravelmente, Christopher me beijou. Quando sua boca cobriu a minha, tive vontade de gritar para que parasse, mas uma fração de segundo depois a doçura, o calor e suavidade do toque me desarmaram e me vi de repente correspondendo, suspirando e ansiando por mais. Não foi longo, mais foi mais do que um simples beijo. Foi um roçar, provar, degustar de lábios que imprimiu tanto sutileza quanto desejo de se aprofundar. Fiquei tão chocada com o que estava sentindo que mal pude me mover.
Christopher se endireitou, o rosto sério, olhos escurecidos como eu nunca vira antes. Eu não fazia ideia da expressão em meu rosto, mas não devia ser das melhores, já que ele tocou meu queixo com delicadeza e murmurou:
– Agora sorria.
Fiz o que ele pediu atordoada demais para pensar em outra coisa. Os convidados se apressaram para nos parabenizar. Ninguém parecia duvidar da veracidade de nosso casamento – exceto Juan como o chato que era.
– Amada, você está deslumbrante! – disse Telma, beijando o ar ao lado de minhas bochechas.
− Foi tão repentino – Juan comentou analisando Christopher atentamente – Confesso que fiquei surpreso com a notícia.
– Foi coisa de momento. A gente não quis esperar – retruquei nervosa. – Pra que esperar quando estamos tão apaixonados...?
– Como foi que aconteceu mesmo? – ele questionou pelo que me pareceu ser a milionésima vez. – Como vocês acabaram se apaixonando?
– Hã... foi... é...
– Amor à primeira vista – Christopher interveio. Repremi um suspiro de alívio. – Fiquei louco pela Dulce
assim que ela me atropelou, em seu primeiro dia na empresa. Ela é uma garota fantástica, foi impossível resistir aos seus encantos.
– Isso. Foi exatamente assim – assegurei a Juan, cruzando os braços atrás das costas para que ele não visse o quanto minhas mãos tremiam.
– Que romântico! – arrulhou Telma – Dulce, amada, você não devia ter escondido de mim que estava
apaixonada.
– Eu não sabia bem o que estava sentindo, Telma.
– E isso começou há pouco mais de quê? Um mês? – Juan insistiu.
– Quarenta e noves dias, para ser exato – Christopher respondeu e passou os braços em minha cintura, muito tranquilamente, me puxando para seu peito. – Quarenta e nove dias gloriosos, não é, Dulce?
– Ãrrã. Pura alegria! – murmurei. Eu me sentia um pouco zonza com Christopher me abraçando daquele jeito tão... íntimo. Eu sentia seus músculos firmes em detalhes impressionantes, comprimidos contra meu corpo. Ele era tão grande, tão rijo, tão quente, e seu perfume tão sedutor...
Tentei parecer à vontade com tanta proximidade, passando os braços ao redor de sua cintura estreita. Fiz o melhor que pude.
Juan franziu a testa, mas se viu sem argumentos.
– Fico feliz por você Dulce. Você está encantadora, Lembra muito sua mãe. Bom... vou deixar vocês a sós. Devem estar querendo alguns momentos de privacidade.
– Estamos ansiosos! – tentei parecer feliz.
Ele sorriu em resposta, ainda que parecesse desconfiado.
– Claro, claro. Só mais uma coisa. – Retirou um gordo envelope do bolso e me entregou. – Seu avô não
perderia seu casamento por nada.
Peguei o pacote um pouco trêmula e o apertei de encontro ao peito.
– Obrigada. – murmurei emocionada.
– Não me agradeça – Juan sorriu, pegou a mão de sua esposa, se despediu e nos deixou.
Voltei o olhar para o envelope, em um nó se formando em minha garganta. Fechei os olhos e encostei no ombro de Christopher, inspirando para me acalmar.
– Eu não queria enganar ninguém – gemi de encontro ao ombro forte que me amparava.
– Eu sei – ele sussurrou, acariciando meus cabelos, me confortando. Era tão bom tê-lo ao meu lado
naquele instante que se tornou um pouco mais fácil suportar tudo aquilo.
Foi então que me dei conta de que ainda estávamos agarrados.
– Que ideia foi essa de me abraçar? – me livrei de seus braços e tentei respirar normalmente. – Você não pode me abraçar assim!
– O que você acha que estou fazendo, Dulce? Acabamos de nos casar. Devemos parecer apaixonados.
– Não faça isso sem me avisar primeiro. E ainda teve aquele beijo que francamente... – engoli seco, a
lembrança ainda quente e úmida em meus lábios – foi totalmente, completamente desnecessário.
– Não concordo – ele retrucou, o rosto impassível. – É assim que os casais costumam selar o compromisso.
– Pois saiba que eu não gostei – avisei, soando bem menos convincente do que pretendia.
– Não se preocupe Dulce. Prometo que aquele foi nosso primeiro e último beijo.
Comentem...
Autor(a): Gabi
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Christopher pegou minha mala no carro de Any e a guardou no porta-malas de seu SUV preto, enquanto permaneci ao lado de meus amigos. O pessoal do escritório deu no pé logo que o almoço no restaurante italiano terminou. - Tão linda, menina Dulce. Igualzinha à sua mãe nessa idade – disse Alice com lágrimas nos olhos. &nda ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 283
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wisley_da_silva_pereira Postado em 22/01/2021 - 13:10:53
depois de muito tempo olha eu aqui de novo relendo a fic eu gostei muito e amei demais mais só que falto mesmo foi só o epilogo para termina a historia de amor dos dois
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lukinhasmathers Postado em 15/07/2020 - 09:58:05
E eu aqui novamente... Acabei debler de novo e como eu amo esse casal mano
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lukinhasmathers Postado em 16/06/2019 - 12:20:47
Que bom que a Dulce amadureceu nesta história... Só queria que tivessem um filho com o Christopher, porque eles ficaram sem camisinha né rsrsrs
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lukinhasmathers Postado em 15/06/2019 - 15:14:26
Gostei demais da história... espero volta a lê ela algum dia..
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marimari17 Postado em 04/01/2016 - 12:00:03
Se chorei? Ah como chorei, essa fanfic é tão linda. Gostei dela muito, mas especialmente por um motivo, tudo o que eu temia, tudo o que eu achava que ia acontecer, na hora do aperto, não aconteceu. Quer dizer, aconteceu sim mas não fazendo umbestrago tão grande como o esperado. E eu tava jun momento tão difícil que essa fanfic me mostrou um lado bom da vida. Desde sempre eu sabia que borboletas são pessoas que já se foram e sente nossa saudade. Mas eu sei que a fanfic é adaptada, porem mesmo assim eu quero agradecer tanto a quem criou, como a você. Essa fanfic me ensinou muito. Obrigada, por me fazer chorar as quatro da manhã! Beijo grande!
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stellabarcelos Postado em 28/12/2015 - 20:36:18
Muito linda! Amei
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Livia Postado em 07/05/2015 - 19:51:25
dê uma passadinha la http://fanfics.com.br/fanfic/44140/the-bad-boy-vondy-hot
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gabysavinon Postado em 27/01/2015 - 00:29:33
amei essa adaptação!!!
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sher_vondy Postado em 31/03/2014 - 15:49:49
AMORES, AQUI É A AUTORA DESSA WEB, SÓ TÔ PASSANDO PRA AVISAR QUE A NOVA WEB ''Soul Love'' foi cancelada!!! Mas entrem no meu perfil que encontrarão outras. Bsos. <33
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anapvondy Postado em 22/03/2014 - 14:22:23
Oi Gabi, passando aqui so para avisar que sua web foi divulgada na página do facebook Estórias de Gente Vondy!! Se a divulgação for indesejada nos avise e retiraremos o post.