Fanfic: Os Escolhidos

Ao chegar em casa, Nick tomou um banho demorado e ficou um bom tempo sentado em sua cama, olhando fixamente para a parede pensativo. Foi então que notou sua velha guitarra no chão. Desde que chegara de viagem, a tinha colocado ali e não mais se incomodado em guardá-la. Era uma bela guitarra. Tinha ganhado de seu pai quando fez onze anos. Robert Mosley era um apaixonado pela música e Nick havia herdado a mesma paixão. Porém desde sua morte Nick tinha desistido completamente de tocar.

–Nossa – disse Nick pegando a guitarra – faz uma vida que nós não nos vemos hein velha amiga?

Nesse instante o telefone toca, tirando Nick de seus devaneios.

–Alô? – diz Nick preguiçosamente.

–Nick? Oi é a Calla. Tem um tempinho para falar?

–Claro –responde- não estou fazendo nada mesmo.

–Ah que bom- disse a menina- escuta, eu tenho umas coisas que eu queria discutir com você sabe, sobre o trabalho. É que eu encontrei uns artigos bem interessantes aqui em casa e gostaria de mostrá-los a você.

–Entendo.

–Você pode vir até a minha casa?

–Posso sim, basta você me dar o endereço.

–Fica uma rua depois da escola, Avenida Pinestreet, número 52.

–Ok, voou chamar o Travis e daqui a pouco eu chego aí.

–Tudo bem então. Até já.

–Tchau – disse Nick finalizando a ligação.

******

Calla mal havia desligado o telefone quando, a porta do escritório de seu pai se abriu. A menina não pôde deixar de pensar que as visitas da senhora Manello a sua casa eram cada vez mais frequentes. July Manello era uma mulher estranha sem dúvida, mas, por mais que Calla tentasse nunca conseguia dizer o que se passava em sua cabeça. A mulher notou que era observada e falou:

– Olá Calla, como vai?

– Eu vou bem senhora Manello. E a senhora?

–Eu? Para falar a verdade não muito bem, mas, tenho certeza que as coisas vão melhorar logo. - disse a mulher exibindo os dentes tortos num sorriso não muito agradável.

– Então boa sorte - disse Calla franzindo o cenho.

–Obrigada Calla. Embora eu não ache que eu vá precisar - respondeu July indo embora em seguida.

Depois disso Calla foi até o escritório e bateu na porta.

–Entre – foi a resposta que veio de dentro da sala.

Dito isso, Calla abriu a porta de recinto. Lá dentro estava seu pai estava sentado numa poltrona com um livro na mão.

–Algum problema querida? – disse, fechando o livro e deixando-o sobre a mesa.

–Não, nenhum problema – respondeu Calla – eu só queria fazer uma pergunta.

–Pois então faça – disse Charles indicando uma cadeira para que a menina se acomodasse.

–O que é que a senhora Manello tanto faz aqui em casa? Que assuntos tão importantes secretos vocês dois tem pra resolver que não pode ser discutido na escola?

–Nada de mais Calla – respondeu Charles fazendo um gesto desdenhoso. São só assuntos do colégio que eram um tanto urgentes e não podiam esperar.

–Tem certeza? – insistiu Calla – Você não tem nada com essa mulher tem?

–Que absurdo! – disse Charles exasperado – A senhora Manello é uma mulher casada. Você deveria ter mais respeito!

–Desculpa pai. É só que... Sei lá, eu nunca gostei dessa mulher.

Charles passou a mão pelos cabelos voltando a sua calma inicial.

–Calla, você não deve ser tão dura. July gosta muito de você e sempre diz para quem quiser ouvir que você é a sua melhor aluna.

–Eu não estou sendo dura pai. Eu sei que tem alguma coisa errada com essa mulher e, por algum motivo eu não consigo descobrir o que é.

–Calla, não me diga que você andou bisbilhotando a mente da July.

Como Calla nada respondeu, Charles continuou.

–Minha filha, você não pode simplesmente invadir a privacidade dos outros desse jeito. Eu não quero que você faça isso de novo entendeu?

–Eu sei pai, desculpa. É só que...

–Calla, chega – interrompeu Charles – magia não é brinquedo e você sabe disso.

–Desculpa – disse Calla abaixando a cabeça.

–Olha querida, eu não quero parecer um tirano, mas, eu fico preocupado com você. Eu já perdi sua mãe por causa da magia e não quero perder você também.

–Eu entendo pai, não se preocupe. Eu vou tomar sempre cuidado – e abraçou o pai.

******

Nick encontrou Travis de pé encostado no portão. Estava com o cabelo mais bagunçado do que o comum e parecia que tinha acabado do acordar. Ao vê-lo o garoto falou mau-humorado:

–Mas porque é que eu tenho que ir com você?

–Porque você também faz parte do grupo? – respondeu Nick.

–Eu só estou na escola para vigiar você e os irmãos Bo... Alguma coisa. Não significa que eu tenho que virar um nerd. Na verdade, só entrar na escola já é um sacrifício grande o suficiente para mim.

–Você parecia bem empolgado com o trabalho lá na escola – lembrou Nick – além disso, temos a oportunidade de falar com a Calla não é? Devemos contar tudo para ela o quanto antes.

–Tem certeza que essa pressa toda não é só para ficar perto da sua namoradinha?

– Você vai começar com isso de novo? – reclamou Nick.

–Tudo bem guri, amos logo falar com essa garota.

Enquanto andavam Travis observava Nick pelo canto dos olhos, percebendo Nick perguntou:

–O que foi?

–Você está usando o anel. – comentou Travis.

–É – disse Nick.

–Por quê? – indagou o garoto.

–Sei lá. Eu só achei que deveria. É meu não é mesmo?

–Ok então. –disse Travis

–Eu acho que é essa a casa - falou Nick mudando de assunto.

Ficaram uns minutos parados admirando a beleza da residência. Era grande, rodeada por um jardim com muitas flores em formato de copos, que criavam um caminho até a entrada.

–Callas – disse Travis - faz sentido

–O que? –perguntou Nick

–As flores – respondeu Travis.

–Ah entendi.

–Então, vamos ficar aqui mesmo ou podemos tocar a campainha? – indagou Travis.

Dito isso, Nick tocou a campainha. Momentos depois Calla surge na entrada:

–Oi gente, que bom que vieram.

–Oi Calla – cumprimentou Nick.

Travis apenas acenou de leve com a cabeça.

–Entrem, por favor – disse Calla.

Quando os jovens entraram na casa Charles os esperava:

–Nos encontramos mais uma vez, não é mesmo senhor Mosley?

–Olá, senhor Baker. – disse Nick muito sério.

Travis estranhou o comportamento do garoto e ficou observando-o intrigado. Calla tentou amenizar a situação:

– E este aqui é o Travis. Ele também é novo na cidade.

–Travis Turner – disse o jovem estendendo a mão.

–Turner? Hum... Entendo... - disse Charles com um sorriso cheio de coisas não ditas.

Travis ficou rígido feito uma pedra.

– Então –disse Calla – vamos usar o seu escritório, certo pai?

– Claro querida. Eu já vou indo, tenho que voltar para a escola.

–Obrigada pai – e virando-se para Nick e Travis – vamos meninos.

******

Enquanto Calla remexia em uns papéis Travis cutucou Nick:

–Porque você ficou daquele jeito com o pai da Calla? – cochichou.

–Jeito? Que jeito? – disse Nick fingindo surpresa.

–Sabe de uma coisa Mosley? Você mente muito mal. –falou Travis – fala logo, o que tem de errado?

–Bom –disse Calla interrompendo – aqui estão alguns artigos sobre a cidade. São muito antigos e tem informações bem interessantes.

–Agora não Travis, além disso, eu também quero te perguntar uma coisa. – disse Nick encerrando o assunto e pegando os papéis que Calla lhe entregava.

******

Luna estava muito silenciosa, pensava Lucian. Depois daquela conversa cheia de estranhas revelações com a misteriosa Rebekah Turner, a menina parecia distante, até mesmo apreensiva. Preocupado Lucian chamou:

–Luna, está tudo bem?

A garota piscou, como se houvesse acabado de notar a presença do irmão ali e respondeu:

–Eu? Estou bem , porque está perguntando isso?

–Nada, é que você está um pouco estranha.

–Não tem nada de errado comigo Lulu. As vezes eu fico assim quieta mesmo.

Lucian ergueu as sobrancelhas:

–Jura? Porque eu nunca te vi desse jeito. Além disso...

–Além disso o que? – indagou Luna encarando o irmão.

Porém Lucian não concluiu a frase. Estava imóvel, pálido, suando frio e com os olhos arregalados. Assustada, Luna o cutucou:

–Lucian? Mano? Está me ouvindo? Lucian!?