Fanfics Brasil - Capítulo 32 - Love the way you lie. Passado Distorcido ( ADAPTADA )

Fanfic: Passado Distorcido ( ADAPTADA ) | Tema: Vondy / Rebelde


Capítulo: Capítulo 32 - Love the way you lie.

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POV Christopher


 


 


 


Dias depois...


 


 


 


Exatamente quatorze dias. Quatorze dias vendo seu rosto bonito todas as manhãs, jogando conversa fora depois do almoço, dividindo a cama. Quatorze dias de completa confusão.


 


 


Eu odiava não saber o que acontecia comigo a cada vez que ela sorria, a cada vez que ela reclamava da bagunça de seu cabelo pela manhã, ou, simplesmente, quando ela dizia que estava com vontade de comer doces.


 


 


E hoje ela não estava assim. Seu semblante beirava a tristeza, os olhos longes e os pensamentos mais ainda.


 


 


“Dul, você não quer realmente conversar?” Falei pela enésima vez. Nenhum de nós dois tinha saído da cama.


 


 


“Eu já disse que não!” Dul disse fraquinho.


 


 


“Hmm, foi alguma coisa que eu falei ou fiz?” Questionei-a, pois eu não encontrava motivos para o seu estado.


 


 


“Não é com você, Christopher!” Ela disse e ficou de costas.


 


 


Dul conseguia ser irritante quando queria, eu estava usando toda minha paciência para tentar ajudá-la. Eu estava realmente preocupado.


 


 


“Quer conversar com Ane?” Propus, eu sabia que Ane ajudaria Dulce. Ela faria o que eu não estava conseguindo.


 


 


“Christopher, não fale mais nada, por favor!” Ela pediu sem alterar a voz.


 


 


Eu sabia que tinha uma merda muito grande acontecendo com ela. Eu queria tirar a dor e trazer o sorriso.


 


 


“Eu posso ficar aqui pelo menos?” Perguntei, arrastei meu corpo para o dela, não tinha contato, mas eu precisava ficar perto.


 


 


Ela não me respondeu, mas girou o corpo para ficar de frente para o meu. “Fique, por favor!”


 


 


Eu não tinha entendido o que ela queria pretendia com aquele pedido, mas mesmo assim eu o fiz.


 


 


Movi discretamente para sua direção, nossos joelhos se tocando. Assim como ela pediu, eu não disse nada.


 


 


Ela estava tão mal, tão quebrada. Eu via a lamentação em seus olhos. Ela vagava os olhos, às vezes, ela olhava para mim.


 


 


Minha vontade era tocar sua bochecha e dizer que tudo ficaria bem, que ela não combinava com tristeza, que ela era bonita demais para ficar triste. Não me permitir nenhuma dessas ações, apenas deixei meus olhos parados nos dela.


 


 


“Seu olho é tão verde!” Dul sorriu um pouco, ela parecia cansada.


 


 


“Quando eu nasci eles eram azuis, mamãe até hoje se pergunta o motivo deles terem mudado de cor.” Respondi sorrindo também, feliz por ela ter falado alguma coisa.


 


 


Dul analisou meus olhos por uns segundos. “Com certeza você foi uma graça quando bebê!”


 


 


“Eu era careca e gorducho!” Falei, eu me lembrava de algumas fotos de quando eu era bebê.


 


 


“Sério?” Dul perguntou surpresa. “Eu acho que eu era uma bebê normal!” Ela concluiu.


 


 


“Dizendo que eu era um bebê anormal, então?” Coloquei com diversão, Dul sorriu um pouquinho mais.


 


 


“Você é tão bobo, Christopher!” Ela disse e rolou os olhos. Eu adorava quando ela rolava os olhos e principalmente quando vinha acompanhado do característico rubor em suas bochechas.


 


 


“Estou tentando te fazer sorrir!” Falei despretensiosamente.


 


 


Ela soltou uma respiração pesada. “Desculpe por descontar isso em você!”


 


 


“Não se preocupe, não é sempre que estamos em dias bons!” Falei procurando seus olhos.


 


 


“Obrigada por me entender!” Ela pediu um pouco corada.


 


 


“Quer falar sobre alguma coisa?” Coloquei vagamente. Poderia ser qualquer conversa; economia mundial, se Deus existe, viagens, raças de cachorros... Eu só queria que ela esquecesse a tristeza por alguns instantes.


 


 


“Tem muito tempo que você usa óculos?” Dul perguntou sem muita vontade. Ela tinha assuntos completamente aleatórios.


 


 


“Já dever ter uns dez anos!” Falei depois de fazer uma conta mentalmente e aproveitei para pegar os óculos na cabeceira da cama.


 


 


“Você já salvou quantas pessoas?” Dul moveu o corpo antes de perguntar, era incrível como eu gostava de reparar nos detalhes de seu rosto.


 


 


“Muitas?” Falei surpreso, eu nunca tinha quantificado.


 


 


“Nenhum caso em especial?” Dul sugeriu.


 


 


Eu gostava de tudo que envolvia crianças, então, eu amava saber que eu as salvei; seja por causa de um simples engasgo, ou por um incêndio, ou por trazer-lhes à vida.


 


 


“Já tem um tempinho, mas eu já fiz um parto de emergência!” Eu disse orgulhoso, os olhos de Dul saltaram.


 


 


“Um parto?” Ela repetiu estupefata.


 


 


“Não deu tempo de a mãe chegar ao hospital...” Minha memória era de peixe, eu nem me lembrava se fora um menino ou uma menina.


 


 


Dul, repentinamente, pegou minhas mãos com as suas. “Estas mãos? Estas mãos trouxeram um bebê?”


 


 


Ela analisou meus dedos, Dul conferiu cada nó, a palma. “Eu não posso acreditar, Christopher!” Ela disse ainda surpresa. Algumas lágrimas se juntaram nos cantos de seus olhos.


 


 


“Ei, por que está chorando?” Perguntei preocupado.


 


 


“Isso é tão bonito!” Ela disse massageando os nós de meus dedos. “Você deve ser muito orgulhoso disto!”


 


 


“E eu sou!” Falei por fim. “Não precisa chorar, tudo bem?”


 


 


“Hmm, eu só queria ser útil para alguém, ter do que me orgulhar, essas coisas...” Ela disse secando as lágrimas.


 


 


“Dul, você tem me ajudado nesses últimos dias, eu não sei o que seria de mim sem você!” Falei e toquei, com as pontas dos dedos, sua bochecha úmida pelo choro.


 


 


Ela sorriu sem jeito, e deu espaço para eu correr meus dedos até sua têmpora. “É por isso que você está tão distante hoje?” Perguntei com medo de minha intromissão.


 


 


“É tanta coisa!” Ela disse depois de uma longa respiração.


 


 


“Pode me contar se quiser.” Falei e, sinceramente, pedi para que ela confiasse em mim.


 


 


“Uh, hoje faz três anos que meus pais morreram!” Ela disse com os olhos baixos, as lágrimas se formaram de novo.


 


 


Eu era péssimo para confortar as pessoas; mas eu queria, a todo custo, tirar a tristeza dela. “Eu sinto muito Dul, desculpe-me por ter te importunado!” Corri meus dedos para secar as lágrimas. “Eu sinto muito, muito mesmo. Diga-me o que eu posso fazer para você ficar melhor.” Pedi.


 


 


“Nada vai me deixar melhor, eu só quero eles de volta!” Ela disse com os olhos marejados.


 


 


“Ei, eles estão te protegendo! São eles quem estão guiando seus passos, pode acreditar!” Falei convicto.


 


 


“Você não pode entender a dor que é!” Ela disse meio cética.


 


 


“Eu sei que não, nada que eu diga vai minimizar o que está se passado dentro de você, mas você é tão bonita, tão inteligente e doce, você tem que seguir com sua vida!” Eu disse tudo atropelado.


 


 


As duas piscadelas que Dul deu fizeram as lágrimas descerem mais rápidas. “É o que eu mais faço, Christopher! Eu quero muito me livrar de tudo isso e seguir com minha vida!”


 


 


“Ei, fique calma, ok?” Pedi baixinho. “Quer que eu traga alguma coisa para você beber?” Propus, eu sabia que logo seu choro se tornaria ininterrupto.


 


 


“Apenas fique aqui comigo!” Dul me respondeu sem olhar diretamente para mim.


 


 


Em outra situação eu ficaria incomodado em ver alguém chorando, talvez porque eu nunca chorava; mas ver Dul naquele estado fazia meu peito se contorcer.


 


 


“Acho que eu já posso dirigir, se quiser, eu posso te levar ao túmulo de seus pais!” Falei concentrado nas reações de Dul, meus dedos continuaram subindo e descendo por sua bochecha úmida.


 


 


O jeito que Dul sorriu, o sorriso mais forçado que eu já tinha visto, me fez ficar preocupado.


 


 


“Nem isso eu posso fazer, Christopher!” Ela disse melancólica, as lágrimas rolaram de novo.


 


 


“Por que não?” Perguntei ignorando o fato de eu ter sido completamente inconveniente.


 


 


“Eu não sei onde eles estão!” Dul disse fungando um pouquinho.


 


 


Aquilo tinha ficado estranho. Os pais dela tinham morrido e ela não sabia de nada? Nem de onde tinha sido o sepultamento?


 


 


“Dul, me explique, por favor! Agora eu não entendo mais nada!” Falei meio perdido, tinha ficado muita informação para uma pessoa só.


 


 


Ela me olhou sob os cílios castanhos, meio perdida também. “É muito complicado!”


 


 


Eu não merecia nenhum voto de confiança, mas eu queria muito saber o que tinha acontecido. “Se quiser me contar, estou aqui, está bem?” Falei quase inaudível.


 


 


Era fácil ouvir o choro baixinho de Dul, eu não queria incomodá-la. Era um momento só dela. E se ela decidisse por não me contar o que tinha acontecido eu não a culparia.


 


 


Nós permanecemos em silêncio, Dul me olhava e desviava os olhos para longe logo depois. “É tudo culpa minha!”


 


 


“Oi?” Respondi por reflexo.


 


 


“Tudo é culpa minha, Christopher! Tudo!” Dul disse mais enfática, seus olhos marrons pararam nos meus.


 


 


Meu cérebro pedia socorro, pois nada que ela falava fazia sentido. “Ei, não fale isso, ok?”


 


 


“Como não me sentir culpada?” Ela perguntou quase com ironia. “Quem me mandou ser uma menina idiota?”


 


 


“Dulce Maria, você não é idiota!” Disse e massageie sua têmpora, eu odiava quando ela se subestimava tanto.


 


 


“Christopher, pode ter certeza, se eu não fosse tão idiota, meus pais estariam aqui e minha vida não teria virado um inferno!” Ela disse me encarando, eu podia ver tudo em seus olhos. A tristeza, a lamentação, a sinceridade.


 


 


“Dul, olhe para mim, ok?” Pedi sério. “Você não é idiota e pare de falar que é!” Circulei a pele abaixo de sua orelha. “Eu preciso saber o que aconteceu para te ajudar!”


 


 


Ela sorriu docemente para mim, quase envergonhada. “Eu não sei se eu quero que você saiba!”


 


 


“Eu não vou te julgar, ok?” Falei firme, eu não poderia negar que a curiosidade estava me dilacerando.


 


 


Dul tinha os olhos nos meus. “Eu estou com vergonha!” Ela disse com o rosto corado.


 


 


“Ei, não fique!” Pedi baixinho.


 


 


Ela puxou o ar algumas vezes, bastante vacilante. “Thomas e eu nunca não dermos bem!”


 


 


Pisquei algumas vezes para ver se aquilo era real, por que cargas d’água o nome de meu irmão estava naquela conversa?


 


 


“Seu ex-namorado, certo?” Perguntei superficialmente.


 


 


“Ele mesmo!” Dul respondeu evasivamente.


 


 


“O que tem ele?” Questionei-a.


 


 


Ela estreitou os olhos para mim. “Ele Fo-deu com a minha vida!” As palavras não saíram carregadas de raiva, elas vieram sem emoção.


 


 


Eu podia sentir a inquietação tomando conta de meu corpo, aquilo estava tão estranho, tão sem sentido.


 


 


“Quer me contar?” Dei-lhe a opção.


 


 


Dul, inesperadamente, moveu para ficar quase colada ao meu corpo. “Eu confio em você, Christopher!”


 


 


“Seja sincera comigo, por favor!” Pedi e tracei, novamente, sua bochecha. Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes eu tinha tocado seu rosto bonito.


 


 


“Eu já te falei, né? Eu o conheci com dezessete!” Dul disse baixinho. “Sabe, ele ficou no meu pé a festa inteira e eu acabei beijando-o!”


 


 


Ela riu sem graça depois. “Qualquer garota faria isto, certo?”


 


 


Eu me permiti sorrir também. “Comportamento normal, Dul! Não queira saber o que eu fazia aos dezessete!”


 


 


Dul arqueou a sobrancelha para mim. “Conte-me sobre você depois?”


 


 


“Depois, Dul! Agora é sobre você!” Falei delicadamente.


 


 


“Então, acho que ele nunca gostou de mim, aliás, ele gostou de ninguém!” Dul deu sequência.


 


 


Era completamente incompatível ouvir aquilo, Thomasw não era a pessoa mais amorosa do mundo, mas não amar ninguém era radical demais.


 


 


“Nosso namoro não era saudável...” Ela disse quase inaudível. Vi a umidade acumulando em seus olhos.


 


 


“Por que não?” Apenas coloquei.


 


 


“Eu gosto da minha liberdade, de ter meus amigos... E Thomas era demasiado possessivo, irracional e bruto. A gente nunca daria certo!” Ela disse buscando meus olhos.


 


 


“Eu sabia que deveria terminar com ele, mas eu tinha medo das conseqüências...” A voz de Dul era cheia de lamentação.


 


 


“Conseqüências, Dul?” Perguntei um pouco mais alto.


 


 


“Thomas nunca foi a pessoa mais flexível. Ele sempre dizia que eu só era dele, que eu não poderia deixá-lo...” Dul disse sem vontade.


 


 


Um pensamento confuso roubou minha linha de raciocínio. Thomas nunca fora uma pessoa apegada, então, não fazia nenhum sentido toda aquela possessão.


 


 


“Ele poderia estar apaixonado, não?” Perguntei meio vacilante.


 


 


Dul sorriu em deboche. “Se isso é estar apaixonado, espero que ninguém se apaixone por mim novamente!”


 


 


“Uh, então vocês continuaram namorando...” Coloquei apenas para Dul não perder sua linha de raciocínio.


 


 


“Era meio óbvio, mas eu descobri que eu não o amava, nem ele me amava. Ele só me fazia sofrer e, aos pouco, eu fui percebendo que esse era o hobbie dele!” Dul deixou sua mão cair entre nossos corpos, minha vontade era pegá-la.


 


 


“Hobbie?” Perguntei encarando seus olhos marrons.


 


 


“Ele tinha prazer em me ver chorar ou sentir dor, ele era doente!” Ela disse enfática, com certeza.


 


 


A última palavra dita por ela fez meu estômago revirar. Doente? Thomas não era doente!


 


 


“O que ele fazia com você?” Perguntei mascarando minha curiosidade.


 


 


“Você não precisa saber, Christopher!” Ela disse desviando o olhar, eu vi o rubor cobrindo suas bochechas.


 


 


“Ei, olhe para mim, Dul! Eu disse que não vou te julgar!” Repeti minha promessa.


 


 


“Posso não olhar para você?” Ela pediu me encarando.


 


 


“Por que não?” Perguntei por reflexo.


 


 


“Christopher, sério, eu não gosto de falar dessas coisas!” Ela disse baixinho.


 


 


Dul juntou seu corpo no meu, seu rosto próximo ao meu peito. Eu quase tive uma sincope quando ela afundou o rosto na curva de meu pescoço.


 


 


“Ele me fez fazer coisas que eu não queria!” Ela disse perto de minha pele cheia de barba. “Ele era nojento!”


 


 


Procurei sentido naquela afirmação, não encontrei. “Explique-me, por favor!”


 


 


Ela riu baixinho, porém não era seu sorriso alegre. “Você nunca me entende!”


 


 


Eu ri também. “Desculpe, nunca é minha intenção!”


 


 


“Hmm, eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria parar na cama de Thomas, ele deixava bem claro as intenções que tinha...” Dul disse abafado.


 


 


“Ele foi o único cara com que você transou, não foi?” A pergunta saiu completamente invasiva. “Você disse que nunca era bom para você, ele não era cuidadoso?”


 


 


“Nenhum pouco cuidadoso, ele me forçava a fazer tudo!” Ela disse baixinho, mesmo sem ver, eu sabia que ela logo estaria chorando de novo.


 


 


Eu não sabia como meu irmão tratava as mulheres que ele saia, mas eu supunha, no mínimo, que ele era responsável.


 


 


“Forçava?” Perguntei, pois para mim aquilo estava intrinsecamente relacionado com estupro.


 


 


“Christopher?” Ela subiu o rosto para o meu, seus olhos fuzilaram os meus. “Não me faça dizer as palavras, por favor!”


 


 


Meu corpo tremeu, eu não podia acreditar naquilo. Ela tinha sido estuprada por meu irmão? Ela que agora me olhava de um jeito estranho tinha sido violentada?


 


 


“Dul.” Minha voz saiu vacilante. “Não me diga que você foi estuprada!” A última palavra saiu sem certeza.


 


 


Ela me olhou cheia de tristeza. “Não tenha nojo de mim, por favor!”


 


 


Eu não sabia o que dizer, meu peito martelava e minha cabeça, explodia. Aquilo não poderia ser real. Não poderia.


 


 


Dul deitou o rosto em meu peito, suas lágrimas caiam e marcavam minha camisa de pijama. “Sabe, eu sei que você vai me olhar torto!”


 


 


“Dul, não fale isso!” Eu disse simplesmente, eu não conseguiria articular mais nada.


 


 


Um silêncio se instaurou, não era desconfortável, mas também não era bem vindo. A respiração pesada de Dul preenchia o quarto.


 


 


“Doía tanto, era tanta humilhação, Christopher!” Ela disse ainda entre as lágrimas.


 


 


Eu queria saber o que dizer, saber se eu poderia acreditar nela, saber porque meu irmão tinha feito aquilo, se é que tinha feito.


 


 


“Seus pais não sabiam de nada?” Perguntei subitamente.


 


 


“Meus pais não gostavam muito de Thomas, mas o respeitava. Se eu contasse alguma coisa, eu não saberia dizer o que meu faria com ele!” Ela disse fungando.


 


 


“Seu pai era muito protetor?” Perguntei novamente de supetão.


 


 


Ela riu baixinho sobre meu peito. “Muito! Mas eu não me importava, gostava, na verdade!”


 


 


Lembrei da foto que eu tinha visto do pai de Dul, eu me lembrava do bigode escuro. “Fernando, não é?”


 


 


“Fernando !” Ela disse com a voz mais quente.


 


 


“Uh, desculpe perguntar, mas você não me disse o motivo de não saber onde seus pais estão sepultados...” Voltei ao primeiro tópico de nossa conversa.


 


 


“Ainda vamos chegar lá!” Ela disse meio melancólica.


 


 


“Quem sabia o que acontecia com você?” Perguntei, meus dedos foram para os cabelos que caiam sobre o rosto de Dul.


 


 


“Apenas Ane, era ela curava meus machucados, quem disfarçava as marcas em meu corpo...” Dul me respondeu com um sorriso doce nos lábios.


 


 


“Anahí é tudo para você, não é?” Não precisava ser uma pergunta, aquilo era óbvio.


 


 


Ela subiu o rosto para o meu, e sorriu de uma maneira carinhosa. “Ela é!”


 


 


“Dul, vocês se preveniam, certo?” O pensamento era pertinente, todo mundo sabia das mil e umas doenças que se pode contrair.


 


 


“Hmm, eu me entupia de pílulas do dia seguinte, e comprava anticoncepcional escondido...” Ela parecia envergonhada em dizer aquilo.


 


 


“Dul, tem as doenças...” Minha voz saiu meio desesperada, eu era um cara responsável; camisinha era mais que obrigação.


 


 


“Thomas, pelo jeito, se prevenia com as outras putas que ele tinha! Ele simplesmente gostava de me deixar desesperada após cada sessão de tortura.” Ela falava de modo não afetado, como se aceitasse aquela situação.


 


 


“Isso aconteceu até ele morrer?” Até ele se matar? Completei mentalmente.


 


 


“Uh, não! Quando eu estava quase fazendo dezoito, eu conseguir me livrar dele!” Dul me respondeu com um tom estranho.


 


 


“Foi quando você foi para o Havaí?” Apenas ajuntei os fatos.


 


 


“Exatamente, mas assim que nós voltamos, tudo aconteceu!” Ela disse baixinho, não passou despercebido por mim, seus dedos fazendo linha imaginarias em meu peito. O toque era quente e delicado.


 


 


“Tudo aconteceu?” Refazer as últimas falas de Dul já tinha ficado irritante.


 


 


“Estava tudo indo bem, entende? Apesar de tudo eu estava feliz, meus pais estavam mais felizes, estava tudo em ordem.” Dul disse me olhando sob os cílios, eu vi a umidade se formando novamente.


 


 


“Não chore, por favor!” Pedi e passei meus dedos logo abaixo de seus olhos.


 


 


“Então, ele os matou!” Dul não conseguiu conter o choro, as lágrimas desceram sem pausa por suas bochechas.


 


 


E não foi um choro fingido, era fácil notar o quão quebrada ela estava, o quão sozinha era ela. Os soluços rapidamente preencheram todo espaço. “E os vi, Christopher! Tinha tanto sangue!” Dul disse trincando os olhos.


 


 


“Dul, fique calma!” Pedi sem saber o que dizer. “Quem matou seus pais?”


 


 


“Thomas...” O nome trouxe mais choro, e um soco em meu estômago. Que merda toda era aquela? Meu irmão não mataria os pais de Dul. Ele nunca faria isso!


 


 


Meu cérebro iria explodir, eu sabia disto. Então os últimos quatro de Thomas fora aquilo? Então, por que daquela carta? Por que daquele pedido?


 


 


Nada fazia sentido. A carta era objetiva, Thomas queria vingança. Dul estava sendo sincera, os últimos quatro anos dela tinham sido um inferno.


 


 


“É tão horrível! Eles estavam tão sem vida, eu posso me lembrar de tudo. A pele pálida, os lábios roxos, o sangue escorrendo, o escárnio de Thomas...” As palavras de Dul ecoaram no quarto, eu só tentava assimilar tudo que ela dizia, tentava colocar sentido em suas palavras.


 


 


“Sabe o que é pior?” Dul disse entre lágrimas. “É não poder saber onde eles estão, poder levar flores, ou, simplesmente, visitá-los!”


 


 


“Dul, por que você não o denunciou?” Perguntei o óbvio.


 


 


Ela sorriu debochada. “Se eu abrisse minha boca, Anahí seria a próxima. E eu não poderia perder Ane, ela foi a única que me restou!”


 


 


Permiti-me ficar em silêncio, eu precisa processar tudo aquilo. Eu tinha que encontrar razão naquilo. Eu tinha que fazer meu peito parar de contorcer.


 


 


Olhei para Dul. Seu rosto continuava descansando sobre meu peito, ela estava tão triste. Nossos joelhos se tocavam de um jeito casto, eu ainda me perguntava o porquê dela despertar tanta coisa em mim.


 


 


Ela era tão doce e bonita, sua inteligência era algo a parte. Ela era encantadora. E sua modéstia era quase irritante, alguém deveria dizer o quão incrível ela era.


 


“Alguma coisa errada, Christopher?” Dul perguntou docemente para mim.


 


 


“Não!” Respondi prontamente. “Você continuou com Thomas até ele morrer?” Esforcei para não colocar muita emoção no nome de meu irmão.


 


 


“Eu fui obrigada!” Ela disse com desdém.


 


 


“Ele continuou fazendo o que ele fazia?” Perguntei com medo da resposta.


 


 


“Fazendo ainda pior!” Dul disse simplesmente.


 


 


“Quer me contar?” Propus.


 


 


“Hmm, era nojento!” Ela disse sem me encarar.


 


 


“Ele Fo-dia com outras na minha frente, me amarrava e fazia o que bem entendia, me fazia sangrar...” Dul disse chorando de novo.


 


 


Era um pensamento ridículo para a situação, mas eu fiquei triste por ela ter uma visão negativa sobre sexo. Era Fo--didamente tão bom estar dentro de uma mulher. E Dul tinha um corpo tão incrível, ela merecia o melhor de um homem, ela merecia tudo.


 


 


“Não precisa continuar, ok?” Falei e alisei os cabelos cor de mogno.


 


 


“E como ele morreu?” Aquela pergunta já tinha resposta.


 


 


Dul me olhou vacilante. “Ele se matou na minha frente!” Sua voz foi mais baixa que um ruído.


 


 


“Na sua frente?” Devolvi rapidamente. Por que Thomas faria aquilo?


 


 


“Ele estava descontrolado, ele pegou uma arma e acertou o próprio ouvido!” Dul disse imersa em memórias.


 


 


“Por que ele fez isso?” Era a resposta que eu precisava, a que eu sempre busquei.


 


 


“Eu não sei, Christopher! Ele era um doente!” Ela disse baixinho.


 


 


Então era isso, Dulce Maria era quem tinha todas as respostas e, no final, ela sabia tão pouco quanto eu.


 


 


Eu tinha duas opções e nenhuma parecia plausível. Confiar em meu irmão e em uma carta, a carta pedia vingança. Mas vingar o que? Dul não tinha feito nada para meu irmão. A outra era confiar em Dul, mas eu sabia que meu irmão não faria nada daquilo, mas eu também tinha certeza que Dul não estava mentindo.



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Autor(a): smileforvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:33:13

    o ultimo capitulo nao tem nada

  • lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:32:54

    estou amando

  • lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:32:44

    leitora nova

  • lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:32:26

    qual é o nome do livro que vc adaptuo a fic ?

  • keziavondy Postado em 19/11/2014 - 09:23:36

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH VOCE VOLTOU... EU AMO VC, EU AMO ESSA FIC, EU TUDO AI CARA QUE EEMOÇÃO

  • bianca_sd Postado em 11/08/2014 - 16:40:05

    Você vai voltar a postar ou você abandonou??? POSTA MAIS!!!!

  • dyas Postado em 01/08/2014 - 15:18:39

    Abandonou?

  • kelly001 Postado em 24/07/2014 - 15:15:12

    também estou esperando que vc continue a postar... vamo lá galera: continua, continua, continua, continua, continua...

  • babar_slon Postado em 12/07/2014 - 18:34:41

    Você nunca mais voltou, você abandonou a web???

  • nandafofinha Postado em 11/07/2014 - 15:56:20

    To esperando vc voltar ate hoje


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