Fanfic: Passado Distorcido ( ADAPTADA ) | Tema: Vondy / Rebelde
POV Dul
Se a despedida tivesse um gosto, ela teria o gosto de Christopher. Era fácil lembrar-me dos lábios roçando em cima dos meus, a respiração pesada e a porta sendo fechada. Eu estava um pouco quebrada, não, muito quebrada.
Eu não queria sair da minha cama, era bom inspirar o cheiro de Christopher, sentir o cheiro de homem. O suor cheio de feromônios. A inquietação não me deixava pensar coerentemente. Eu o amava muito. Não saberia dizer quando começou e porque começou, a única certeza que eu tinha era que eu o amava. Era um gostar diferente, eu o queria por perto sempre, pode beijá-lo e dividir minhas angústias, alguém para conversar quando eu perdesse o sono durante a noite. Eu não me importaria se esse alguém fosse Christopher.
Era um sentimento avassalador, daqueles que fazem o peito doer. A dor se intensificava quando a realidade me assolava, o sentimento não era recíproco. Minha situação era, no mínimo, curiosa. Eu nunca tinha vivido nada parecido, eu conhecia apenas o amor dos pais e de Anahí, e quando eu conheço o que é amar realmente, o cara simplesmente tem transtornos de personalidade.
Rastejei para fora da cama, minhas roupas perfeitamente jogadas no chão. Olhei meu corpo nu, o calor subiu para o meu o rosto. Era difícil acreditar que Christopher e eu tínhamos chegado tão longe e, céus, aquilo era muito bom. Muito bom mesmo. As lembranças congestionaram minha cabeça. Os beijos, os toques, a língua malvada dançando entre minhas pernas. Ele me penetrando, o corpo ondulando ritmado ao meu, ele me dando o melhor momento de minha vida.
Caminhei lentamente para o banheiro, a água lavou os vestígios da noite perfeita. Eu sabia que eu estava pulando um detalhe importante, vasculhei minha mente até chegar ao detalhe mais óbvio. Nós não tínhamos nos prevenido, Christopher não tinha usado camisinha, muito menos, terminado fora de mim. Fiz contas fáceis e descobri que eu não estava tão fértil assim, mas eu nunca poderia confiar naquele método. Eu tinha abandonado as pílulas, nem passava em minha cabeça transar com alguém tão cedo. Sai do banho e revirei as gavetas até achar uma pílula do dia seguinte, as chances de uma gravidez eram remotas. Eu sorri ao imaginar um bebê de olho verde.
Ainda era cedo e eu estava de folga, a sala estava silenciosa. O celular de Christopher estava jogado no sofá, ele tinha se esquecido do aparelho. Eu me assustei e sorri quando vi nossa foto como proteção de tela. Nós parecíamos felizes, porém, um tanto perdidos também.
Desmontei no sofá e deixei minha mente vagar, meu coração batia um pouco mais forte. As batidas eram vigorosas e aqueciam meu peito. A sensação era boa. Eu queria saber quais eram os pensamentos de Christopher, talvez, ele tivesse achado a noite uma droga. Agora, com certeza, ele estaria me comparando com outras mil mulheres com que ele já dividiu a cama.
Quando o relógio marcou nove da manhã, duas batidinhas características soaram. Poderia parecer estranho, mas, pelo som, eu já inferia que era Christopher. Não deixei ser tomada por nenhum tipo de emoção, eu sabia que eu iria odiar as palavras de Christopher, eu já sabia quais eram. Ele estaria indo embora.
Abri a porta quase sem vontade, Christopher tinha um semblante terrivelmente cansado, ele não tinha dormido. “Oi, Christopher.” Falei um pouco ansiosa.
Ele me encarou por uma breve fração de segundo, quase me analisando. “Oi?”
Eu deveria dizer que a expressão de Christopher me incomodava, não de um jeito ruim. Ele estava completamente perdido, os olhos vagavam. Vagavam para lugar nenhum.
Christopher entrou sem esperar meu convite, o corpo cansado parou no meio da sala. “Eu vim ver como você está...”
“Eu estou bem.” Fisicamente, acrescentei em minha mente.
Christopher sorriu sem vontade também. “Você sabe o que eu quis dizer.” Ele deu passos para minha direção, as mãos pegaram meu rosto e o beijo mais puro do mundo fora dado em minha testa.
Eu sempre quis saber os significados dos beijos que ele me dava, os beijos na testa transmitiam uma preocupação sem igual.
Meu corpo esquentou pelo contato repentino, minha espinha recebeu leves choques. Os lábios de Christopher demoraram em minha pele e, tão delicadamente, ele deixou um beijo casto em meus lábios.
“Uh, eu trouxe remédio para você...” Christopher disse incerto, eu podia ver uma ponta de vergonha na fala. “Nós não nos prevenimos...”
Ele me estendeu o comprimido, completamente envergonhado. “Eu sei que isso não previne nenhuma doença, mas eu sou limpo, sim?”
E então eu quis chorar, eu não poderia acreditar que Christopher estava falando sobre DST, realmente, a noite não teve o mesmo significado para ele.
“Eu também não tenho nada...” Minha voz embargou no final. Eu não iria chorar na frente de Christopher.
Um silêncio interminável se instaurou. Christopher parecia querer dizer mil coisas, a insegurança exalava de seu corpo.
“Você esqueceu seu celular.” Falei apenas para mantermos um diálogo. Voltei para o sofá e estendi o aparelho para ele.
Christopher pegou o aparelho, eu via a mão tremendo levemente. E então eu comecei a ficar preocupada, ele parecia entrar em convulsão a qualquer momento.
“Dul?” Christopher me chamou baixinho, quase inaudível.
“Sim?” Falei também baixo, eu já me sentia meio tonta, aquela conversa não iria terminar bem.
Ele me olhou profundamente, Christopher poderia analisar minha alma se quisesse. Os olhos verdes estavam opacos, um tanto tristes. “Eu não sou o cara certo para você...”
A afirmação dita com a voz vacilante fez meu coração perder uma batida, senti meu rosto esquentado, e meus olhos marejando. Era sempre assim, por que todas as pessoas que eu gostava saiam de minha vida?
Meus olhos queimaram por causa das lágrimas idiotas. “Eu sei o que é bom para mim, Christopher!”
Christopher correu os dedos pelos cabelos, uma careta preencheu-lhe a face bonita. “Você não sabe, Dul.”
“Você é bom para mim.” A fala saiu cortada, meu peito batia descompassado. Eu queria falar tanta coisa, dizer o jeito que ele me deixava, o jeito que eu o amava.
“Dul, eu não sou bom o suficiente, você merece alguém melhor que eu!” A voz de Christopher saiu mais alta, embora continuasse incerta.
Outro silêncio desconfortável preencheu a sala. Christopher permaneceu imóvel em minha frente, eu estava vendo tudo se acabar.
“Christopher, eu sei exatamente o que é bom para mim, e eu sei que eu quero você!” Surpreendi-me com a certeza de minhas palavras, o rubor cobriu meu rosto.
“Não faça isso ficar pior, baby.” Christopher disse nervoso, ele não estava nervoso comigo, era com ele próprio.
“Sabe qual é o seu problema, Christopher?” Soltei de qualquer jeito, minha arguição saiu desesperada.
Sem nenhum tipo de resposta, fui obrigada a continuar. Antes, algumas lágrimas desceram sem minha permissão.
“Você acha que pode entrar em minha vida e vira-la de cabeça para baixo e, depois, simplesmente, ir embora.” Falei em meio às lágrimas, Christopher me olhava completamente perdido.
“Eu realmente amei tudo que aconteceu ontem à noite, foi a melhor coisa que me aconteceu, mas eu não posso pedir para você sentir as mesmas coisas que eu sinto.” Eu disse abafado, surpreendida pela escolha das palavras, eu tinha falado demais.
Christopher caminhou e se agachou em minha frente, nossos olhos se prenderam. O verde esmeralda parecia transbordar, as emoções dançavam entre os cílios longos e, por um instante, pensei que Christopher poderia sentir tudo que eu sentia.
“Dul, apenas acredite em mim, eu não tenho palavras para dizer o quão perfeito foi nos dois juntos ontem, mas eu preciso ir.” Ele disse baixinho, vi um pouco de umidade acumulando nos cantos dos olhos. Christopher não chorou efetivamente, mas as lágrimas estavam lá.
“Você não precisa ir.” Dessa vez, não segurei minhas lágrimas. O choro molhou meu rosto, as mãos de Christopher correram timidamente por minhas bochechas.
“Eu preciso, baby.” Christopher beijou minha têmpora, o contato foi rápido demais. “Eu estou fazendo isto por você.”
Aquele discurso era infundado, ele deveria ficar e não me deixar. A razão já tinha sido esquecida, mas recobrei-a. Eu não poderia obrigar Christopher a ficar comigo, eu não iria me humilhar assim.
“Eu não vou correr atrás de você quando você cruzar aquela porta.” Falei firme, mas, por dentro, meu peito se retorcia em dor.
Christopher esfregou o rosto, ele era o retrato da confusão. “Vai ser melhor assim.”
Meus olhos seguiram os movimentos de Christopher, eu analisei cada atitude, eu queria poder entrar na cabeça dele e tirar tudo que o afligia. Eu apenas queria um Christopher sem hesitação, que soubesse o que realmente quer.
A cena era triste, meus olhos inchados e os de Christopher, vermelhos e segurando as lágrimas. Era difícil dizer quem estava mais quebrado.
Nossos olhos não se desgrudaram, eu queria aproveitar aquele último instante junto a ele. “Eu amo você, Christopher.” As palavras saíram calmas, quase despretensiosas. A declaração trouxe um brilho aos olhos de Christopher, ele piscou incrédulo.
“Eu amo muito você, de um jeito que dói.” As lágrimas atrapalharam minha fala, falar aquilo, de um jeito torto, era bom. Era libertador.
Christopher continuou a me olhar, eu daria tudo para desvendar o que ele queria dizer. “Eu não mereço você, baby.”
Então era isso, eu o amava e ele estava me deixando. “É melhor você ir, Christopher.”
Ele assentiu rapidamente, relutante, Christopher se levantou e caminhou para a porta. Sem olhar para trás, ele a trancou.
O choro tornou-se interminável, era como ir do céu ao inferno em um intervalo de poucas horas. Perguntei-me o que tinha de errado comigo. Tombei minha cabeça no sofá, as almofadas conferiram certo alívio para minhas costas.
O resto da manhã passou entre choros e fungadas. Minha cabeça não pensava em nada especificamente, procurei minhas falhas com Christopher, um passo em falso, mas nada justificava as atitudes dele.
Eu não sabia muito sobre amor. Eu não sabia nada, na verdade. Questionei-me se fazer amor era o que Christopher e eu tínhamos feito ontem à noite. Teve um ingrediente a mais, não foi só tesão e dois corpos queimando pele desejo. Tinha sido diferente, eu não me senti humilhada nem motivo de escárnio, Christopher tinha quase me adorado. Eu via isso nos olhos dele. Ele não queria me humilhar ou causar dor, apenas, queria me fazer me sentir mulher.
Em meio a tantos pensamentos cruzados, foquei em um detalhe que tinha passado despercebido. Christopher estava saindo de minha vida ou saindo da cidade, do estado? Ele não poderia voltar para Chicago, não era tão fácil conseguir uma transferência e não fazia nenhum sentido ele desistir da vida que estava construindo em Nova Iorque por minha causa.
Em algum momento da tarde, resolvi voltar para minha cama. Olhei para o apanhador de sonhos, sorri sozinha, era um presente que representava tanto Christopher e sua preocupação. Eu não era muito crente em misticismo, mas valia a pena tentar, mesmo sabendo que aquilo não espantaria meu pesadelo.
Não o deixei invadir meus pensamentos, já bastava ele me atormentar todas as noites. Rolei na cama, completamente frustrada, até quando eu iria viver com aquilo?
A noite caiu e trouxe um céu estrelado, o apartamento nunca pareceu tão silencioso e enorme. Comi qualquer coisa e rastejei de volta para cama, antes que eu pegasse no sono, o celular chamou em algum lugar abaixo do edredom.
“Alô?” Perguntei assim que atendi.
“Ei Dul!” Anahí disse feliz, aparentemente.
“Oi Anahí, bem?” Sentei-me na cama, apenas para eu não dormir durante a ligação.
“Eu tenho uma proposta irrecusável para você e Christopher!” Ela disse exponencialmente mais alto.
“Será só para mim então.” Falei sem perceber que aquilo traria mil questionamentos por parte de Anahí.
“O que aconteceu com vocês?” Anahí perguntou preocupada.
Eu não tinha motivos para omitir aquilo de Anahí. “Eu o amo, nós transamos, e ele disse que é melhor nós não ficarmos juntos.”
Anahí bufou baixinho. “A ordem foi essa?”
“Eu descobri que o amo enquanto estávamos perto da borda e, hoje de manhã, ele resolveu terminar o que nem tinha começado comigo.” Falei com tom de derrota.
“Dul, isso é horrível.” Anahí disse ainda mais baixo. “Como você está?”
“Mal!” Eu existia outra palavra.
“Eu sinto muito por você, ele nunca te mereceu mesmo!” Ela disse com displicência.
Eu estava ficando irritada com todo mundo dizendo que Christopher não me merecia!
“A gente nunca daria certo mesmo, Ali!” Falei para encerrar aquele ponto. “Então, qual é sua proposta?”
Anahí pareceu pensar. “Uh, inicialmente seria uma saída de casais, mas podemos transformá-la em uma saída de garotas, o que acha?”
Deveria admitir que ficar em casa não estava me fazendo bem, e uma noite com Mai e Anahí iria me fazer bem. “Mai também está indo? Tem tempo que não a vejo.”
“Vou ligar, mas é claro que ela vai animar. Uh, arrume-se e daqui uma hora eu passo ai para te buscar. Use sua melhor roupa, a mais curta que tiver!” Anahí disse rindo descaradamente.
“Anahí!” Eu a reaprendi, ultrajada. “Eu nem vou beber essa noite!”
“Ok Dul, apenas fique pronta, daqui a pouco estou em sua casa, beijos.” Ali desligou em seguida.
Joguei meu corpo para fora da cama, vasculhei meu armário em busca de uma boa peça de roupa. O vestido dado por Esme ainda tinha sido utilizado, aquela seria uma boa ocasião para usá-lo. Procurei os sapatos igualmente intocados.
Eu sempre tinha problemas com meu cabelo, ele nunca me respeitava. Decidi deixá-lo preso no alto. Era um milagre oculto, mas minha pele brilhava um pouquinho e parecia mais vistosa. A única coisa que me permiti, foi um pouco de rimel e blush.
Pontualmente, minutos mais tarde, Anahí bateu em minha porta. “Oi Ali!”
Anahí estava bonita como sempre, saia completamente curta e uma camisa de seda. “Dul, diga-me agora onde você comprou esse vestido!”
“Foi a mãe de Christopher quem me deu.” Senti meu rosto corando na mesma hora.
Anahí procurou meus olhos. “O que aconteceu entre vocês?”
“Eu não sei, Anahí. Eu desisti de entendê-lo.” Falei um tanto derrotada, fiz sinal para ela sentar-se no sofá.
“Você disse que o ama...” Ali disse sem pretensão.
Aquilo me pegou desprevenida. “Parece que não caber em meu peito, isso é forte, sim?”
“Eu fico feliz em te ver apaixonada, embora as circunstâncias sejam as piores.” Anahí disse sorrindo, os olhos brilharam.
“Sério que vocês transaram?” Anahí disse antes de eu responder qualquer coisa.
Meu rosto queimou de um jeito desconhecido, apenas movi a cabeça positivamente. Pedi internamente que Anahí não pedisse muitos detalhes.
“Foi ruim?” Ela perguntou com evidente preocupação.
Eu sorri sozinha com as lembranças. “Foi incrível, Anahí!”
Ela também sorriu, dessa vez, amplamente. “Você não vai me contar os detalhes, né?”
“Nop!” Soltei divertida para ela. “Quer beber alguma coisa?”
“Eu estou dirigindo.” Anahí disse tristonha.
“Pode beber, eu posso dirigir para você, não pretendo extrapolar essa noite.” Falei e caminhei para a cozinha, peguei um copo e verti um pouco de um vinho velho que eu tinha.
“O que são aquelas plantas?” Anahí pegou o copo e apontou para a sacada da sala.
“Estou tentando fazer um jardim, mas parece que não vai dar certo.” Olhei também para as plantas, elas não pareciam muito felizes, as folhas estavam amarelas e com aspecto estranho.
“Poncho não implicou por você sair sozinha?” Perguntei e fui conferir de perto as plantas.
“Ele confia na noivinha que tem.” Anahí e piscou marotamente para mim.
Quando passou das dez, resolvemos sair e buscar Maite. Dirigi até Upper East Side e, bom, aquele lugar era realmente opulento. Mai não demorou a aparecer, os cabelos loiros estavam mais loiros e brilhantes. Ela trajava um vestido preto não muito justo, a carteira de mão brilhava como a jóia mais cara.
“Dul!” Maite disse assim que entrou no banco de trás. “Você está tão deslumbrante!”
“Obrigada Mai, você vai deixar Christian preocupado essa noite.” Devolvi sorridente para ela.
“Acredita que ele nem sabe que estou saindo esta noite?” Ela perguntou sem preocupação.
Anahí e eu rimos sem deliberação, o que fez Mai sorrir também. Às vezes, eu tinha um pouco de dó de Christian e Poncho.
(...)
Surpreendi-me quando Anahí sacou as entradas vips da carteira. “Estamos com sorte, meninas!”
“Quem lhe deu?” Perguntei curiosa.
“O meu esteticista é amigo do promoter, ele me conseguiu algumas entradas.” Anahí disse já se esquivando da lista e entrando na entrada privativa.
Boate me lembrava uma única pessoa. Christopher. Eu sabia que ele não gostava desses lugares, ele sempre iria preferir um pub a uma balada. Lembrei-me da última vez que dançamos juntos, na verdade, eu não me lembrava de nada. Aliás, eu ainda tinha curiosidade em saber o que eu realmente fiz aquela noite.
Nós três entramos juntas. A priori, já dava para perceber que estava lotado, tinha pessoas em todos os lugares, as luzes causavam uma tonteira momentânea, mas era divertido.
A música ecoou em meus ouvidos, a batida era desconexa e convidava o corpo a se mexer, mesmo querendo, minha vergonha me impedia de fazer qualquer passo muito elaborado.
“Dul, por favor, não seja um poste essa noite!” Mai praticamente gritou para mim, sem eu perceber, ela e Anahí me puxaram para a pista.
Anahí já segurava um copo na mão, ela quebrava o corpo sem inibição. Sem muitas escolhas, decidi me entregar a música também.
Os olhares diziam que nós éramos um bom trio, eu não gostava daquele tipo de olhar em mim, principalmente, vindo de desconhecidos. Eu ignorava qualquer tentativa de aproximação.
“Anahí?” Alguém gritou perto de nós, girei e encontrei um moreno muito forte sorrindo para nós.
Cutuquei Anahí para chamar-lhe atenção, ela também sorriu quando viu o homem musculoso. “Ei Pablo!”
Pablo?
Ele caminhou para nossa direção, o sorriso enorme nunca saindo do rosto cheio de traços fortes. Ele era bonito, mas não era a beleza que eu gostava.
Anahí e ele se abraçaram, enquanto Mai e eu apenas observávamos a cena. “Meninas, deixem-me apresentar-lhes meu amigo Pablo!”
“Meus Deus, essa não pode ser Maite Hale!” Pablo praticamente gritou quando olhou para Mai. A voz saiu completamente surpresa.
Mai sorriu e lhe estendeu a mão. “Prazer, Pablo!”
“Eu assisto todos seus programas, sério, preciso de fotos com você!” Ele disse ainda mais efusivamente.
Tinha alguma coisa errada com ele, não tinha?
“Essa é Dul, Pablo.” Anahí me anunciou, ele me puxou para um abraço.
“Ola?” Falei depois que ele me soltou.
“Anahí fala muito de você, querida!” Ele disse sorrindo, as ruguinhas se intensificaram nos cantos de seus olhos negros.
“Ele que é meu esteticista, foi ele quem nos deu as credenciais.” Anahí disse antes de beber mais do drink.
“Obrigada, a festa está incrível!” Falei sendo sincera.
“Meninas, o que dizem sobre algumas fotos?” Pablo praticamente nos puxou para perto do fotografo.
Os flashes dispararam incontáveis vezes, minha pose e sorriso não mudavam. Depois de um bom tempo Pablo dispensou o fotografo. Anahí e Mai voltaram para a pista para deleite dos homens e inveja das mulheres.
“A festa está incrível, foi seu amigo quem organizou, né?” Perguntei apenas para manter uma conversa, já que Mai e Anahí tinham sumido.
Pablo sorriu de um jeito engraçado. “Ele é o meu casinho!”
A bebida sem álcool que eu estava prestes a beber, balançou pela surpresa. Eu o olhei completamente corada. Pablo não pareceu se importar.
“Todos fazem essa mesma cara!” Ele disse divertido.
Eu me restabeleci antes de falar qualquer besteira. Eu não era nenhum pouco preconceituosa, mas eu deveria admitir que Pablo era um desperdício de homem.
“Você é discreto.” Coloquei vagamente, encarando-o.
“Eu sou.” Ele disse e nos guiou para o bar. “Eu não costumo dar muita pinta por ai.”
“Muita gente já te disse isso, mas, você é muito bonito para ser gay!” Falei e me sentei no banquinho.
“Obrigado?” Pablo disse sorrindo, depois, passou a mão pelo cabelo preto.
“Uh, você é esteticista?” Lembrei-me do que Anahí tinha tido.
Ele riu antes de responder. “É divertido ficar conversando com mulher o dia inteiro, ouvindo aqueles dramas intermináveis!”
Eu tinha um bom drama interminável. “Talvez eu vá conversar um pouco com você.”
Pablo me analisou por um instante. “Seu corpo não precisa de nenhum retoque, então tem alguma coisa para ser externada?”
Ele era um cara legal, mas não precisava saber de minhas frustrações com Christopher. “É só um draminha de mulher.”
“Peça Anahí o endereço, vai ser ótimo te atender!” Ele disse e bebeu um pouco do drink cor de rosa. “Aí vem ele!”
Pablo apontou para um cara ainda mais bonito, também muito forte. O cabelo loiro captava toda luz. “Estava te procurando!” Ele disse olhando para Pablo.
“Encontrei algumas amigas, esta é Dul, a propósito.” Dei minha mão para o homem ainda sem nome.
“Prazer, sou James!” Ele disse sério. Ele e Pablo eram a personificação da antítese. Um sério, outro divertido.
Eles conversaram alguma coisa que eu não ouvi, girei para o outro lado para dar mais privacidade. E se eu não estivesse louca, Christopher estava sentado a poucos metros de mim.
Que merda ele estava fazendo aqui?
Foquei meu olhar para ter certeza, era Christopher dentro de uma camisa pólo azul escuro, a calça clara cobria as pernas torneadas e longas. Eu desisti de contar quantos copos vazios tinham ao redor dele.
“Então Dul, o que acha de subirmos para dançar um pouco?” Pablo disse um pouco mais alto.
Não consegui responder, eu precisava saber o motivo de Christopher estar ali, no mesmo lugar que eu. Não fazia nenhum sentido.
“Eu preciso de sua ajuda.” Falei também mais alto.
“Oi?” Pablo respondeu em dúvida.
“Está vendo aquele homem?” Apontei para Christopher, que bebia sem parar. “Vá até lá e descubra por que ele está aqui.”
Pablo pareceu analisar Christopher, ele demorou os olhos no homem que eu amava. “Seu namorado?”
“Só um conhecido.” Menti, pois não sabia como classificar Christopher, eu só sabia que ele era ex alguma coisa. “Faça isso por mim, por favor!”
“Eu quero saber dessa historia todinha, certo?” Pablo disse antes de caminhar até Christopher.
Meu coração batia de um jeito diferente, eu não gostava de ver Christopher bebendo daquele jeito, ele parecia desiludido com a vida.
Quando Pablo voltou, foi impossível disfarçar a expectativa. “Aquele cara é engraçado!”
“O que ele disse?” Perguntei sem rodeios.
“Ele disse que precisava beber, por que a mulher da vida dele não o merece...” Pablo disse sem deixar de me olhar. Eu não sabia por qual motivo eu estava corada, se era por Pablo perceber o meu blefe, ou pela declaração de Christopher.
“Christopher costuma falar bobagens quando bêbado.” Falei e olhei novamente para Christopher, ele nunca notaria minha presença.
“Ele parece um tanto fodido.” Pablo voltou a se sentar, eu não poderia dar as respostas que ele procurava.
“Posso te pedir mais um favor?” Não esperei a resposta. Pedi uma caneta e um guardanapo ao barman e anotei o endereço de Christopher. “Leve Christopher para casa? Ele está bêbado e, possivelmente, dirigindo.”
Pablo me olhou de um jeito estranho. “Você gosta dele!”
“Gosto.” Admiti envergonhada. “Apenas leve-o para casa, eu me sentiria culpada se deixasse Christopher dirigir.
“Eu não posso obrigá-lo a me dar as chaves do carro dele.” Pablo falou o óbvio.
“Ele está bêbado, ele nem sabe o que está acontecendo, apenas não abuse dele!” A última parte fez meu rosto queimar.
Pablo sorriu para mim, completamente atrevido. “Não seria uma má ideia, mas eu sei de quem ele gosta!”
Não respondi ao comentário. “Eu preciso ir embora, vou procurar Ali e Mai. Foi ótimo te conhecer, passe-me seu número.” Joguei meu celular para ele.
Abracei-o e o agradeci pelo o que ele estava fazendo por Christopher. “Até mais, Pablo!”
Encontrei Anahí meio altinha na pista, Mai dançava como uma louca. As duas caminharam para minha direção quando me viram. “Vamos?” Anahí disse, estranhei o fato dela não ter relutado para ficar mais.
Anahí foi a primeira a dormir quando entrou no carro, Mai falava alguma coisa sobre Pablo e seu namorado, ou casinho, sei lá. Minha cabeça só estava em Christopher, aquela bebedeira descompensada. O destino estava sempre contra nós, sempre nos colocando cara a cara.
Deixei Mai em seu apartamento, minha dúvida rondava sobre para onde eu levaria Anahí. Se eu a deixasse em casa, não teria como eu voltar para casa. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Poncho, ignorei o fato de passar das três da madrugada.
Poncho, Anahí vai ficar em minha casa essa noite. Ela dormiu, amanhã ela te liga.
Beijos, Dul.
Tirar Anahí do carro fora uma tarefa quase impossível, ela não colaborava. Depois de muito tentar conseguir passar pela porta de meu apartamento.
O velho quarto de Anahí estava muito bagunçado, eu não tinha problemas em dividir minha cama. Nós duas dividimos a cama, busquei um edredom para cada uma.
(...)
Parecia que eu tinha dormido apenas dois segundo, quando o relógio despertou. Pulei da cama e corri para o banheiro e deixei Anahí dormindo tranquilamente.
Eu sempre me atrasava, deixei um recado para Anahí, peguei um biscoito qualquer e desci para a garagem. Dei uma olhada no estacionamento, o Volvo de Christopher não estava lá.
Enquanto dirigia liguei para Pablo, ele tinha deixado Christopher em casa e, segundo ele, Christopher era o bêbado mais engraçado que ele já conhecera. Ri sozinha quando imaginei Christopher descobrindo quem o tinha levado para casa.
(...)
O dia de trabalho passou normalmente, enquanto o elevador subia para o quarto andar, eu procurava minhas chaves.
Sai do elevador calmamente, mas meu estado de espírito mudou quando eu vi Christopher sentado em frente a minha porta, exausto.
“O que você está fazendo aqui?” Perguntei repentinamente, os olhos de Christopher subiram para encontrar os meus. Ele ignorou completamente minha pergunta pouco polida.
“A gente precisa conversar.” Ele disse baixinho, evidenciando seu cansaço.
Abaixei-me para ficarmos na mesma altura. “A gente não tem nada para conversar, Christopher.”
As mãos dele pegaram meu rosto, o afago delicado foi feito em minha bochecha. “Eu não posso te perder, baby.”
O apelido dito tão doce fez meu peito bater mais forte. “Você ainda está de ressaca, não sabe o que está dizendo.”
Christopher remexeu no chão, ele estava de uniforme; com certeza, o turno tinha acabado de terminar. “Como sabe que eu bebi?”
A pergunta veio sem aviso, procurei uma boa resposta. “É só olhar para sua cara, está gritando para qualquer um.”
“Eu preciso entrar, Christopher.” Fiz menção de levantar, mas ele não deixou.
“Dul, vamos nos resolver, por favor!” A voz de Christopher tornou-se ávida.
Eu deveria ser forte, eu não gostava de ver Christopher tão vulnerável, eu sabia que eu não deveria deixar aquela situação se estender.
“Christopher, você sabe exatamente como eu me sinto em relação a você, eu não menti quando disse que te amava, eu nunca faria isso.” Falei mais uma vez para ele, e, novamente, um brilho desconhecido saltou em seus olhos.
Ele tinha os olhos presos nos meus. “Eu não posso ficar com um cara que não sabe o que sente por mim, eu quero você de corpo, alma e coração. Eu quero os três juntos.” Nossos olhos não desviaram, então eu fiz a pergunta que eu tinha medo.
Antes, Christopher afagou novamente minha bochecha, os lábios finos tremiam levemente. Puxei todo o ar que eu tinha. “O que você sente por mim, Christopher?”
A pergunta foi absorvida aos poucos, Christopher olhou para baixo e depois para mim, a única coisa que seus olhos transmitiam era a confusão, embora o brilho desconhecido permanecesse. Ele não me respondeu.
Duas lágrimas brotaram em meus olhos. “Está vendo? Eu não quero um Christopher hesitante.” Falei baixinho.
“Desculpe por eu estragar sua vida, baby.” Christopher deixou um beijo em meus lábios, fora inesperado, meus lábios moveram-se sem minha permissão. O beijo foi sofrido, apenas.
Nossos rostos continuaram próximos. Tinha um tanto de emoções entre nós. “Eu não estou dizendo que vou deixar de gostar de você, Christopher. É apenas uma escolha. Agora eu posso escolher, eu posso fugir. E eu estou escolhendo não sofrer por você.” Falei antes de me levantar. Meu coração já batia na garganta. E as lágrimas morreram em minha boca.
Quando eu passei pela porta, apenas escorreguei até me sentar no chão. O choro voltou e, com ele, a dor. Eu era o retrato do homem que estava do outro lado da porta.
A cama que eu estou deitado está ficando mais fria
Desejaria que eu nunca tivesse dito que terminou
E eu não posso fingir que eu não pensarei em você quando eu for mais velho
Porque nós nunca tivemos realmente nosso encerramento
Isso não pode ser o fim
Realmente sinto falta de seus cabelos no meu rosto e do gosto da sua inocência
E eu acho que você deveria saber isto
Você merece algo muito melhor do que eu
E eu penso que você deveria saber isto
Você merece algo muito melhor do que eu
(E eu penso que você deveria saber isto)
(Você merece algo muito melhor do que eu)
Better than me - Hinder
Continua...
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Autor(a): smileforvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
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lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:33:13
o ultimo capitulo nao tem nada
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lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:32:54
estou amando
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lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:32:44
leitora nova
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lari_oliverr Postado em 08/01/2015 - 16:32:26
qual é o nome do livro que vc adaptuo a fic ?
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keziavondy Postado em 19/11/2014 - 09:23:36
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH VOCE VOLTOU... EU AMO VC, EU AMO ESSA FIC, EU TUDO AI CARA QUE EEMOÇÃO
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bianca_sd Postado em 11/08/2014 - 16:40:05
Você vai voltar a postar ou você abandonou??? POSTA MAIS!!!!
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dyas Postado em 01/08/2014 - 15:18:39
Abandonou?
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kelly001 Postado em 24/07/2014 - 15:15:12
também estou esperando que vc continue a postar... vamo lá galera: continua, continua, continua, continua, continua...
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babar_slon Postado em 12/07/2014 - 18:34:41
Você nunca mais voltou, você abandonou a web???
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nandafofinha Postado em 11/07/2014 - 15:56:20
To esperando vc voltar ate hoje