Fanfic: Passado Distorcido ( ADAPTADA ) | Tema: Vondy / Rebelde

Enfrentei um trânsito caótico enquanto voltava para casa. Eu só precisava de um banho e uma comida qualquer.

O banho ficou para depois, pois Ane passou bons cinqüenta minutos debaixo do chuveiro, resolvi fazer alguma coisa para comer. Uma salada e um frango grelhado.

 “Dulce, preciso de você aqui AGORA!” Os gritos de Anahí me assustavam, corri para o quarto sabendo que seria uma futilidade qualquer.

“Oi Ane!” Falei da porta de seu quarto, ela tinha oito umas calcinhas em sua mão.

 “Qual eu uso?” Ane perguntou e eu ri.

“Ane, quem vai transar com Poncho é você, você quem sabe o que ele gosta!” Falei voltando para a cozinha.

Ouvi os murmúrios de Ane, voltei minha atenção para o que eu estava preparando. Cozinhar era terapêutico, o cheiro das ervas, a cor dos ingredientes... Tudo me fascinava.

E também era uma boa hora para refletir, pensar no quanto minha vida tinha mudado de quatro anos pra cá, nas pessoas que perdi...

Eu poderia ter me afundado numa depressão violenta ou ter feito alguma merda maior, claro, eu ainda tinha meus medos e as lembranças tristes, mas nada disso me impediu de continuar com minha vida. E mesmo minha vida se resumido a trabalho e tempo ocioso com Ane eu não reclamava, isso foi tudo que me restou.

Comi em frente à TV, passava um noticiário qualquer. Ane saiu timidamente do quarto, de longe eu podia ver que ela estava maravilhosa.

“Estou bem?” Sua pergunta não fazia nenhum sentido.

“Ane, você está deslumbrante! Poncho vai amar.” Falei no meio de um gole gingante de coca.

Ane sentou no sofá para esperar Poncho, eu via seus olhos brilhando. E era impossível disfarçar meu incômodo, era bom vê-la feliz e isso me deixava feliz também, mas o triste era saber que dificilmente eu desfrutaria desse mesmo sentimento. Eu tinha um imã incrível para caras idiotas.

“Ei, não gosto de você triste!” Ane falou chamando minha atenção.

“Eu não estou triste!” Era uma meia mentira. 

“Dulce, sei que você está esquecendo toda essa merda e tenho certeza que você vai encontrar o cara certo para você!” Suas palavras eram firmes.

“Assim espero!” Falei num tom evasivo, eu ainda tinha essa esperança.

Poncho não demorou a tocar a campainha, seu olhar para Anahí foi tão doce que quase fiquei com inveja, tinha sido um olhar cheio de amor.

Ele não poupou elogios para minha amiga, a cada palavra bonita Alice suspirava. Eles saíram logo depois, e eu estava sozinha.

 Eu não gostava da noite. Era quando eu percebia o quanto eu estava só nesse mundo, olhei pela janela do apartamento, as ruas estavam movimentadas e as pessoas iam e vinham num ritmo acelerado. Era neste período em que as lembranças ruins vinham à superfície, eu podia lembrar tudo. Era claro como cristal.

Andei pela sala lutando contra o sono, dormir era o portal para o passado. Meu corpo pedia descanso, obedeci a seu pedido. Relutante tomei um banho rápido e deitei em minha cama.

O sono veio ligeiro; tive sonhos bobos como sonhar com peixes voadores e uma flor que tinha filhotes, depois tive o pesadelo de sempre: a mesma cena e a mesma ameaça, acordei chorando e gritando e dessa vez tive que me acalmar sozinha, minutos depois eu já estava sendo levada para inconsciência.

Continua...