Fanfic: Coração Obsessivo | Tema: Vondy

Muitas memórias vinham à mente para preencher o silêncio doloroso. Memórias que ainda a mantinham refém dos pensamentos quando baixava a guarda. Que não refletiam mais a realidade. O Christopher que permanecera como um fantasma, assombrando seus sonhos com esperanças joviais de felicidade e amor não existia mais.

— Muita coisa mudou nos últimos dez anos. Vai descobrir que não sou mais aquele garoto.

Olhou-o com um misto de medo e fascinação. Apesar dos riscos, queria saber tudo sobre as mudanças que sofrerá através dos anos, queria entender os fracassos e sucessos que moldaram o homem no qual se tomara.

— Certo. Mas apenas uma dança. Depois preciso fiscalizar os pagamentos do leilão.

— Fechado — prometeu.

Com uma das mãos sobre as costas dela, guiou-a em direção ao centro da pista. Seu toque a fez sentir frio e calor ao mesmo tempo, enquanto os outros convidados no salão abriam espaço como súditos diante de um rei.

Então, girou-a para que se olhassem de frente e a puxou para perto, suas coxas colidindo, os dedos longos nas costas dela exigindo total atenção.

Dulce não conseguia pensar. Não conseguia falar. O ritmo pulsante da música saltitava em suas veias.

As mãos dele em sua pele não deviam ter dificultado a respiração daquele jeito, nem abalado sua compostura a ponto de fazê-la se sacudir contra seu corpo, os dedos tocando de leve o contorno do peito de Christopher, sob as camadas de seda e lã. No entanto, balançava. As pernas incapazes de suportar o próprio peso por mais tempo.

Está mais graciosa do que nunca.

Se ele ao menos soubesse. A expressão dele a fez sentir como se fossem as únicas pessoas no mundo, como a única mulher em seu mundo.

Deslizou o braço forte na cintura de Dulce, puxou-a para perto e a pôs na ponta dos pés, provocando um choque de prazer quando as virilhas se encontraram. A outra mão ergueu a dela, gentilmente, apesar da dureza implacável dos olhos.

Parecia conveniente. Tão, mas tão conveniente, ser segura daquela forma por ele. Estupefata, fechou os olhos e se permitiu mergulhar no momento, relembrando os tempos que passaram juntos, há tantos anos. Como se ouvisse uma música que um dia memorizou e depois esquecera, a que compuseram juntos estava de volta, um doce eco de lembranças do passado.

Quando a música acabou, abriu os olhos e encontrou os dele. E pôde reconhecer o ódio que ele queria ocultar.

Ah, Deus.