Fanfic: Coração Obsessivo | Tema: Vondy

DEPOIS DE nove dias de felicidade, estava parada na janela do escritório do edifício dos Saviñón, mirando o vazio pela parede de vidro respingada de chuva. Apesar de não ser nem meio-dia, o céu nublado e a chuva persistente faziam parecer mais tarde. O tempo combinava perfeitamente com seu humor.

Atrás dela, o mais recente relatório feito por Joe Benson estava espalhado sobre sua mesa e recheado de verdades incriminadoras. Sem querer alarmá-la antes de ter certeza, o conselheiro mais confiável de seu pai havia designado quatro equipes diferentes para pesquisar sobre as transações financeiras da empresa nas duas últimas semanas. Naquela manhã, apenas três horas e oito minutos depois de ela ter saído da cama de Christopher, Joe fornecera cópias de tudo: contratos que haviam sido redigidos sem seu conhecimento; registros da dissolução das empresas que a Indústria Saviñón financiara; votos recolhidos na única reunião de conselho que Dulce não participara desde a morte do pai. As evidências eram fortes demais para não reconhecer a verdade.

Já não controlava mais a própria empresa.

E, até a manhã do dia seguinte, a empresa de seu pai, que estivera na família Saviñón por mais de um século, deixaria de existir. A sede de Manhattan estava sendo subdividida e arredada por empresas concorrentes. As propriedades da família, os negócios, as caridades... Tudo acabado. Desmantelado. Destruído, vendido ou absorvido por alguma Companhia subsidiária de Christopher.

E não suspeitara de nada.

Como aquilo acontecera? Como ela não vira?

Porque só tinha visto o que ele permitia. E queria acreditar nele. Nos dois. Queria muito ser amada.

Mas, estivera errada. Estúpida e cega. O tempo todo em que a seduzira, quebrando suas defesas e fazendo com que se apaixonasse novamente, estivera conspirando. Odiava ela. Ganhara tempo até que conseguisse destruí-la.

Ficou chocada, a verdade dilacerava sua alma, seu coração. Dulce obrigou-se a continuar pensando apesar da dor. Ah, Deus. Como doía. Pior do que imaginara.

Fechando os olhos, repreendeu-se por não ouvir os próprios instintos. Devia ter confiado neles. Sabia que a odiava, sabia que ele queria vingança. O que desconhecia era até onde era capaz de ir para machucá-la. Tirar sua virgindade não fora suficiente. Fingir que aceitava suas cicatrizes e fazê-la acreditar no amor novamente não fora o bastante. Não. Ele tinha que destruir cada aspecto de sua vida. Seu coração. Sua empresa. Suas memórias.