Fanfic: Coração Obsessivo | Tema: Vondy

Duas semanas depois, o chofer parou no estacionamento do lado de fora das Indústrias Savinón, no centro de Manhattan. Saindo da limusine, arrumou seu paletó Brioni e inclinou a cabeça para trás, analisando o imponente prédio.

Fazia dez anos que estivera ali. Dez anos desde que ousara colocar os pés nos domínios de seu antigo chefe. Apesar de sua vida ter mudado drasticamente, a riqueza e o domínio dos Saviñón continuavam os mesmos. Eram 25 andares de mármore preto, vidro e aço que ainda reverberavam o poder cruel de seu fundador e da filha dissimulada.

Deu um sorriso amargo ao imaginar a reação de Dulce diante de sua presença inesperada, a agonia que certamente sentiria quando percebesse que o garoto que rejeitara havia voltado. Que não era mais o filho sem valor de um operário, um zé-ninguém que trabalhara nas ilhas caribenhas dos Saviñón apenas para ficar perto dela. Agora, podia comprar dez vezes as propriedades daquela família.

A aquisição daquela noite prometia valer cada centavo.

A ansiedade cresceu em seu peito enquanto pisava no limiar do edifício em direção às luzes do lobby. Do outro lado da majestosa porta de vidro, dúzias de filantropos e políticos mais ricos de Nova York se misturavam, bebendo champanhe. Examinou a multidão em busca do cabelo ruivo de Dulce, mas logo foi interrompido por uma aglomeração de mulheres bajuladoras.

É tão ruim quanto em Londres. Tolerou as conversas fúteis e insignificantes e o flerte escancarado ao fazer vagarosamente seu caminho pelo lobby. Determinado a se desvencilhar da multidão, entrou no salão de baile fartamente decorado. Um octeto de músicos tocava em um canto enquanto velas e miniaturas de luzes brancas lançavam sombras nas imaculadas placas com os nomes dos convidados. Ao encontrar a mesa que conseguira com um parceiro de negócios, puxou a cadeira e sentou no local reservado. Embora tivesse de alugar seu iate por um mês e vender uma das subsidiarias da Uckermann International, sabia que comprar a ilha faria o sacrifício valer a pena.

Com o pai ficando mais velho a cada dia, o tempo de Christopher estava acabando. Mais do que qualquer coisa, queria presenteá-lo com a ilha, para provar de uma vez por todas que os homens da família Uckermann não precisavam baixar a cabeça para os outros só porque nasceram pobres. Tinham todo o direito de alcançar uma posição melhor, de saborear os prazeres que antes eram restritos. Apenas uma vez, antes que a idade ou a doença se instalassem em seu pai, queria que se sentisse como um rei queria mimá-lo na ilha paradisíaca que sempre amara. Talvez, depois, ele acreditasse que os Uckermann eram tão bons quanto quaisquer outros.