Fanfic: Coração Obsessivo | Tema: Vondy

Relaxou o maxilar e caminhou em direção à parede de vidro fumê, mirando o vazio do seu próprio reflexo. Não tinha nada com que se preocupar. Era ele quem ganhara. Com o tempo, se quisesse, poderia ver o prédio inteiro dos Saviñón destruído, e não haveria nada que ela pudesse fazer.

Irritado com ele mesmo, saiu da janela e olhou para cabeça curvada dela. Cruzou as mãos nas costas e tentou adivinhar quais seriam as desculpas que diria quando acabasse de guardar o dinheiro. Fingiria cansaço? Veria-o com aqueles olhos castanhos e pediria para adiar? Precisaria ainda lutar contra o impulso de agradá-la? De puxá-la para perto e prometer dar tudo que desejasse qualquer coisa, enquanto o calor aumentava entre os dois?

Não. De jeito nenhum. Não estava ali para se curvar às vontades dela, para sentir pena. Estava ali para seduzi-la enquanto permanecia frio e distante, para mostrar que não se importava. Que a opinião dela nada significava.

A respiração de Dulce parou na garganta enquanto o observava nas sombras do escritório do pai. A presença dele, junto com aquele olhar ardente, parecia consumir todo o ar.

Um desejo inesperado a possuiu, fazendo a boca secar e os dedos coçarem para tocar aquela pele bronzeada. Reconheceu o frenético desejo da juventude, que os mantinham acordados durante a noite e fazia com que dormir fosse impossível.

— Estou quase terminando. Só preciso transferir tudo para o cofre.

Abaixou-se para abrir o compartimento. Fazendo hora, retirou o dinheiro e os cheques da caixa e começou a classificá-los por nome e doadores em filas perfeitas em cima da mesa do pai. Pôde sentir seus olhos enquanto se curvava para colocar cada pilha em seu devido lugar. Os pensamentos aceleraram e os dedos começaram a tremer enquanto chegava a ultima pilha, percebendo que não poderia mais evitá-lo.

Ele retomou a mesa e colocou uma das mãos na beirada, as coxas perigosamente perto da cabeça dela. Ela levantou a cabeça e Christopher aproveitou a oportunidade para fechar a porta da mesa com o joelho. O cofre se fechou e se moveu para escutar à sua última desculpa do atraso.

Presa entre seu corpo grande e a cadeira do pai, sentiu seus argumentos se esvaírem.

— Já acabou.