Fanfic: Um Diário Nem Tão Querido | Tema: Fantasia,

—Susan! — eu gritei enquanto observava perplexa a transformação nos olhos da minha amiga — seus olhos, mudaram!

Ela pareceu confusa por um tempo, mas quando a minha frase finalmente penetrou ela saiu correndo da cabana como uma louca sendo seguida imediatamente pelo vamp loiro.

Eu conhecia a Sue desde sempre e sabia que ela era uma garota forte, mas com tudo que estava acontecendo não havia como ela não ficar no mínimo desnorteada. Ela precisava da minha ajuda. Do nosso pequeno grupo eu era aquela que possuía a visão mais realista, a que dizia o que precisava ser dito, e sem rodeios. E a Sue certamente não estava conseguindo lidar com as coisas do jeito como as pessoas faziam com ela. Eu entendia que a Natalie queria protegê-la, mas tratá-la como uma criança como estavam fazendo não estava ajudando.

Fiquei de pé pronta para ir atrás dela, mas aquele príncipe estúpido segurou o meu braço num aperto suava, porém firme.

—O que você pensa que está fazendo? — rosnei para ele puxando meu braço. Seria mais fácil se soltar de correntes de aço.

Ele parecia completamente calmo, mas eu podia dizer pela faísca que vi nos seus olhos que ele esta se controlando.

—Isso não é da sua conta.

Como é que é? Como aquele idiota de merda podia dizer aquilo?

—Você não diz o que é ou não da minha conta — respondi estreitando os olhos — caso você ainda não tenha percebido, não estamos no seu reino encantado. Vá dar ordens para os seus súditos.

Christine sugou o ar como se tivesse engasgado. Eu nem me lembrava que aquela vaca ainda estava ali, nos assistindo.

O rosto adquiriu uma expressão completamente furiosa enquanto eu comemorava mentalmente. Kate 1X0 Ciprian.

—Humanos são tão patéticos — ele comentou, sua boca curvada num sorriso desdenhoso — você acha que é muito corajosa, mas você é só burra demais para perceber o quão frágil é sua vida. E que você só está respirando porque é amiga da Susan. Mas não abuse da sua sorte porque isso pode não ser o suficiente.

Ele estava perigosamente perto de mim, fazendo com que sua ameaça soasse ainda pior. Eu sabia que aquele vampiro, apesar de estúpido e arrogante era muito perigoso e que, provavelmente não seria uma ideia muito boa provocar a ira dele. Mas, mesmo que eu sentisse medo eu não iria me encolher e bancar a fraca.

—Não me venha com essa baboseira de “sou o fodão porque meus dentes são maiores”. E sim eu sou humana, e não vou me sentir inferiorizada por isso, porque pelo menos desse modo eu dou valor as coisas e pessoas que importam. Como a MINHA amiga. Por isso minha humanidade é a coisa mais importante que eu tenho.

Ele enrugou a testa, um pouco surpreso com as minhas palavras e soltou meu braço.

—Essa daí é ainda pior que a ruivinha — comentou aquela loba que ainda estava de pé nos encarando. Qual é? Ela não sabia que não era educado ouvir conversa alheia?

—Você não tem mais nada para fazer? — eu me virei para ela que me sorriu maliciosamente.

—Eu estaria fazendo algo com o Ciprian se você não estivesse desviando a atenção dele com esse papo de menininha.

Aquela perua de quinta estava querendo guerra?

—Eu aposto que sim — cruzei os braços enquanto a olhava de cima a baixo — o tipo cadela submissa parece ser o que ele gosta.

Ela rosnou e veio como um furacão para mim.

—Repita, sua vadiazinha metida!

—Chega! — Cirpian falou, seu tom assustadoramente calmo — Christine, deixe-nos um pouco  a sós.

Ela arregalou os olhos, mas saiu sem dar uma palavra.

—Sente-se — ouvi Ciprian dizer, mas não me incomodei em atendê-lo — porque você a mandou sair? Eu ainda tinha uns insultos na manga.

Ele bufou, segurando-me pelo braço e me empurrando para que eu  sentasse.

—Você nunca dá o braço a torcer, não é?

—Não realmente — respondi. Afinal de contas eu tinha Nikki, a rainha da intimidação como irmã. Eu possuía um bloqueio para coisas desse tipo.

Ele se sentou também e me fitou, seu olhos castanhos parecendo iluminados artificialmente.

—Acha que eu não dou valor as coisas importantes?

Eu pisquei um pouco, pois pergunta dele me pegou um pouco desprevenida. Eu havia falado aquilo no calor do momento, mais para ofendê-lo do que qualquer outra coisa, mas ele parecia ter levado aquilo a sério.

—Eu, bem você é um príncipe vampiro. Você acabou de dizer que eu sou uma humana patética. Não foi?

Ele estreitou os olhos.

—Não foi uma ofensa — ele respondeu para a minha confusão — é só a mais pura verdade. Algo que é facilmente constatado historicamente. Ser humano é ser fraco.

Ele só podia estar de brincadeira.

—Pois eu preferiria morrer a ser outra coisa além de humana — eu cuspi irritada.

Ele arqueou uma sobrancelha.

—Tão certa sobre isso?

—Muito — respondi enquanto cruzava os braços.

Ele se aproximou seus cabelos caindo suavemente sobre seu rosto bem constituído.

—Eu acho que você vai mudar de ideia muito em breve.

Eu estava tão irritada que provavelmente estaria saindo fumaça das minhas orelhas. Essa Ciprian não era só mandão, mas terrivelmente presunçoso. Aliás, isso parecia ser uma característica de toda a raça. Mas ainda assim eu não podia negar que ele era muito bonito e que cheirava muito bem, especialmente estando tão próximo assim.

Eu o encarei.

—Quer apostar?

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Eu sempre fui uma pessoa destemida. Desde pequena sempre estive disposta a lutar contra qualquer um e qualquer coisa para defender as coisas que eu acreditava e as pessoas de quem gostava. Mesmo que fosse uma luta difícil; mesmo que eu não tivesse chance de vencer. Aprendi que o choro não é nada mais que uma demonstração de fraqueza e que, como tal devia ser totalmente ignorada. Então eu sempre fiz de tudo para ser forte diante de toda e qualquer situação. Mas naquele momento, eu simplesmente não consegui.

A verdade era que eu estava com raiva, machucada. Sue e July nunca entenderam, mas eu realmente gostava de Mike Grant. Ele podia não ser o mais inteligente ou o mais honesto, mas era...diferente.  Não, eu não era apaixonada por ele nem nada, mas havia uma conexão entre nós. Ele tinha um lado negro algo oculto e um pouco assustador que sempre me encantara.

Mas aí ele tentou me matar como se eu não fosse absolutamente nada para ele e isso doeu. Doeu de verdade e eu amaldiçoei a mim mesma, não só por não por ter sido tão estúpida, mas também por não ter sido forte o suficiente para salvar a mim e a Nikki. Minha pobre irmã tinha ficado tão assustada...não importavam as nossas diferenças, ela não deveria morrer por minha culpa.

—Eu sinto muito Kate — Mike sussurrou no meu ouvido —não é nada pessoal gatinha.

Apertei os olhos. Poderia ser pior, não é mesmo? Eu gostaria de poder me despedir dos meus pais, eles iam sofrer em dobro...as duas filhas mortas.

 Mas então algo aconteceu. Uma ondulação no ar e depois o sons terríveis de gritos. Os gritos de Mike.

Um momento depois o silêncio retornou e eu senti uma presença misteriosa se aproximando e logo depois, o rosto de Ciprian entrou em foco.

Ele não precisou me dizer nada. Seus olhos castanhos e cálidos me fitaram com intensidade e eu soube que estava além da salvação. Mas ainda assim eu pedi num choro sufocado.

—Não me deixe morrer, não me deixe morrer...

Ele pôs uma das mãos sobre a minha e a outra no seu próprio peito como numa prmessa solene.

—Eu não vou deixar.