Fanfic: Um estranho Divórcio

CAPÍTULO III

— Acha que o vestido está bom? — Dulce perguntou, encaminhando-se para as luzes.

— Se você puder puxá-lo até os joelhos, ficará ótimo — Christopher concordou. — Mas é melhor tirar as meias.

Ela olhou para os pés, percebendo que não havia tirado as grossas meias de lã. Aquela visão ridícula levou-a ao auge de sua tensão, e não teve outro remédio senão rir.

Christopher puxou uma plataforma de madeira para o centro do estúdio e quando, finalmente, Dulce estava sentada ali, com as jóias no lugar, sem as meias e com o vestido puxado para cima dos joelhos, começou a ter sérias dúvidas sobre aquela foto.

— Christopher, acha mesmo que isso vai funcionar? Não vai parecer que estou nua?

— Ora, Dulce, você sabe muito bem que eu jamais tiraria uma foto de mau gosto, especialmente tendo você como modelo — ele protestou.

— Mas não vai parecer que estou nua? — ela insistiu. Em seus tempos de modelo, nunca concordara em fazer fotos sem roupa, mesmo que fossem "artísticas".

— Vou deixá-la ver as provas, está bem? Assim, se não gostar, esquecemos esta série. Mas, se está mesmo preocupada, podemos tentar outra coisa.

Muito justo, ela pensou, sem responder. Quando Christopher tomou sua posição atrás da câmara, Dulce tornou a se sentir desconfortável.

— Você está parecendo uma deusa pagã — ele comentou, alguns minutos depois, entregando-lhe as provas da foto. — Vai adorar.

De fato, a fotografia a impressionou. Mas não tinha certeza se gostaria de parecer uma deusa pagã. O ângulo focalizava suas pernas nuas, os ombros e o rosto. E não parecia estar nua, apesar de o efeito ser definitivamente provocante.

— Eu gosto — falou — mas... Acho que o cabelo não está bom. Devia deixá-los soltos, se deseja o "ar" de deusa.

Christopher concordou de imediato. Fascinado, observou-a retirar os grampos até que seus cabelos lhe caíram sobre os ombros, como uma cascata brilhante. Sua expressão sensual o fazia lembrar das vezes em que ela se sentava à penteadeira e escovava os cabelos com prazer, como num prelúdio ao amor.

— Está bom? — Dulce perguntou.

— Não, espere. Tem uma mecha caindo-lhe no rosto, deixe-me arrumar.

— Não precisa, eu vou até o espelho — ela retrucou, fazendo menção de se levantar.

— Não, eu arrumo. Receio que, se você sair da posição, nunca mais conseguiremos este ângulo. — Christopher aproximou-se e retirou um pente do bolso. Dulce sentiu relutância, ciente da própria hesitação. Ele iria tocá-la.

Ela fechou os olhos e cerrou os dentes enquanto ele mexia em seus cabelos, puxando uma mecha para um lado, alguns fios para outro, até encontrar a maneira perfeita.

Não tinha certeza de quando seu toque se transformara numa carícia, mas, ao dar-se conta, os dedos de Christopher estavam em seu rosto. Sua primeira reação foi de raiva: ele não tinha o direito de tocá-la. Abriu os olhos e fitou-o, zangada, retirando-lhe a mão. Porém, ao ver a expressão atormentada no rosto dele, todo ressentimento desapareceu, dando lugar a uma impossível onda de desejo.

— Ah, Christopher — falou, com um suspiro desolado e colocando a mão dele novamente em seu rosto. — Acho que devia dar-lhe umas palmadas. — A gentileza de sua voz contrariava as palavras.

— Eu sei — ele concordou, escorregando a mão pela sua nuca, atrás dos cabelos. — Às vezes sou mesmo um tolo.

Devia afastá-lo, ela pensou, envolta numa nuvem de desejo. Porém não conseguia dizer nada, mesmo quando viu que ele se aproximava mais.

— Você precisa me deter, Dulce, antes que eu ultrapasse o limite — ele sussurrou, a voz rouca.

— Tarde demais, Christopher. — As palavras mal lhe saíram, e logo sentiu os lábios dele sobre os seus. Surpresa consigo mesma, percebeu o quanto desejava aquele beijo.