Fanfic: Um estranho Divórcio

— Porque não desejo que as pessoas me tratem como se eu estivesse inválida, me consolando e agradando. Não estou preparada para dizer a ninguém, por enquanto.

— Certo. Realmente, as pessoas tendem a ser um pouco desagradáveis, quando se preocupam com a gente — ele ironizou.

Ela lançou-lhe um olhar gelado e, antes que pudesse responder àquele sarcasmo, ele tornou a falar:

— A pizza está no forno, e tem cerveja na geladeira, se quiser. Dulce estava sem apetite. Caminhou para perto do aquecedor e estendeu as mãos, a fim de aquecê-las.

— Encontrou um apartamento? — Christopher perguntou.

— Sim. Fica no bairro de Chelsea e é um lugar bastante agradável. — Ela tentou fingir uma animação que não sentia. — O prédio é interessante, antigo, mas tem algum charme...

— E é seguro?

— Ah, sim, eu diria que sim. O corretor me disse que mandaria colocar uma nova fechadura na porta, além de um cadeado. É um apartamento agradável, arejado... — Olhou em volta, vendo sua casa como que pela primeira vez: o piso de madeira polida, os móveis novos em tons pastel, as paredes limpas. A diferença com o apartamento era gritante demais.

— Dulce?

De repente, lágrimas surgiram nos olhos dela, incontroláveis, e escorreram-lhe pelo rosto, antes que pudesse fazer qualquer coisa para escondê-las. Sequer conseguia se mover, como se estivesse presa numa armadilha de desesperança. Permaneceu ali, soluçando como uma garotinha na frente de Christopher, o que só tornava pior sua situação.

Ele estendeu-lhe um lenço e, mesmo tendo enxugado os olhos e o rosto, ela continuava a soluçar. Logo sentiu um braço forte em seus ombros. Tentou afastá-lo, mas Christopher prendeu-a com mais força, puxando-a de encontro ao peito. Porém, ela continuava relutante.

— Que diabo, Dulce, você podia relaxar um pouco e chorar à vontade.

— Não! Solte-me!

— Nada disso, fique quieta um pouco. Você não pode continuar prendendo tudo dentro de si; um dia destes vai acabar explodindo. — A despeito de seus protestos, ele a pegou no colo e levou-a para o sofá.

— Largue-me, seu brutamontes! — Dulce protestou, batendo com os punhos em seu peito.

— Quer parar de brigar comigo? Do que você tem medo? De que eu pule em cima de você? Pode esquecer. Neste momento você não está nem um pouco atraente, por isso pare de agir como uma mártir e chore um pouco no meu ombro.

Ela parou de lutar, percebendo o quanto estava sendo tola, e recostou-se no ombro dele, vencida.

— Você faz alguma ideia de como está soando ridículo, pedindo que eu chore no seu ombro? — perguntou, tentando rir. No entanto, os soluços retornaram, agora com mais força, e as lágrimas correram livremente. Ela não tentou impedi-las: continuou chorando até que a última lágrima secasse.

No instante em que Dulce cedeu, toda raiva desapareceu de Christopher. Ele a abraçou, acariciando-lhe os cabelos, murmurando suaves palavras de consolo. Não tivera intenção de provocá-la, mas agora estava certo de que era o que ela precisava.

E, talvez, ele precisasse ainda mais.

— Sente-se melhor? — perguntou, ao ver que Dulce se acalmava.

— Não. Sinto-me tola, embaraçada e com pena de mim. Além disso, estou horrível. Você disse que eu não estava atraente.

— Era mentira — ele falou, arrependido. Talvez não devesse ter sido tão duro com ela.

Relutante, Christopher se afastou. Afinal, havia conseguido o que queria: Dulce permitira que ele a confortasse, não importava o quanto reclamasse, agora.

— Acho que vou tomar um banho bem quente — ela falou, espreguiçando-se. O movimento fez com que sua blusa levantasse alguns centímetros acima da cintura da saia, revelando a beirada de uma calcinha de rendas.

Christopher teve um impulso de tocar o tecido sedoso. Adorava a roupa íntima que ela usava, tão sexy e macia. Gostava de pensar que somente ele sabia como ela estava vestida, por baixo das roupas elegantes que usava no trabalho. Muitas vezes, ficava ansioso por chegar em casa e, devagar, ir retirando-lhe peça por peça, até revelar o que se escondia por sob os trajes finos que ela usava.