Fanfic: Um estranho Divórcio

Àquela hora era impossível encontrar um táxi, por isso foram andando pelas ruas tranquilas. Embora uma neve fraca caísse, não havia vento e não estava tão frio quanto parecia.

Pararam numa farmácia que encontraram aberta e, enquanto Dulce passeava pelas vitrines, tentando parecer distraída, Christopher entrou a fim de resolver o pequeno "problema". Riram muito, quando ele voltou à rua, sentindo-se como dois adolescentes numa aventura.

Christopher olhou-a, enquanto caminhavam em silêncio, com uma onda de profunda emoção. O rosto de Dulce iluminava-se de alegria, os olhos verde-claros brilhando de ansiedade. Era assim que ela costumava ser, pensou. Não desejava mais perdê-la, nunca mais...

— O que foi, Christopher? — ela perguntou, preocupada. — Você está... estranho.

Em resposta, ele a beijou, a boca pousando possessivamente sobre a dela. Dulce não era mais sua mulher, além daquela noite, e queria que ela compreendesse o que sentia.

Ao entrarem em casa, rapidamente retiraram os casacos, as luvas e as botas de neve. Pararam de repente, frente a frente, muito sérios.

— Vamos para o quarto. Agora — ela falou.

Christopher seguiu-a e mal havia colocado o embrulho que comprara sobre a mesinha de cabeceira, quando ela o empurrou para a cama, jogando-se em seguida sobre ele.

— Como você se atreveu a me dar tanto prazer, sem permitir que eu retribuísse? — falou, falsamente zangada. Inclinou-se e beijou-o, invadindo-lhe a boca agressivamente com a língua. — Fique sabendo que você cuidou do aperitivo, mas o prato principal é todo meu.

— Quero só ver — ele falou, rindo, enquanto ela lhe abria a camisa. Começou a se mexer, tornando-lhe a tarefa mais difícil e deixando-a ainda mais excitada.

— Fique quieto — Dulce ordenou.

— É difícil ficar quieto quando estou quase explodindo — ele retrucou, com voz rouca.

— Ah! — Ela exclamou, quando finalmente tirou-lhe a camisa. Tocou-lhe o mamilo com a língua e logo voltou a atenção para o botão de sua calça jeans.

Christopher cerrou os dentes enquanto as mãos dela o tocavam, levando-o quase à loucura. Conseguira controlar-se durante o momento em que a enchera de prazer, porém agora o autocontrole ia abandonando-o rapidamente.

Depois que o despiu, Dulce o fez esperar até que ela própria terminasse um divertido strip-tease. Porém, ao deitar-se ao lado dele, toda a brincadeira se evaporou.

— Christopher, preciso tanto de você... Abrace-me e faça amor comigo...

— É tudo o que eu quero — ele sussurrou, acariciando-lhe os quadris e as coxas. Dulce gemeu quando ele permaneceu com a mão entre suas pernas por um instante, sentindo-lhe o doce calor. Estava mais do que pronta para ele.

Christopher estava quase fora de si de desejo, ao tomar as providências para a precaução necessária. Quando voltou-se para Dulce, ela abriu as pernas para recebê-lo, ansiosa pela união. Ele colocou-se entre elas, desejando prolongar o prazer de ambos, mas ao ouvir seu pedido urgente, mergulhou no calor do corpo dela, de uma só vez.

Dulce suspirou de prazer, enquanto Christopher gemia roucamente. Ele queria que o êxtase durasse mais tempo, porém nada mais conseguiria fazer com que se controlasse.

Dulce empurrava o corpo de encontro ao dele, e logo estabeleceram um ritmo próprio, acelerando-se gradativamente, até atingirem um clímax enlouquecedor. Ela prendia-se mais sob seu corpo e, unidos, gritaram de prazer, como se estivessem se amando pela primeira vez.

No momento em que sobreveio a exaustão, repleto e satisfeito, Christopher imaginou ter ouvido Dulce murmurar:

— Não me deixe, por favor...   Porém, não teve certeza.

— O que vai acontecer agora, Christopher? — ela perguntou, num murmúrio. — Como será amanhã de manhã?

— Vamos ter que lidar com esta situação — ele respondeu, sonolento. — Mas acho que podemos deixar isto para depois.

— Ótimo — ela concordou, com um sorriso satisfeito. Dulce pegou logo no sono, mas Christopher permaneceu acordado por um longo tempo.

— Ah, minha querida, o que vou fazer com você? — perguntou, na escuridão.

Dulce acordou um pouco antes de amanhecer. Encontrou-se recostada ao peito de Christopher, quente e segura, e suspirou de alegria. Apenas quando despertou totalmente deu-se conta de que havia algo errado, ali, e lembrou-se do que acontecera durante a noite.

Olhou pela janela. Já era quase de manhã. Precisava pensar no que fazer.

Afastou-se dele, sentindo de imediato o frio que a ausência do corpo de Christopher lhe provocava, mas não podia pensar direito estando tão próxima. Levantou-se e, enrolando-se numa manta, foi até a poltrona perto da cama, preparando-se para examinar com cuidado o que havia feito.

Para sua surpresa, não estava nem arrependida e nem se sentindo culpada. E como poderia? Haviam ido muito além de uma simples troca de carícias e alcançado uma comunicação que ela sempre achara impossível existir. Sentira uma nova receptividade em Christopher, enquanto ela própria estava disposta a ser mais franca e sincera com ele. Não havia muita franqueza entre eles, antes do divórcio.

O divórcio... Era algo que não poderiam esquecer. Quando acontecera, parecia não haver alternativa e, agora, não poderiam voltar atrás. Ou será que poderiam?

Porém, estava indo depressa demais, pensou. Precisava ter certeza se Christopher também pensava como ela e, juntos, tentarem eliminar os problemas que haviam provocado o divórcio. O que não poderia esquecer era que a noite passada marcara um novo começo para eles, mas não uma nova situação. Esperava que Christopher pudesse compreender o que ela sentia.

Ao que parecia, não teria de esperar muito pela resposta, pois, acordando, Christopher estendeu a mão à sua procura. O gesto inconsciente deixou-a emocionada.

Ele abriu os olhos e focalizou-a.

— O que está fazendo aí? — perguntou.

— Pensando.

— Mas ainda não é de manhã — ele retrucou, sorrindo amorosamente.

— Ainda não, mas não vai demorar.

Christopher olhou em volta do quarto, e pela janela.

— Acho que ainda temos uma hora. Volte para a cama — pediu.

E ela obedeceu.

— Você está muito quieta — Christopher comentou, servindo-se de café.

Estavam ambos vestidos e banhados, bastante distantes do casal de amantes enlouquecidos que haviam sido há menos de uma hora. Christopher, no entanto, achou que era bom que se mantivessem assim, pois precisavam estar racionais a fim de conversar friamente sobre sua situação.

—    Estou pensando — Dulce afirmou.

— E você, não está?

—    Arrependida?