Fanfics Brasil - Capitulo VI Um estranho Divórcio

Fanfic: Um estranho Divórcio


Capítulo: Capitulo VI



 


 


 


CAPÍTULO VI


 


 


A reação à notícia do jornal foi pior do que a esperada. O telefone tocou o dia inteiro, modelos se preocupavam com sua imagem e seu futuro, clientes, com seus contratos. E os credores, como sempre, começavam a ficar ansiosos pelo pagamento. Mesmo os telefonemas de amigos, repletos de solidariedade genuína, deixaram Dulce aborrecida.


Porém, ela não deixou que seu aborrecimento transparecesse, lidando com todas as situações com a mesma calma e frieza. A todos admitiu seus problemas financeiros, argumentando apenas que Cecily havia exagerado em sua coluna. Conseguiu raspar o fundo de suas finanças a fim de pagar os credores mais aflitos e assegurava a todos, com um sorriso, que a Agência Mystique não iria fechar as portas, sob nenhuma circunstância.


No entanto, seu otimismo não foi o bastante para conter a enxurrada de problemas. Svetlana, a nova modelo, não apareceu para assinar o novo contrato. Os clientes que conseguiram na sexta-feira desistiram do negócio. Para completar sua desgraça, o fotógrafo da agência pediu demissão, argumentando que iria aceitar uma oferta de outra agência "mais estável".


Tentando se consolar, Dulce pensou que a agência bem poderia ficar sem um fotógrafo, que não lhe faria falta. No entanto, precisava entregar alguns trabalhos que estavam programados. Teria de contratar um substituto, e isso poderia levar algum tempo. Pensou vagamente em enviar tais trabalhos para o estúdio de Christopher, mas logo afastou a ideia. Pediu então para Annie marcar as fotos para outro dia e deixou para pensar no assunto mais tarde.


Na hora do almoço, aproveitando a pausa reparadora, Dulce descansava em sua sala, quando Annie entrou carregando um maço de rosas. Curiosa, Dulce pegou o cartão que dizia: "Li o jornal. Foi um golpe baixo. Pensei que poderia ajudar. J.".


— Quem mandou? — Annie quis saber, ansiosa.


— Foi Christopher — ela respondeu, num tom sonhador. — Que eu me lembre, é a primeira vez que ele me manda flores.


— Ah, é tão romântico! — a secretária suspirou. Porém, ao ver a expressão de Dulce, ruborizou um pouco, acrescentando: — Isto é, seria romântico se vocês dois ainda... — parou, hesitante.


Dulce riu do embaraço da amiga.


— Tudo bem, Annie. Rosas são mesmo românticas e é exatamente o que precisávamos para nos animar um pouco. — Retirou um botão do buquê e lhe entregou. — Tome, tenha um pouco de romance, também. Afinal, acho que está precisando mais do que eu, pois é quem está atendendo o telefone. — Ei, quem é que está atendendo o telefone agora?


A secretária percebeu a indireta e, segurando o botão de rosa entre os dedos, saiu depressa da sala.


Ainda sorrindo, Dulce balançou a cabeça e colocou as flores no centro de sua mesa. Sentou-se e, pousando o queixo na mão, ficou admirando-as.


O gesto de Christopher fora mesmo romântico, mas para ela significava muito mais. Era a maneira de ele lhe dizer que a estava apoiando, sem interferir.


Impulsivamente, pegou o telefone e discou o número do estúdio.


Foi ele mesmo quem atendeu.


— Obrigada — Dulce falou simplesmente.


— Foi um prazer — ele respondeu, satisfeito.


— O que deu em você? Nunca me mandou flores, antes.


— Isso não é verdade. Está se esquecendo do nosso primeiro aniversário de casamento?


— Ah, sim. Mas aquilo era uma samambaia. — Ela riu.


— Quer saber mesmo por que mandei as flores?


Pelo tom quente de sua voz, Dulce não estava muito certa se queria saber.


— Talvez não — respondeu. — Mas me diga assim mesmo.


— Quando li o jornal, meu primeiro impulso foi procurar Cecily Dawson e torcer-lhe o pescoço. Porém, pensei que, agindo assim, estaria interferindo nos seus problemas e que talvez você não gostasse disso.


— Tem toda a razão — ela concordou. Finalmente ele começava a compreendê-la!


— No entanto, também não conseguia ficar aqui sem fazer nada para ajudá-la, então pensei que poderia mandar-lhe flores. Embora não sejam um grande consolo, foi o melhor que consegui imaginar.


— Seu gesto foi perfeito — ela afirmou. — Estava me sentindo péssima, nervosa e irritada. Mas agora, estou aqui, sentada e sorrindo enquanto meus negócios vão para o buraco.


— E isso é mau?


— Não estou pior do que há duas semanas. Infelizmente, também não estou melhor. Achei que conseguiria me reerguer, quando contratei a nova modelo e consegui aquela conta, mas... — Sua fachada de otimismo começou a desabar. — Ah, Christopher, foi uma manhã terrível!


Passou a contar-lhe tudo o que acontecera e, quando falou sobre a demissão do fotógrafo, imaginou que ele logo se ofereceria para tomar conta do estúdio da agência. Porém, ao contrário, Christopher apenas comentou que, se ela ficasse muito apertada, poderia utilizar os serviços dele. A reação tão contida deixou-a satisfeita.


Christopher mostrou-se solícito e amigável, mas sem oferecer qualquer palpite ou indulgência. Era uma atitude que nunca demonstrara antes, e Dulce continuou falando, desabafando, até perceber que estava no telefone há mais de vinte minutos.


— Nossa, Christopher, por que não me fez parar de falar? — perguntou. — Deve ter coisas mais importantes a fazer do que ficar ouvindo minhas queixas.


— Não tenho nada mais importante do que isso. E você está se sentindo melhor, não é?


— Acho que sim — ela respondeu. Não tinha ideia de que aceitar a simpatia de alguém poderia ser tão terapêutico. — Só uma coisa faria com que eu me sentisse ainda melhor — acrescentou.


— E o que é? — ele quis saber, com um tom sedutor na voz.


— Algumas centenas de dólares — Dulce brincou.


— Bem, isso faria qualquer pessoa sentir-se melhor. — Christopher riu. — Escute, pode deixar que eu faço o jantar, esta noite. Assim você poderá descansar.


— Combinado.


Ao desligar o telefone, Dulce sentia-se muito melhor. O apoio moral de Christopher realmente lhe fazia bem aos nervos exaustos. Começou a pensar que era bom ter aquela fonte de conforto e inspiração, vindos dele, e que já não temia que Christopher se tornasse possessivo. No entanto, ainda podia se lembrar muito bem dos anos anteriores, quando ele agia bem diferente: tentando resolver os problemas dela, dando palpites, interferindo, e isto não era algo que pudesse desaparecer do dia para a noite.


Respirou fundo e falou com Annie pelo interfone. Era hora de voltar a enfrentar os leões.


A tarde arrastava-se quando uma outra novidade surgiu, por volta das três horas. Enquanto Dulce falava ao telefone, uma das funcionárias da agência entrou na sala com um pacote e deixou-o sobre sua mesa.


"Problemas", ela pensou, reparando nas palavras "Pessoal e Confidencial" escritas no pacote. Encomendas anônimas sempre significavam problemas.


Quando finalmente resolveu a questão financeira que discutia ao telefone, desligou e voltou a atenção ao pacote. Cortou o barbante que o amarrava e, cautelosa, espiou o que havia, quase desmaiando em seguida. Mas o quê...


Com mãos trêmulas, virou o pacote de cabeça para baixo, derramando seu conteúdo na mesa: várias notas, novinhas, de cem e cinquenta dólares!


O telefone tocou, enquanto as contava, e ela ignorou-o. Tinha de saber quanto havia ali. Quando terminou, mal podia acreditar: quase oito mil dólares!


— Dulce, por que não atendeu o... Ah, meu Deus! — Annie estacou na porta, atônita. — De onde veio tudo isso?!


— Recebi um pacote, agora há pouco. Uma das garotas o entregou.


— Qual delas?


— Não sei, não me lembro...


— Posso verificar, vou perguntar ao porteiro — Annie tornou, muito pálida.


— Não se incomode com isso — Dulce falou, colocando o dinheiro novamente no papel pardo. — Eu sei quem mandou.


— E quanto... quanto tem aí?


— O suficiente para pagarmos o aluguel do escritório, a conta do telefone, o Imposto de Renda e ainda vai sobrar. Infelizmente, porém, não podemos gastar um tostão deste dinheiro.


— Nem vou perguntar por que.


— Ainda bem que não, Annie. Faça-me um favor, Annie, segure as ligações por uns dez minutos, está bem?


— É claro. — Concluindo que Dulce precisava ficar sozinha, a secretária saiu e fechou a porta, sem mais uma palavra.


No instante em que ficou sozinha, Dulce tornou a discar o número de Christopher. Enquanto esperava que atendessem, respirou fundo várias vezes, os punhos cerrados inconscientemente.


Desta vez, foi Peg quem atendeu, dizendo-lhe que Christopher já havia ido para casa. Frustrada, ela desligou.


Se ao menos não tivesse dito a ele que precisava de dinheiro, pensou. Obviamente, aquela era uma tentação grande demais para que ele pudesse resistir. Por que Christopher não conseguia deixá-la resolver os próprios problemas?, perguntou-se, olhando com tristeza para as flores.


Christopher cantarolava baixinho, enquanto preparava o jantar. Estava quase tudo pronto e uma garrafa de vinho já fora posta na geladeira.


Não era um cozinheiro muito habilidoso e, embora pudesse fazer algumas especialidades básicas, demorava muito tempo para prepará-las. Por isso, saíra do estúdio por volta das três horas, a fim de começar o jantar que prometera a Dulce.


Estava ansioso para que ela chegasse. Queria garantir-lhe uma boa refeição, um bom vinho e uma conversa agradável, para manter sua mente afastada dos problemas. Depois do jantar, poderiam assistir ao filme que acabara de alugar. Era uma comédia leve, exatamente o que ela gostaria de ver, depois de um dia difícil. A sequência que planejara para aquela noite poderia deixar Dulce bem tranquila e relaxada para... bem, para o que quer que fosse. Não iria forçá-la a nada, embora tivesse algumas esperanças.


Ela chegou às cinco e meia e, quando Christopher a cumprimentou com um beijo no rosto, foi presenteado com um olhar tão gelado quanto a neve lá de fora. Tentou ajudá-la a tirar o casaco, mas foi logo repelido.



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Autor(a): AnnaLuz

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Ela chegou às cinco e meia e, quando Christopher a cumprimentou com um beijo no rosto, foi presenteado com um olhar tão gelado quanto a neve lá de fora. Tentou ajudá-la a tirar o casaco, mas foi logo repelido. — Pare de ficar me adulando! — ela protestou, retirando o casaco sozinha. — Estou vendo que sua tarde foi bem pior que ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • beatris Postado em 18/01/2018 - 19:59:47

    Cara amei essa história, cheia de amor, companheirismo, e superação realmente linda

  • stellabarcelos Postado em 12/10/2015 - 23:44:01

    Isso sim é uma verdadeira história de amor! Lindos! Parabéns!

  • candy_wilt Postado em 08/05/2014 - 13:42:52

    Nem acredito que eu perdi o final dessa tb!Ai que raiva de mim pq eu sempre perco o fim das tuas webs?!Aff...o fim foi mara essa história é tão perfeita...ainda não acredito que só li hj!Agora vou ir pra sua outra fic né...essa eu juro que não vou perder o finalkk é sério... besitos<3

  • gabivondy Postado em 04/05/2014 - 21:56:22

    humm poxa ja acabo :( mais foi lindo o final <3

  • tai Postado em 04/05/2014 - 21:13:25

    Foi lindo o final, mas pena que acabou. Mas vamos para outra.

  • babar_slon Postado em 04/05/2014 - 15:20:21

    Mas já, eu não quero que a web acabe!!!! Mas eu estou curiosa para saber como as coisas vão ficar. POSTA MAIS!!!!!!!!!!

  • lulu_vondy Postado em 04/05/2014 - 14:58:27

    ahn num acredito que essa web ja esta acabando... vo chorar :( termina ela hj pra matar minha curiosidade... na verdade eu to com mil ideias na cabeça pensando qual delas sera o fim... to curiosa posta mais please

  • vondy_eterno Postado em 04/05/2014 - 14:39:19

    Poxa vida :( ja ta acabando...Posta mais quero mais!!!!

  • tai Postado em 04/05/2014 - 13:21:28

    posta posta posta, não acredito que já vem o ultimo capitulo, não vai nos deixar na curiosidade vai? Please mais mais

  • gabivondy Postado em 04/05/2014 - 13:14:14

    posta que pena que ja ta acabando :(


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