Fanfic: Um estranho Divórcio

Ela chegou às cinco e meia e, quando Christopher a cumprimentou com um beijo no rosto, foi presenteado com um olhar tão gelado quanto a neve lá de fora. Tentou ajudá-la a tirar o casaco, mas foi logo repelido.

— Pare de ficar me adulando! — ela protestou, retirando o casaco sozinha.

— Estou vendo que sua tarde foi bem pior que a manhã — ele comentou.

— Ah, isso eu não sei — Dulce tornou, largando a pasta sobre o balcão da cozinha. — Não diria que o surgimento repentino de oito mil dólares seja uma coisa ruim. O que você acha?

Christopher não gostou do tom ameaçador de sua voz. Alguém a fizera tornar-se muito zangada e, mais uma vez, tentou aproximar-se com gentileza.

— Quer me contar o que aconteceu? Ela virou-se, encarando-o com firmeza.

— Quer dizer que vai ficar aí, fingindo que não sabe de nada? — disparou.

Ele piscou, intrigado e surpreso.

— Dulce, do que você está falando? — Sua voz continha um ligeiro tom de impaciência. Se ela acreditava que ele havia cometido algum crime, era melhor que falasse de uma vez, em lugar de ficar acusando-o.

Ela abriu a pasta e retirou o envelope de papel pardo, atirando-o sobre o balcão.

— Imagino que vá dizer que nunca viu isso antes.

— Não. O que é isso?

— Olhe por si mesmo — ela desafiou, embora parecesse um tanto incerta, agora.

Christopher abriu o envelope e seu conteúdo deixou-o sem fala. Puxou um punhado de notas e ficou olhando-as, até conseguir perguntar:

— Quanto dinheiro tem aqui?

— Sete mil, novecentos e cinquenta dólares, para ser exata.

E se pensa que vou aceitar está...

— Espere um pouco, Dulce! — ele a interrompeu. — Está achando que sou responsável por isso?

— E não é?

— Está maluca? O que a faz pensar que possuo tal quantia de dinheiro? E, além disso, já combinamos que eu não iria mais interferir nos seus assuntos.

— Exatamente. E eu concordei em lhe pedir, se precisasse de ajuda. Pensei que você tivesse considerado meu telefonema de hoje como um pedido de socorro.

— Não. Espero que seja um pouco mais direta, quando e se precisar de ajuda.

Sem saber o que dizer, Dulce guardou o dinheiro no envelope e de volta na pasta.

— Bem, o que mais eu poderia pensar? — perguntou, na defensiva. — Exprimi um desejo por algumas centenas de dólares e... puff, duas horas depois eles aparecem na minha mesa. A não ser que meu telefone esteja grampeado, você é a única pessoa que sabia disso, e a única que me daria dinheiro.

— É óbvio que você está enganada — ele tornou, sentindo-se um pouco injustiçado.

— O que há para o jantar? — ela perguntou.

— Você está mudando de assunto.

— Se não foi você quem mandou o dinheiro, o que há mais para falar?

— Você acredita em mim?

— Sim, confio em você — Dulce respondeu, depois de hesitar por um segundo.

— Bem, neste caso teremos costeletas de porco para o jantar. Está com fome?

— Para dizer a verdade, meu estômago está um pouco enjoado. Acho que vou tomar um pouco de leite.

— Fique aí, eu vou buscar — Christopher ofereceu-se, passando por ela para ir até a cozinha.

Dulce estendeu a mão e pegou-o pelo braço, fazendo-o voltar. Depois, enlaçou-lhe o pescoço, abraçando-o com ar arrependido.

— Desculpe, Christopher — sussurrou-lhe ao ouvido. — Eu não tinha o direito de acusá-lo.

Ele puxou-a mais para si, toda a raiva desaparecida. Podia perdoá-la por tudo, quando ela estava em seus braços.

— Você teve um dia difícil — falou. — Acho que não posso culpá-la por pensar que eu mandei o dinheiro, nestas circunstâncias.

Roçou-lhe os lábios levemente com os seus, sem conseguir resistir. Estavam tão próximos... Dulce tentou se afastar, mas desistiu, fitando-o, incerta.

Christopher a desejava, mas a sombra de dúvida e vulnerabilidade que viu nos olhos dela o fez retroceder.