Fanfic: Um estranho Divórcio

Depois que combinaram o encontro, Dulce desligou, sentindo um estranho mal-estar por aquela situação. Semanas atrás, sequer cogitaria em contratar Maureen.

Quando estava saindo para o almoço, Annie a chamou, a fim de atender a um telefonema.

— É o sr. Winson, do banco — informou.

Ela voltou para atender e, depois de cinco minutos de uma conversa tensa, retornou ao saguão, sentindo-se como se todo seu sangue gelara nas veias.

— Más notícias? — Annie perguntou, desolada.

— O banco vai entrar com um protesto, se não cobrirmos nosso empréstimo até as cinco horas — Dulce informou, num tom inexpressivo.

— Mas não vamos conseguir! — Annie objetou, em pânico..

— Veja se consegue receber algumas contas atrasadas — Dulce instruiu, tentando parecer controlada. — Peça para o contador ajudá-la. Preciso ir a este almoço, mas, quando voltar, penso em alguma coisa.

Pensou nos oito mil dólares que guardara numa poupança, naquela manhã. Dissera a si mesma que só usaria o dinheiro como um último recurso, pois continuava achando que aquela quantia pertencia a Christopher. Porém, e se estivesse enganada? Com um frio no estômago, pensou na possibilidade de seu pai ter lhe enviado o dinheiro.

Ao encontrar Maureen, teve de ouvir cinco minutos de um discurso repleto de lugares-comuns sobre solidariedade. Aguentou tudo com um sorriso forçado nos lábios e, ao final do almoço, decidiu colocar as cartas na mesa.

— Maureen, estive pensando e decidi que talvez seja uma boa ideia incluí-la no nosso quadro de modelos. — Fez uma pausa, esperando a reação que viria.

Maureen observou-a calmamente e, retirando um cigarro da bolsa, acendeu-o com um floreio afetado.

— Mas pensei que meu estilo não fosse compatível com o seu, queridinha — objetou.

Dulce encheu-se de coragem, odiando cada minuto daquela conversa.

— Acontece que concluí que precisamos diversificar um pouco — falou.

— As coisas estão assim tão ruins? — a modelo perguntou, com um ar maldoso.

— O que... quer dizer?

— Duas semanas atrás, você nem queria ouvir falar no meu nome. Deve estar bem desesperada, agora.

Dulce bebeu um gole de vinho, tentando recuperar-se do primeiro round. Havia perdido um ponto, e era o momento de pegar ou largar.

— Você quer que eu a represente ou não? — perguntou com firmeza.

— Não — Maureen respondeu, com um sorriso vingativo. — Não, até que eu tenha certeza de que a sua agência não vai falir. Procure-me daqui um mês, mais ou menos.

Só em sonhos, Dulce pensou. Devia estar mesmo louca para sequer considerar a possibilidade de contratá-la. Agora, sentia-se aliviada pela recusa da modelo.

Maureen deu uma longa tragada em seu cigarro.

— Diga-me, já mudou de ideia sobre seu casaco de peles?

Era o golpe final, Dulce pensou, queimando por dentro enquanto demonstrava calma e frieza. De repente, tomou uma decisão.

— Cinco mil dólares, se quiser comprá-lo — falou. — Em dinheiro. E só vou esperar até as três horas. Se puder juntar esta quantia até lá, o casaco é seu.

Maureen sorriu, triunfante.

— Meu banco fica aqui na esquina.

Quando voltou ao escritório, Dulce tremia de frio, mas possuía cinco mil dólares na bolsa. Sem dizer nada, deixou o dinheiro sobre a mesa de Annie.

A garota arregalou os olhos, fitando-a boquiaberta.

— Como foi que conseguiu este dinheiro?!

— Telefone para o sr. Winson — Dulce instruiu, sem responder à pergunta. — Diga-lhe que estou a caminho do banco a fim de cobrir o empréstimo. Ah, e será que pode me emprestar seu casaco?

Annie deu um soluço.

— Você vendeu seu casaco de pele! Dulce deu de ombros.

— Já estava mesmo enjoada daquela velharia — afirmou.

Eram quase onze horas da noite e Christopher ainda não havia chegado em casa. Encolhida numa poltrona da sala, Dulce sentia-se solitária, rejeitada e irracionalmente abandonada.

Naquela noite, mais do que nunca, desejara a presença confortadora de Christopher. Queria tê-lo ao seu lado, os ombros largos onde se recostar, os braços fortes para abraçá-la. Acostumara-se a encontrá-lo à sua espera, e aquela ausência a deixava temerosa.

Sua catástrofe financeira os aproximara, criando uma nova chance de entendimento entre eles. Por enquanto, tudo estava bem. Mas, e depois? O que aconteceria quando ela voltasse à normalidade e começasse a ganhar dinheiro novamente? Não havia a menor dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, ela se recuperaria. Sua maior preocupação era com a reação de Christopher a seu sucesso.

Voltou a pensar no dinheiro anônimo que recebera. Se fora Christopher que o enviara, era um claro indício de que ele queria dar-lhe mais do que ela poderia aceitar. Rezou para que estivesse errada. Mas quem teria lhe mandado o dinheiro?

Sabia que acabaria tendo a resposta. Aquela semana fora repleta de surpresas e descobertas. Aprendera, por exemplo, a engolir o orgulho e sobreviver a alguma dose de humilhação. Aceitar ajuda era desagradável, mas necessário, e saber disso era uma conquista para ela.

Sentiu uma onda de alívio ao ouvir os passos de Christopher chegando. Queria ouvir-lhe as palavras de consolo e apoio e, mais do que isso, queria fazer amor com ele, compartilhar o momento de intimidade e carinho.

Porém, ao vê-lo, soube que teria de modificar seus planos. Christopher parecia totalmente arrasado.

Ela levantou-se da poltrona para recebê-lo.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Oi. Acho que me atrasei para o jantar. Desculpe, devia ter ligado.

— Não perdeu muita coisa — ela tornou, com um sorriso. — Fiz carne de panela. Quer que eu esquente?

— Seria ótimo — ele concordou.

Enquanto preparava o prato para ele, tentou disfarçar seu desapontamento. Não era o momento de procurar conforto em Christopher, era óbvio que ele também tinha problemas. Sentiu-se terrivelmente egoísta: durante todo o tempo, concentrara-se apenas em seus dramas, sem pensar se Christopher estaria tendo problemas também.

O que quer que estivesse errado, ela iria ajudá-lo. Levou-lhe o prato até o balcão, reparando em como ele parecia abatido e cansado.

Tirou uma lata de cerveja da geladeira e colocou-a à frente dele.

— Tome, parece que está precisando. Christopher dirigiu-lhe um sorriso agradecido.

— Obrigado. Mas há algo de que estou precisando muito mais.

— E o que é? — ela perguntou, o coração disparando.

— Você.

Num segundo estava ao lado dele. Christopher virou-se no banquinho para encará-la e puxou-a para si, posicionando-a entre suas longas pernas. Dulce passou os braços em torno de seu pescoço, e seus lábios encontraram-se suavemente, quentes e sem qualquer pressa.

Ah meninas algo ruim, muito ruim aconteceu ao Ucker :( e vocês precisam comentar para descobrir :)