Fanfic: Um estranho Divórcio

— Dulce, você está chorando! — Christopher espantou-se ao olhar para ela.

— Não diga!

— Por quê? — Imediatamente ele aproximou-se dela, tentando consolá-la.

Sua primeira reação foi se afastar, mas, desta vez, cedeu à fraqueza e recostou a cabeça em seu ombro.

— Acho que ando com os nervos à flor da pele, ultimamente — explicou.

— Está tudo bem. Não vou contar para ninguém que a vi chorar.

— Ah, Christopher, acabei de compreender como tenho sido egoísta... Quando você não aceitou minha proposta, me senti tão mal...

— Desculpe, Dulce, eu...

— Não, não é essa a questão — ela o interrompeu. — Acontece que me dei conta das vezes em que fiz com que você se sentisse mal, também. Nunca havia percebido como é importante ajudar alguém a quem se ama.

— Ah, Dulce... — A voz dele era repleta de ternura, quando passou a mão pelos seus cabelos.

— A verdade é que sou eu quem precisa de ajuda. Estou sem fotógrafo na agência, e preciso de um. Devia ter lhe dito logo, em vez de tentar demonstrar que estaria lhe fazendo um favor. Acho que queria sentir que estava ajudando você, para variar. Agora ouça, Christopher, e ouça com atenção: talvez eu nunca tenha dito isso em palavras, mas preciso de você.

Ele a fitava, sem parecer entender o que ela pretendia.

— Você sempre esteve ao meu lado — Dulce prosseguiu —, pronto para me apoiar. Devo ter sido muito ingrata, porque raramente permiti que você me apoiasse. Mas, mesmo assim, sabia que você estava lá, sabia que poderia contar com você. — Fez uma pausa e engoliu em seco. — Por favor, lembre-se de que eu jamais atravessaria esta crise sem tê-lo ao meu lado.

Ele a abraçou.

— Dulce, você está com pressa de sair, não é?

— Não. Tenho ainda alguns minutos — ela respondeu, espantada com aquela reação estranha.

— Ótimo. — Christopher segurou-lhe o rosto entre as mãos e beijou-a com tal intensidade que a deixou tonta. — Quantos minutos? — ele tornou a perguntar, os lábios ainda muito próximos aos dela.

— Uns dez — Dulce respondeu, ofegante, já retirando a blusa amarela que colocara para sair. Naquele momento, não lhe negaria nada, principalmente algo que desejava tanto quanto ele. — Acabei de abrir minha alma para você, e tudo em que pensa é sexo? — brincou, com voz enrouquecida.

Mas a resposta dele foi séria:

— A verdade é que fiquei tão emocionado com o que acabou de me dizer que nem sei como pôr em palavras. Prefiro lhe demonstrar meus sentimentos.

— Pois saiba que esta foi a melhor coisa que já ouvi — ela sussurrou, tirando a blusa.

Christopher foi para o estúdio da Agência Mystique logo depois do almoço. Dulce passou algum tempo em sua companhia, mostrando-lhe as instalações, os equipamentos e explicando o trabalho que precisava ser feito.

Embora satisfeita pela presença dele, Dulce sentia que era um tipo de intromissão. Tentou explicar que queria as coisas à sua maneira, porém Christopher rebateu gentilmente, dizendo que, em sua área, ele agia como quisesse.

Estavam à beira de uma nova discussão, quando ela resolveu ceder e voltou à sua sala. No fundo, ambos sabiam que aquela situação funcionaria como uma espécie de teste. Se conseguissem sobreviver a ela, provariam que estavam tentando mudar.

Quanto a Christopher, já esperava pela reação dela, e fora exatamente por isso que recusara a ideia, de início. No entanto, tentava fazer o possível para atravessar aquela crise, até que conseguisse refazer seu próprio estúdio.

Nos dois dias que se seguiram, Dulce procurou manter distância do estúdio de fotografias. Porém ficava quase louca, por saber que uma parte da agência estava fora de seu controle imediato. Quando David trabalhava lá, tudo passava por suas mãos, inclusive as notas de compra de coisas simples como um filme. Agora, Christopher se encarregava de todos os detalhes, sem deixá-la dar qualquer palpite ou opinião.

Mostrava-se nervosa, irritada por qualquer dificuldade, implicando com os funcionários, inclusive com Annie.

— O que há com você, Dulce? — a secretária perguntou, afinal. — Parece que vai subir pelas paredes, nestes últimos dias. Já percebeu que todo mundo sai da sala, quando você chega?

Dulce suspirou.

— Tem toda a razão. Ando meio nervosa mesmo. Escute, que tal tomarmos um café juntas, antes de ir para casa?

— Mas são só quatro horas! — Annie espantou-se.

— Não faz mal, vamos sair um pouco mais cedo. Ligue a secretária eletrônica.

A garota concordou com um sorriso e, depois de arrumar a mesa, preparou-se para sair.

— Não vai esperar por Christopher? — perguntou.

— Não — Dulce respondeu, caminhando depressa para os elevadores. — Acho que quero ficar um pouco sozinha, para variar.

— Epa! Pensei que vocês estivessem se dando bem, agora.

— Estávamos, isto é, estamos — disse Dulce, hesitante.

— Mas você está estranhando a presença dele na agência, não é isso?

— Não é apenas a presença dele que está causando problemas — Dulce explicou, contente por ter alguém com quem desabafar. — Acho que é mais o fato de eu sentir que estou perdendo o controle de uma parte importante da agência. Por isso ando tão irritada.

— Fico contente em saber que você está agindo impulsivamente, Dulce, embora espere que consiga superar tudo isso.

— Estou preocupada com as fotos de amanhã — Dulce comentou. No dia seguinte, Christopher teria de tirar as fotos de uma dupla de gêmeas, que estavam marcadas há algum tempo. Ela temia que não conseguiriam se entender.

— Ah, não se preocupe —Annie acalmou-a. — Tudo vai dar certo.

No dia seguinte, ela entrou no estúdio forçando-se a sorrir. As gêmeas já estavam prontas, duas loiras de dezenove anos, lindíssimas.

Dulce sabia exatamente o que queria em relação às fotos e explicou a Christopher. As garotas estavam vestidas e maquiadas da mesma maneira, e ela pretendia que posassem de forma simétrica, acentuando sua similaridade.

Quando acabou de lhe dizer como desejavam que as fotos fossem feitas, Dulce percebeu que ele fazia uma ligeira careta.

— Há algo errado? — perguntou.

— Não, posso fotografar da maneira como quer, mas...

—    Mas...

Ele hesitou:

— Vai ficar um pouco rígido demais.

— Eu sei — ela respondeu. — E é assim que quero. Permaneceu no estúdio por algum tempo, observando-o em seu excelente trabalho. No início, as garotas mostravam-se um pouco tensas, mas logo foram relaxando, à medida que Christopher falava com elas, deixando-as à vontade. Quando ele lhe mostrou as primeiras provas, Dulce ficou bastante satisfeita com o resultado. Teve de sair por alguns instantes, a fim de atender ao telefone e, quando retornou, encontrou uma situação bem diferente do que deixara. As jovens estavam descansando um pouco, e Christopher examinava uma nova pilha de provas, que lhe entregou assim que a viu chegar.

— Desobedeci um pouco às suas instruções — ele falou. — Estas provas são como eu achei que as fotos deveriam ser.

Forçando-se a não perder a paciência, Dulce examinou-as criticamente. Não havia a menor sombra de dúvida de que eram infinitamente melhores do que aquelas que ela mandara fazer.

Algo dentro dela desejava encontrar defeitos no trabalho de Christopher, mas era impossível. As fotos estavam perfeitas.

— Esqueça minhas instruções, tudo o que eu lhe disse — falou, entregando-lhe as provas com um ar emburrado. — Vamos ficar com estas.

— Não, Dulce, vamos fazer como você planejou. Eu só quis lhe mostrar que...

— Faça da sua maneira — ela interrompeu-o, saindo do estúdio pisando duro.

Ele não deixaria que Dulce escapasse tão facilmente. Saiu correndo atrás dela e a fez parar no corredor.

— Não quero que fique zangada — falou, segurando-a pelo braço. — Está zangada?

Dulce encostou na parede, cruzando os braços.

— Passei horas planejando aquelas fotos, e você levou apenas cinco minutos para fazer um trabalho muito melhor. É claro que estou zangada!

— É mais fácil ter ideias quando se está por trás da câmara — ele explicou, tentando conciliar o problema.

Naquele momento, Dulce percebeu que estivera fazendo uma tempestade num copo d`água. Christopher não estava tentando lhe tirar os poderes na agência, estava apenas fazendo um trabalho ao qual estava acostumado, e no qual era muito bom.

— Quero que faça as fotos da sua maneira — ela repetiu, muito mais calma. — De verdade. Posso estar nervosa, mas não sou tola a ponto de não perceber que você é muito melhor do que eu, em seu trabalho.

Christopher fitou-a, ainda em dúvida.

— Pode prosseguir — Dulce insistiu. — Neste momento, tenho vontade de pôr um pouco de veneno no seu jantar. Mas acho que, até à noite, já terei mudado de ideia.

Ele sorriu e Dulce retribuiu-lhe o sorriso. Christopher inclinou-se para beijar-lhe a testa e ela se afastou em seguida.

Dulce ficou longe do estúdio pelo resto do dia e, por volta das cincos horas, Christopher a chamou pelo interfone para avisar que as fotos estavam prontas. Com um autocontrole poderoso, ela impediu-se de correr para examiná-las. Porém, estava aprendendo a confiar nele, e tal compreensão a enchia de otimismo.

Já estava escuro quando finalmente conseguiu ir para casa. Subia os degraus que levavam à minúscula varanda e, de repente, percebeu uma sombra na escuridão. Sua mão agarrou com força as chaves que segurava, enquanto seu coração disparava de medo.

— Dulce? — alguém a chamou.

Ela deu um pulo de susto, mas o medo foi logo substituído pela raiva, ao ver quem estava esperando por ela.

—    Harold Dempsey, onde é que você esteve? — perguntou, com voz fria.

Proximo caps revelações e vocês enfim descobriram quem realmente roubou a Dul e como roubou. 

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