Fanfic: Um estranho Divórcio

— Christopher! O que foi?!

— Você está bem? — ele perguntou.

— É claro que sim. O que há com você?

— Acabei de ver um carro de polícia saindo daqui, fiquei realmente assustado. Quem era o homem que eles estavam levando?

Ela sorriu, divertida:

— É uma história bem comprida. Vamos sair para jantar e eu lhe conto tudo.

Christopher concordou, aliviado ao ver que ela estava bem. Dulce foi até o quarto para pegar seu casaco e, num gesto reflexo, ele aproximou-se para ajudá-la a vestir. Pela primeira vez, notou que não era o casaco de sempre.

— Onde está seu casaco de peles? — perguntou.

— Vendi-o para Maureen Argent — ela respondeu, parecendo um pouco tensa.

— Ah, Dulce — foi tudo o que ele pôde dizer. Sabia o que aquele casaco significava para ela. No entanto, temia mostrar-se muito desolado, para não entristecê-la ainda mais. — Vai ficar horrível nela — brincou.

Ela riu.

— Gosto de ouvi-lo falar assim. Sabe de uma coisa, Christopher? Maureen me pagou pelo casaco com o meu próprio dinheiro. Seria bastante engraçado, se não me fizesse sentir como uma tola.

— Não estou entendendo.

— Mas vai entender. Vamos para o meu restaurante chinês preferido, estou morrendo de fome!

Já no restaurante, Dulce contou-lhe todos os detalhes de sua conversa com Harold, deixando-o tão surpreso que Christopher mal tocou na comida. Ao final da explicação, ela acrescentou:

— Christopher, há mais uma coisa que quero lhe dizer.

— Espero que não seja mais nenhuma tragédia. Acho que tive o suficiente por uma noite.

— Não. Mas é sério. Descobri que foi Harold quem me enviou aquele dinheiro.

— E daí? — ele perguntou, inclinando-se sobre a mesa. Queria ouvi-la se desculpar, pois a falta de confiança que ela demonstrava o havia ferido profundamente.

— Bem, é óbvio que desconfiei de você e devo lhe desculpas — ela falou, um tanto hesitante.

— Sim, é verdade — ele tornou, saboreando o momento.

— Sinto muito. Devia saber que você não quebraria a palavra que deu, de não interferir nos meus assuntos.

— Vou desculpá-la, mas tenho uma condição.

— O que é?

— Quero que me conte sobre o que você e sua mãe conversaram, no outro dia, a respeito de seu pai.

— Por que quer saber?

— Tenho um pequeno palpite.

— Está bem, eu lhe conto. — Dulce ajeitou-se na cadeira, deixando o guardanapo sobre a mesa. — Você sabia que minha mãe era bailarina?

— Sim, ela mencionou uma vez.

— Não era apenas uma dançarina comum, era uma excelente bailarina, fazia parte do Bale de Nova York, tinha uma carreira em ascensão, um futuro glorioso pela frente. Quando conheceu meu pai, apaixonou-se, ficou grávida e teve de se casar.

Christopher sorriu, divertido. Jamais imaginara Coracomo uma jovem impetuosa.

— Bem, mas estes acontecimentos não deveriam ter afetado sua carreira, pois após meu nascimento mamãe tinha condições de voltar a dançar. Porém, meu pai morava na Pensilvânia e ela nunca questionou o fato de ter de acompanhá-lo.

— Antigamente isso era bastante comum, Dulce — Christopher comentou.

— Sei disso. Mas acho que ela se arrependeu muitas vezes. Lembro-me de tê-la visto chorando, sozinha, imagino que se sentia frustrada.— Fez uma pausa e, suspirando, continuou: — Quando fui para o colégio, ela não tinha muito com que se ocupar e teve a ideia de abrir uma escola de dança. Papai achou excelente e apoiou cem por cento. Alugou um salão para ela, ajudou-a com a contabilidade, com a propaganda, até conseguiu um empréstimo para que mamãe começasse.

Christopher remexeu-se na cadeira, desconfortável. Já sabia o que viria em seguida.

— Tudo corria muito bem, havia bastantes alunas na escola, mamãe nunca tinha sido tão feliz. Porém, quando os lucros começaram a demorar a aparecer, meu pai foi ficando impaciente. Mamãe passava mais tempo na escola, a fim de ganhar mais, e, aos poucos, o trabalho da casa foi se acumulando, se desorganizando. E isso deixou-o ainda mais zangado, a ponto de decidir que a ideia da escola não era tão boa assim. E a fez desistir de tudo. Sem mais nem menos.

— E o que ela fez?

— Nada! Apenas continuou com seu trabalho doméstico, sem questionar, sem lutar, como se nada tivesse acontecido!

Christopher emitiu um longo suspiro:

— Dulce, por que não me contou essa história há quatro anos? Ela franziu a testa, confusa.

— Não sei. Acha assim tão importante?

— É óbvio que tem grande importância para você e teria me esclarecido algumas coisas sobre o seu comportamento, sobre o modo como vê o relacionamento conjugal.

Ficaram em silêncio por um instante, enquanto Dulce pesava aquelas palavras.

O garçom apareceu e, depois de retirar os pratos, deixou sobre a mesa um pratinho com biscoitos da sorte.

Christopher pegou um deles, abriu e retirou a pequena tira de papel. Depois de ler, gemeu baixinho, com um ar brincalhão.

— O que diz aí? — Dulce perguntou.

— "Faça as pazes com seu adversário" — ele leu.

— Isso significa que, você vai me perdoar? — ela perguntou, séria. Christopher estendeu a mão e tocou-lhe o rosto, de leve.

— Não sei. Você é minha adversária?

— Às vezes.

— Então acho que está perdoada. Agora, leia a sua sorte. Dulce balançou a cabeça.

— Não, não gosto dessas coisas. Vamos embora. — Levantou-se e Christopher não teve alternativa senão segui-la. Quando estavam quase na porta, ela virou-se e disse: — Espere um pouco, preciso ir ao banheiro.

Ao vê-la se afastar, Christopher retornou à mesa e pegou o pequeno biscoito que ela deixara. Abriu-o e leu: "Muito breve você terá uma nova casa". Aquela era uma coisa que ele não queria ver realizada.

Dias mais tarde, Dulce estava em seu escritório, sentindo-se muito satisfeita por ter acabado de ler, no jornal, a notícia da prisão de Maureen. Embora já tivesse conseguido reaver uma boa parte de seu dinheiro, ficava um pouco triste pelo fato de a modelo ter arruinado sua vida por uma vingança.

Tudo começava a entrar novamente nos eixos, na agência. Dulce contratara uma nova contadora, Betty, que parecia bem mais eficiente e honesta que Harold. A garota fazia prodígios com os números, indicando-lhe o melhores investimentos e maneiras de economizar e aplicar seus rendimentos.

Um novo fotógrafo também havia sido contratado, um amigo de Peg que, certamente, seria bem mais fácil de lidar do que Christopher.

Enfim, a vida continuava, seus negócios prosperavam, deixando-lhe a certeza de que seria capaz de atingir, muito em breve, o mesmo nível em que estava antes do início de toda aquela confusão.

Proximo caps é o penúltimo caps então comentem *-* podemos finaliza-la hoje mesmo ou amanhã para iniciarmos SDUC (http://fanfics.com.br/fanfic/32755/o-sonho-de-uma-crianca-vondy-vondy) agora é com vocês suas lindas