Grant
As batidas na minha porta soavam como um trem de carga. Empurrei as cobertas de cima de mim e olhei para Paige. Eu a trouxe para casa comigo ontem à noite de uma festa. Ambos tínhamos bebido muito e tivemos muita diversão antes de desmaiar.
Isso foi o que consegui lembrar. Paige era sempre agradável e fácil. Ela não era pegajosa. As batidas continuaram. Peguei meus shorts descartados de ontem à noite e os puxei antes de caminhar pelo corredor em direção à porta.
— Cale a boca! Droga - gritei antes de abrir a porta.
O sol me encontrou e estava bem na minha frente. Joguei meu braço sobre os olhos e tentei espiar o filho da puta louco que estava ali. Fazia tempo que tive uma ressaca.
— Você não está encantador esta manhã - Bell falou lentamente, assim que passou por mim e entrou. Merda. Não era quem eu queria lidar pela manhã.
Bati a porta.
— O que você quer Bell? São dez horas da manhã - rosnei. Bell entrou na minha cozinha e encostou-se na bancada.
— Eu preciso de um lugar para ficar - disse ela em uma voz mais suave que só usava quando queria alguma coisa.
Um ano atrás, essa merda conseguia me pegar. Eu estava tão envolvido com sua bunda egoísta que não conseguia ver direito. Era tudo sobre sexo. Ela era boa nisso. Uma porra de ginasta na cama. Aprendi da maneira mais difícil de que sexo não se faz para consertar coração partido ou putas egoístas.
Não dava mais pra ficar com ela. Especialmente depois de tudo que aconteceu.
— Ligue para Alfonso. Vou voltar para a cama. Você sabe o caminho para sair. - Respondi, voltando para o meu quarto.
— Eu não posso! Ele não vai me ajudar. Não suporto a Anahi e ele sabe disso. Ele a ama mais do que eu. Ela o levou para longe de mim. Ela tomou tudo de mim. Eu a odeio e não posso fingir que gosto. Mas eu não tenho para onde ir. E não quero viver com a minha mãe. Quero voltar para Rosemary.
— Tá foda para você. Tchau, Bell. - Eu abri a porta do quarto e fui pra cama, me deitando com a cara para baixo.
— Paige? Sério Grant? Você não sabe até onde ir. Você baixou bastante de nível. Até mesmo agora.
Paige sentou-se esfregando o rosto e eu apreciei o fato de que ela estava nua. Bell estava recebendo uma boa olhada de seus seios. Eles eram muitíssimo mais agradáveis do que os de Bell.
— Eu evoluí. A última garota que fodi foi você - eu respondi.
Ela precisava saber. Paige olhou para mim e depois para Bell com os olhos injetados de sangue. Eu tinha certeza que ela tinha fumado maconha na noite passada.
— Que porra* é essa? - Ela resmungou puxando o lençol para se cobrir.
— Bell está aqui para fazer a minha vida um inferno. Ignore-a - eu disse rolando na cama para deitar de costas e apoiar minhas mãos atrás da minha cabeça.
— Sério? Isto é tudo que nos tornamos? - Perguntou Bell.
— Isso é o que você nos fez ser, Bell. Você queria foder por um tempo, eu concordei. Foi divertido. Obrigado pela ideia.
— Paige, pelo amor de Deus, vista alguma coisa e saia. Nós estamos tentando ter uma conversa - Bell virou-se para Paige, que estava sentada em silêncio os ouvindo.
Estendi a mão e acariciei a perna dela.
— Não vá. A bunda dela foi mostrada à porta. Ela é que precisa sair - disse a Paige.
Realmente preferia que ambas saíssem, mas eu não era um idiota. Jamais iria chutar Paige para fora e deixá-la ir por conta própria.
— Sério? Você vai trepar com essa daí e nem mesmo vai me deixar explicar? Você sabia que eu estava em uma clínica de reabilitação? Será que você se importa? Você com certeza não me ligou. Ninguém ligou. Nem mesmo Alfonso.
Senti uma pequena angústia por ela, mas era muito pequena. Às vezes eu ainda via aquela garotinha que queria que alguém a quisesse tanto. Foram tempos que tive compaixão. Então me lembrei da cadela que ela havia se tornado e decidi que ela merecia o que tem.
— Quando você planta merda, você colhe isso de volta. Era isso que meu avô sempre dizia. Alguém deveria ter lhe ensinado isso também. Teria nos salvado de toda porra de problema que você causou. - Bell apontou para Paige.
— Saia. Agora. - Segurei o braço de Paige.
— Ignore-a. - Paige olhou para trás e para frente para nós dois e depois balançou a cabeça.
— Vocês são fodidos. Acho que vou voltar para casa e descansar um pouco. Minha cabeça não pode aguentar isso. - Ela começou a se levantar e depois estendeu a mão beijando a minha bochecha antes de rastejar para fora da cama nua. Admirei a bunda dela enquanto ela pegava suas roupas mais pelo apelo de Bell que de mim. Eu estava cansado demais para pensar em mulheres nuas.
Paige deu tchau para mim e então correu para a porta levando seus sapatos. Eu não tinha ideia de onde seu carro estava, mas isso não importava agora. Ela morava a duas ruas acima no mesmo complexo de apartamentos. O que era outro motivo dela ser útil. Bell se aproximou da cama e se sentou.
— Saia da minha cama, Bell. Juro por Deus que eu vou te dizer cada detalhe do que Paige e eu fizemos nestes lençóis ontem à noite, se você não tirar sua bunda maldita da minha cama - eu avisei.
Não conseguia me lembrar de exatamente o que tinha feito na noite passada. Mas bell não precisava saber disso.
— Você é nojento - gritou ela, levantando-se e olhando para mim.
— Sim, você também. Pelo menos eu conheço Paige. Ela não é uma garota que eu só peguei na maldita rua para foder. - Ela tremia com uma fúria desencadeada.
Eu a chamei de merda. Ela tinha me atiçado e conseguiu. Eu já tinha visto o suficiente. Não estava mais interessado.
— Você disse que me amava - ela me lembrou.
— Eu pensei que poderia te amar, bell. Mas então eu acordei e percebi que uma foda quente e uma boa buceta não são amor. É somente um sexo muito bom. - A mágoa nos olhos dela deveria ter feito eu me sentir culpado, mas isso não aconteceu. Eu tinha confundido necessidade com amor. Eu não sabia como era amar alguém. Não do jeito que Alfonso amava Anahi. Eu nunca tinha sentido isso. Mas sabia agora. Eu tinha a porra da ideia e tinha certeza que nunca estive.
— Tudo bem. Você quer me machucar, então faça. Eu mereço isso - bell cuspiu, caminhando de volta para a porta. - Mas isso não acabou, Grant. Eu posso admitir que errei. Mas você só precisa admitir que ainda tem sentimentos por mim. - Será? Eu não tinha certeza disso.
Estava zangado com ela por ter me deixado com raiva, mas eu não tinha certeza se sentia alguma coisa ainda.
— Eu estou trabalhando em algumas coisas. Seria bom se alguém se interessasse e me entendesse. - Eu não iria deixá-la virar esse jogo para mim. Eu não pedi por esta merda. Pensei que desse certo. Mas ela recusou-se a ser mais do que uma parceira de foda.
Eu queria mais e ela deixou claro que eu poderia facilmente ser substituído.
— Eu não acho que eu sou o único que pode te ajudar Bell. O problema é que sei como sua vida era e porque você é uma puta. Mas, ao contrário de Alfonso não levo a sério essa desculpa sua. É hora de parar de usá-la e mudar. Você está afastando todo mundo. Você quer acabar como sua mãe? - Ela endureceu e soube que tinha atingido um nervo. Sem dizer uma palavra, ela se virou e saiu do meu apartamento batendo a porta atrás dela.
Que a porra dos ventos a levem. Agora eu poderia dormir um pouco.