Fanfic: Hello, Stranger. | Tema: Original
Essa é minha primeira história, então quem ler, por favor, comenta o que achou pra eu continuar escrevendo :) obrigada!
Eu queria começar dizendo: "era o primeiro dia de aula e Victoria estava animada para reencontrar suas melhores amigas e o namorado no Colégio Victor Hugo." Ou melhor do que isso: "era o primeiro dia de aula na escola nova, e Victoria estava ansiosa para começar sua nova vida." Seria empolgante, não acham? Um suspiro de novidade e a possibilidade de um recomeço para uma garota incrível viver histórias incríveis e... Não.
Sinto muito estragar, mas hoje é só uma quarta-feira chata, e eu sou só a mesma Victoria de sempre, acordando no mesmo horário de sempre pra ir pra mesma escola de sempre. Não é o primeiro dia de aula, não é uma escola nova, não vou encontrar minhas melhores amigas e nem meu namorado. Eu não tenho nada disso.
E eu não estou reclamando, por mais que pareça. Só quis deixar a realidade bem clara desde o início, pra depois não dizerem que eu não avisei. Assim como vocês, eu costumo mergulhar em livros, filmes e seriados onde as meninas de dezesseis anos já acordam com maquiagem e babyliss no cabelo e saem de casa cedo com um sorriso no rosto para viver suas vidas cheias de aventuras. De novo: sinto muito estragar. Vocês não vão encontrar essa menina por aqui. Ou melhor, vão encontrar, mas não vou ser eu. Talvez vocês vejam algumas desse tipo pelos corredores da minha escola. Mas não, não serei eu.
Claro, ser meio "sem amigos" não é bom sempre, mas com o tempo acabei me acostumando com isso. Às vezes acho que nasci no lugar e tempo errados, ou só que estou no corpo errado. O que acontece é que eu... Não me enturmo. Sabem? Eu até falo com algumas pessoas, mas não sou de me abrir muito com os outros, contar sobre minha vida, sair... Eu gosto de ficar em casa. Gosto de ficar sozinha. Não tem nada de errado nisso, eu acho, mas tem gente que me acha estranha.
Confesso que as coisas até poderiam ser diferentes se eu estudasse com pessoas com as quais valesse a pena conversar, mas não é o caso. Eu realmente não gosto das pessoas. O duro é que não sei dizer se elas não gostam de mim também, ou só não percebem que eu existo.
Ótimo, feita a introdução, posso voltar a viver minha vida.
Me levantei às 6h, arrumei minha cama, escovei os dentes, penteei meus cabelos escuros, vesti uma roupa qualquer e peguei minha mochila de forma robótica. Desci as escadas até a cozinha, peguei um pacote de bolachas no armário e fui até o carro da minha mãe, que estava na garagem. Me sentei no banco do passageito e olhei o relógio, eram 6h34. Exatamente o horário em que entro no carro todos os dias. Passados alguns minutos, minha mãe entrou no carro também, vestindo sua roupa social de trabalho e ajeitando o cabelo com as mãos.
– Oi, amor. - ela me deu um beijo na testa.
Ela deu partida no carro, ligou o rádio do carro e fomos ouvindo uma música bem calma do Elton John até a escola, em silêncio. Suspirei quando chegamos no portão do colégio Victor Hugo, onde estudo desde a terceira série. Só para constar, estou no segundo ano do colegial agora. Me despedi da minha mãe com um beijo no rosto e desci do carro.
Todos os dias eram a mesma coisa. Do 1º ao último dia de aula de todos os anos. Eu chegava no portão pouco antes da aula começar, atravessava o mar de pessoas que ficava lá na frente fazendo social, caminhava até o pátio e ficava esperando o sinal bater sentada embaixo de uma árvore próxima à quadra. O sinal batia depois de alguns minutos e eu subia pra sala de aula.
Costumo me sentar nas carteiras da frente, perto do professor, onde consigo prestar atenção na aula sem ter que me preocupar com as gracinhas do pessoal do fundão. Eles ainda enchem o saco, mas fica menos pior quando você se senta longe.
Eu tiro notas boas em todas as matérias. É pra isso que eu venho pra escola. Meus pais dizem que, se eu continuar assim, vou poder escolher a faculdade que quiser, porque passar no vestibular vai ser moleza. Sinceramente, é o que me importa agora. Posso não ser popular, descolada, ficar com os meninos mais lindos e ser convidada para as melhores festas, mas pelo menos eu tiro boas notas. Ou pelo menos é isso que fico mentalizando pra não surtar quando a Marcela entra na sala de aula.
Marcela Delazari. Se me dissessem que ela é uma espiã do governo que faz parte de uma pesquisa para ver até onde os adolescentes vão pra serem aceitos em um grupinho, eu acreditaria. No caso, no grupinho dela. Dizem que ela já foi convidada pra desfilar para a Victoria`s Secrets, que o pai dela tem um banco na Suíça, que a mãe dela na verdade é um robô, que ela lava o cabelo com shampoo de ouro, que ela tem um quarto só pra guardar os sapatos, que ela é amiga da Demi Lovato, que se você olhar pra ela por muito tempo você vira pedra... Cada dia aparece uma nova história. Se tem alguém que move a vida social nessa escola, essa pessoa é ela. Eu não sei qual fofoca é verdade ou não, só sei que às vezes tenho vontade de enfiar um lápis no meu pescoço pensando no quanto essa vida é injusta. Não é que ela é bonita. Bonita é qualquer menina dessa escola que perca mais de meia hora se arrumando pra vir pra cá. A Marcela é maravilhosa. Sempre foi. Quando eu ainda nem tinha peito, ela já usava sutiã de adulto. Ah, dizem que ela colocou silicone com catorze anos também. Dizem tanta coisa. Acho que as pessoas só querem falar dela e pronto.
Mas o que mais me incomoda nela, de verdade, além do cabelo castanho perfeito, os olhos mais azuis da face da Terra, os dentes de estrela de cinema e o corpo de modelo, é o fato de ela namorar o... Ahn... Eu conto pra vocês numa outra hora, pode ser? Ainda não me sinto confortável pra falar de certas coisas. Só sei que a Marcela é a única que me faz ter vontade de sair do quarto de vez em quando. Mas só se fosse pra viver a vida dela. Coisa que só vai acontecer comigo, quem sabe, numa próxima encarnação.
Por enquanto eu só posso ficar aqui na frente olhando pra ela de longe, chegando na sala como quem vai fotografar para a capa de uma revista, se sentando entre as duas melhores amigas, quase tão bonitas quanto ela. Que horas essas meninas acordam pra se arrumar? Sério.
Autor(a): natharaujo
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A primeira aula era de química. A professora era uma mulher franzina de uns 40 e poucos anos. Ela era claramente inteligente e entendia muito do assunto, mas isso não fazia dela uma boa professora. A essa altura eu já aprendi que, pra ser um bom professor, você não tem que somente saber do que está falando. Tem que ter aquele dom, sab ...
Próximo Capítulo